Vésperas de HogwartsTrevor sabia que seu aniversário estava chegando. Moravam na Irlanda, mas seu pai já havia escrito algumas cartas para Dumbledore pedindo um favor, como amigo, e o menino sabia disso mesmo com os esforços do pai de ocultar as cartas. As corujas eram fáceis de perceber indo e vindo, mesmo quando sue pai saía para a cidade.
Desde que descobrira sobre sua “doença” Trevor havia perdido as esperanças de ir para uma escola de magia e bruxaria, mesmo com as aulas e estimulos que seu pai procurava lhe dar. Na verdade, o homem era até insistente em deixá-lo viver como um bruxo normal de sua idade.. mas era impossível.
Mesmo assim, Trevor não tinha características sombrias, de crianças depressivas ou agressivas… Bem. Talvez essa última não fosse totalmente verdade, mas o que importava era que ele era uma boa pessoa e tinha um grande futuro pela frente.
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Trevor recebera sua carta, inesperadamente, um mês antes das aulas começarem. Seu pai ficou muito feliz, mas além da carta normal que todos recebiam, Trevor recebeu uma carta escrita pelo próprio diretor informando que teriam que se encontrar com Dumbledore em sua casa no segundo dia das aulas e que ele seria informado.
Compraram todos os materiais e Trevor estava animado, embora apreensivo. Seu pai estudara em Hogwarts também e ele não parava de contar sobre como conheceu sua mãe, e repetir as inúmeras histórias sobre o tempo em que estudou na escola de magia e bruxaria.
Sua varinha ele não comprou em Londres, com Olivaras. Comprou com outro artesão ousado na Irlanda, não tão famoso. Ousado pois usava várias fontes instáveis para as varinhas, como a cauda de Testrálio.
Contou-lhe particularmente sobre a floresta proibida, que seria uma solução para seu problema assim como fora para ele, e o alertou sobre os inúmeros seres que lá habitavam.
Passaram muito tempo lendo o livro de Newt Scamander depois, revisando algumas criaturas, em especial as marcadas como perigosas e em como poderia se defender ou se esconder delas.
Até que finalmente embarcou no Expresso de Hogwarts e, pela primeira vez em sua vida, não teria seu pai para acalmá-lo quando tudo estaria por se perder.
Dessa vez, quando a noite chegasse, ele estaria completamente sozinho. E isso o fez sentir-se livre e ao mesmo tempo ansioso para provar seu valor.
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Setembro, 01 de 1991, Hogwarts - Londres Trevor Duffy passou todas as horas da viagem de King's Cross até Hogwarts em uma cabine sozinho, desfrutando da companhia de seus pensamentos. Não levou seu pequeno Rufião, sabia que não poderia levar para Hogwarts, mas tinha esperanças de burlar essa regra com a reunião do dia seguinte.
Essa reunião o deixava duplamente nervoso, afinal não bastava todo o espetáculo da escola, os estudantes, Harry Potter, Dumbledore, os fantasmas, a vista para a Floresta, o Lago, os barcos mágicos… Ele ainda teria uma audiência com o bruxo mais poderoso de todos os tempos.
McGonagall chamou seu nome. “Duffy” repercutiu em todo o Salão Principal enquanto um menino com as vestes negras esfuaçantes e o cabelo bagunçado caminhou até a cadeira onde estava o chapéu seletor. Talvez fosse sua imaginação, mas Dumbledore pareceu inclinar-se sob a mesa quando ele sentou-se, como se estivesse interessado no que aconteceria.
O chapéu seletor demorou longos 4 minutos, debatendo com Trevor sobre sua personalidade. No fim, ele declarou “GRIFINÓRIA” e a mesa da casa vibrou com a escolha. As palavras do chapéu ainda estavam ecoando em sua mente “não é o primeiro de sua espécie a me ter sobre sua cabeça”, isso ele não sabia. Ficou curioso, quer dizer que houveram… outros? Como isso seria possível?
Encarou os estudantes e sentou-se, apertando algumas mãos que surgiam à sua frente e fingiu prestar atenção no resto da seleção. Tudo o que conseguia pensar era em não decepcionar o seu novo lar.
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Setembro, 02 de 1991, Hogwarts - Londres No dia seguinte estava com sono. Havia sido impossível dormir naquela noite, afinal além de estar em Hogwarts, estudando na mesma casa do famoso Harry Potter, com a perspectiva das aulas, ainda teria naquele dia uma reunião com Dumbledore a qualquer momento.
E esse momento chegou durante a sua primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, com o Professor Quirell falando sobre o cheiro peculiar de alho na sala de aula e a defesa que o alho dava contra vampiros. Houve um bate suave e firme na porta da aula e a Professora McGonagall – Diretora da casa da Grifinória – pediu para Duffy acompanhá-la, sem dar explicações.
Trevor sabia para onde iriam, seu coração batia no peito enquanto tentava esquecer o forte cheiro de alho que ainda sentia. Não fez nenhuma pergunta.
A Professora subiu até o sétimo andar. Por um momento Duffy imaginou que a reunião fosse em seu Salão Comunal, naquele mesmo andar, porém estava enganado. Virou uma sequencia de corredores e se deparou de frente com uma ave imensa de pedra bloqueando a passagem. Na verdade não parecia haver realmente uma passagem ali, apenas uma cúpula com a ave de pedra.
Foi quando a Professora disse “Sorvete de Limão” e a ave abanou a cabeça, e moveu-se, virando seu corpo, fazendo survir uma escadaria debaixo dela (como se estivesse virando uma torneira). Minerva deu um passe à frente e subiu no primeiro degrau. Trevor a seguiu, ficando um pouco mais abaixo da professora, surpreso com a magia.
Eles pararam em frente a uma porta de madeira, com finos entalhes em ouro decorando a porta, alta e imponente. Minerva deu um passo, bateu na porta, e se afastou.
Logo em seguida a porta se abriu.
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A sala do diretor era repleta de quadros, armários com inúmeras coisas dentro – desde poções, itens que pareciam mágicos, livros, e as mais diversas bugigangas - . Logo à frente haviam alguns degraus que levavam à uma mesa. Nessa mesa haviam inúmeras coisas, como penas, tinteiros, pergaminhos espalhados, uma espécie de abajur com uma chama azul brilhando dentro de um frasco redondo na ponta, etc.
Estava visivelmente desorganizada.
Na cadeira atrás da mesa, estava Dumbledore, com um leve sorriso ponderando debaixo das barbas, seu óculos de meia lua na ponta do nariz fino, e usando vestes vermelhas com bordados dourados, grande e majestosa, dando-lhe um ar mágico. Era como se a magia dele pudesse ser tocada, mesmo Duffy sabendo que isso era impossível. (Seria?).
- Seja bem-vindo, Sr. Duffy. Por favor, sente-se. Minerva, obrigada. Lhe chamarei quando for pertinente.Com um pequeno aceno de cabeça, dispensou a professora, ficando a sós com Trevor.
- Sente-se, por favor. Espero que esteja gostando de Hogwarts.Sentou-se também após indicar a cadeira à frente de si.
Não começou, ficou apenas observando o menino à sua frente com curiosidade e compaixão.