Mima - Curitiba 08/06/17

Entro no elevador e procuro instantaneamente um dos cantos ao fundo. Odeio lugares apertados, principalmente elevadores. Meu humor não é dos melhores já que também odeio acordar cedo. Quando o elevador para repentinamente não consigo deixar de pensar que deveria ter subido de escada ao invés de ter entrado naquela carroça velha. Tento encontrar meu celular em meio à minha bolsa. Por sorte não tenho o costume de usá-la como a bolsa do gato Félix como a maioria das mulheres ou me encontraria em meio a uma missão impossível. Localizo-o rapidamente e observo as horas, voltando a jogá-lo no mesmo local e torcendo pra que aquela situação não dure muito tempo. Seria estúpido demais perder uma manhã inteira em uma viagem presa com desconhecidos em um elevador com tanta coisa pra se conhecer na cidade. A poucos passos vejo duas pessoas acenderem a luz do celular rapidamente, iluminando o painel do elevador. Não acredito muito que algo tão antigo realmente tenha um botão para emergências, mas se tiver espere que um deles tenha inteligência suficiente para apertá-lo e pedir socorro logo.

Após ouvir o barulho e ouvir o rapaz pedir pra abrirmos espaço, faço instantaneamente uma cara de quem não está entendendo nada, que obviamente as pessoas não notarão devido à falta de luz, e me aperto mais contra a parede do canto do elevador, tentando não atrapalhar nada que possa vir a ser feito a seguir. Quando a porta do alçapão se abre e um homem de terno entra por ele, tomo um susto, mas de alguma forma me sinto aliviada achando que possivelmente é algum tipo de síndico ou zelador do local que percebeu o problema e veio tentar, de alguma forma, tirar a gente dali.

Observo a cena que vem a seguir, porém tudo é rápido demais, e a escuridão no elevador também não ajuda muito. Em meio à confusão o homem tenta tirar o celular do bolso do casaco, mas três barulhos parecendo tiros acabam me assustando e desviando minha atenção para o alçapão no alto do elevador. Levo as mãos aos meus ouvidos e me encolho próximo ao chão, mas não antes de soltar um "merda" mais alto do que gostaria. Alguém precisava parar o sangramento do infeliz, mas só seria eu a tomar a iniciativa se ninguém mais o fizesse, afinal não sou muito chegada a sangue e muito menos à lambança que ele costuma fazer. Fora que, se aquilo tivesse sido tiro mesmo, eu é que não queria estar na mira de visão de quem quer que seja que estivesse lá em cima.