Enquanto Akon fugia do espírito se esquivando, Matheus resolveu conversar sobre o que estava ocorrendo...
O Akasha saiu da biblioteca, buscando ignorar o espírito e inclusive se imaginava fora daquele lugar de vez e voltando para seu dojo quando chegou até a escadaria principal e deu de cara com King subindo os degraus velozmente.
Ronald desaparecia em meio ao enevoado de fantasmas que o hermético decidiu ignorar, tanto ele quanto Akon paravam e olhavam ao redor vendo que aparentemente não sairam do casarão ...
O Corista celestial começou a ouvir a história do Sombra.
Na penumbra da biblioteca, o Senhor das Sombras fantasma aparece diante de Matheus, o Corista Celestial e músico. A figura espectral exala uma aura de tristeza e arrependimento, as correntes de sua penitência quase audíveis no silêncio opressivo.
“Matheus, ouça minhas palavras”, o fantasma começa, sua voz reverberando como um lamento antigo.
“Eu sou um dos Senhores das Sombras, e minha tribo carrega um fardo pesado. Nós fomos os artífices da destruição dos Caramazotz, os homens-morcego que guardavam o conhecimento e os segredos das culturas ancestrais. Fizemos isso em nome do poder, cegos pela ambição e pela necessidade de controle.”O espírito suspira, sua forma tremulando enquanto se lembra dos horrores do passado. “Os Caramazotz eram mais do que metamorfos; eram guardiões da sabedoria Maia, seres que possuíam uma conexão profunda com o mundo espiritual. Ao destruí-los, não apenas apagamos uma raça inteira, mas também quebramos um elo crucial entre o espiritual e o físico. Este ato de genocídio é a nossa maior vergonha, uma cicatriz na história dos Garou.”
Os olhos do fantasma brilham com uma luz sombria enquanto ele continua.
“A penitência de nossa tribo é eterna. Somos assombrados por aqueles que matamos, condenados a vagar entre os reinos, sentindo a dor e o desespero daqueles que destruímos. Nossa penitência é viver com o peso de nossa traição e tentar, de alguma forma, reparar o irreparável.”Matheus, absorvendo cada palavra, sente a profundidade da culpa e do remorso que emana do espírito. Antes que pudesse responder, um movimento chama sua atenção. Akon, irmão de Akasha, faz uma saída furtiva, escapando da biblioteca enquanto a conversa continua. Matheus, dividido entre seguir Akon e continuar ouvindo o fantasma, opta por se concentrar na história vital que está sendo compartilhada.
O fantasma percebe a distração de Matheus e, compreendendo a urgência da situação, apressa-se a concluir.
“Matheus, você deve entender que os Caramazotz não são meras lendas. Eles estão voltando, alimentados pela injustiça que sofreram. Você deve preparar-se, não apenas com força, mas com sabedoria e compaixão. O caminho para derrotar essa escuridão reside em reconhecer nossos erros e buscar a redenção. Use sua música, sua conexão divina, para curar e proteger. O equilíbrio do mundo espiritual depende disso.”Com essas palavras, o fantasma começa a desvanecer, deixando Matheus com um peso adicional sobre seus ombros e uma missão clara em seu coração. Ele sabe que deve agir rapidamente, tanto para entender melhor o passado sombrio dos Senhores das Sombras quanto para impedir que Akon, ou qualquer outro, cometa erros fatais na luta contra os Caramazotz.
Porém, ele não vê em lugar algum o jovem Akon que acabou de conversar... Apenas escuta sons de mais e mais bater de asas, como asas de morcego vindo do corredor e do meio dos livros.
@Ankou passa a postar no Ato X: "A Cabala de dois Magos"