Akordia, a barda drow
Para outras raças, a infância é um tempo em que o indivíduo se imagina feliz em seus primeiros contatos com o mundo. Porém, se alguém perguntar a Akordia sobre sua infância, ela tremerá, pois a primeira coisa que vira a sua mente não é a imagem de alguém ou de alguma situação, e sim a lembrança de um sentimento profundo que faz parte de ser drow: o medo.
Akordia é filha de uma relação sem amor entre o subtenente Caldriirn e a clériga Elvanlochar, drows com uma posição menor na Casa Faen Tlabbar (
Forgotten Realms: Underdark, p.161), pertencente ao Conselho das Matriarcas de Menzoberranzan,a Cidade das Aranhas. Como outros de sua raça, ela foi criada em conjunto com todas as crianças da casa, tendo quase nenhuma relação com seus progenitores, que acabaram mortos dentro das constantes maquinações drows
Nesse primeiro contato com o mundo, Akordia aprendeu cedo que a lei da sociedade drow era a lei do mais forte. A elfa negra, entretanto, era frágil e pequena. Por isso, sua punição era sempre dupla: pelos de idade próxima a sua, que tiravam vantagens de suas frauqezas, e pelos adultos, que castigavam a falta de força que viam na pequena, um claro sinal de sua incapacidade de seguir os dogmas de Lolth.
A violência de todos mantinha a pequena drow em um constante estado de medo e precaução. Mas eram os rituais do culto da Rainha Aranha que realmente mexiam com a cabeça de Akordia: violentos sacrifícios e sanguinolentas batalhas para honrar Lolth eram imagens que realçavam a brutalidade que a pequena sentia ao seu redor. A sociedade que tentava emular a impiedade de sua deusa aracnídea estava carregada de sinais que mostravam a pequena drow que Menzoberranzan não a aceitava.
É dessa época que começaram os pesados pesadelos da elfa negra. Em seus sonos, com a mente sempre alerta para o que acontecia ao redor, Akordia se via na escuridão presa em uma enorme teia. Seu movimentos para se soltar faziam toda a extensão dos fios tremer. Então, do centro da teia, surgiam oito enormes olhos vermelhos que a pouco se aproximavam para revelar uma colossal tarântula. Ela se aproximava lentamente da sonhadora e, quando preparava suas enormes garras para picar sua vítima, Akordia acordava.
Toda a sensação de viver na sociedade drow era explicitada para Akordia nesse sonho. E, talvez por uma relação específica com seu meio, talvez por vontade dos deuses, ela não conseguia seguir o dogma de Lolth de transformar o medo em força. Para a pequena drow, o medo era medo, congelante e terrificante.
Assim, ela não conseguia reproduzir adequadamente o brutal comportamento necessário para se ter sucesso em Menzoberranzan. Nos mais fracos Akordia via uma pouco de si e ela jamais se permitiria ser a aranha de seus sonhos, devorando aqueles que não conseguiam romper suas teias. Após severos castigos por parte dos adultos, que consideravam inadequada aquele comportamento em uma fêmea drow, a pequena aprendeu a dissimular seus sentimentos. Ainda assim, nunca perdeu sua empatia pelos maltratados machos drow e os escravos de outras raças.
A primeira grande mudança na vida de Akordia aconteceu quando já se aproximava dos vinte anos, o início da puberdade drow, momento em que ela terminava sua educação em grupo. Na Casa Faen Tlabbar, certo dia viera um bardo viajante que residia no distrito Braeryn entreter Vadalma Tlabbar, a matrona da casa.
O belo Kelaun possuía uma técnica vocal combinada com uma frenética dança que fascinou Akordia logo quando a apresentação do bardo inicial. Akordia já demonstrava aptidão para artísticas e talento para manipular a Trama, mas até então ela nunca vira nada igual aquilo. Havia uma selvageria na dança e voz de Kelaun que se afastava da tradição artística de Menzoberranzan, tendo qualquer coisa de estrangeira, quase alienígena.
Ao fim da apresentação, Akordia sabia que havia encontrada sua ocupação e seu mentor naquela brutal sociedade em que mal conseguia disfarçar sua repugnância. O quê ela descobriria depois era que também havia encontrado o seu primeiro amor.
Com a permissão da Matrona Vadalma, a aspirante a barda forinicialmentete morar com seu novo mestre no distrito de Braeryn Fora lá que a drow percebeu que em sua sociedade a relação de poder e as maquinações para fazer mal ao outro não existem somente no nível dos nobres e dos servos das casas, mas também dos pobres sem patronos e dos pequenos comerciantes de Menzoberranzan. De início, Kelaun tratava Akordia com o respeito e deferência que um macho deve apresentar para a sua fêmea. Mas logo uma relação de amizade e compreensão se estabeleceu entre eles e a seguir a união corporal selou o amor entre os dois.
No bardo Akrodia encontrou o primeiro de sua raça que não demonstrava a sede brutal pelo poder: Kelaun queria cantar, dançar e viver da melhor forma possível. Assim, os dois criaram para eles uma ilha secreta no interior do sentimento que nutriam entre eles, onde os dogmas de Lolth eram abolidos: não havia medo nem demonstrações brutais de força, e sim risadas e a paixão de dois jovens.
