Holly começou a sentir a pressão do ano letivo que lhe aguardava: morava em uma masmorra, escura, úmida e sombria, com alunos que pareciam insuportavelmente arrogantes e que já haviam soltado inúmeras piadas e brincadeiras, não tinha nenhum amigo - afastara os únicos que tiveram algum interesse nela - e não teria com quem conversar, ao não ser sua coruja, que ficava em um corujal provavelmente bem longe das masmorras...
De fato, seria uma longa noite para Holly.
Ela seguiu junto com outros estudantes para os dormitórios das meninas.
Após subir as escadas que levavam para as escadas, elas percebeu que o corredor que conduzia para o primeiro andar era uma rampa que a levava ainda mais para baixo. As luzes eram esverdeadas, mas era diferente... não sabia explicar o motivo.
Passou por uma escada que provavelmente a conduziria para o andar das alunas do segundo ano e passou pela porta do seu quarto, finalmente.
Se imaginava o salão comunal luxuoso, o seu quarto certamente se equiparia à um aposento de realeza para os trouxas.
Haviam camas luxuosas, todas adornadas em madeira com detalhes em fios de prata para realçar os entalhes de serpentes delicadas contornando o que possivelmente seriam runas e símbolos de famílias bruxas que se destacaram na história honrando o nome de Slytherin através dos séculos. As peças em madeira de cada canto da cama se erguiam formando um majestoso e imponente dossel, com tecidos em seda verde e prateada, destacando o símbolo da Sonserina. Holly percebeu, com uma certa gratidão interior, que cada cama tinha uma cortina que poderia fechar em volta da cama e ninguém a veria alí.
A cama também era maior do que uma cama de solteiro normal, um colchão confortável e travesseiro de plumas. Ao lado da cama havia uma cabeceira com duas gavetas, com a mesma madeira rústica e escurecida da cama.
No quarto as luzes eram brancas, mas mantinham o mesmo ar esverdeado do salão, curioso. O malão de Pluemer estava aos pés de uma das camas, assim como de outras pessoas.
Haviam apenas mais dois conjuntos de malas que Holly compreendeu que seriam de suas únicas duas colegas de dormitório da casa. Ela não se lembrava delas na seleção, provavelmente foram selecionadas quando estava submersa em seus pensamentos, medos, preocupação e ira contra Malfoy.
Enquanto pensava a respeito de tudo isso, uma delas entrou no quarto e um enorme gato preto saltou de cima de uma das camas e se enrolou no meio das pernas da menina.
Ela era uma menina linda, com cabelos negros como a roupa do uniforme, que desciam ondulados até o meio de suas costas. Era magra e tinha os olhos tão verdes quanto as luzes que brilhavam no salão comunal. Era, obviamente, mais alta que Holly.
- Ah, olá Phleig. - disse a menina para o gato que ronronava em suas pernas -
também senti a sua falta... venha, você não deve ter conseguido caçar nada ainda....Ela foi até o seu malão, abriu-o e retirou de dentro um pote e um pacote de comida que o depositou debaixo da mesa de cabeceira ao lado de sua cama. O gato preto chamado Phleig foi rapidamente até lá se alimentar.
A jovem se sentou na cama e de repente pareceu ter notado Holly ali. Ela a encarou por longos minutos e depois disse:
- Você deve ser a Pluemer, não? Escutei o que Malfoy disse sobre você... Me chamo Bella Selwyn.Depois de um longo tempo ela completou:
- Não me importa o que aquele jornal diga ou o que o Malfoy grite por aí. Sei quem foi o seu avô e conheço o sobrenome de sua família. E isso já é o bastante pra mim. - Ela se levantou novamente e foi até o seu malão retirando alguns livros de dentro e colocando-os sobre a cama, agindo com uma certa indiferença -
todos temos parentes estranhos.A menina falava com uma serenidade, tranquilidade e indiferença palpável. Não alterou a voz e seu rosto sempre manteve a mesma expressão imperturbável.
