Prólogo - Sallazar Müler Kirszvein (Primordial)

Sallazar afasta as perguntas de sua cabeça rapidamente e se levanta. Haviam coisas para se fazer. Claro, desejava saber se os gêmeos estavam bem, sentia falta de Erick e também...Luna...a encontraria um dia? Era difícil saber se a amava ainda ou se queria econtrá-la apenas devido a algum tipo de obsessão com seu alter ego, vai saber...

"Bem, ainda é cedo, ótimo. Dará de fazer tudo"

Para Sallazar, a ordem de suas escolhas era lógica: aprenderia o Spiritus Factu com Joyeu e então iria fazer uso daquele para mover-se facilmente para o Palácio de Prata em Prístina, encontrar com Marcellus...tudo bem, entendia que era um Celestial e que há coisas importantes que Celestiais fazem, apenas esperava que caso fosse uma tarefa direta que lhe seria dado, que fosse algo que possa fazer sozinho.

Tratou de aprontar-se para ir ao encontro de Joyeu, isso é, se não tivesse se esquecido do local...mas antes, prontificaria de ter uma pequena bagagem com umas mudas de roupas pronta, em cima de sua cama, já que, agora que era um Anjo Menor e com base no que o Guardião lhe dissera horas antes, era sensato presumir que deveria acabar tendo de ir a Terra o mais breve possível.

Por fim, escolheu uma roupa qualquer que considerava apresentável para encontrar-se com arcanjos e procurou algum livro que pudesse ter com o título que mostrasse ser mais próximo ou útil sobre a história dos Celestiais. Queria tentar saber o que significava os Guardiões dizerem que "todos os celestiais deveriam se preparar". A ideia era ir lendo enquanto ia de encontro a Joyeu, enquanto esperasse por Joyeu (Sallazar espera chegar antes), nos intervalos do aprendizado, enfim, enquanto não tivesse fazendo nada, até a hora de ir contatar o tal Marcellus.

Abriu sua porta do seu apartamento e começou a descer o prédio, a pé, em direção ao lugar mais próximo que pudesse liberar as asas.

"Tsc, marcamos aqui e ele não está...bem, deve voltar em breve"

Sallazar recua e senta-se em algum lugar do jardim que pudesse se sentar (apenas em grama)
e começa a ler o livro que trouxe consigo.

Sallazar levanta-se e devolve o sorriso descontraído do Arcanjo

-Bem, me lembrarei disso na próxima vez, mas também não acharia certo se tivesse entrado sem prévio parecer para tal...mas, também, devo acrescentar que gosto do seu jardim, talvez tenha escolhido lhe aguardar aqui pela mesma razão com que andas sem calçados...apreciando o contato com os locais daqui, como um todo...e não se preocupe, enquanto lhe aguardava, tentei ler algo para ver se conseguiria deduzir alguma coisa sobre isso tudo...enfim...

Sallazar absorve todas as informações e pondera por alguns segundos no que parece ser mais sensato a se fazer, por mais que seja tentador voltar para seu antigo lar de quando morreu, ver os gêmeos, bem, essa vida já passou, como Joyeu já disse, manter o segredo é necessário, poderia mudar a aparência e ir verificá-los, mas, por fim, conclui:

-É o Armagedon, não é? Foi o que eu consegui pensar a respeito dessa situação dos Guardiões comunicando-se conosco...a situação na Terra está tão horrível assim, meu amigo?

Pausa brevemente e continua:

-Bem, dado as limitações do Spiritus Factu enquanto não o elevo a um nível mais maduro, me parece mais lógico começar pela Umbra, já que de lá, terei uma gama maior de acessos para locais diversos da Terra, não é mesmo? Mas bem, veja, recebi dos Guardiões a instrução de procurar Marcellus Lionheart, Elohim dos Princeps, aqui em Prístina, para receber instruções do mesmo. Me parece mais sensato ouvir o que ele tem a me dizer, e então, dependendo do local que for designado a ir, você me ensina Spiritus Factu de forma que eu possa ter acesso livre entre o Éden e o local que eu tiver de ir, o que acha? Acompanha-me? Sabe onde ele se encontra nesse momento? Assim terei mobilidade necessária e essencial...

"...de forma que não precise incomodar mais ninguém e nem atrapalhar as missoes de outros Irmãos" terminou o raciocínio mentalmente, não precisava dizer em voz alta, Joyeu já o conhecia bem para concluir a finalidade de Sallazar.

