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    Segredos sob o Vale (18+)

    Tellurian
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    Mensagem por Tellurian Sáb Jun 17, 2023 7:13 pm

    – A neve já começa a derreter, senhora. Em breve o Lorde retornará. — a voz da ama estava animada e cheia de expectativa, mesmo que falhasse por conta do esforço que empenhava ao lutar contra as amarras do espartilho que apertava.

    Sim, de fato, a chegada do Lorde do Castelo seria um evento. Após quatro longos meses afastados do lar, os Cavaleiros Prateados retornariam triunfantes de sua campanha para expulsar os bárbaros da Costa Azul. Muitas das servas do castelo tinham maridos, filhos e irmãos entre as fileiras dos Cavaleiros, e o clima de expectativa pelo retorno era grande. As notícias trazidas pelos mensageiros era excelentes, nenhuma baixa havia sido sofrida, a vitória era total. Sem nenhum funeral iminente e nenhuma viúva ou mãe a consolar, o clima era de festa. Os criados corriam pelo castelo, enfeitando as muralhas com panos coloridos e empenhados em limpar cada pedra, para que o Lorde se alegrasse ao retornar para casa.

    Lilian suspirou. Seu marido era o grande herói da Cidade Murada. Arthur Remdragon, o Protetor do Vale, Defensor do Leste. Um guerreiro feroz e um comandante ousado, mas também um nobre honrado e um perfeito cavalheiro. Era um homem respeitado mesmo dentro da Corte Real, admirado por muitos e temido pelos inimigos da Nação. Ela mal pôde acreditar quando sua mãe lhe contara durante a adolescência que fora prometida ao herói do Reino. Quando finalmente o conheceu, achou que seu coração iria explodir. Arthur, além de renomado, era lindo.

    Alto e moreno, com olhos acobreados penetrantes e dono de um sorriso que derreteria geleiras. Como ele era galante! Espirituoso, era dono de um humor incrível. A fazia rir o tempo inteiro. As horas que passavam conversando lhe pareciam minutos. Possuía uma inteligência aguçada, que contrariava a lógica comum que ditava que guerreiros eram homens brutos que só sabiam falar de guerra. Tinham opiniões semelhantes e conversavam sobre filosofia, arte, política. Lilian fora muito questionada pela família durante toda sua vida, pelo seu apreço aos livros. Diziam que uma dama não deveria se preocupar com tais coisas e deveria se concentrar em como administrar a casa e agradar ao marido. Mas Arthur admirava os conhecimentos de Lílian e era possível ver em seus olhos o orgulho e admiração que sentia por sua prometida.

    Em seu casamento, não podia acreditar que não estava sonhando. Lilian estava nas nuvens. Casaram-se na primavera, no jardim do Castelo. Uma cerimônia de contos de fadas, onde até mesmo o Primeiro Ministro comparecera para prestar seus respeitos. Um baile lindo se seguiu, com um grande banquete e muitos convidados. E, ao fim, a donzela nervosa fora levada nos braços de Arthur para o quarto, sob os gritos de viva dos convidados, para que tivessem a tão aguardada Noite de Núpcias.

    Quando a notícia de seu casamento se espalhou, todas as senhoras do castelo vieram lhe prestar seus conselhos sobre este momento. Lilian, curiosa, pesquisara muito em livros e questionara as amas casadas sobre o ato. Soube com preocupação que as primeiras vezes seriam dolorosas. As opiniões constrastavam. As senhoras mais velhas falavam sobre isso como algo solene, um momento sujo porém necessário, um dever da esposa para com o marido. Porém, as moças mais jovens contavam lendas, entre risinhos e com rostos corados, sobre as delícias que a esperavam no quarto do casal.

    Em sua própria noite de núpcias, Lilian estava nervosa como qualquer donzela. Seu coração batia tão alto que ela tinha medo que Arthur ouvisse e a achasse permissiva demais. Quando ele a colocou sobre a cama, deu-lhe um beijo na testa e virou de costas. Começou a se despir lentamente. Lilian observava a cena com o coração aos pulos, e pegou-se apertando as coxas uma contra a outra tentando deter o formigamento. Sentiu como se o quarto estivesse muito, muito quente. Perguntou-se se deveria tirar suas roupas também, mas suas amas lhe contaram que muitos homens encontram prazer em despir suas mulheres.

    Contudo, para sua estranheza, Arthur parecia distante. As moças contaram-lhe histórias sobre como os rapazes eram… famintos. Sedentos. Mas Arthur fora protocolar. Sua primeira noite com o marido não correspondera em absolutamente nada com as histórias que suas amigas lhe contaram. Envergonhada, ela evitou olhar-lhe o membro viril, mas ao tato ele não parecia… pronto. Não era como as histórias. O processo acabou sendo lento e mais doloroso. Arthur parecia tentar lhe tocar o mínimo possível. Toda sorte de trapalhada aconteceu. Ao fim, quando o sangue de sua virgindade finalmente tingira o lençol, seu marido deu-se como satisfeito e declarou o fim da noite de núpcias com outro beijo em sua testa e virou-se para dormir, alegando cansaço e embriaguez.

    – Tudo bem — Lilian pensou — Talvez ele esteja nervoso. Pelo que me contam, homens são hesitantes em admitir a própria falta de experiência. Que fofo. — Ela sorriu e afagou-lhe os cabelos e adormeceu ao seu lado.

    Contudo, ao longo das semanas que se seguiram, Arthur manteve o padrão. Durante o dia, apesar de atarefado, lhe era atencioso, caloroso, galante e divertido. Mas, à noite, ele era distante e frio, e parecia lhe evitar. Lilian começara a duvidar de seus próprios encantos. — Talvez ele tenha se arrependido — era um sentimento que destroçava seu coração e a deixava em prantos toda noite. Se olhava no espelho e passou a não gostar do que via. Seus cabelos acobreados e cacheados deviam ser feios. Não eram lisos e sedosos como os das moças das altas cortes que Arthur frequentava. Seus olhos eram castanhos e sem graça, não os olhos claros e iluminados das bardas que cantam nas tavernas. Talvez suas formas não fossem adequadas. Talvez estivesse gorda, ou tivesse marcas desagradáveis. Talvez fossem suas sardas? Ela passou a não gostar de nada do que via no espelho.

    Fugia do quarto para a antessala quando as lágrimas começavam a rolar. Não queria incomodar Arthur com seu choro frívolo, com medo que suas reclamações o afastassem ainda mais e ela acabasse sofrendo a humilhação final de ser devolvida aos pais em um divórcio calamitoso. O mero pensamento disso acontecer fazia seu peito arder. Ela preferia a morte.

    Passara a tentar coisas diferentes. Comia cada vez menos na esperança de recuperar suas formas juvenis. Praticava técnicas de maquiagem que pudessem lhe esconder as imperfeições da pele. Uma vez, alisou os cabelos com a ajuda das amas. Passaram-lhe as madeixas à ferro. Quase não se reconheceu ao se olhar no espelho, mas animou-se que talvez pudesse ganhar o favor de Arthur. Seu marido, porém, dera gargalhadas ao lhe ver e disse-lhe que preferia seus cachos. Imediatamente sentiu os olhos arderem e usou cada fibra de seu ser para não cair em prantos diante do marido. Forçou um sorriso a aparecer em seus lábios e respondeu que pensava mesmo que tinha ficado estranho. Nada funcionava.