~*~
Felix decidira conhecer o salão comunal antes de subir para os dormitórios. Caminhou pensativo observando as intensas luzes verdes, os sofás e encarou a lareira levemente acesa mesmo no início do Outono. Talvez fosse para competir contra a intensa umidade que as masmorras tinham, mas por que não cuidavam da umidade por mágica? Afinal não era um mundo onde precisavam se preocupar com uma mera permeabilidade de água em um castelo daquele tamanho...
O garoto se pôs a pensar na senha para seu salão comunal. "Sangue Puro"... era impossível não se recordar de tudo o que Agda, sua mãe, contara antes de se despedir. Certamente era uma coisa que os bruxos elitistas faria para "honrar" Slytherin que tinha aquele mesmo pensamento sobre os bruxos de sangue puríssimos. Procurou afastar os pensamentos enquanto lia o seu horário de aulas, não queria começar a pensar naquela noite, em tudo o que sua mãe lhe contara, em seu pai, no homem com máscara e enorme capa negra...
Saber que tão logo encontraria novamente Eireann e Owen foi um alívio para seus pensamentos. Não sabia muito sobre a casa da Corvinal, mas gostara da simpatia que a menina ruiva lhe dispensou. Sorriu, seria coincidência terem as suas aulas preferidas juntos? Também observou o horário das aulas de poções e transfiguração e viu que iriam para a Lufa-Lufa. Ficou repentinamente tranquilo, pois conhecia a fama da casa... por um breve momento foi transportado para sua infância onde sua mãe falava de Hogwarts e de como seu pai certamente seria um bom lufano... Aquele pensamento remexeu algo em si e de repente teve vontade de subir ao seu dormitório.
Viu Bartholomew recolhendo um gato que parecia estar arranhando uma poltrona. Se despediu dele, casualmente, e subiu as escadas desaparecendo do salão comunal.
Seguiu o caminho por uma rampa ingrime, descendo mais um pouco até cruzar uma escada que subia em caracol e se deparar com a porta para seu quarto, do primeiro ano.
O dormitório era idêntico ao das meninas, com as mesmas camas de dossel com cortinas e suas cabeceiras, porém era maior do que o de Holly. Neste haviam aproximadamente sete camas luxuosas distribuídas pelas paredes, com os malões de cada aluno postos na frente de cada uma.
Dentro do dormitório já estava Leon, que aparentemente não perdera tempo depois de ouvir o que os monitores disseram e já estava tirando seu uniforme e colocando um pijama. Não disse nada quando viu Felix.
Não demorou muito tempo e dois outros alunos, grandes e gordos, entravam pela porta do dormitório conversando entre si.
~*~
Bartholomew por sua vez decidira ficar acordado até tarde no salão comunal, algo que nem todos os estudantes pareceram concordar. Mesmo os alunos mais velhos decidiram ir para seus dormitórios, trocar de roupa e, talvez, conversar um pouco antes de pegar no sono. Afinal já havia passado das 22horas e teriam aula cedo na manhã seguinte.
Acomodou finalmente seu gato em seu colo e sentou-se em uma poltrona e, logo, reconheceu Malfoy alí conversando com uma menina com rosto quadrado, sério, de cabelos escuros e grossos que manteve amarrado em um rabo de cavalo. Ele mantinha o mesmo ar presunçoso de antes e comentava sobre a senha da passagem:
- Sabem - disse ele em voz alta como se tivesse mais alguém interessado ouvindo além da menina -,
meu pai me contou tudo sobre Hogwarts. Ele também foi da Sonserina e disse que as senhas para entrar no salão comunal sempre era algo que o pŕoprio Slytherin considerava digno. Não me surpreendi que a senha fosse "puro sangue" logo de cara. É bom para mostrar aos mestiços que entraram aqui qual é o lugar deles: sempre o segundo! hahahahaE a menina acompanhou a risada de Malfoy, como se tivessem falando algo realmente engraçado e de grande importância.