No calabouço sombrio de intrigas e traições que era Westeros, a nobre Rhaella Targaryen erguia-se como uma figura central em um tabuleiro complexo de poder. Abrigada nas terras escaldantes de Dorne, em Lançassolar, ela era a peça-chave em um jogo que ainda não compreendia totalmente.
Seu dragão Ieghein lançava uma sombra negra sobre a Cidade Sombria, deixando os dorneses desconfortáveis com a presença da besta. Com a companhia dele, Rhaella não tinha a menor chance de passar despercebida entre os plebeus, e teve de se conformar em permanecer dentro do belo castelo dos Martell. A Cidade Sombria era quase uma vila quando comparada com qualquer das Cidades Livres, principalmente a enorme e imponente Braavos.
O Príncipe Zane Martell organizara uma série de eventos desde sua chegada para apresentá-la os Sete Reinos. Festas e eventos sociais, cuidadosamente organizados pelo Príncipe, tornaram-se campos de batalha políticos, onde os nobres dorneses, leais ou traiçoeiros, buscavam seus próprios interesses. Cada sorriso escondia segredos, e cada aliança era uma lâmina afiada.
Havia rumores sobre dragões raros ecoando pelas dunas de Dorne, e as facções internas da casa Martell mal disfarçavam seu interesse pelo descobrimento e controle dessas criaturas misteriosas. Rhaella ainda não conseguira investigar esses boatos, mas se não o fizesse logo, sabia que em breve os Targaryen de Porto Real viriam para averiguar isso.
Para coroar isso, os sacerdotes de R'hllor tinham chegado a Dorne, anunciando profecias de um novo Azor Ahai, o herói escolhido da luz para combater o Outro, o deus das trevas. Alguns deles até insinuavam ao povo que Rhaella Targaryen poderia ser esse Azor Ahai renascido tal como Denerys se mostrara ser dois séculos atrás.
Dorne, com seu clima fervente e políticas complexas, apresentava desafios únicos. O Príncipe Zane Martell, apesar de sua lealdade aparente, enfrentava desafios internos enquanto Dorne debatia sobre o papel que deveria desempenhar nos eventos que se desenrolariam nos Sete Reinos. A influência de Myranda Rogare, a mãe de Rhaella, era percebida em cada negociação e aliança, criando um complicado jogo de interesses entre mãe e filha. Rhaella não sabia em detalhes o que sua mãe desejava, e estava sozinha sem ela para confrontar cada obstáculo no caminho para o Trono de Ferro.
Naquela tarde, a sala de reuniões em Lançassolar estava impregnada de calor e o perfume característico das terras de Dorne. A luz dourada do sol penetrava pelas janelas entreabertas, destacando os detalhes intricados dos murais que adornavam as paredes. No centro da sala, uma mesa longa e imponente estava coberta por mapas de Westeros, marcados por peças estratégicas que delineavam as alianças e disputas do reino.
O Príncipe Zane Martell, com seus olhos penetrantes e vestes adornadas com os símbolos de Dorne, sentava-se à cabeceira da mesa. Ao seu lado, Lady Sarella Martell, elegante e majestosa, exibia a dignidade de uma líder. Do outro lado, Lady Emira Martell, com sua expressão sagaz e olhar estratégico, observava a cena atentamente.
Rhaella Targaryen adentrou a sala, acompanhada de dois fiéis companheiros. Meistre Brynden, com sua corrente de meistre e olhos sábios, e Sor Jorlan Stormblade, cuja armadura reluzia à luz do sol, indicando sua lealdade inquebrantável.
O Príncipe Zane cumprimentou Rhaella com um aceno de cabeça respeitoso, enquanto Lady Sarella e Lady Emira trocaram olhares significativos. Os murmúrios da corte ecoavam nas paredes, abafados pelo som do vento do deserto que sussurrava lá fora.
Zane começou, sua voz firme ecoando na sala:
- Rhaella Targaryen, o destino de Westeros está à beira de uma nova era, e Dorne está disposta a caminhar ao seu lado nessa jornada. Nosso sangue se misturará, não apenas em aliança, mas em parentesco. Proponho que seu destino se entrelace com o meu filho, Orys, o Falcão do Deserto. Numa aliança matrimonial.
Os olhos de Rhaella encontraram os do Meistre Brynden, que permanecia impassível, enquanto Sor Jorlan observava a cena com uma intensidade silenciosa. Lady Sarella, ao lado do Príncipe Zane, sorriu com graça, e Lady Emira inclinou a cabeça em reconhecimento da proposta. O silêncio pairou por um momento, carregado de expectativa.
Zane continuou:
- Com essa união, Dorne jurará lealdade a você. Orys liderará nossos exércitos em sua reivindicação ao Trono de Ferro, e a força combinada de Dorne estará ao seu lado. O que diz, Rhaella Targaryen?