Rochedo Casterly

Em meio aos salões imponentes de Rochedo Casterly, uma figura destacava-se entre os nobres e cortesãos, envolta em mistério e destemor. Daena Targaryen, a "Flor do Povo," era uma jovem princesa de dezenove anos que transcendia sua linhagem real, encantando todo o Ocidente com sua beleza e talentos incomuns. Seu nascimento, marcado por sombras de uma união controversa entre sua mãe, Lanora, e o enigmático rei Beltran, revelara um destino profético tecido com sonhos premonitórios que a acometiam desde a tenra infância.

Enquanto Daena enfrentava os desafios da vida pública enquanto crescia, sua ligação única com o dragão Amanhecer Skyrax a colocava em destaque, uma figura única em todas as Terras do Oeste, com um potencial destrutivo inigualável por qualquer ocidental. Ao visitar os vassalos de seu avô, Daena e Skyrax sempre roubavam a cena e chamavam muita atenção, tanto de nobres quanto de plebeus. O esperto Lorde Loreon sabia usar aquilo para sua vantagem, inibindo revoltas e mantendo seus lordes juramentados bem comportados.

Enquanto Daena se movia pelos salões da corte, sua presença atraia a atenção de pretendentes ao trono, cada um buscando não apenas sua mão, mas também o poder que ela representava. Por trás da fachada encantadora, ela via conspirações que ameaçam desestabilizar o reinado dos Targaryen. Felizmente, o Lorde Loreon Lannister soubera preservá-la de atenções indesejada, ao menos por ora, pois ele não escondia que tinha grandes planos para ela. À medida que a princesa se preparava para escolher um esposo, ela se via em meio a uma encruzilhada de destinos entrelaçados, sabendo que qualquer movimento em falso seria desastroso, e ainda sentindo-se dividida entre o interesse político do avô e a indiferença quase desprezível de seu pai.

Havia meses que os homens do Oeste estavam se preparando para o grande Festival dos Leões, a última grande celebração do outono antes da chegada do inverno. Desde que a Rainha Daenerys derrotara o Rei da Noite, as estações do ano em Westeros tinham voltado a ser um ciclo anual, permitindo planejamento e prosperidade aos agricultores. Lorde Loreon realizava todos os anos aquele festival para reunir seus vassalos para avaliá-los e aprovar ou desaprovar suas ações nos últimos dozes meses, tudo sob a cobertura de um festival e um torneio. E o dia finalmente chegara. 

Naquela manhã, logo após o desjejum, Daena estava descendo os caminhos ondulantes do Rochedo Casterly em companhia de Joane e Liliane, aproveitando a brisa marítima mais perto do nível do mar do que a altitude elevada em que morava no castelo. Os filhos delas, Willian, Bianca, James e Alach, brincavam de correr à frente delas, enquanto os soldados da Casa Lannister as escoltavam. Mas a presença de Skyrax acima delas no céu devia ser mais do que suficiente para inibir qualquer ataque contra a neta do Lorde Loreon.

Os maridos de suas acompanhantes, Sor Lancel e Sor Will, já estavam no sopé da montanha havia quase uma semana, com Sor Donovan, o tio de Daena, e mais uma centena de cavaleiros que se preparavam para provar seu valor nas justas e na liça. Provavelmente seu outro tio, Lorde Tyon Lannister de Lannisporto, e seu filho Devon já tivessem chegado ou chegariam naquele mesmo dia, dada a pouca distância de Lannisporto para o Rochedo.

O Festival dos Leões, patrocinado por Lorde Loreon em homenagem à sua amada neta Daena Targaryen, transformara os sopés do Rochedo Casterly em um espetáculo deslumbrante e animado. O local estava adornado com uma profusão de estandartes que ostentavam o leão dourado da Casa Lannister, tremulando em harmonia com os ventos que sopravam do oeste. A atmosfera estava impregnada com o aroma de flores frescas e os sons suaves de músicos talentosos que se apresentavam em cada esquina.

O torneio de justas seria realizado em uma arena majestosa, onde os cavaleiros mais habilidosos do Ocidente competiriam por prestígio e reconhecimento. As arquibancadas já estavam repletas de nobres vestidos com trajes luxuosos, enquanto plebeus se aglomeravam nas áreas designadas para o público em geral. O Sol, em seu zênite, projetava um brilho dourado sobre o conjunto, destacando a opulência do evento.

