S01E01 - Beginnings

Sallazar passou o restante de seu dia treinando o Spiritus Factu que aprendera, foi atrás de algum escrito que contivesse informações úteis sobre a aprimoração do mesmo, coletando informações.

Ao final do dia, descansou e foi aprontando-se para a ida na terra, seguindo as instruções de Joyeu (sobre os tipos de roupas e tudo mais).

Após Marcellus fazer as apresentações um para o outro, de forma que não era mais necessário fazer a própria apresentação, Sallazar fita o até então desconhecido e faz uma mesura rápida com a cabeça, com as mãos nos bolsos, então, retira a mão direita e a estende para um aperto de mãos e diz:

-Apesar da circunstância alarmante pela qual somos convocados, é um prazer em conhecê-lo, irmão.

Lia não era o tipo de pessoa que gostava de atrasos, e por isso mesmo chegou com bastante antecedência ao local combinado, sentando-se em um banco próximo até a hora combinada. Sentia-se agora culpada por não ter se despedido devidamente de Azhael, mas mesmo assim acreditava que deixar a carta embaixo da porta de seu gabinete havia sido a melhor opção. Sempre odiara despedidas, e não era agora que isso mudaria.

Como sempre, seus sentimentos estavam confusos com essa nova ida à Terra. Não gostara muito do que vira em sua terra natal, e pensar naquilo em proporções globais a preocupava. Além disso, sabia que os celestiais enfrentavam mais do que apenas problemas políticos lá fora. Havia lido relatos de diversas criaturas sobrenaturais em alguns livros de Azhael e não fazia ideia do que poderia vir a fazer ao cruzar com alguma delas em solo terrestre. Respirou fundo tentando esquecer um pouco aqueles pensamentos. De certa forma, voltar à Terra naquela missão também teria suas partes boas, afinal ela conheceria novos celestiais e poderia ajudar pessoas, coisa que desde que chegara ali esperava ansiosamente.

Mal vira o tempo passar enquanto ficava ali sentada, pensando e vendo as pessoas que passavam ao seu redor. Quando notou que a hora combinava se aproximava, levantou-se, pegou sua mala e caminhou ao encontro de Alana.

- Vejo que os Sancti são bastante pontuais. Espero não estar atrasada...

Lia sorriu para Alana e, em seguida, olhou para o rapaz ao seu lado. Aparentemente Alana também não o conhecia pois correu para se apresentar a ele. Esperou que a celestial fizesse as devidas apresentações, sentindo um aperto no peito ao escutar seu nome. Forçou-se a manter o sorriso para não parecer mal educada, estendendo a mão para cumprimentá-lo em seguida.

- Apesar das circunstâncias, é um prazer conhecê-lo.

Daniel percorre ainda incrédulo o caminho de volta, perplexo com a orientação daquele picareta e mesmo os inúmeros olhares de desdém a Davi, não o fizeram dar nenhuma explicação, restando-o apenas a aceitar que sua ida a umbra e boa parte das orientações, eram na verdade uma grande perca de tempo.

Na volta, conforme indicado, foi ao encontro de Ramos e lá o cumprimentou com o devido respeito, pedindo licença e anunciando sua chegada, infelizmente, os acontecimentos na Terra mostraram ser de tamanha proporção que um encontro era merecido e mesmo assim, apenas o âmbito geral podia ser passado, o que já demonstrava um péssimo prognóstico, contudo, tirando o pequeno temor que crescia em seu coração, preocupado pela segurança de sua mãe, os acontecimentos na Terra em nada o surpreendiam.
Conforme o seu entender, a maioria dos humanos perderam sua humanidade, acostumados e inertes ao mal do mundo, esquecendo ou pior, ignorando, a intenção de deus e o temor a deus, o que o fazia crer, que de alguma forma, isso estaria relacionado com o mistério do desaparecimento de deus.
Ainda, ficou sabendo que iria a Terra com um grupo de anjos menores e que mais detalhes iriam ser dados pela Sancti Alana Martinez, numa data próxima, o que o fizera aproveitar o tempo restante para preparar sua alma e seus pertences.