    Talvez apenas não fosse capaz. Talvez não tenha nascido com o necessário para ser a Senhora do Vale. Rumores começavam a se espalhar entre as amas que testemunhavam a falta de intimidade do casal. Os sussurros feitos às suas costas a cada vez que passava eram uma adaga fincada em seu coração. Talvez merecesse ser devolvida aos pais e ostracizada. Talvez fosse melhor que isso acabasse logo. Mas esse sentimento lhe era sufocante. Arthur era tão maravilhoso. Ela queria tanto ser sua mulher, ser amada e desejada. Era tão injusto! Porque? Porque os deuses a fizeram tão desinteressante? O que fizera em sua vida que a tornasse merecedora de tal desgraça?

    Os meses passaram, e então Arthur lhe chamou aos seus aposentos. Ele lhe contou que bárbaros estrangeiros estavam invadindo vilarejos ao longo da Costa Azul. Saqueavam e destruiam, matavam homens, idosos e crianças, enquanto estupravam e sequestravam mulheres. O Rei havia ordenado aos Cavaleiros Prateados que protegessem a Costa e expulsassem os bárbaros. Uma nobre missão para o Defensor do Leste. Partiriam em três dias, e durante a sua ausência, ela seria a Senhora do Castelo. Deveria cuidar dos cidadãos e proteger as muralhas. Não estaria desprotegida, pois uma guarnição de soldados seria postada na cidade sob suas ordens. Arthur lhe disse que tinha plena confiança nas habilidades de Lilian. Isso aqueceu seu coração e ela teve vontade de se jogar em seus braços, mas lutou e conteve seu ímpeto. Apenas agradeceu a confiança e prometeu corresponder as suas expectativas.

    Durante os dias seguintes, achou que a expectativa da prolongada ausência iria estimular Arthur a procurá-la na cama. Contudo, a postura de seu marido seguiu distante. Na noite imediatamente anterior à partida, Lilian decidiu deixar as convenções de lado e ser mais agressiva. Precisou de quatro taças de vinho, mas conseguiu reunir coragem. Ao deitar-se ao lado do marido, atirou-se aos seus braços e comprimiu seus lábios contra os dele. Surpreso, Arthur correspondera ao sôfrego beijo com gosto de vinho que sua esposa lhe dera. Mas, ao sentir as mãos dela buscando os cordames de suas calças, ele a segurou pelos ombros e a interrompeu.

    – Está tarde, minha Senhora. Amanhã o dia será difícil. — disse-lhe, com o rosto incapaz de esconder seu embaraço. Lilian sentiu vontade de morrer. Agora Arthur devia pensar que era uma promíscua, uma devassa. — Oh. Sinto muito, tem razão. Melhor dormirmos logo. — Toda a coragem que quatro taças de vinho lhe deram mal fora suficiente para que ela pudesse responder sem irromper em lágrimas. Engoliu o choro e caiu em um sono inquieto.

    Na manhã da partida, foi chamada à primeira luz para conversar com o Lorde em seu escritório. Ao adentrar a sala, percebeu que ao lado de Arthur, estava um rapaz que não conhecia. Deveria ter a mesma idade do Lorde, e era igualmente bonito. Tinha longos e lisos cabelos ruivos e os olhos da cor do mel. Pelas roupas, era possível deduzir que se tratava de um senescal, possivelmente o administrador do Castelo.

    – Bom dia, Senhora. — Quando entrou, viu que Arthur estava sentado à mesa e assinava alguns papéis, mas fizera uma pausa de seus deveres para recebê-la com um sorriso. — Este é Liam. Ele é um de meus mais bravos comandantes, e um amigo de longa data, crescemos juntos. Ele estará encarregado da guarda da cidade, comandando a guarnição. Ele estará diretamente sob suas ordens, e atenderá a quaisquer necessidades que tenha. — Liam se curvou em reverência, e Lilian correspondeu ao cumprimento de forma igualmente formal.

    Após as tratativas, o novo senescal se retirou para dar privacidade ao casal. Arthur se aproximou e segurou as mãos de Lílian. Ele as uniu e as beijou, e lhe disse que sentiria saudades. Lílian não pôde segurar as lágrimas. Seu marido cobriu seus lábios com os dele, e ela sentiu seu coração se aquecer novamente. Desejou que tivessem mais tempo. Que ele não precisasse ir. Mas sabia que Arthur era um cavaleiro honrado, e jamais abandonaria seus deveres.

    Quando conseguiu se recompor. Caminharam juntos e de mãos dadas até o pátio. Trezentos cavaleiros em armaduras prateadas montados em cavalos armados aguardavam seu líder. Servos auxiliaram Arthur a vestir sua armadura e montar seu cavalo. A visão do Lorde do Vale, armado e montado em seu cavalo, cavalgando à frente de seus homens, era uma visão grandiosa. Partiram em procissão sob as vivas dos cidadãos do Vale. Apenas quatro dias depois, a primeira neve caiu, anunciando a chegada do inverno.

    Liliam era a Senhora do Castelo. Suas primeiras medidas foram assegurar que todos os cidadãos do Vale estavam bem abastecidos de comida e lenha para enfrentar o inverno. Despachou cinquenta homens para as montanhas para cortar lenha antes que as árvores congelassem. Ordenou que todas as casas tivessem estoques suficientes. Os invernos do Vale não eram muito rigorosos, mas era importante não dar margem ao azar. Havia comida suficiente estocada nos celeiros, e não havia tempo para mais uma colheita, mas mesmo assim Lilian ordenou que os estoques fossem reforçados enquanto ainda houvesse caça abundante e o Lago não estivesse congelado. Graças aos esforços e a consideração da Senhora, o inverno fora tranquilo, e até mesmo aconchegante para os aldeãos, que celebravam a bênção de terem uma Senhora justa e bela.

    – Seu banho está pronto, Senhora — Lilian ouviu a ama sussurrar discretamente em seu ouvido enquanto estava imersa nos relatórios sobre finanças e reparos necessários nas estruturas da cidade que Liam pacientemente lhe explicava. Ao ouvir tal frase, Lilian se alegrou. O Castelo do Vale não era um dos mais luxuosos castelos do Reino. Era até pequeno, se comparado aos castelos dos clãs mais nobres. Contudo, um dos poucos luxos que o castelo dispunha era de um belo banho, equipado inclusive com uma sauna. Talvez fosse uma extravagância, mas Lilian julgou que poderia se permitir um pouco de luxo, uma vez que todos os aldeões estavam confortáveis e bem alimentados.

    Dispensou Liam com um cumprimento e então caminhou em direção ao banho. Cantarolava pelo caminho, feliz em estar sendo útil e satisfeita com a justa recompensa de um banho quente e cheiroso. Dispensou as amas, pois desejava banhar-se sozinha. Queria relaxar um pouco, tomar uma taça de vinho na banheira. Se precisasse de mais vapor ou água quente, chamaria as amas. Nenhuma delas se opôs.

