A população de Vinha do Fogo, inicialmente cética sobre a chegada dos Targaryen, começara a questionar a liderança do Príncipe Mesclado. A visão dos dragões voando pelo céu não eram ocorrências comuns na Árvore, mesmo depois de 200 anos da retomada Targaryen. Alimentar os enormes monstros não era tarefa banal e exigia bastante dos recursos produzidos pelos criadores de gado locais, o que contribuía para a insatisfação dos plebeus que Vaegon recebera. Mesmo tantos anos depois, ainda era bastante frequente receber aldeões se queixando de algum dano provocado pelos dragões.
Além dos plebeus, os senhores vassalos locais, antes totalmente leais a seu tio, agora ponderavam sobre as vantagens de alianças mais distantes. A Ilha da Árvore era um microcosmo político delicado, onde as alianças e rivalidades podiam mudar rapidamente. O apoio de seu tio Lorde Runceford Redwyne era inegável, mas Vaegon precisava considerar o equilíbrio delicado entre fortalecer sua posição e não parecer uma marionete nas mãos dos Redwyne.
As terras de Vaegon ficavam um pouco distantes do castelo de Lorde Runceford, em Porto Ryam. Também na cidade de Porto Ryam ficava a sede da Casa Ryam, os mais ricos vassalos dos Redwyne; Lorde Harry Ryam era o patriarca da Casa Ryam, conhecidos por suas habilidades comerciais e frota naval robusta, a Casa Ryam mantinha uma posição neutra, favorecendo alianças que beneficiassem o comércio e a prosperidade de Porto Ryam.
Mais perto de Vinha do Fogo ficava a ilha chamada Palácio da Sereia, governada pela Casa Sirena. Liderada por Lorde Liames Sirena, era conhecida por sua influência cultural e artística, que se estendia por todos os Sete Reinos. Lorde Liames era um apreciador das artes e refinamentos, e influenciara a gastronomia westerosi, ressaltando sempre os requintes das combinações entre pratos e vinhos. Os maiores enólogos do mundo inteiro iam estudar no Palácio da Sereia, proporcionando uma vasta rede de contatos a Lorde Liames. Ele buscava manter a harmonia na ilha, apoiando alianças que promovessem o desenvolvimento cultural, e tinha dúvidas sobre as capacidade de Vaegon.
Na Baía da Estrela do Mar, havia três casas vassalas dos Redwyne, pertos demais de Vaegon para serem ignoradas. Do outro lado da Floresta de Vinhas, havia a Casa Steelvine, a mais marcial de toda a Árvore, treinando cavaleiros e marinheiros para combate naval e terrestre. As outras casas da ilha podiam ter naus de combate para proteger seus navios mercantes, mas só o que os Steelvine tinham eram poderosos vasos de guerra, tripulados por alguns dos melhores soldados da Campina, e era a eles que os Redwyne recorreriam se precisassem entrar em combate com força total. O líder da casa, Lorde Stan Steelvine, não vira com bons olhos a presença dos dragões Targaryen, mas não se mostrara hostil até o momento.
No maior porto da Baía da Estrela do Mar encontrava-se a sede da Casa Starsea. Sob a liderança de Lorde Seadric Starsea, a Casa Starsea prosperava, especializados na pesca e comércio marítimo. Lorde Seadric mantinha uma posição pragmática, disposto a apoiar Vaegon se isso garantissse a segurança de suas rotas comerciais e de seus barcos pesqueiros.
Na Foz do Rio das Vinhas, ficavam as terras da Casa Riverwyne, que tinha os navios renomados como os mais rápidos do mundo. Os Riverwyne não faziam viagens para além dos domínios da Árvore, limitando-se a transportar mensagens e mercadorias entre as regiões sob o domínio de Lorde Runceford e seus vassalos. Seu senhor, Lorde Runner Riverwyne, era ferozmente leal a Lorde Runceford, e seu compromisso incluía patrulhar as fronteiras de Vinha do Fogo.
Dobrando o Cabo do Garrafão, chegava-se à ilha de Rocha da Ferradura, onde Lorde Jeremy Ironrock governava a Casa Ironrock. Essa casa era conhecida por sua perícia na metalurgia e produção de armas e ferramentas. Os melhores barris da Árvore eram manufaturados ali, fazendo deles uma peça fundamental na engrenagem da economia vinícola dos Redwyne. Lorde Jaremy mantinha uma disposição leal a Lorde Runceford, focando em cumprir com seus deveres, e nunca mostrara especial simpatia por Vaegon.
Perto do extremo sul da Árvore ficava a Ilha dos Porcos. Lorde Gregor Gork era o líder da Casa Gork, conhecida por suas criações de porcos e produção de carne de qualidade. A casa mantinha uma disposição neutra, focando em garantir a prosperidade agrícola e a segurança alimentar na ilha. Eles não desgostavam de Vaegon, que pagava taxas extras para alimentar seus dragões, mas Lorde Gregor às vezes se queixava do esforço extra para alimentar criaturas tão grandes e vorazes.
Perto dali ficava a enorme ilha Recife dos Caranguejos de Pedra, onde Lorde Carlyle Stonecrab liderava a Casa Stonecrab. Sua gente tinha prática na pesca de caranguejos nos recifes e mangues, mas sua maior especialização era a formação de construtores competentes, tanto de navios como de castelos. Seus arquitetos e engenheiros eram convocados para todas as partes de Westeros. Lorde Carlyle era singularmente mal-humorado e valorizava a estabilidade. Ele advertira Vaegon para garantir a segurança das águas locais.
Na costa oriental da Árvore, Lorde Gilbert Goldwyne era o senhor de Vila Vinha, a terceira maior cidade da ilha, conhecida por suas vastas plantações de uvas e pela produção dos vinhos mais renomados, os famosos dourados. A Casa Goldwyne mantinha uma posição contrária à presença de Targaryens ou dragões na Árvore, preferindo que alianças familiares não atrapalhassem o comércio de vinhos da ilha.
Por fim, Lorde Jon Exson liderava a Casa Exson na ilha Berço do Bastardo. Conhecidos por sua agilidade e perícia em táticas de guerrilha, eles treinavam marinheiros e soldados comuns para a frota Redwyne. Seu estaleiro era o principal fabricante e reparador de navios, e grande parte da esquadra ficava estacionada na ilha. Leais a Lorde Runceford, os Exson estavam dispostos a defender a ilha contra qualquer ameaça, mas infelizmente eles tendiam a ver Vaegon como uma ameaça em potencial.
Eram nesses pensamentos que Vaegon estava imerso enquanto observava os dragões retornando ao castelo de Vinha do Fogo enquanto o sol se punha no mar oeste distante.
Foi quando Meistre Vincent entrou procurando por ele.
Meistre Vincent era um emprétimo de Lorde Runceford, e não parecia ter ficado feliz com aquilo. Um velho naturalista, Vincent ainda por cima era abstêmio, recusando-se a beber qualquer gota de vinho.
- Com licença, Lorde Vaegor. Os corvos lhe trouxeram uma carta.
O meistre deixou a carta e saiu.
A carta era de Victor Rox, de Porto Real.
Lorde Vaegon,
Há boatos sobre alguém chamado de Sombra do Dragão liderando uma linhagem Targaryen e se preparando para tomar o Trono de Ferro a qualquer momento. Porto Real está com nervos à flor da pele.
Fique atento.