O frio não era tão pesado ao sul das Fronteiras quanto era mais pro norte. Mesmo assim o kobold tinha que procurar por tocas pequenas e se enrolar em cobertores de peles para não morrer congelado. Em compensação, quase não nevava ali. O que era bom, pois a neve poderia ter encoberto muito das entradas destas tocas.
Numa determinada noite, Darksol retirara de sua mochila e olhara para o mapa que conseguira roubar de um grupo de aventureiros. Ele devia estar ao sul da Floresta de Prata. Seria necessário avançar cada vez mais para o norte, até chegar às margens do Rio Rauvin. Ele então estaria próximo de Lua Argêntea e poderia quem sabe adentrar a cidade. A Gema do Norte, como era chamada, tinha a tradição de acolher em suas muralhas todos os tipos de raças, com a exceção dos drows. Mas com a guerra contra os orcs tão iminente, Darksol desconfiava que um kobold fosse mais bem-vindo que os elfos negros. Por outro lado, ele poderia seguir o curso do rio, passando pelo Vale do Rauvin Baixo, às proximidades dos Pântanos Eternos. Em algum trecho do rio deverá haver uma ponte para atravessar, e depois de ultrapassá-la ele estaria finalmente próximo das Colinas de Gelo, o lar da ancestral fortaleza dos anões, o Salão de Mitral. Procurar a fortaleza pelas intermináveis cadeias de montanhas não seria fácil, mas ele daria um jeito nisto depois. O seu foco no momento era sair da Floresta de Prata.
Após um dia de viagem, Darksol atinge o centro da floresta, aonde o alcance dos machados dos lenhadores ainda não havia chegado. O kobold passava pelo emaranhado de espinheiros negros quando ouve passos pesados na terra batida. Ele se agacha atrás de uma árvore, observando... Um, dois, três monstruosos trolls, com seus longos braços se arrastando ao chão, passam a poucos metros de onde o kobold se escondia. O último deles arrastava a carcaça de algum animal grande.