Com Kelaun, Akordia saiu em viagem por diversas regiões do Submundo. Conheceu outras cidades drows e locais em que os elfos negros eram aceitos. Também viajaram disfarçados pela superfície, e nas primeiras vezes que se deparou com a vastidão dos horizontes sofreu grandes ataques de agorafobia. Depois, teve ainda que apreender a lidar com a cegante luz solar e com a completa intolerância dos habitantes do solo superior.
O bardo ensinou para Akordia técnicas de defesa e combate, além de melhorar suas habilidades sociais e artísticas. Com o bardo a elfa negra aprendeu também a manipular a Trama de acordo com sua vontade atraves dos movimentos corportais de sua dança e a tonalização de sua voz. Durante as peregrinações de Kelaun pelo Norte, a drow começou também seu longo treinamento na Dança de Guerra dos Flocos de Neve, que Kelaun dizia ter aprendido com uma tribo bárbara do Extremo Norte que comerciava com os drows. E, pelo caminho, Kelaun e Akordia aprendiam mais histórias sobre Faerun, cançoes sobre heróis dos quatro cantos do mundo e as mais diversas danças exóticas com os bardos que percebiam não haver intenções malignas naquela casal.
A mais curiosa história que Akordia e Kelaun ouviram fora sobre o culto de uma deusa drow conhecida como Elistraee. Segundo contava uma canção que eles aprenderem nos arredores da Floresta Alta, após a guerra contra o Seldarine, Elistraee exigiu de seu pai, Corellon Larethian, que fosse expurgada junto contra as demais divindades drows, pois ela previa a necessidade de que os elfos negros tivessem um símbolo de bondade para sairem do julgo de terror de Loth e seus asseclas. Era uma canção que o casal adorava e sempre cantavam e dançavam um para o outro quando estavam longe dos olhos dos malignos drows.
O casal também aprendeu cançoes que contavam os feitos benignos do drow Drizzt do’Udern, o ranger que abandonou Menzoberranzan para viver uma vida longe dos dogmas malignos de Lolth. Akordia aprendeu com especial interesse as diferentes canções que contavam como o elfo negro de olhos púrpuras havia salvado Dez Burgos de um terrível demônio e ajudado seu amigo anão e retomar o Salão do Mithral. Eram histórias que demonstravam ao mundo que nem todos os drows eram malignos e elas enchiam o coração do casal de alegria.
Até que um dia Kelaun foi chamado de volta a Menzoberranzan pela Matrona de uma casa menorque o patrocinava. Faziam décadas que o casal errava pelo mundo, e foi com pesar que Akordia voltou para a Cidade das Aranhas, sua terra natal, local de onde ela tinha péssimas lembranças. Além disso, a agora barda drow tinha um pressentimento ruim sobre aquele retorno. O futuro demonstrou que seu pressentimento fora uma premonicação.
Para os drows, os bardos são, além de bufões dos nobress, espiões e assassinos. Kelaun treinou Akordia nas habilidades de disfarce e da dissimulação, mas até então ela nunca havia compreendido qual era o sentido de tais competências para aqueles que se expressavam com o corpo e a voz. Foi somente quando Kelaun contou a missão dada por sua matrona que ela compreendeu que a profissão que havia escolhido para sua vida estava envolvida com as principais tramas drows.
Kelaun recebeu a missão de se apresentar em uma Casa menor com uma missão bem clara: aproximar da matrona e matá-la. A vida do bardo era dispensável para sua Casa patrocinadora, contanto que ele executasse a missão.
Akordia se desesperou vendo que seu amado fora atirado em uma missão suicida. Propôs que eles fugissem, mas Kelaun fora surdo aos apelos de sua amada. Propôs ainda ajudá-lo e morrer ao seu lado, mas em vão, pois Kelaun não escutou. No fim, o bardo falhou em sua missão, pois fora pego antes de se aproximar de seu alvo e foi oferecido como sacrifício para Lolth, que regozijou-se com a carne do drow.
Tomada de uma profunda melancolia, Akordia pensava simplesmente em morrer, imaginado todas as torturas pelos quais seu amado havia passado antes de ser entregue a impiedade deusa arcanídea. Sem Kelaun, não havia mais nenhum refúgio contra a maldade da sociedade drow para a barda. Ela estava novamente sozinha na escurdião presa nas teias da enorme tarântula esperando ser inouculada por um veneno mortal.
Nesse estado de melancolia, Akordia fora convocada pela matrona de sua casa. Ela revelou que desde que Akordia havia demonstrado aptidões artísticas ela planejava um dia empreender a barda em um serviço fundamental para casa: espionar o exterior, tanto outras cidades do Subterrâneo quanto da Superfície. Com as habilidades adquiridas com Kelaun, Akordia era a agente perfeita que a Casa Faen Tlabbar precisava para ficar a frente das outras casas pertencentes ao Conselho das Matronas.