    Sentiu calor ao entrar nos aposentos dos banhos. Uma fina névoa permeava o lugar. Aproximou-se da banheira e sentiu a temperatura da água com as mãos. Estava ótima. Começou a despir-se. Já estava lutando contra as amarras de suas roupas de baixo quando ouviu um barulho. Cobriu-se como pôde e ficou em silêncio. O ruído não se repetiu, e pensou estar ouvindo coisas. Terminou de se despir e começou a se lavar. Ao entrar na banheira, sentiu a água quente relaxando seu corpo e soltou um suspiro de alívio e prazer. Ao lado da banheira, as amas haviam lhe deixado uma bandeja com uma taça e uma jarra de seu vinho favorito.

    Lilian não era de beber, mas não tinha nada contra uma taça de vinho a noite para relaxar. Hoje, saboreando a vitória de uma administração bem sucedida, talvez se daria ao desfrute de uma taça extra. Ou duas taças extras.

    Pegou-se pensando em Arthur. Estaria ele bem? Ela nunca fora até a Costa Azul. Os invernos lá seriam rigorosos? Estaria ele gelado e exausto enquanto ela relaxava em uma banheira quente? Sacudiu a cabeça para afastar tais pensamentos. Arthur era um nobre e um homem poderoso. Certamente estaria bem protegido e bem servido. Talvez até mesmo com uma amante para aquecer sua cama a noite. Alguém que era tudo o que ela não era, e que faria com ele tudo o que ela não conseguia fazer. Se sentiu triste.

    Contudo, um pensamento a ocorreu. Talvez fosse sua própria natureza nobre que impedisse Arthur de buscar o desfrute em seus braços. Talvez Arthur pensasse que não devesse sujar a Senhora do Vale com desejos impuros. Isso certamente correspondia a alguns relatos que ouvira de senhoras mais velhas. Cobriu a boca com as mãos.

    Aaaaah, mas que droga. Desejou ser uma seguidora de acampamentos. Não tivesse títulos e pompas, talvez seu marido a olhasse diferente. Imaginou-se em trajes de dançarina. Imaginou-se dançando pra ele. Imaginou os grandes olhos acobreados a devorando. E sentiu um formigamento entre as coxas.

    Talvez fosse o vinho falando, mas sua imaginação estava correndo solta. Imaginou o beijo de Arthur em seu pescoço. Suas mãos correndo pelo seu corpo. Sem perceber, suas próprias mãos faziam o papel das mãos de Arthur. Onde suas mãos tocavam, as dele tocavam. Tocaram seus seios, sua barriga, suas coxas, e então tocaram seu sexo. Sentiu uma onda de prazer percorrer seu corpo inteiro.

    – Ah, Arthur! Arthur, me ame. Me deseje. Me devore — Ela sussurava em meio a névoa enquanto se estimulava. Estava tão sensível que era capaz de sentir os lábios de Arthur beijarem seu pescoço, seu peito, seus seios. Sufocou um gritinho de prazer quando “ele” a penetrou. Seu corpo parecia mais quente que a água. Sentia que iria derreter. Não podia nem queria deter sua voz, seus gemidos. Ouvir a si mesma apenas aumentava seu prazer. Sentia seu corpo tremer de tempos em tempos.

    Abriu os olhos enquanto se tocava e admirou o próprio corpo. Nunca havia feito nada parecido. Não sabia porque estava fazendo aquilo, mas sabia apenas que não queria parar. Sua mente fervilhava. Ela imaginou que Arthur a observava distante na névoa. Juraria ser capaz inclusive de ver sua figura borrada pela neblina. Queria mais. Queria que ele a visse mais. Que a desejasse mais. Abriu as pernas para se mostrar a ele. Deslizou os dedos pela flor, convidando-o ao desfrute. Sonhava com ele dentro de si, ansiava por isso ardentemente. E então sentiu uma onda imensa de prazer percorrer todo o seu corpo e não conseguiu suprimir um grito de prazer. Fechou as pernas e se contraiu, mas as ondas continuavam a percorrê-la. A explosão de êxtase durou apenas alguns segundos, mas foi intensa e deixou pra trás uma Lilian completamente confusa. O que diabos acabara de acontecer? Ainda estava ofegante e a pele ainda estava arrepiada quando conseguiu voltar a relaxar. Talvez devesse procurar um médico, mas se fizesse isso a vergonha seria tanta que deveria mudar de nome e país.

    (continua)

    ======

    Oi, gente!

    Espero que gostem desse conto. Eu ainda estou decidindo se vou continuá-lo ou se vou seguir em outra temática. Na real, eu abri uma votação no meu Instagram sobre isso. Eu estou em dúvida sobre se prossigo com o Segredos, ou se prossigo com o Sete Dias no Escuro ou com A Balada da Fênix e do Bastardo (todos postados aqui no fórum).

    Se quiserem me dar uma mãozinha, curtam o conto lá no Medium e deixem um comentário Smile
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    Mensagem por Tellurian Seg Jun 19, 2023 7:23 pm

    Capítulo II

    – Aulas de dança, Senhora? — a voz da ama era de incredulidade e da mais completa reprovação.

    – N-não pra mim, claro. Pra uma amiga. — Lilian fez força pra tentar não corar. Não fazia ideia de que aprender a dançar fosse visto como algo inapropriado. Não conseguia deixar de pensar nessa ideia desde o banho na noite anterior, embora a mera lembrança do banho a fizesse ficar da cor de um pimentão. O que dera nela? Até agora não sabia o que tinha acontecido.

    – Recomendo fortemente que evite tais amizades, Senhora. Mulheres desse nível não são boa companhia para a Senhora do Vale. Dançarinas são apenas mulheres vulgares destruidoras de casamentos. — Havia tanto ódio na voz da ama que Lilian não pôde deixar de achar que havia alguma história por trás de tais palavras, mas conteve sua curiosidade.

    Lilian caminhava pelos corredores do Castelo desanimada. Estava empolgada com a ideia de aprender a dançar, mas agora já não sabia mais se era uma boa ideia. Queria que Arthur a desejasse, mas certamente não gostaria que ele pensasse nela como uma qualquer.

    Arthur escrevia-lhe todos os dias. O coração dela ficava aos saltos quando recebia do mensageiro a carta com o selo de cera que carregava o Brasão de Remdragon. Largava todos os seus afazeres e corria para seus aposentos para atirar-se na cama e ler a belíssima caligrafia de Arthur.

    As cartas de seu marido eram sempre maravilhosas. Arthur contava detalhes sobre a bela paisagem da Costa Azul e prometia levá-la para passear na Costa quando o Verão chegasse. Poderiam ver o mar juntos e talvez até mesmo velejar um pouco. Ele lhe falava sobre as estrelas e sobre as iguarias do mar. Contava-lhe sobre como iria trazer presentes maravilhosos e então recitava versos e juras de amor. Lilian lia e relia suas cartas várias vezes, beijava o papel e apertava-as contra o peito. A saudade era dolorosa.