Ao redor da arena, barracas coloridas ofereciam uma variedade de iguarias e mercadorias, desde joias exóticas até trajes finamente bordados. O aroma tentador de banquetes preparados pelos chefs mais renomados permeava o ar, misturando-se com o som das risadas e conversas animadas.
No centro do festival, um pavilhão suntuoso estava erguido para abrigar a mesa principal, onde Lorde Loreon, Daena Targaryen e outros dignitários se reuniriam para celebrar. O pavilhão estava decorado com tapeçarias ricamente bordadas e lustres cintilantes, criando um cenário digno da realeza.

O Rochedo Casterly, ao fundo, erguia-se majestoso, proporcionando uma vista espetacular para os participantes e espectadores. O Festival dos Leões era mais do que uma simples celebração; era uma demonstração do poder e esplendor da Casa Lannister, marcando a presença de Daena como a "Flor do Povo" e dando início a uma festividade que seria lembrada por meses ou mesmo anos no Ocidente.

Ao focar seu olhar sobre os cavaleiros em preparação, Daena distinguiu dois deles: seu tio Donovan estava praticando combate contra seu primo Devon, e parecia estar levando uma vantagem assustadora. Cada golpe fazia o jovem Devon recuar mais, tropegamente tentando se equilibrar antes de receber o próximo golpe, mas Donovan não lhe dava trégua. 

Após um golpe em seu elmo, Devon deixou sua espada cair de sua mão mole e tombou pesadamente contra o solo poeirento.

Enquanto o sol irradiava em seu ápice no céu de Rochedo Casterly, o Festival dos Leões alcançou seu ápice na arena majestosa. O murmúrio da multidão ecoou nas pedras do castelo, misturando-se aos sons das justas e à música animada que preenchia o ar.

Daena Targaryen, a "Flor do Povo," observava atentamente, seus olhos lilases refletindo uma mistura de entusiasmo e reflexão. Enquanto os cavaleiros se enfrentavam na arena, ela se via imersa nas intrigas políticas que se desenrolavam nos bastidores de Rochedo Casterly. Conspiradores sussurravam em corredores sombrios, e olhares carregados de intenção eram trocados entre os nobres presentes.

Ao lado dela, Joane e Liliane compartilhavam sorrisos e observações sobre o desempenho dos cavaleiros. A atmosfera estava carregada de antecipação, não apenas para as justas, mas também para o aguardado jantar que se seguiria. A escolha de um esposo, um passo crucial no destino delineado por Lorde Loreon, pairava como uma sombra sobre a jovem princesa.

Enquanto as justas prosseguiam, Skyrax continuava a sobrevoar os céus, sua presença imponente adicionando uma dimensão mágica ao evento. Seu sopro intrigante, ausente durante o torneio, aumentava o mistério em torno dela. A conexão entre Daena e a dragão fêmea era verdadeiramente única, uma aliança entre criaturas poderosas que transcendia as fronteiras do comum.

No entanto, no meio da efervescência festiva, um mensageiro desesperado surgiu dos portões do Rochedo. Seus passos eram apressados, e seu rosto carregava a urgência de uma mensagem que não podia esperar. O homem, ofegante, procurou por Lorde Loreon Lannister, o avô de Daena, entre a multidão nobre que se deliciava com as justas.

Spoiler:

O avô, posicionado estrategicamente na área reservada para a nobreza, percebeu a agitação ao seu redor e levantou uma sobrancelha inquisitiva. O mensageiro, ao avistar Lorde Loreon, se aproximou rapidamente e se ajoelhou diante dele, transmitindo palavras que cortaram o ar festivo como uma lâmina afiada.


- Milorde, uma calamidade se abateu sobre nossas terras de Colina de Prata! Dragões, monstruosos e impiedosos, atacaram vossos vassalos da Casa Serrett. O fogo deles devorou plantações, casas, vidas! Uma catástrofe que exige sua atenção imediata!

Os olhos de Lorde Loreon se estreitaram com preocupação, enquanto Daena, Joane e Liliane perceberam a mudança abrupta no ambiente. A notícia se espalhou como fogo seco em uma floresta, ecoando pela arena e alcançando até mesmo as orelhas dos cavaleiros na arena de justas.

