Ato I - Ariel, Johan, Aeltlas e Baraz

O drow estava seguro. Ariel observa a situação, pensando em como ajudar a pantera, quando nota o sacerdote realizando uma invocação. Droga, ele não podia deixar ele trazer uma criatura extra-planar, elas eram sempre inimigos perigosos, com defesas complicadas de contornar. O mago foca toda a sua vontade na criatura em processo de formação e estala os dedos.

-Cancelar!

Uma pequena explosão de mana ocorre entre os dedos do mago.

Ao ver o orc ser alvejado pelos besteiros e Crânio de Pedra ser atacado por Ragrath, Johan fica aliviado e feliz ao ver que o herdeiro orc cumprira sua promessa, mas mesmo assim o cavaleiro precisava se concentrar mais ou cairia diante de Garra da Morte. O líder orc com certeza era um guerreiro experiente e Johan não poderia vacilar na luta que se encerraria agora.

- Eu disse que Ragrath cumpriria sua parte, anão, e que podíamos confiar nele!

Johan segura sua espada com força e corre na direção de Tripa Velha, investindo com ferocidade contra o líder dos Degolados!

- Você conhecerá os Nove Infernos hoje, bastardo!

O mago não deixa que a situação calma o distraia agora. Ele ainda tinha o sacerdote com quem se preocupar.

O mago aponta amão para o sacerdote e começa a desenhar um glifo no ar.

-Segundo círculo, modalidade rubi. Olhos do inferno, lágrimas cauterizantes. A gema do coração do mundo dança em minha mão. O toque o guardião sul. Fogo!

Um fogo de chamas de forma na mão apontada, e Ariel o dispara contra seu inimigo.

Baraz
A bola de aço do mangual do líder orc passa a centímetros da cabeça do anão. Como toda arma desbalanceada, o mangual demorava para ser preparado, dando chance de tentar um golpe sob a axila do orc. Tripa Velha acabara abrindo mão da defensiva para imprimir maior potência em seus ataques, oportunidade que Baraz aprendera a aproveitar com Drizzt. A dança dos machados continuava.

Johan dá um passo para trás. Sua cabeça zunia e ele mal conseguiu se equilibrar por um instante. Quando se recobrou do impacto, o cavaleiro sentiu a sangue que lhe escorria da cabeça para o rosto suado; o gosto de ferro e sal a invadir sua boca.

Aquilo apenas fez Johan sentir mais urgência em por um fim na vida de Tripa Velha. O cavaleiro gira Redentora no ar e golpeia Garra da Morte enquanto prepara seu escudo da melhor forma possível para bloquear o ataque do líder dos Degolados.

O mago sabe que derrubar o sacerdote é prioridade, ou o chefe não cairia tão cedo.

-Foquem no curandeiro, vocês estão perdendo tempo!

Ele ainda tinha um disparo, ela melhor fazer ele contar. Ariel concentra o mesmo foco de fogo e dispara, atingindo o sacerdote em cheio.

-Segundo círculo, modalidade rubi. Olhos do inferno, lágrimas cauterizantes. A gema do coração do mundo dança em minha mão. O toque o guardião sul. Fogo!

Baraz

O anão continua atacando o líder dos degolados, alheio ao pedido de derrubar o sacerdote. Menos mal que os companheiros haviam conseguido eliminá-lo a tempo, antes que pudesse novamente impôr suas mãos e curar o Tripa Velha. Agora a situação estava favorável ao grupo, faltando poucos oponentes combativos ainda. Johan preocupava, mas baraz acreditava que sairiam vitoriosos dentro em breve.

Não restara nenhum feitiço útil no arsenal de Ariel. O mago agora se arrependia de ter preparado sua Nuvem de Facas, que acabou não sendo útil. Bom, não havia como reclamar agora, era um jogo de chance.

O jovem ergue a besta e dispara contra o chefe orc, na esperança de fazer alguma diferença.

- Nos ajudem aqui, maldição!

Johan desejava muito acabar com a vida de Tripa Velha, mas o cavaleiro também desejava viver. Depois deste segundo ataque do líder dos Degolados, Johan mal conseguiu se equilibrar, e ficar de pé ainda era um grande esforço. Em um último movimento, Johan gira o corpo e dobra os joelhos, atacando Tripa Velha com toda a força que possui.

Johan não sentia-se nem um pouco incomodado por receber bençãos e cura de um servo do panteão orc, apesar disto ainda ser no mínimo estranho. Mesmo assim, Filho da Ruína agradeceria a ajuda de Ragrath depois que seu pai for morto.

- [infernal]O momento de sua morte está se aproximando, bastardo![/infernal]

Johan coloca o escudo na frente do corpo e ergue Redentora acima da cabeça, fazendo um movimento longo e curvado com sua espada e atacando Tripa Velha nas pernas.

