Uma agitação lá na frente fez os dois recentes companheiros se aprumarem em suas posições. Um grupo de orcs vinha descendo a encosta setentrional. Seus passos eram pesados e ecoavam pelo vale. Quando se aproximaram do monte de pedras que Baraz e Drizzt Do’Urden usavam como esconderijo, eles puderam ver as suas expectativas se confirmarem. Uma jovem garota esguia e de cabelos escuros estava sendo escoltada no meio do grupo por um orc grande que a empurrava sem a menor gentileza. A menina tinha uma cara chorosa, embora nenhuma lágrima mais escorresse; ela aparentemente já chorara por uma vida inteira e suas vestes de plebeia estavam rasgadas em várias partes do corpo.
Baraz pôde relembrar da vez em que estivera aí com a Comitiva, do orc que ateara fogo nas teias criadas por Tomdrill e que portava uma espada de lâmina larga. Mais tarde ele ficara sabendo que se tratava de um tanarukk, uma espécie de orc descendente dos demônios. Este mesmo orc agora estava liderando o grupo que descia a encosta em direção ao interior da montanha de Baraskur. Ele tinha no rosto uma horripilante expressão de felicidade e era possível ver mesmo à distância sua fileira de dentes afiados.
O anão não suportava ver a cena sem nada poder fazer. Drizzt coloca sua mão no ombro do anão a fim de aplacar seu instinto impulsivo.
- Agora não é o momento – diz o elfo negro sem desviar os olhos por um segundo sequer do grupo que agora passava pela entrada principal da caverna.
Esta era a segunda vez que Baraz presenciava os orcs levarem uma mulher humana para o interior de Baraskur. A primeira vez fora na noite em que Drizzt Do’Urden o acordara quando ele viajava para a Cidadela Adbar. Elfo e anão começaram então a investigar esta fortaleza de orcs, observando os grupos que saíam com frequência do local e o movimento dos vigias. O drow sempre mostrou o desejo de entrar na caverna e ver com os seus próprios olhos o que acontecia com as humanas que para lá eram levadas, porém como Baraz veio a descobrir, Drizzt era extremamente cauteloso e precavido. Nunca antes havia se formado uma dupla tão diferente na raça e no jeito de ser, mas que ao mesmo tempo se entendia como velhos companheiros.
- Podemos tentar entrar hoje mais tarde – diz o elfo. – Você está preparado?