Sallazar responde prontamente, vendo que não tinha repetido a informação do Guardião de maneira específica:

-Sim, disseram que o encontraria no Palácio de Prata

Sallazar segue logo atrás de Joyeu, retira a parte de cima da roupa para que as asas não rasgassem, como sempre.
Suspira de leve e diz enquanto olha ao redor:

-O Guardião não disse nada mais específico...apenas que Marcellus seria encontrado aqui no Palácio...

E agora? Quem poderia ser Marcellus Lionheart? Sallazar olha em volta, a procura de grupos de celestiais que pudessem estar relativamente quietos e com olhares de apreensao ou curiosidade, enquanto apenas um falava como um professor fala para alunos, afinal, Marcellus poderia ser alguem com a tarefa de orientar vários Celestiais e, se assim fosse, estaria ali nesse momento passando instruções coletivas. Era apenas uma suposição...

-Ah, sim, claro...a recepção...

Sallazar simplesmente não pensou em recepções em palácios de prata de uma cidade de anjos. Ainda era novo no Éden...enfim.

Enquanto aguardava Marcellus e vê a mulher que lembrava sua esposa que morrera junto com ele, bem, não havia muito o que fazer agora, estava no caminho de cumprir uma instrução dos Guardiões. Como Marcellus poderia chegar a qualquer momento, diz a Joyeu:

-Ela, ali -Indica discretamente com a mão- -Lembra em muito Luna -Sallazar já havia contado sua história para Joyeu então não necessitava de explicações grandes -Embora Luna era mais alta...

Marcellus chegara. Sallazar se apresenta no devido momento e cumprimenta-o quando o mesmo estende a mão. Joyeu resolveu que não necessitava acompanhar os 2 até o lugar que Marcellus iria ponderar sobre os assuntos. Bem, antes de acompanhar o Elohim, faz um gesto leve de cabeça em direção a mulher e diz:

-Você poderia, por gentileza...?

-Na verdade não conhecia, embora já tenha vindo a Pristina inúmeras vezes, os mais experientes fazem a política, eu ainda sou noviço no Éden, comparado a vasta experiência de vocês..mas mesmo assim, não creio que fazer política vá ser, digamos... ''meu forte'' aqui

Sallazar senta-se e ouve as palavras seguintes de Marcellus, tentou manter a expressão o mais neutro que fosse possível. Afinal, "outros celestiais?" Teria que manter seus movimentos limitados de acordo com o comportamento do grupo? Fora que, teria por consequencia, que ser motivo de preocupação pros irmãos...? Sallazar não destestava pessoas, apenas prefere nao causar incomodo e nem ter que tomar responsabilidades muito grandes a respeito de cuidar de outros. Afinal, a que custo salvara os gemeos...?

Mas não questionaria isso. Suas preferências pessoais não sobrepujam a disciplina e lealdade para com os Guardiões, que lhe proporcionaram tanto.

-Que seja então

Quando toma conhecimento dos acontecimentos da Terra desde que partira de lá, inclina a cabeça levemente para baixo, em um silêncio soturno, aquilo era alarmantemente assustador:

-A situação está horrível...sequer consigo imaginar como a humanidade está lidando com isso. Me pergunto o que um noviço como eu tem a oferecer diante de algo de tamanha magnitude

Falou sem auto-depreciação gratuita, sem picuinhas de pre-adolescente birrento. Apenas falou com a sinceridade de alguém que se encontrava com a mente abismada com aquilo.

"Nova York...talvez os gêmeos possam não estarem mais vivos, afinal..."

Sallazar assentiu e diz objetivamente e de forma simples:

-E para onde, na Terra, serei enviado e o que exatamente faremos?

"Mas que caralho de asa"- Sallazar não cogitara que o local seria sigiloso até o último momento, isso o fazia pensar...e diz após ouvir todas as palavras de Marcellus:

-Hmm...terei de fazer uma mudança de planos então, minha ideia era aprender o Portal ligando com o lugar que fosse enviado para com o Éden, mas compreendo a discrição das coisas. Procederei de outra forma com o Spiritus Factu...Me aconselharia começar pela Umbra, senhor?

Depois de receber sua resposta, levanta-se e pergunta, no início, de forma respeitosa e solícita, mas quase soturna no final, pois a possibilidade era assustadora:

-Sr Marcellus, longe de mim querer me meter na forma como os mais experientes fazem as estratégias, politicagens e os procedimentos das coisas, mas, esse sigilo...por acaso temos inimigos aqui dentro?