[Iv-Mael] O vilarejo murado

Iv-Mael

Aventura 3 - Primeiro dia

John Richard

Decidiu pousar. Sobrevoando encontrou uma ruela próxima ao muro de madeira mais a leste. Pousou sobre um dos tetos e olhou ao redor até que achou suficientemente tranquilo e então planou até o chão e logo ele voltava a ser um homem. Com passos vagarosos foi aproximando-se daquilo que era a praça do vilarejo. No centro dela havia uma série de construções realmente belas e ornadas, principalmente quanto comparadas às casinhas e lojas simplórias que haviam ao redor dela. Em volta daquelas construções, que John não sabia exatamente dizer o que eram, as pessoas juntavam seus objetos de trabalho espalhados pela praça, como ele já havia visto de cima. Caminhando um pouco pela praça, o rapaz avistou o que creu ser uma hospedaria.

Uma placa dizia 'A Velha Barricada'. O edifício era construído com amarrações de madeira e as paredes preenchidas com adobe. Não era muito grande e estava encostado no muro mais ao norte. Caminhou até lá e empurrou a porta. O local por dentro era tão simples quanto por fora. Haviam duas mesas grandes de refeição, com quatro banquetas de cada lado, acomodando assim até dezesseis pessoas. Não havia nenhuma outra mesa. Num pequeno balcão circular, estava um halfling que se ocupava em poli-lo. Do lado oposto ao que John entrava havia uma escada que provavelmente levava aos aposentos no andar superior.

- Um viajante?! Ande, entre e sente. Logo mais quando o sol cair essas mesas vão estar cheias e você vai querer ter sentado antes disso. - O tom de voz do halfling pareceu ser o primeiro choque de tensão desde que ele sobrevoara a cidade.

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Aventura 3 - Primeiro dia

John Richard

Observando melhor o lugar, John pode perceber que a parede ao fundo da hospedaria era o próprio muro de madeira que cercava a vila. Sentou-se, mantendo-se de frente para o halfling no bar e de costas para a entrada por onde veio. - Não se tem muito o que contar... Somos uma vila um pouco maior que as demais, mas é isso, basicamente. Ela surgiu como uma espécie de entreposto entre Iv-Miralie e Lars-Verumdor. Um lugar de passagem. - Dizia enquanto ainda se empenhava no polimento do balcão. - Por ser um lugar de passagem, temos muitos artesãos que se empenham e fazer equipamentos diversos que se precisam em viagens: bolsas, cordas, recipientes, roupas, panelas, toda essa sorte de coisa. - Terminou aquela tarefa e logo se virou de costas, trabalhando em algo que John não conseguia ver exatamente. Mas logo ele estava virando-se de volta e saindo detrás do balcão e indo até a mesa. Trazia uma pequena bandeja com pedaços de pão escuro e manteiga. - Cortesia da casa. Vejo que é um fiel da Fé Antiga. Está vindo de Iv-Miralie depois de pregar por lá? Teremos guisado de lebre para o jantar. Acompanhado de vinho de uvas silvestres.

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Aventura 3 - Primeiro dia

John Richard

Ao se apresentar como sacerdote do Rei de Chifres, John vê somente indiferença no rosto do halfling. A Fé Antiga tem esse nome por um motivo plausível: é antiga. Obscura. E muitas vezes considerada atrasada. No entanto, o atendente não parece ser hostil contra ela. - É um prato ligeiramente comum... Eu acho. Muitos moradores daqui nunca saem dos muros da vila. Só quando vão para Iv-Miralie ou, mais comumente, a Lars-Verumdor. - Se afastava de John, voltando para o balcão. - Adquiro todas as lebres que preciso, ou outras carnes, com os caçadores. Eles sim vão até a Floresta Alta e caçam o que for preciso para abastecer a cidade. Talvez eles saibam te dizer sobre as lebres. - Nesse instante, a porta abriu-se e entraram quatro homens com aspecto cansado, mas conversando animadamente entre si. Eles tomaram lugares na outra mesa, mais próxima à porta. O halfling os saudou e pouco tempo depois estava levando uma bandeja como a que havia entregado para John. Ao passar do lado dele, avisou: - Logo mais quando encher serviremos o jantar.

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John Richard

O grupo conversava entre si quando John interrompeu-os. Eles não pareciam ser tão receptivos quanto o halfling que o atendeu, mas pararam para escutá-lo. O mais novo entre eles foi quem respondeu. - Ultimamente tem sido difícil achar caça aqui nas proximidades. Os animais tem morrido faz alguns meses. Doença. - Outro que terminava de mastigar um pão interviu. - Tem que subir na Floresta Alta por quase meio dia até achar algo que preste. Por isso os preços tem aumentado. - John então falou no idioma secreto, porém só recebeu como resposta a face interrogativa de todos. - Como é? Fale mais alto.

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John Richard

John sentou-se com o grupo para conversar e perguntava mais sobre os animais mortos e a estranha doença que os atingia. Porém, ele logo viu a cara de confusão e incerteza que surgiu no semblante dos moradores. - Não sabemos exatamente o que acontece... Os animais parecem saudáveis, exceto pelos olhos um pouco fundos. - Um certo silêncio se abateu sobre a mesa. John compreendeu que aquilo estava afetando talvez o trabalho e sustento daqueles homens e, simples como eram, pouco podiam fazer a respeito. - Um professor de Lars-Verumdor veio averiguar a pedido do Baronete. Porém, desde que chegou parece que só tem piorado. - Acenos de cabeça por toda a mesa. - Se continuar assim, iremos passar por maus bocados.