    Arthur evitava falar da campanha contra os bárbaros. Provavelmente não queria que se preocupasse, era evidente o esforço para fazer tudo parecer uma mera viagem de negócios. Mas os mensageiros lhe contavam as notícias quando ela os questionava. A campanha ia bem. Os Cavaleiros Prateados eram conhecidos e temidos por todos os inimigos do Reino. Seu valor era tremendo e poucos inimigos podiam resistir a poderosa investida de sua cavalaria. Porém, os bárbaros eram ardilosos. Recorriam a truques sujos para atrasar ou matar os cavalos, utilizavam-se de reféns, e toda sorte de técnica vil e desonrada. Mesmo que os Cavaleiros Prateados fossem imensamente superiores, a campanha levaria mais tempo que o planejado. Era tido como certo que o inverno avançaria muito, impedindo o retorno dos Cavaleiros pelo menos até a chegada da Primavera. Lilian pensara que podia aproveitar o tempo para tomar lições de dança. Quando Arthur chegasse, estaria prática na Arte. Poderia supreendê-lo, e acabar de uma vez com todos os problemas de sua vida.

    Estava quase babando ao imaginar seu sucesso quando sentiu um calor súbito em seu rosto, como se tivesse se aproximado de uma fogueira, embora não houvesse chama aberta por perto. Percebeu que havia chegado no jardim de inverno central do Castelo. Um lugar belíssimo, onde o inverno parece incapaz de alcançar. Durante todo o ano, o jardim é verdejante e repleto de flores. No centro do jardim, havia um enorme carvalho. E, próximo ao carvalho, estava Liam. Contudo, ela nunca havia visto ele vestido como estava. Usava uma pele de urso presa à cabeça, calças de algodão… e mais nada. Sentiu seu rosto corar diante da visão incomum. Liam tinha o peito desnudo, e revelava um corpo magro, porém com músculos bem definidos, que em nada colaboravam com a imagem frágil que ela tinha dele por apenas vê-lo… bem… apenas vê-lo vestido. Sua pele trazia uma série de pinturas rústicas de cor vermelho vivo, fluidas e ondulantes, e seus olhos estavam pintados por uma faixa de tinta preta, cujo contraste os faziam faiscar, quase dourados. Lilian nunca tinha reparado que os olhos de Liam eram tão bonitos. O Senescal era um homem atraente, afinal.

    Ele tinha os braços erguidos em direção ao carvalho. Segurava um tipo de cajado entalhado com a imagem de uma cobra enrolada ao longo do cabo. Lilian ficou impressionada com a riqueza de detalhes do entalhe da madeira. Liam sussurrava baixinho, e a moça precisou se aproximar devagarinho para poder ouvir. Parecia algum tipo de cântico em alguma língua estrangeira. Ele parecia completamente imerso em seu ritual, e não havia notado a presença de Lilian.

    Subitamente, o rapaz fechou os olhos e uniu as mãos, trazendo-as ao peito. E então se ajoelhou e reverenciou o grande Carvalho central. Lilian compreendeu que o ritual havia terminado. Liam parecia ligeiramente ofegante, o que levou Lilian a deduzir que o processo era desgastante.

    – Então, você é um Druida. — Lilian se aproximou quase que silenciosamente demais por trás de Liam antes de fazer a sua pergunta, o que acabou fazendo que Liam desse um salto de susto ao ser surpreendido.

    – S-Senhora Remdragon! Eu sinto muitíssimo pelos meus trajes. Imaginei que teria terminado a essa altura. — Liam estava corado até as orelhas e olhava em volta, provavelmente procurando algo com o que se cobrir. Encontrou um manto sobre a pequena amurada que cercava o jardim de inverno, manto que provavelmente deixara lá antes de iniciar seu ritual. Lilian imaginou mesmo que Liam fosse tímido demais para caminhar pelo castelo com o peito nu.

    – Não se preocupe, Liam. São os trajes de seus ancestrais, certo? O que foi essa cerimônia que você acabou de realizar? Oh, e me chame de Lilian, apenas. Eu já havia pedido isso a você, não? Eu ainda não me acostumei a usar o sobrenome de Arthur — Lilian não pode deixar de achar fofa a timidez do rapaz. Ele devia ser pelo menos uns quatro anos mais velho que ela, embora não parecesse.

    – Obrigado, Senhora Lilian. A cerimônia que a senhora acaba de presenciar era uma cerimônia de reverência. Eu preciso prestar meus respeitos semanalmente para a Dríade do Vale. — Pelo visto, Liam não iria abrir mão de se dirigir a Lilian sem o uso do título. Por alguma razão, isso a aborreceu um pouco. Mas o aborrecimento não durou, pois logo ela estava estupefata demais com o que ele havia dito com tamanha naturalidade, como se não fosse nada demais

    – Há uma Dríade vivendo no Carvalho? — Lilian exclamou surpresa, arregalando os olhos ao falar e levando uma das mãos à boca, incrédula. Talvez sua reação tenha sido exagerada, porque Liam parecia confuso com a ignorância de Lilian

    – Hã… sim, Senhora. Esta é a razão do Castelo estar aqui. Nunca lhe contaram a história do Vale? — Liam se recompôs e voltou a adotar o tom professoral que sempre adotava ao explicar os relatórios e as normas administrativas do Vale para Lilian. Ele abriu um sorriso iluminado quando a Senhora sacudiu a cabeça, indicando que não conhecia a história. — Bom, resumindo, cerca de quatro séculos atrás, ainda à época do Primeiro Reinado, o Rei Augusto, o Grande, acreditava que era necessário um entreposto entre a Capital e a Costa Azul, E deu ordens que o Vale fosse colonizado e que uma cidade fosse construída aqui. Quando os colonos chegaram, encontraram um Bosque Sagrado. Dríades são criaturas muito territoriais, sabe? Elas são basicamente a personificação do Bosque. Contudo, ser capaz de conquistar o favor de uma Dríade é visto como um ato de imenso bom presságio. A Dríade do Vale não é um espírito particularmente poderoso, mas é antigo e respeitado. Há uma belíssima lenda que conta sobre como o clã dos Remdragon conquistou a amizade do espírito e recebeu dela a permissão para construir seu castelo onde era o Bosque Sagrado. Há um livro na biblioteca que conta a história, eu recomendo a leitura. — Os olhos de Liam faiscavam com fascínio ao contar a história, e era impossível para Lilian não sorrir diante de tamanha demonstração de satisfação.

    – Façamos melhor! Quando tivermos tempo livre, vamos tomar um chá e você pode me contar a história. — Lilian amava livros. Mas dava-lhe ainda mais satisfação observar pessoas falando sobre um assunto sobre o qual possuem profunda paixão.

    – Seria uma imensa honra, Senhora. — Liam abaixou a cabeça e fez uma reverência ao falar. Lilian ficou brava. O que ela devia fazer para que Liam parasse com as formalidades?
    Mas então dirigiu seu olhar para o Carvalho. Era certamente uma árvore imponente. Haveria mesmo uma Dríade vivendo lá dentro? Isso certamente explicaria porque o Jardim era tão vivo e belo, mesmo durante as épocas mais frias do ano. Lilian lera em livros que Dríades eram espíritos da natureza que habitavam as árvores mais antigas de seus respectivos Bosques Sagrados.

    – Ouvi dizer que Dríades são lindas. Gostaria muito de vê-la. — disse Lilian despretensiosamente em voz alta, mais para si mesma do que para Liam.

