O Prelúdio da Guerra |
O final da tarde estava chegando e, com ele, o descanso para aqueles que tinham uma rotina diurna normal. Claro que havia ali pessoas que trabalhavam a noite e nesse caso eles estavam indo para o trabalho. Algumas pessoas já iam para casa, seja de carro próprio, taxi ou veículos públicos, outras iam para os trabalhos naquele momento. Também estava ali no meio da grande massa de pessoas que estavam indo assistirem as aulas de seja lá o que cursarem ou voltando das salas de aula. Havia pessoas indo para hospitais ou saindo deles... Enfim, a vida seguia normal em meio aos mundanos e quase era possível se convencer que não havia uma guerra sendo travada por baixo do Véu. A temperatura estava razoavelmente alta para a primavera, por volta dos vinte graus, mas nada que não fosse possível suportar com algum esforço. A destruição que as pessoas estavam fazendo ao mundo estava causando aquilo e os próprios humanos pareciam querer causar a morte deles - e talvez conseguissem se não fossem impedidos o quanto antes por alguém.
Mas aquelas pessoas eram seus Parentes, seus irmãos Garou, pessoas comuns que desconheciam a dura verdade do mundo, magos que lutavam para sobreviver, vampiros que mesmo sendo aberrações podiam até colaborar com eles... Como se poderia culpar aquelas pessoas com suas próprias lutas, mesmo quando eles se detestavam? Era tão fácil julgar aqueles que não conheciam ou entendiam, mas agora com todo o mal se unindo e querendo causar a destruição do que Gaya havia criado com tanto apresso, talvez uma trégua fosse necessária e alianças entre antigos inimigos devesse ser cogitada até, pelo menos, o pior passar. Mas os anciões e mais antigos não queriam nem ouvir falar dessa possibilidade ainda e os mais novos, quando não eram cegados pelas formas de ver o mundo dos anciões, começavam a questionar nos cantos a sabedoria dos mesmos, mas nunca onde eles pudessem ouvir.
O medo, a incerteza e a insegurança começava a aparecer no coração dos garous e dos demais metamorfos. Teria nosso mundo salvação? A Wyrm poderia ser parada? Será que havia alguma possibilidade de impedirem o Apocalipse? Eles poderiam sobreviver aquilo e salvar o mundo? Os fortes e corajosos guerreiros de Gaya iriam conseguir combater tudo aquilo? Bem, era possível que eles pudessem vencer todo aquele mal terrível com um grande esforço e provavelmente muitas baixas, diziam os mais otimistas ou, segundo alguns, aqueles que não conseguiam ver a verdade em sua totalidade. Outros diziam que lutavam uma guerra perdida. A verdade? Ninguém sabia ao certo e prever o futuro era uma tarefa árdua e cansativa em demasia, além de ser algo incerto. Não valia a pena o esforço de tentar, restando apenas a eles a simples escolha de lutar ou não pela causa da Nação Garou.
Sigmund estava em casa, após de um conflito na noite anterior que lhe deixara com alguns machucados. Os ferimentos não eram muito graves e em sua maioria já estavam recuperados, restando apenas alguns arranhões e cortes leves pelo corpo. Claro que ele poderia passar a noite toda em casa ou em qualquer outro lugar, mas sabia também que dificilmente os negócios “secretos” iriam para frente sem ele lá, cuidando disso. Claro que Myrella cuidaria do que pudesse e ao menos as partes dos planos e projetos seguiria normalmente, talvez a venda das armas também, entretanto na venda de informações a ruiva dificilmente iria se intrometer - não era algo que a jovem se sentisse a vontade em fazer. Mas também não poderia culpar a garota, não era realmente algo que ela se sentisse bem fazendo e já estava de bom tamanho ela compreender o suficiente sobre armas e planos para ajudar ele nisso - mais do que ele esperaria de uma garota de dezesseis anos que andava com a irmã dele.
O homem acordou há pouco tempo, após descansar o dia inteiro para se recuperar, e ainda estava no quarto grogue quando percebeu que haviam mais pessoas na casa que dividiam com a irmã. Ele ouviu passos no corredor e o som de risos e conversas, com as vozes se tornando compreensíveis na sequencia. Aparentemente, Myrella e Sophie haviam passado a tarde juntas o que não é incomum considerando que estudam na mesma sala na escola e geralmente faziam os trabalhos escolares juntas. Isso significava que provavelmente iriam mesmo passar um bom tempo juntas.
