por Pallando Sex Out 28, 2016 11:16 pm
Sentiu frio, como um sopro gélido espalhando-se por todo seu corpo e trazendo-o de volta do estado de inexistência que se encontrava, um convite para acordar mais uma vez. Detestou aquilo com todas as suas forças, sentindo seu coração apertar como se ainda sentisse a mesma mágoa que sentira naquele dia. Seu último dia. Ou ao menos atualmente desejava que tivesse sido.
Ouviu vozes masculinas e de imediato tentou reconhece-las, infelizmente sem sucesso. Manteve-se atento ao que elas diziam e começou a tentar agir, fazer alguma coisa, qualquer coisa que não fosse ficar parado. E com isso não demorou para que fosse surpreendido com as dores pelo corpo e uma lentidão que denunciava seu estado debilitado. Quase entrou em desespero total.
Conseguiu abrir os olhos, finalmente capaz de tentar reconhecer o lugar onde estava, mas foi instantaneamente retardado pela luz em sua tentativa. Seus olhos arderam e então, agora sim, sentiu a raiva crescer junto de uma enorme pressa para dar um fim àquela maldita luz e descobrir o que diabos estava acontecendo.
Obviamente perceber que estava preso à uma cama não ajudou a acalma-lo. Se perguntado não saberia responder o porquê, mas acabou por sentir-se insultado por estar preso, acreditando seriamente que aquilo era um absurdo, algo inaceitável. E sendo assim, tratou de identificar os "responsáveis" por isso: dois homens em uma sala branca, um usava jaleco branco, assim como muitos nas instalações que conhecera, e o outro trajava um belo uniforme.
Ambos pareciam intrigados, principalmente o uniformizado que tratou de aproximar-se, falando diretamente com o alvo de suas curiosidades. Queria fazer perguntas, fato que não agradou o rapaz preso à cama, e logo começou a digitar em uma prancheta holográfica, aparentemente decepcionado por perder algum compromisso ou acontecimento interessante.
De qualquer modo, àquela altura Marin já havia trocado a raiva pela curiosidade e já começara a se acalmar. Ainda estava irritado, provavelmente devido à toda a confusão que compreensivelmente sentia, mas não enxergava aqueles dois como inimigos. Até então haviam sido educados. Desleixados mas educados.
Quando as perguntas começaram, a expressão do rapaz, que até então havia mantido-se com a face estática sem se dar conta, mudou. Estreitou os olhos e arqueou a fina sobrancelha em sinal de estranhamento, reconhecendo que se tratavam de perguntas simples, mas que entretanto era incapaz de responder com facilidade.
Respirou fundo pela primeira vez até então, acordando definitivamente. Hesitou em buscar as respostas em sua memória, pois inconscientemente ainda temia seu curto passado, mas esforçou-se para cumprir com aquilo que lhe foi pedido.
"Guarde-a, Marin..."
- Marin...é meu nome.- Respondeu baixo, quase sussurrando, ainda confuso e especialmente intrigado com a voz da lembrança que lhe pedia para guardar...
Ergueu mais a cabeça em um movimento repentino. Suas mãos moviam-se sem muita força em uma tentava de livra-lo dos braceletes, com principal foco em encontrar aquilo que a voz da jovem lhe pedia para guardar. Tais esforços não duraram muito, pois logo percebeu que seria mais eficiente tratar o assunto de maneira direta.
- Eu tenho uma espada...sei que tenho.- Encarou o homem fardado, inicialmente com a mesma calma e ingenuidade que lhe eram naturais, e então cerrou os olhos. A voz, antes sussurrada, agora era firme e com um leve tom de ameaça.- Eu a quero de volta.