Com tal tarefa, Akordia ficaria anos fora de Menzoberranzan coletando histórias para voltar somente em curtos períodos para trazer informações relevantes para Casa. Era tudo que a barda queria: uma fuga das teias da Cidade das Aranhas. Assim, ela obedeceu resignadamente as ordens da Matrona Vadalma e partiu,
A barda passou a acompanhar os mercadores pelas rotas comerciais que ligavam Menzoberranzan… a outras cidades, trafegando entre as principais rotas que ligam a Cidade das Aranhas ao Salão de Mithral e a Floresta Alta. Oferecia sua voz e sua dança para os viajantes enquanto trocava informações sobre o que acontecia na Superfície e no Subsolo. Entre alguns grupos, deitou com outros elfos negros na tentativa de esquecer Kelaun, mas tudo que conseguiu foi aumentar sua solidão, já que os outros seguiam as padrões de sua raça.
Certo dia, enquanto seguia disfarçada pela Superfície próximo a Floresta Alta, Akordia fora assaltada por um grupo de orcs. A barda, com sua dança frenética de combate e suas músicas épicas sobre a ferocidade de Drizzt, conseguira afugentar as criaturas, mas ficou severamente ferida e caiu inconsciente. Ela fora salva pela drow conhecida como Dolor, que a levou até seu esconderijo na floresta e curou as feridas da barda. Fora assim que Akordia entrou em contato pela primeira fez com os seguidores de Elistraee, a deusa que até então ela só ouvir falar em canções.
Dolor era uma serva da Senhora da Dança, e quando Akordia se recuperou disse que havia sentido a graça da deusa na barda. Akordia contou toda a sua vida para a clériga, dos temores da infância e sua inadequação a violência da sociedade drow até a perda de seu grande amor, uma perda que ela até então nunca havia verbalizado, já que entre os elfos negros o amor entre uma fêmea e um macho era algo totalmente anormal.
Vendo que Akordia possuía uma tendência beinigna latente, Dolor iniciou-a no dogma da Deusa Dançarina. Com a clériga, a barda aprendeu que Elistraee era o caminho de libertação da Teia de Lolth que a aprisionava em sonhos. A canção, a luz da lua e a beleza eram o caminho para os amaldiçoados drows se redimirem do pecado original de Lolth e seus seguidores da guerra contra o Seldarin, e cabia aos seu seguidores dar essa possibilidade para drows como Akordia e Kelaun (se ele ainda estivesse vivo) de se redimir e fazerem o bem, tanto na Superfície quanto no Subsolo.
Encantada por esse dogma, a barda fora formalmente convidada para fazer parte da Irmandade do Vento Selvagem (Wildwind Coven, na subcapítulo "Notable group of followers"), o culto de Elistraee dentro da Floresta Alta liderado por Dolor, participando de uma Grande Caçada como seu batismo na nova fé. A adrenalina de correr nua a luz da lua portando somente sua espada enquanto perseguia uma fera perigosa para honrar a Deusa Dançarina fora para Akordia uma das experiências religiosas mais felizes de sua vida, totalmente diferente das execuções públicas e batalhas sanguinárias em honra da Deusa Aranha.
Agora como uma membro da Irmandade, Akordia propôs a Dolor continuar com seu papel de espiã de Menzoberranzan para cumprir uma das principais missões dos devotos de Elistraee, que é encorajar os drows a voltarem a superfície e promover a harmonia entre seu povo e as outras raças. Movida pelo desejo de vingança contra a Cidade das Aranhas e Lolth, a barda viu para si o papel de uma agente dupla, informando a Irmandade dos planos do Conselho das Matriarcas e sabotando o quanto pudesse os planos bélicos de Menzoberranzan, através de informações falsa ou incorretas em meio as corretas, de forma a não expor seu disfarce.
Em suas visitas a Menzoberranzan.. passou a manipular a Trama para esconder sua tendência benigna das sacerdotisas da Rainha Aranha. Sempre tenta conseguir o máximo de informação nos curtos tempos que passa na cidade ao mesmo tempo que espalha desinformações dentro da enorme corrente de boatos conspiratórias da cidade. Entre suas missões, busca formas de entrar em contato com Dolor e a Irmandade para atualizar o grupo das maquinações da Cidade das Aranhas e receber novas instruções.
Assim, Akordia tornou-se um olho da Deusa Dançarina no coração da sociedade dos drows malignos, na esperança de um dia ver livre seu povo do domínio cruel de Lolth que a atemorizou durante toda a sua vida e lhe privou de seu grande amor. Seus sonhos em que está presa em uma enorme teia ainda continuam, mas neles ela agora possui a Espada da Lua em mãos para livrar-se das amarras da monstruosa deusa aracnídea.
Na Comitiva das FronteirasAumar, vou listar alguns pontos que eu deixei em aberto para a personagem entrar na história:
A busca do item mágico em forma de mão do líder de Baraskur : missão dada pelo Conselho a partir de sua matrona? Item importante para os planos dos drows?
Irmandade dos Ventos Selvagens: posicionamento deles frente aos eventos da campanha (horda de Obould, queda do Salão de Mtihral)e as intruções que Akordia recebeu sobre eles e o item que está buscando.