– Eu realmente preciso ir, Sophs. Sigmund não ficará muito feliz com meu atraso e ainda vou ter que escutar o idiota do Andrew dando em cima de mim e me elogiando por metade da noite e falar merda do teu irmão... Já não aguento mais ele tentando me convencer que o Sig não presta. Tudo bem que ele é o que é, mas eu já sabia quando entrei nessa... Ninguém naquele lugar sabe metade do que eu sei. Acho que vou deixar escapar, acidentalmente, onde seu irmão possa me ouvir sobre o dinheiro que ele rouba do caixa todas as noites.
Ela parecia um pouco irritada com o homem dando em cima dela e algo na forma que ela falou “metade do que eu sei” deixou-o, talvez, um pouco alerta. Até onde Sigmund sabia, as únicas coisas que ela poderia saber era sobre o trabalho dele, afinal ela mesma ajudava-o, e talvez uma coisa ou outra que sua irmã pudesse ter contato, mas não o suficiente para a ruiva dizer aquilo daquele modo. Mas por algum motivo o que ela sabia ou deixava de saber não importava tanto. Ela havia acabado de dizer que um dos funcionários dele estava roubando-o e ele realmente havia percebido que faltava dinheiro no caixa.
– Tem certeza que é o Andrew que está pegando? Sigmund não é bem alguém tolerante com traição.
– Sophs, você me conhece... Acha que eu acusaria alguém se não tivesse certeza do que estou falando? Eu tenho certeza absoluta que é ele e o Sig pode confirmar com as gravações de segurança.
Benjamin havia sido fácil de encontrar pelo cheiro. Estava em uma das delegacias de Montreal e, lá, em uma sala com vários papeis sobre a mesa de casos que ele estava trabalhando. Quando o lupino chegou e falou que precisava falar com o homem, um dos oficiais levou o recém chegado até ele. Quando Gray entrou, o Fianna ergueu os olhos para ele e olhou-o com alguma atenção. O oficial, que estava a porta ainda, dirigiu-se ao homem antes do garou.
– Ele diz que tem um assunto urgente para falar convosco, Dyatlov. – Falou e então saiu, fechando a porta trás de si e deixando os dois a sós ali.
– Sente-se. Como posso te ajudar?
O rapaz era calmo e parecia bastante tranquilo. Havia uma profunda tranquilidade em seu olhar, como se nada no mundo pudesse abalar ele. Havia, na sala, um cheiro de flores do campo, algo que ele não conseguia definir bem o que era, mas o cheiro não era bem ruim. E tinha um outro cheiro, que vinha de um copo sobre a mesa.
Naquele dia, as aulas da manhã haviam transcorrido rápidas e indiferentes para a garota que agora regressara ao seu quarto na republica. Não havia a mesma animação que talvez outra pessoa tivesse sentido com a mesma coisa. Mas ao menos uma coisa havia sido bom: quando estava em aula, sua mente se ocupava com outras coisas e ela não se recordava do passado. Aquele... Homem... Não voltava a sua mente enquanto o professor falava de forma monótona ou quando os debates ocorriam, desde que ela conseguisse se envolver com o tema. Haviam vozes e sons vindas do lado de fora da casa, mas nada muito importante. Os cheiros do quarto se misturavam, mas logo ela já estava tão acostumada com tudo aquilo que não sentia mais o perfume após algum tempo ali.
Mas, por algum motivo desconhecido, ela sabia que em breve sua vida daria outra reviravolta e os terrores do passado regressariam com força para ela. As sombras que outrora ela lutara para afastar não ficariam mais distantes e paixões do passado... Bem... Elas sempre regressavam nem que fosse apenas para implicar conosco.
Montreal. Uma cidade fria, com uma quantia relativamente boa de Fiannas que haviam decidido por ali viver. O dia estava até um pouco quente e razoavelmente seco, mas não o suficiente para ser desconfortante.
- Informações e observações:
- - Podem descrever como foi seu dia, sem problemas, desde quando acordaram até o momento atual, as 18:03 da tarde.
- Gostaria de lembrar que vocês controlam seu pj e exclusivamente seu pj, os npcs são meus.
- Sem limite de tempo para postar, o turno vira apenas quando todos os personagens envolvidos realizarem suas ações.
- Interações entre jogadores podem ocorrer livremente sem a postagem do narrador no meio, permitindo uma interação mais rápida entre eles.