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John Richard

Os homens começaram a rir com gosto quando o sacerdote perguntou se o professor comia ali naquele estabelecimento. Isso deixou John um pouco desconcertado. Mas ele manteve o rosto impassível a espera de uma resposta. - Acho que você anda ficando muito tempo na Floresta Alta! - Um deles disse ainda tentando conter o riso. Outro interveio. - Deixe o infeliz, talvez nunca teve contato com o professor da Universidade. Não, ele não come conosco. Na verdade nós o vemos poucas vezes. Normalmente fica enfurnado na Casa de Governo com os funcionários e com o administrador. Eventualmente sai com uma comitiva para a Floresta e passa um ou dois dias e volta e fica mais tantos dias sem dar as caras. - John calculou que a Casa de Governo era uma das construções no centro da vida que eram mais bonitas e ornamentadas. - Ele não veio para cá para conviver com uns brutos como nós.

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John despede-se dos homens com quem conversava e torna a falar com o atendente. Ele respondendo-o de forma desinteressada, mais ocupado com seus afazeres do que em olhar para o sacerdote, diz: - Não temos uma Universidade aqui. Só Lars-Gaehlia e Lars-Verumdor contam com isso. O tal professor está aqui para investigar isso e como falaram ele fica na Casa de Governo. Boa sorte em conseguir falar com ele. - Ele pegou as moedas que John deixou no balcão e passou para a cozinha.

Do lado de fora a noite já havia caído. As ruas eram iluminadas com lanternas alquímicas de um amarelo forte. No centro da vila havia um conjuto de construções que agora John dava-se conta que se tratavam, pelo menos a maioria delas, de edifícios públicos. Havia uma espécie de alfândega, ainda que não fosse exatamente isso. Algo que se assemelharia a um quartel. Uma biblioteca. Etc. Do lado oeste havia a maior construção e ele notou que era a tal Casa de Governo que falavam. Era construída com pedra lisa e trabalhada. Bastante branca. Sinal indicativo que viera de lugares remotos e que possivelmente aquela era a construção mais portentosa do local. As portas eram trabalhadas com madeiras escuras e visualmente pesadas. Mas tinham também vidros de coloração azulada. E foi por esses vidros que John notou que tudo parecia escuro por dentro. Talvez fosse já tarde para estar funcionando. Mas os moradores relataram que o professor permanecia ali, então eventualmente ele estava hospedado ali também. Afastou-se da construção e viu que ela tinha pelo menos mais um andar. E nesse sim, havia pelo menos uma luz acesa, fraca, mas acesa.

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John Richard

As batidas na porta não pareceram ter muito efeito. De fato, depois de bater, ele esperou por algum tempo, sem resposta alguma. E tornou a bater. E nada. Pensava se o professor estaria escutando do andar de cima. Antes de efetivamente se afastar, resolveu tentar a porta. Fechou a maçaneta em sua mão e hesitou um pouco. Mas, por fim, girou-a. A porta abriu sem problemas. O que era estranho. Um edifício do governo não deveria ficar aberto assim. Empurrou devagar a porta. A abertura permitiu entrar uma luz fraca vindo da rua. Tudo estava escuro e John apenas conseguia notar as silhuetas das coisas. Notou que diante de si, alguns metros edifício adentro, havia uma escada, bem central na posição dentro do edifício. Ela tanto subia quanto descia, o que dava a presumir que havia um andar no subsolo.

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John Richard

Como as batidas, sua voz também não recebia nenhuma resposta. Acendeu então uma tocha e o espaço se iluminou. De fato, aquele era um dos lugares mais bem mobiliados e construídos da cidade, mas estava longe de ser algo semelhante às construções da capital. De qualquer forma, tudo aquilo parecia demasiado exagerado para um homem como ele, que estava acostumado a viver do simples e do natural. Chegou aos pés da escada e hesitou por um momento, chamando mais uma vez pelo professor. Mas fora em vão. Decidiu por fim subir as escadas e seguir para o lugar onde vira uma luz. Quando tinha o pé no terceiro degrau ouviu uma espécie de rumor. Estancou onde estava, olhou atrás de si e só havia a mesma sala que havia atravessado há pouco. Colocou o pé no quarto degrau. Outra vez, dessa vez pareceu um certo burburinho, como que vozes que falavam entre si que, contudo, ele não conseguia distinguir o que. Parecia vir do andar abaixo.

@Carolus pode escolher continuar subindo ou mudar de idéia e descer

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John Richard

Decidiu por fim retroceder e descer as escadas. Enquanto descia as escadas, o burburinho parecia crescer e, no entanto, permanecia completamente ininteligível. As palavras eram entrecortadas e a voz embargada, ora pareciam falar o idioma comum, ora pareciam falar um outro completamente desconhecido para o sacerdote. Porém, aquelas vozes pareciam que estavam começando a falar dentro de sua própria cabeça. E aquilo parecia lhe tirar o juízo. Dois lances de escada baixo, John chegou a uma espécie de antessala de pedra lavrada. Com a luz de sua tocha, não via ninguém aquele espaço. Pelo menos foi o que achou. No fim da sala havia uma porta. Foi então que ele percebeu que debaixo dessa porta algo se espremia. Viu então um amálgama de peles de rostos e olhos costurados uns aos outros, balbuciando aquelas palavras entrecortadas e assombrosas.

Spoiler:

@Carolus role uma jogada de desafio de Vontade no tópico apropriado.