O aprendizado do bem pela compreensão do erro forma o caráter, através das decisões que tomamos, o que por fim faria a alma evoluir e crescer, pelo menos era o que pensava enquanto ainda era vivo, como podia ser tão ingênuo naquela época...
Em seu tempo, a Terra já demonstrar fortes indícios de degeneração e corrupção nas pessoas mais abastadas e principalmente, os lixos da classe política, esse era o motivo de Daniel não estar surpreso, apesar que em sua mente, o agora, ainda iria demorar muito e que o outrora podia ter sido salvo...por fim, lembrou do seu sonho no dia em que foi para a umbra, de fato a atual realidade parecia ter sido influenciada, dominada por demônios, encarnados em todos os escalões da sociedade...ou isso, ou a humanidade estava demonstrando uma natureza muito longe da semelhança ao pai...

No Hall dos Portais, fazia o percurso de forma discreta, andava com seu tênis; calças jeans pretas; e camisa gola v lisa na cor branca a passos lentos, aproveitando a vista daquele local.
Após o encontro e a rápida apresentação de Alana, Daniel seguiria, fazendo o mesmo, de forma simples e sem emoção, comentou aos presentes.

- Prazer, me chamo Daniel e como Alana, sou um Sancti.

A outra, parecia fazer questão de forçar o sorriso nesse pequeno interim, o que lhe fizera lembrar de alguns comerciais da Colgate, por fim, ela lhe estendera a mão, e após o tempo de algumas respirações, retornou o cumprimento, estendeu sua mão e dando um aperto sem força e rápido.

- E quem seria você?

Questionava, permanecendo no aguardo, por fim, ainda havia a pergunta principal, o motivo da reunião.

- Gostaria de saber o motivo do nosso encontro e da ida a Terra?

Lia sentiu-se corar um pouco com a demora de Daniel em retornar seu aperto de mão. Algo nele a incomodava, ou seria apenas a semelhança do nome que lhe ativava antigas recordações? Esperava um cumprimento mais caloroso de outro celestial, mas ao invés disso o que recebeu foi quase como ser atingida por uma bola de neve na cabeça.

- Amelia Blake.

Lia respondeu firmemente, olhando-o diretamente nos olhos, como se a tentar encontrar ali algum segredo. Por mais que fosse uma pessoa carismática, não sentia vontade de dar maiores detalhes para aquele estranho e muito menos fazer maiores perguntas naquele momento. Se sairiam em uma missão juntos, provavelmente teriam tempo suficiente para se conhecerem... e pelo jeito se detestarem.

Desviou seu olhar para Alana, optando por ignorá-lo por hora. Havia muito mais com o que se preocupar naquele momento...

- Pensei que você havia dito que iríamos em um grupo... onde estão os outros?

A resposta da moça, não veio acompanhada de sua casta, o que poderia insinuar alguma forma de indelicadeza, já que provavelmente, só ele não saberia, apesar disso, Daniel não demonstrou nenhuma irritação, meramente continuou em pé, indiferente, recebendo o olhar da moça com o seu, um olhar vazio, como se estivesse perdido em assuntos mais urgentes que dar atenção a uma desconhecida.

A confiança na voz do Cuique Suum fizera aumentar a convicção em lograr êxito nessa tarefa como um todo, por isso, Sallazar não pôde deixar de devolver o sorriso amigável enquanto dizia palavras exatamenta antagônicas ao sorriso:

-Bem, vamos levar em conta que o Armageddon provavelmente virá com apenas um pouco mais de dificuldade do que qualquer outra coisa que a humanidade enfrentou antes...De qualquer forma, ao menos gostaria de saber aonde vamos para ter tido tempo de traçar uma estratégia. Falaram de um grupo, achava que seriam mais celestiais, somos só nós 2 e você, Marcellus?