    – Não é impossível, mas é muito difícil, Senhora. Dríades são criaturas muito tímidas, e podem ser temperamentais. A Senhora é agora uma Remdragon, portanto pode ser que algum dia a Dríade se revele para a senhora, embora possa levar tempo até conquistar a sua confiança. — disse Liam para uma cabisbaixa Lilian, visivelmente curiosíssima a respeito da Dríade do Vale. Mesmo depois que Liam se despediu alegando ter tarefas pendentes que demandavam sua atenção, Lilian permaneceu no agradável Jardim de Inverno. Ela tocou o tronco áspero do Carvalho e achou que podia até mesmo sentir a presença do antigo espírito que habitava a imensa árvore. Tentou conversar com a Dríade, se apresentando e elogiando as belas flores do Jardim, mas não obteve resposta. Depois de um tempo, desistiu. Mas ao ir embora, prometeu à Dríade que voltaria sempre que possível para cumprimentá-la. O que será que Dríades comem? Será que gostam de bolo? Talvez devesse perguntar para Liam quando tivesse a oportunidade.

    O dia correu sem grandes percalços. No inverno, os campos ficam vazios e as pessoas se reúnem dentro das muralhas da cidade. A maior parte do trabalho consiste em inventários frequentes de estoques de comida e lenha. Lilian esfregou os olhos e sentiu a vista embaçada por passar o dia enfurnada entre livros e pergaminhos com anotações. Pensou que talvez devesse considerar outras questões. Será que deveria conduzir uma inspeção das tropas? Garantir a segurança dos cidadãos seria importante, embora duvidasse que pudesse fazer um trabalho melhor que Liam já fazia. Teve então uma boa ideia: faria um passeio pela cidade assim que possível. Conversaria com os cidadãos, tentaria entender se precisam de algo. Ficou feliz com a ideia que teve e correu aos risinhos para seu banho.

    Hoje ela não precisaria do vapor. Usar a sauna consumia muita lenha, e o inverno ainda iria longe. Esse era um recurso que precisava ser usado com sabedoria, não seria justo com a população do Vale que ela esbanjasse enquanto todos racionam seus estoques. Contudo, suas amas haviam esquentado a água da banheira e deixado uma taça e uma jarra de vinho ao lado da banheira. Aquilo estava virando um costume, pelo jeito. E por Lilian, tudo bem. Havia uma das amas, uma jovem chamada Mia, que era especialmente dedicada a Lilian. Ela se esmerava nos detalhes para que a jovem Senhora ficasse confortável, era simpática e dedicada. Podia passar horas escovando os cabelos da Senhora e fazendo-lhe tranças. Fora ela quem sugeriu o vinho na banheira. E que boa sugestão havia sido essa.

    Quando terminou de se despir, caminhou até o grande espelho que havia perto da banheira e se observou nua. Sentiu o rosto corar quando lembrou-se da noite anterior. Sentia que havia feito algo errado, impuro. Sentia culpa. Mas, ao mesmo tempo, lembrou que tinha sido tão bom. Tamanha delícia não deveria ser proibida… deveria? Deslizou a ponta dos dedos pelo peito e pelos seios e sentiu a pele arrepiar. Já havia deslizado os dedos pelo corpo para provocar arrepios dessa forma, mas sempre lhe fora nada além de uma cosquinha gostosa. Agora, depois das convulsões de prazer da noite anterior, tais arrepios não lhe eram mais inocentes. O ato de tocar a si mesma havia sido ressignificado. Os arrepios agora percorriam todo seu corpo. Todo o seu corpo. E deixavam sua respiração mais ofegante.

    Foi quando pegou-se lembrando do peito nu de Liam. Tentou imaginar a sensação de deslizar os dedos pelos músculos do senescal, como fazia consigo mesma agora. Tal pensamento a fez sentir o corpo muito quente. Deslizou um dedo até o umbigo, e então, mais abaixo. E sentiu como se sua flor estivesse coberta com mel quente. Não pôde segurar um suspiro de prazer.

    Então olhou-se novamente no espelho, e viu sua expressão de prazer. E subitamente a culpa atingiu-lhe como um raio. Arregalou os olhos e correu horrorizada, como fugisse do próprio reflexo. Praticamente mergulhou na banheira, como se quisesse imergir para grandes profundezas e desaparecer de vergonha. Era uma mulher casada! Amava o marido! Ainda assim ali estava, tocando a si mesma enquanto imaginava outro homem!

    Aquilo era errado. Tremendamente errado. Algo muito, muito errado estava acontecendo com ela. E então começou a chorar copiosamente e a soluçar de culpa e de angústia. Tornara-se uma mulher indecente.

    (continua)
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    Segredos sob o Vale (18+) Empty Re: Segredos sob o Vale (18+)

    Mensagem por Tellurian Sex Jun 30, 2023 5:07 pm

    Capítulo III

    — Não há nada de errado com seu corpo, minha Senhora. — o velho médico guardava seus apetrechos, após examinar cuidadosamente a saúde de Lílian. — A Senhora é tão saudável quanto uma jovem moça poderia ser. Vou recomendar apenas um chá para o alívio de suas dores. — O médico adotava um tom afável, como se quisesse acalmar as aflições de sua jovem paciente.

    Lílian suspirou. Ela sabia que não havia nada de errado com seu corpo. Seu problema era com a sua mente. Achou que seria capaz de reunir coragem e contar suas aflições ao antigo médico do clã Remdragon, mas tudo o que conseguiu foi corar e gaguejar, e então inventar que sofria com cólicas menstruais. Estava tão envergonhada que preferia morrer a contar ao médico o real motivo de sua consulta. Mas, se não um médico, com quem ela deveria se aconselhar? Um sacerdote? Não. Um clérigo provavelmente apenas a reprovaria por violar a santidade do matrimônio e a puniria com algum tipo de penitência absurda. Chibatadas, quem sabe. Isso seria horrível.

    Tinha o coração cheio de pesar e dúvida enquanto caminhava tristemente pelos corredores do castelo. Talvez devesse contar suas aflições à Dríade. Será que ela lhe acolheria? Ou será que ela lhe julgaria como todos os outros? Silenciosa como era, provavelmente nada falaria, nem a ela nem a ninguém.

    Foi quando uma porta se abriu logo a sua frente e Liam saiu dela segurando um maço de papéis. Lilian petrificou no lugar, incapaz de decidir se dava meia-volta e retornava por onde tinha vindo, ou se passava por ele fingindo estar distraída e não tê-lo reconhecido. Ela passara o dia inteiro tentando evitá-lo, mas os deuses estavam decididos a lhe testar, pelo visto. Sua hesitação tomou-lhe tempo, e o rapaz a viu parada no corredor. Imediatamente abriu um sorriso cordial iluminado e caminhou em sua direção.

    – Senhora Lilian, boa tarde. Trouxe os relatórios mensais de finanças para a sua consideração. Aparentemente, temos um problema que exige a nossa atenção — Disse Liam, com os olhos pousados sobre o papel. Lilian sentiu o rosto quente. Estava corada até as orelhas.

    – B-bom dia, Liam. P-podemos deixar os relatórios p-para outra hora? N-não me sinto muito bem — Ela era incapaz de olhar pra ele. Ouviu-se gaguejar e isso a deixou ainda mais nervosa. Diabos, porque estava tão quente em pleno inverno? Achou que estava suando um rio.