A festividade foi interrompida por um momento, e as expressões variadas de choque, incredulidade e temor se espalharam entre os presentes. Daena, em particular, sentiu um nó apertar-se em seu estômago, enquanto Skyrax, lá no alto, emitiu um rugido inquietante, como se sentisse a angústia que pairava sobre o Rochedo.

Lorde Loreon, reunindo sua compostura, instruiu o mensageiro a relatar os detalhes em particular. Ele se levantou, lançando um último olhar para Daena, indicando que a conversa teria que aguardar. O avô, seguido por guardas preocupados, partiu apressadamente em direção aos aposentos onde a urgência da situação seria discutida.

A notícia dos ataques de dragões lançou uma sombra sobre o Festival dos Leões, recordando a todos que, mesmo em meio à alegria e celebração, as ameaças e desafios podiam emergir de maneiras inesperadas. O destino de Daena e de Rochedo Casterly tornou-se mais incerto, enquanto a noite, antes repleta de promessas festivas, agora carregava a tensão de uma situação que exigiria ação imediata e decisiva.

O pronunciamento de Daena surtiu efeitos conflitantes na multidão.

Parte dos senhores, cavaleiros e plebeus mostrou-se confiante, com sua segurança reafirmada e com um propósito de proteção da coletividade renovado. Mas outra parte não depositou fé nas palavras nem na figura da neta do Senhor do Rochedo, vendo nelas nada mais do que bravatas e esperanças vazias. De qualquer modo, ninguém ousou se opôr a ela em voz alta, e todos foram tratar de cumprir-lhe as ordens.

Quando Daena ergueu os olhos, viu seu avô na entrada da tenda, de pé olhando para ela. Aparentemente ele ouvira tudo e também observara tudo que ela fizera. Com um gesto, ele chamou-a para que se aproximasse dele e pudessem conversar.

- Você fala bem em público, minha neta. Tem o dom da oratória. Mas faltou-lhe discernimento em suas palavras, e você cometeu dois erros estratégicos. Primeiro, um senhor não faz promessas a seus servos, ele apenas ordena. Segundo, cancelar as justas não foi uma boa ideia; o povo que não pode fazer nada nessa questão precisa estar entretido com algo para não ficarem pensando no que não podem controlar, e a exibição de cavaleiros poderosos poderia ser uma boa demonstração de força para que eles não duvidem da capacidade do Ocidente de se defender. Não vou contradizer suas ordens para não enfraquecer posição perante o povo, mas perceba onde errou e aprenda para não repetir. Agora venha, vamos entrar.

No interior da enorme tenda, havia um conselho de guerra. O mensageiro da casa Serrett ainda estava ali, e muitos dos principais lordes vassalos de Loreon, além de alguns de seus cavaleiros mais confiáveis. Sobre uma mesa, um grande mapa do Ocidente tinha sido aberto e afixado e era consultado a cada momento enquanto os homens trocavam murmúrios. Mas todos se calaram quando Loreon e Daena entraram.

O avô se sentou numa cadeira de madeira dourada que parecia um trono, e rapidamente os servos trouxeram uma cadeira menor para Daena, postando-a ao lado dela.

- Ainda não sabemos os motivos do ataque à Colina de Prata, mas ninguém ataca o Ocidente impunemente! Vou mobilizar os Escudos Dourados de Lannisporto para rastrear todo o território em busca desses dragões hostis! Eles devem estar acampados em algum lugar, e quando os acharmos, vamos esmagá-los! Todos os lordes vassalos devem se empenhar nessa busca! O exército de Rochedo Casterly estará se preparando para dar combate assim que nossos inimigos forem localizados!

Um dos lordes mais ao fundo questionou:

- Mas e quanto aos dragões, milorde?

Lorde Loreon Lannister ficou sério e olhou para Daena:

- Minha neta é uma montadora de dragões e começará um treinamento de combate específico para isso imediatamente. Talvez a guerra pela sucessão que tanto temíamos tenha começado com um movimento do outro lado, mas nós iremos retaliar!

Daena subitamente se deu conta de que ela seria um grande pivô em toda aquela operação militar.