Após todas as explicações passadas a Salvatore, ele fica preocupado com a situação na Terra. As coisas pareciam ter piorado após sua partida. Temia pelo futuro da humanidade como um todo, contudo, tinha uma certa excitação em como faria para cumprir seu papel. Era uma situação totalmente nova e não era algo que tinha experiência. Fazia lembrar-se dos primeiros dias na sua carreira, ou na faculdade, tudo novo, com novos conhecimentos e experiências. Ele vai pensando sobre esses assuntos enquanto se encaminha ao Hall dos Portais. Não sabia como se vestir para essas situações, então vestiu-se como se vestia todos os dias para ir trabalhar quando na terra. Terno, gravata, sapatos e um sobretudo.
Ao chegar lá viu duas pessoas jovens e modo como estavam vestidos desanimou um pouco o Princeps. Talvez não fosse um evento como estava esperando e só ele veio de “bobo”. De qualquer forma ele sorri quando se aproxima e cumprimenta o homem com um aperto de mão e esticaria a mão para a bela moça, mas ela parecia um pouco tímida e sorri e diz olá também.
- É um prazer conhecê-los, Senhor Doug e Senhorita Khloe. Confesso que estou um pouco nervoso. É minha primeira vez de volta a Terra… Vocês tem alguma ideia do que devemos fazer? Estou um pouco perdido também…

Contudo, Doug parecia com pressa para entrar no portal e após Khloe passar ele segue atrás dela. Caso tivesse algum tempo do outro lado iniciaria conversa com seus companheiros, perguntado suas histórias. Adorava conhecer pessoas novas e principalmente no Éden, onde havia tantas pessoas interessantes.

Sallazar assentiu com um leve movimento de cabeça e adentra o portal

Daniel continuava inerte, indiferente as duas belas anjas, elas não eram importantes agora, se seriam na Terra, só o tempo irá dizer, no entanto, apesar de tudo, estava bem feliz pois iria ter a chance de ver sua mãe.

Por fim lembrou de seu sonho e falou aos que quisessem escutar, pausadamente.

- Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará...
Portanto, vede diligentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, usando bem cada oportunidade, porquanto os dias são maus...
Por isso, não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor...
Efésios 5:14-17

Seus olhos vão de encontro aos olhos das duas mulheres, indo de uma pra outra, retornando e depois pairando nos de Lia.


- Há um tempo, eu tive um sonho com os Guardiões, nele uma mensagem era bem calra, que nós deveríamos nos preparar pois tempos mais sombrios se aproximavam da Terra, me pergunto se alguma de vocês teve algo parecido?

Ainda se mostrava intrigado com aquele sonho.

Lia ouve atentamente as palavras de Alana, acenando a cabeça para ela em sinal de entendimento. Ela observa Alana abrir o portal e se prepara para atravessá-lo quando ouve as palavras de Daniel. Não conhecera muitas pessoas no Éden desde que chegara ali, mas definitivamente ele ganharia o troféu de mais esquisito até o momento. Por um segundo ela para, tentando entender suas palavras, seus olhos se encontrando mais uma vez. Rapidamente ela morde levemente os lábios, tentando segurar a vontade de rir da situação que começava a lhe invadir e já imaginando o olhar de desaprovação que Azhael lhe lançaria se estivesse ali. Não queria ser indelicada com Daniel, pelo menos não naquele momento, afinal, apesar de esquisito e mal educado, se ele havia se tornado um anjo provavelmente seria uma pessoa de bom coração... ou pelo menos assim ela imaginava. Olhou para o chão por um momento para evitar o olhar dele antes que começasse a corar novamente e, ajeitando uma mexa de cabelo atrás da orelha, respondeu:

- Acredite esquisito, eu sou uma Primordial e sonho com os guardiões mais do que gostaria. Agora, vamos nos apressar antes que o portal se feche.

E respirando fundo, levantou a cabeça e caminhou em direção ao portal, atravessando-o antes que Daniel pudesse ter qualquer tipo de reação que os prendesse ali por mais tempo.

-!@##%$#¨$& olhos atentos poderiam dizer que algo como um rosto de espanto que podia ser visto por alguns meros segundos antes de voltar a sua indiferença habitual.

Internamente, Daniel começava a desenhar o perfil de Lia e apesar de tudo, em seu interior, ele podia ver um sorriso em seu rosto, embora fosse muito cedo para se fazer suposições...