    – Sinto muitíssimo, Senhora. Não havia percebido que estava saindo do consultório do doutor. A Senhora realmente não me parece bem. Pegou um resfriado? — Lilian percebeu que Liam conteve um gesto, talvez por respeito a ela. Ele iria colocar a mão em sua testa para testar sua temperatura, mas desistiu, provavelmente por se tratar da Senhora do Vale. Ela percebeu que queria aquele toque. Desejava que Liam a tocasse. Se fosse uma ama qualquer ele a teria tocado, provavelmente.

    Maldito título e toda pompa e circunstância que vem com ele.

    E então percebeu a gravidade de seus próprios pensamentos. Não fora seu título que refreara a mão de Liam. Fora seu status de mulher casada. Fora o respeito de Liam por Arthur, seu marido. Isso a deixou ainda mais constrangida. Que tipo de mulher ela havia se tornado? Ela queria fazer como a Dríade, entrar em uma árvore e nunca mais sair.

    – É-é possível. Com licença, Liam. Vou me recolher. — Não conseguiu reunir forças para olhar Liam nos olhos. Foi preciso força de vontade para não sair correndo dali antes mesmo que o senescal respondesse. A caminhada até seu quarto lhe parecera mais longa que nunca. Queria se jogar em sua cama e sufocar alguns gritos no travesseiro. Mas quando finalmente alcançou e adentrou seus aposentos, percebeu que Mia estava próxima à janela, e que havia tomado um susto com a entrada repentina de Lilian.

    A ama havia rapidamente se tornado sua favorita. Mia era uma jovem sardenta e risonha, sempre com os cabelos presos em uma longa trança castanha. Tinha a mesma idade de Lilian, mas casara-se ainda mais cedo, com um dos zeladores do castelo. Tinha dois filhos que corriam pelo castelo brincando de cavaleiros. Mia repreendia os filhos, mas Lilian dissera-lhe que os meninos podiam ficar a vontade no castelo. Um lugar onde não se ouve o riso de crianças é um lugar triste. Lilian gostava que os filhos e filhas das amas e outros empregados pudessem brincar livremente pelas terras dos Remdragon. Aparentemente, tal atitude havia conquistado a mais profunda admiração por parte de Mia, que lhe era muito dedicada e atenciosa. Rapidamente, tornara-se confidente de Lilian. Sentia que podia confiar na moça.

    Quando Mia se virou rapidamente, Lilian percebeu que a ama estava com o rosto corado, e então farejou que ali havia uma boa fofoca a ser contada.

    – Posso saber o que a senhora anda fazendo, dona Mia? — disse-lhe com voz de sabichona, se aproximando também da janela para olhar o que havia do lado de fora.

    – Senhora! N-nada! A-apenas observando a paisagem — A moça respondeu, cada vez mais da cor de um pimentão.

    Quando se aproximou da janela, Lilian pôde ouvir os gritos que vinham do lado de fora. Aparentemente, os guerreiros da guarnição estavam treinando no pátio, e a janela da antessala de seus aposentos tinha vista para lá. Quando se aproximou da amurada e olhou para o lado de fora, viu que os homens estavam treinando de peito nu, a despeito do frio lá fora. Guerreiros fazem coisas estúpidas pra treinar sua força de vontade, ouvira dizer. E então virou-se para Mia com olhos brincalhões.

    — E que belíssima paisagem, não é mesmo? — riu-se, provocando a ama.

    Mia olhou para os lados, certificando-se que estavam sozinhas. E então se abanou com a mão e suspirou exageradamente, provocando gargalhadas de ambas.

    – O Capitão Leon está com eles, veja! Deuses, que homem. — Ela apontava para um grande guerreiro que lutava no centro da arena com uma espada de madeira com. O Capitão era um homem do sul. Tinha a pele mais escura que os outros, em um tom de bronze peculiar dos homens nativos da Costa. Seus olhos, contudo, revelavam sua herança do norte. Um verde esmeraldino, profundo e brilhante. Leon era, talvez, o maior dos guerreiros ali. Seu peito nu revelava um corpo sólido, com grandes músculos bem definidos. Um verdadeiro deus esculpido em bronze com olhos de esmeralda. Era visivel a razão da excitação de Mia. Subitamente, Lilian teve um estalo.

    – Diga, Mia. Você é casada, certo? Não tem problemas em admirar outro homem? — Ela disse de forma despretensiosa, embora o verbo que ele gostaria de ter empregado fosse “desejar” ao invés de “admirar”.

    – Os Deuses perdoam a imaginação, Senhora. — A ama respondeu com um risinho, como se tivesse falado algo nada demais. Mas Lilian sentiu o queixo desabar. Estava se massacrando tanto a toa?

    – Você… imagina como deve ser a sensação de ser tocada por ele? A sensação das mãos dele em seu corpo, imagina como deve ser tocar aqueles músculos? — Ela falou de forma hesitante, como se estivesse confessando um pecado horrível. Mas Mia aparentemente nem percebeu sua hesitação. Ela ficou imediatamente corada e levou as mãos à boca para abafar seus risinhos.

    Senhora! — disse, em um tom de indignação claramente fingida — Eu e todas do castelo, certamente. Quem não? Quero dizer… o homem é um deus. — Mia pôs uma mão no peito e até mesmo mordeu os lábios ao olhar para o belo Capitão que treinava no pátio. E Lilian ficou grata pela distração da ama, pois devia estar com cara de idiota. Sentiu que seu queixo caíra a profundidades nunca antes vistas.

    =======

    Olá!

    Tenho dúvidas se tem alguém lendo esse troço, mas vou continuar escrevendo assim mesmo. Sou ruim.
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    Segredos sob o Vale (18+) Empty Re: Segredos sob o Vale (18+)

    Mensagem por Tellurian Qua Jul 05, 2023 1:23 pm

    Capítulo IV

    Os deuses perdoam a imaginação.

    A frase dita por Mia ficou ecoando na mente de Lilian por algum tempo. A ama não parecia se importar em desejar o Capitão da Guarda. Claro, ela manifestou expressamente que “desejar” não significa “ter a intenção de realizar o desejo”. Além disso, olhou em volta e garantiu que estavam sozinhas. Se outras pessoas estivessem ali as coisas seriam diferentes, mas perto apenas de uma amiga querida, ela não teve problema em expressar seu desejo em palavras e em olhares. Se estivesse absolutamente sozinha, expressaria esse desejo também em... toques?

    – Com licença, Senhora Lilian. A senhora terminou a leitura dos relatórios? – Liam abriu a porta da biblioteca repentinamente, assustando Lilian. Ele trazia mais um calhamaço de papéis a tiracolo, e a ruiva suspirou. Isso não tinha fim.

    – Estou terminando. Me dê cinco minutos. – Estava bem mais fácil conviver com Liam desde a conversa com Mia. Lilian não tinha mais a sensação de que estava doente ou cometendo um crime, uma blasfêmia contra os deuses, ou algo do tipo. Liam era lindo, e ela adoraria pôr as mãos nele, sem dúvidas. Mas ela não o faria de verdade, afinal, amava Arthur e respeitava seu casamento. E enquanto não o fizesse... bom, os deuses perdoam a imaginação.

