por Soviet Dom Jan 27, 2013 1:25 pm
Filho da Ruína não consumia nenhum tipo de bebida, pois não desejava em nenhum momento perder sua percepção da realidade, e ficou apenas segurando seu copo enquanto Arianna bebia do seu. Johan sente um grande conforto ao ouvir a risada de Arianna, um conforto que há muito tempo não sentia, e sorri. Mas Johan era um cavaleiro que nunca baixava sua guarda, e a resposta à Arianna surge num tom sério.
- Sim, eu me lembro daquele homem. Tenho vontade de voltar até Neve Morta apenas para...
Filho da Ruína interrompe a própria fala, envergonhado. Aquele não era um momento para aquilo. Johan teria sua chance de mostrar ao homem de Neve Morta como eles venceram as adversidades, mesmo com tudo demonstrando que eles não conseguiriam. O cavaleiro se desculpa com Arianna com um olhar, e a ouve explicar sobre sua tatuagem e sua promessa. Felizmente Johan não a compreende mais. Em outra vida talvez ele teria compreendido, e até mesmo incentivado a fuga da garota, mas não fará isso hoje.
Com suavidade, Johan tira a mão de Arianna de seu rosto e a coloca colo da garota, em seguida tira seu capuz e puxa seu cabelo para trás, prendendo-o num rabo de cavalo com uma fita encardida de algodão vermelho. Pela primeira vez Filho da Ruína mostrava todo o seu rosto para alguém além de Alhus e outros sacerdotes e servos da Tríade. Todas as marcas e cicatrizes, seu olho direito coberto de estrias negras, o chifre pálido e solitário em sua testa. Tudo estava exposto e, pela primeira vez, Johan se sentiu extremamente desconfortável por ter aquela aparência.
- Meu nome não foi sempre Johan, e eu não fui sempre este homem que serve àqueles que necessitam de uma espada para defendê-los. Eu não me lembro como eu me chamava, mas lembro que eu tive uma vida marcada pela morte de várias pessoas, e eu fui a pessoa que causou essas mortes. Eu também servia um deus, ou pelo menos é assim que ele gosta de ser tratado, e atravéz de um pacto com ele em troca de minha alma eu possuia todas as glórias vis que um homem vil pode desejar. Eu não lembro de nada disso com clareza, tenho apenas fragmentos dessa vida na minha memória, deixadas como um aviso de qual caminho não devo seguir. Eu morri a dois anos, e ao invéz de pagar pelos meus pecados com minha alma, eu recebi uma segunda chance. Estas marcas, estas cicatrizes, são o resultado de uma luta pela minha alma. Eu estou, desde o dia em que fui encontrado pelos sacerdotes de Tyr até hoje, lutando não contra orcs ou governantes corruptos, mas contra uma força muito maior e mais maligna do que todos eles, e se eu apenas pensar em fugir desta luta, já estarei derrotado. - Johan se interrompe por um momento e olha para Arianna. Queria ver a reação em seus olhos, deixá-la absorver toda a verdade sobre aquele homem nobre que estava à sua frente. O cavaleiro então toma novamente a mão de Arianna e a olha diretamente nos olhos - É por isso que eu não posso permitir que você faça o que prometeu a sí mesma. Não posso permitir que você fuja, principalmente depois de eu ter visto toda a força que existe dentro de você, mesmo diante de tantas perdas. Arianna, você está livre do fardo da vingança, então agora use esta força para lutar pelo que você acredita. Se você fugir hoje, fugirá para sempre. Talvez a pessoa que eu fui em outra vida a incentivasse e talvez até mesmo lhe desse os meios para cumprir esta promessa, mas eu não farei isso, hoje eu digo para você ficar.