Johan se sentiu aliviado quando viu a vida abandonar o corpo de Tripa Velha, e junto ao alívio veio a sensação de dever cumprido. Um assassino havia sido punido, uma tribo de orcs havia sido tirada da guerra e a vingança pelos pais de Arianna, Aeltlas e por todos os que morreram nas vilas incendiadas nas encostas das Montanhas Inferiores foi cumprida. Além disso, Nerók, um novo companheiro, foi resgatado de uma vida de escravidão e abuso entre os orcs.

Filho da Ruína pensou em dizer algo aos companheiros quando Arianna começou a chorar, um choro que provavelmente estava sendo contido a muito tempo. Johan entendia que a vingança, apesar de confortar um pouco a alma de alguém, nunca traria de volta aqueles que foram vingados. Johan guarda seu escudo e caminha até Arianna, abracando-a e tentando confortá-la um pouco.

- Seus pais não serão trazidos de volta depois desta vitória, Arianna, mas saber que agora muitas outras pessoas não perderão seus pais e não precisarão pegar em armas por sua causa é algo que me traz um pouco de conforto no meio desta guerra. Espero que saber disto traga um pouco de paz a você também.

Johan então se volta para Ragrath, o filho de Tripa Velha que agora seria chamado de Guarra da Morte, o novo líder de Baraskur.

- Nós cumprimos nossa parte, Ragrath, e você cumpriu parte do que cabia à você. Seu pai está morto e agora você é o líder dos Degolados. Espero que você tire sua tribo desta guerra como disse que faria, ou eu voltarei aqui e você terá o mesmo fim triste de seu pai, e acredite em mim, isso é algo que eu não quero ter de fazer. Nós iremos embora agora e não desejamos mais nenhuma vida desperdiçada. Adeus, Ragrath.

Filho da Ruína sabia que aquelas eram palavras fortes e que eles ainda estavam em território hostil, mas elas precisavam ser ditas naquele momento. Johan levanta o rosto de Arianna e limpa suas lágrimas com um sorriso cortando seu rosto deformado.

- Vamos, Arianna. Temos que levar o corpo de Aeltlas para sua família. - o cavaleiro então se volta para os companheiros - Devemos partir, nossa missão em Baraskur já foi realizada.

O mago inala e exala uma única vez, profundamente, depois que o orc cai. A luta estava terminada, mas não a aventura. Eles ainda estavam em território inimigo, e Ariel não confiava completamente Ragrath. Ele não confiaria em alguém em posição de tanto poder assim. O mago notou Arianna despencando em choro, e Johan consolando-a. A garota era emocionalmente fraca sob o exterior, de aço, como ele imaginara. Isso era bastante comum com esses tipos paladinos, e ele imaginava que Johan a ajudava por simpatia. Bom, ele era o com a moral mais próxima dela ali. eles combinavam. Enquanto a ele, ele tinha um trabalho a completar.

-Bom, se não tiver tomado ofensa nas palavras de meu companheiro não-tão-educado, e espero sinceramente que não tenha, vou completar minha missão aqui, que não tem nada a ver com vingança ou altos valores. Torço para que não tenha os mesmos ideais de Johan.

Ariel então se aproxima dos dois caídos e recolhe o amuleto que procurava, aproveitando para procurar outros artefatos mágicos de valor nos inimigos, de preferência o sacerdote e Tripa-Velha.

- Abutre maldito. - o cavaleiro sussurra.

Johan avisara Ariel que não toleraria a violação de cadáveres em busca de tesouros, e o avisara duas vezes. Não falaria uma terceira. Estava claro que o rapaz era arrogante demais para acatar uma simples ordem, e a naturalidade com que Ariel revirava os corpos enojavam Filho da Ruína. O rapaz já havia abusado da paciência de Johan, e agora também provocava Ragrath revirando o corpo de seu pai. Desejando evitar qualquer conflito desnecessário, o cavaleiro decide falar com o garoto e quem sabe lembrá-lo da situação em que se encontravam e como ele a piorava.

- Ariel, você veio aqui para buscar esta mão que Tripa Velha usava como um amuleto. Pegue-a e vamos embora. Demonstre ao menos ter um pouco de caráter e pare de violar o corpo de Tripa Velha na presença de seu filho.

A paciência de Ariel para com o cavaleiro já havia acabado há muito tempo. Ele morde a língua por um instante, segurando uma resposta. O mago via o modo como os orcs os estavam olhando, e demonstrar fraqueza e desunião ali agora só os daria um motivo para acabar com eles. Tirando o amuleto do orc, Ariel o coloca em sua saca, tendo o cuidado de não vestir um artefato mágico cujos poderes ele desconheça. O jovem se levanta, faz uma mesura para Ragrath, olha para Johan, lhe mostra o dedo médio, e lhe dá as costas, indo para o lado de Baraz, a companhia mais agradável naquela companhia.