    Está tudo bem, então? Lilian sentia que seus ombros estavam tremendamente mais leves. Então ela não era uma mulher devassa ou algo do tipo. Mais que isso, Lilian estava animada. Os deuses perdoam a imaginação. Isso abria todo um mundo de possibilidades. Alguns de seus banhos seriam bem mais interessantes daqui pra frente, ela pensou. Agora ela tinha três opções para imaginar. Claro, afinal aquele Capitão não era nada mal. Se “Mia e todas no castelo” pensam nele, isso certamente a inclui, certo? Sufocou um risinho antes de se enfurnar novamente nos relatórios mensais de finanças.

    – Certo, Liam. Então, o problema que você mencionou anteriormente é em relação a esse festival, certo? Do que se trata? – Baixou os olhos para o calhamaço de papéis e separou o que trazia as informações dos custos do festival. Era uma soma realmente considerável, mas não parecia ser algo que comprometeria gravemente as finanças do castelo. Quando ergueu os olhos pra Liam novamente, ele estava com aquele semblante iluminado e um sorriso que poderia dar a volta na cabeça de tão largo. O rapaz certamente gostava de ensinar Lilian sobre as tradições do Vale.

    – O Festival da Luz é uma tradição importante para o povo. Nele celebramos o fim do inverno e a chegada do novo ano. Há música, teatro, dança. Se houver excedentes das reservas de inverno, também há um banquete. E nesse ano tivemos um grande excedente, graças a boa administração da Senhora. Todos estão ansiosos. – Liam falava quase que rápido demais. Ele tinha tanto gosto em contar as tradições do Vale que era impossível não sorrir ao lhe ouvir falar. E esse festival parecia ser algo tremendamente importante para o povo. Lilian pegou a si mesma ansiosa pelo festival.

    – Ok, e qual o problema? É realmente uma soma considerável. Temos que contratar artistas, realizar toda a decoração, além do banquete. Mas não parece ser nada que nos comprometeria. – Ela checou novamente os dados anotados nos documentos para ter certeza que não estava falando nenhuma bobagem.

    – Tivemos custos extras para a preparação deste inverno. A bondade da Senhora garantiu que todos os cidadãos estivessem bem alimentados e aquecidos, contudo, comprometeu nossas reservas. Realizar o festival não compromete nosso fluxo financeiro mensal, mas compromete nossa capacidade de poupar e repor as reservas. E, caso aconteça alguma emergência, ficaríamos em apuros. – Liam falou devagar, como se escolhesse bem as palavras. Claramente estava preocupado em ofender Lilian, talvez em fazer parecer que a estivesse acusando de ter cometido um erro grave. Lilian suspirou. Talvez Arthur fosse mais severo do que ela, mas não achou que havia cometido um erro. A segurança e o bem estar dos cidadãos tem prioridade. Além disso, camponeses fortes e descansados irão trabalhar melhor durante o plantio de primavera, o que pode levar a uma melhor colheita. Então o custo extra durante o inverno pode ser interpretado como um investimento, e não um simples gasto. Lilian não se arrependeu de sua decisão.

    – Não há razão pra preocupação. Ainda podemos realizar o Festival, se economizarmos um pouco. – Ela correu o dedo pelas tabelas, analisando os números anotados ao lado de cada tópico listado. – Aqui. Esse é de longe o maior custo de todo o festival, mas eu sequer sei do que se trata. O que são “fogos de artifício”? – ela apertou os olhos enquanto lia, para ter certeza que estava lendo corretamente a caligrafia desajeitada de Liam.

    – Temo que seja o ponto alto do Festival da Luz, Senhora. É de onde a festa tira seu próprio nome. Trata-se de uma maravilha produzida pela Guilda de Magos. Eu mesmo tenho dificuldades em entender todas as fórmulas alquímicas envolvidas, mas basicamente são instrumentos que disparam explosões de fogo colorido no céu. – o Senescal articulou todas as palavras cuidadosamente, como se saboreasse dizê-las.

    Lilian quase engasgou. Eles usam itens mágicos nesse festival? De fato, maravilhoso, mas não é de se espantar que seja um espetáculo caríssimo. Magia é cara. E imbuir um objeto com magia, de forma que alguém que não seja mago possa utilizar magia, é algo ainda dez vezes mais caro. Contudo, ao manifestar seu espanto para Liam, o senescal a explicou que não se tratam realmente de itens mágicos, por não haver magia envolvida. Era alquimia. E ele falou isso como se para Lilian isso fizesse alguma diferença.

    – Oh, claro, é só alquimia, não magia. Pffft. Onde eu estava com a cabeça, não é mesmo? – Pensou Lilian. Mas sua expressão deve ter denunciado seus pensamentos, pois o Druida, ao decifrar a cara de paisagem que Lilian fazia ao ouvir sua afirmação, riu e então explicou-lhe que são processos diferentes. A Alquimia era uma arte mais sutil que a Magia, mais “natural”, por assim dizer.

    A magia utiliza a habilidade do Mago em controlar seu mana, energia presente em todas as coisas, para manipular e alterar as propriedades do alvo da magia. Já a alquimia não modifica as propriedades naturais de seu alvo nem utiliza mana, apenas usa as interações obscuras e complicadíssimas entre os mais diversos compostos alquímicos para produzir seus efeitos. Embora hajam diferenças, ambas as artes podem ser igualmente complicadas, e igualmente espetaculares.

    – Irei pedir aos empregados que encontrem alguma sobra do ano passado para que eu possa mostrar-lhe. Acredite em mim, vale o espetáculo – O senescal tinha os olhos dourados tão iluminados de expectativa que Lilian não poderia recusar nem se quisesse. E ela jamais faria isso, de qualquer forma. Aquilo deveria ser algo sagrado aos cidadãos. Teria que encontrar outra forma de economizar.

    Percorreu o dedo novamente pelas tabelas e então encontrou a segunda maior anotação. Tratava-se de algo marcado como “evento principal”. Quando questionado, Liam lhe explicou que tratava-se de uma tenda separada, onde a família Remdragon, os Comandantes dos Cavaleiros Prateados e convidados selecionados tinham seu próprio banquete e espetáculos.

    – Bom, então cancele este tal “evento principal”. No lugar, coloque uma mesa na praça central, e iremos todos comer e brindar junto do povo, e desfrutar todos dos mesmos espetáculos. Nossa comida será a comida de todos, nossos espetáculos serão os espetáculos de todos. Arthur e os Cavaleiros não estão aqui, de toda forma. Nem temos convidados a receber, visto que as estradas seguem congeladas. Ninguém irá reclamar. Com esse cancelamento, o valor final do Festival é muito mais aceitável. – a decisão de Lilian foi rápida e lhe pareceu algo extremamente natural. Era inclusive uma surpresa que aquilo não fosse o normal.

    – Assim será feito, Senhora. – Liam ofereceu-lhe um iluminado sorriso de satisfação. Havia orgulho em seus olhos, e Lilian corou ao perceber a admiração do senescal. Não imaginava ter feito nada demais.

    Quando se recolheu aos seus aposentos naquela noite, escreveu uma carta ao marido. Contou-lhe a respeito de sua decisão sobre o festival e refletiu se ele se sentiria insultado de uma forasteira decidir mudar a forma como são celebradas as tradições de sua família.

    De alguma forma, esse pensamento lhe preocupava. As cartas levavam cerca de uma semana para alcançar Arthur na Costa Azul. E depois, após mais uma semana, viria a resposta. Ela chegaria com muito pouca antecedência do festival. Era possível que não desse tempo de re-incluir o tal “evento principal” na programação. Teria de sustentar sua decisão, mesmo a contragosto de Arthur.

    Seria capaz disso? Quão bravo Arthur ficaria? Bom, de nada adiantaria se preocupar com o futuro. Arthur lhe disse que confiava plenamente em suas capacidades. Ela precisava honrar essa confiança. Não podia começar a questionar suas próprias decisões, caso contrario a hesitação se tornaria paralisia. E o que seria do povo do Vale caso sua Senhora ficasse paralisada de medo? Sua decisão havia sido lógica, não havia o que questionar. Teria de acreditar e confiar que Arthur compreenderia a aceitaria.

    Todas as noites, quando Lilian se recolhia aos seus aposentos, Mia escovava-lhe os cabelos e lhe ajudava a trocar suas roupas, desatando os nós de seu corset e a vestir sua camisola. Durante esses momentos que partilhavam, contavam histórias e fofocas uma para a outra e conversavam sobre o dia a dia. Mia ficou exultante quando Lilian contou a ela sobre o Festival. Lhe falou como reunia toda a sua família e a família de seu marido para partilharem uma ceia e então assistirem junto a queima de fogos. Contou-lhe que isso criava a sensação de fortalecimento de laços entre eles, e que a essa altura, o Festival da Luz já era uma tradição sagrada para sua família. Lílian sorriu e sentiu o coração se aquecer. Sim, tinha tomado a decisão correta.

    Assim, livre de preocupações, jogou-se na cama e permitiu que seu coração se alegrasse com a vinda do festival. Sua organização seria trabalhosa, sem dúvida, mas também seria divertida. Uma mudança agradável nos sempre frios e impessoais relatórios de Liam.

    Pensou então em Liam. O Senescal ficou realmente muito feliz com a decisão de Lilian. Ele certamente ama as tradições do Vale e está muito empolgado com o festival. A ruiva sorriu ao lembrar do sorriso de Liam quando ela informou-lhe sua decisão. Lembrou do orgulho que havia em seus olhos cor de mel. E sentiu um arrepio correr-lhe o corpo.

    Ela percebeu que a aprovação de Liam a estimulava. E um pensamento a ocorreu. Se os Deuses perdoam a imaginação, e é normal que se sinta desejo por pessoas mesmo sem ter compromisso com elas, será que Liam a desejava também? Será que a imaginava nua? Que... se tocava pensando nela?

    Essa possibilidade percorreu seu corpo como uma corrente elétrica. Sentiu subitamente o corpo inteiro muito quente. Sua camisola era de um tecido de algodão bastante fino. Não gostava de dormir com roupas pesadas, pois sentia que elas limitavam seus movimentos. Se sentia agarrada, presa. Sua camisola era leve e fina, mas seu quarto possuía uma lareira, e sua cama tinha muitos cobertores macios de peles. Frio não era um problema, então a camisola era suficiente.

    Mas subitamente, ao imaginar Liam olhando para ela com desejo, com fome em seus olhos dourados, mesmo aquela camisola pareceu-lhe sufocante. Limitadora. Desceu as mãos até a barra da camisola e a retirou pela cabeça. Percebeu que seu corpo estava sensível. Mesmo o sutil toque das peles dos cobertores em sua pele nua lhe era estimulante. Ele gostaria de vê-la assim? Nua, arrepiada, e fervendo de desejo?

    oh, Liam... – Sussurrou para si mesma, imaginando os olhos dourados devorando-a.
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    Mensagem por bahamut Ter Jul 18, 2023 11:17 am

    Caraca, top demais. To ansioso pra ver as continuações
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    Mensagem por Mellorienna Sex Dez 15, 2023 10:05 am

    No grupo do Nova Era no WhatsApp, você solicitou que quem tivesse "conselhos editoriais" se manifestasse acerca dessa obra, principalmente por se sentir incerto quanto aos rumos a seguir a partir daqui. Conforme o que foi dito lá, vim dar meus dois centavos de contribuição.

    Gostaria de esclarecer para os que não me conhecem que não tenho formação em Letras e nem em nenhuma área que se relacione às Artes. Também não sou especialista em escrita e nem autora profissional. Sou apenas uma entusiasta da escrita criativa que gostava de Português e Literatura na escola. E sou uma leitora razoável.

    Ainda, minhas opiniões aqui não refletem julgamentos sobre a competência ou o caráter do autor.

    Feitas essas considerações, vamos começar!


    • Você informou que a premissa é contar uma história sobre traição. Ao meu ver, não existem histórias sobre traição. A infidelidade conjugal é uma ferramenta dentro de uma narrativa, para contar uma história maior: sobre desenvolvimento pessoal, sobre autodescoberta, sobre encontrar o verdadeiro amor (essa é a lista otimista), sobre o caminho para a autodestruição, sobre o vazio das relações humanas no mundo moderno, sobre depressão (essa é a lista pessimista) etc. Dizer simplesmente que a premissa de uma história é a infidelidade conjugal é reduzir demais o escopo que se pretende trazer para uma narrativa.


    • Portanto, acredito que é preciso definir qual é a verdadeira história que você pretende contar. A traição é uma ferramenta para quê? Qual é o argumento real dessa narrativa? Por que é importante falar sobre isso e como a traição funciona para isso?


    • Em termos de correção, seu Português não é ruim. Mas se a ideia for publicar - para o grande público mesmo, através do KDP, por exemplo -, é preciso passar por revisão.


    • Expressões como "pfff" e semelhantes funcionam bem em conversas em aplicativos de mensagens instantâneas. Numa obra, esse tipo de recurso empobrece o texto. Seria melhor retirar, ao meu ver.


    • O sobrenome do male lead provavelmente é protegido por direitos autorais - porque deriva diretamente dos Remdragon Knights. Entendo que seja Pendragon com R, e que Pendragon é domínio público. Mas eu buscaria reduzir as chances de problemas. Trocar a consoante inicial já resolveria a questão. Temdragon funciona bem, Zemdragon e Nemdragon. Têm boa sonoridade. É uma ideia apenas.


    • Ao introduzir elementos na trama, é preciso ter uma ideia da transitoriedade deles. Mesmo que a protagonista não saiba que a paixonite pelo cavaleiro Liam é temporária, o autor deve saber. Ou ao menos ter uma ideia. E usar esse elemento a favor da premissa da história: se for uma história sobre desenvolvimento pessoal e despertar da feminilidade da protagonista, em que o Liam ou essa paixonite por ele contribuem? É nítido para o leitor quando o autor não sabe para onde está indo. E isso retornar ao primeiro ponto dessa lista.


    • Tem um texto bem legal do Edgar Allan Poe sobre a arte da escrita, chamado "A Filosofia da Composição". O link vai direcionar para um pdf confiável. Vale a leitura!



    Espero ter contribuído. Deixei de fora minhas impressões sobre as coisas que adiantou no grupo do WhatsApp acerca do enredo, porque acredito que a definição da premissa seja muito mais fundamental e urgente. Vou tentar me lembrar de voltar por aqui, caso queira debater os pontos levantados.

    No mais, bom trabalho!
    O mundo seria melhor se mais pessoas escrevessem.
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