Jae-ki escutava as palavras de sua halmoni, ela parecia não confiar em seu amigo, mas ele sabia, ao menos acreditava, que seu hyung, Jong-Suk, era um garoto muito confiável. E diferente de outros, não o decepcionava. Também notou que sua avó estava preocupada com ele pedir dinheiro, mas Jae-ki achava que não se tornaria um hábito como ela disse. Era só uma vez e eles não tinham muita escolha. Não foi preciso argumentar, porque Soo-Ji começou a chorar e a sentir dor. Ver a irmã assim fez Jae-ki sentir um nó na garganta, seu coração doía e seu rosto ficou pálido. Ele a abraçou quando ela se encolheu no seu colo.
Enquanto a avó foi buscar os agasalhos, Jae-ki enxugou as lágrimas de Soo-ji e respondeu a pergunta dela, também em voz baixa:
- Prometo, vai passar. E quando você ficar boa, vamos brincar.Tinha aprendido a passar segurança para irmã, mesmo que estivesse totalmente inseguro e perdido. Ele ajudou a avó a agasalhar Soo-ji, estava frio lá fora e não podia deixar que isso piorasse a menininha. Enquanto ajeitava a irmã no colo, Jae-ki ouvia as recomendações de sua avó sobre o empréstimo, ela parecia mesmo preocupada com isso, não se lembrava de ter visto ela com um olhar tão aflito. O garoto sentiu o coração apertar, não sabia exatamente porque, talvez porque não contou a ela que Jong-Suk tinha uma gangue? Mas para ele não tinha como dar errado, Jong-Suk sempre estava do seu lado o defendendo. Assentiu com um movimento positivo da cabeça e respondeu, ainda com aquele semblante preocupado:
- Pode confiar halmoni. Ele é meu único amigo da escola, nunca me deixou na mão, e vamos pagar ele amanhã. Mas a Soo-ji não pode continuar assim. Estou indo. Ele já estava acostumado a carregá-la e fazia isso sem problemas e sem se cansar facilmente, mesmo que se tornasse pesado, não era uma coisa que o incomodaria. Com Soo-ji aninhada em seus braços, dava passos largos para chegar o mais rápido possível a farmácia, a nevasca leve o preocupava, porque tinha medo que piorasse a irmã. Por isso a abraçava bem perto tentando-a proteger o máximo do frio ou de qualquer vento. Não tinha escolha, só assim o farmacêutico poderia realmente entender o que ela tinha.
Quando Soo-ji disse aquela frase do Frozen, Jae-ki sentiu mais uma vez o nó na garganta apertando. Apesar de ser bem jovem, sentia-se imensamente responsável por ela, os dois eram muito ligados. Ver que os olhos dela lembravam os de sua mãe era doloroso. Se a omma estivesse ali, com certeza saberia melhor o que fazer, pensava Jae-ki, mas repreendeu a si mesmo por isso. Sua mãe não existia mais, assim como todo seu passado, eram só lembranças de algo que não fazia mais parte da sua vida. Algo que lhe parecia muito distante e se empenhava em esquecer. Agora Jae-ki era tudo que sua irmã tinha e que precisava.
- Só mais um pouco Soo-ji... - Sussurrou para irmã.
Depois de chegar na farmácia e ver o hyung, se sentiu um pouco melhor, ao menos poderia comprar algum remédio. Jong-Suk realmente não falhava com ele, mesmo nessa hora da madrugada. Quantos fariam isso por ele? E era assim que o hyung ganhava cada vez mais sua confiança. Jae-ki ficou perto enquanto o farmacêutico dava uma olhada na sua irmã, seu semblante estava bem pálido e preocupado. Mordia os lábios nervoso, nem mesmo notava que estava ferindo a si mesmo, os lábios já estavam rachados por causa do frio e essa mania só piorava. Esperava ouvir uma solução, que tivesse um remédio que curaria a irmã, mas não foi como o esperado, infelizmente não maioria da vezes não era como desejava.
Levar Soo-ji ao hospital faria sua dívida aumentar muito, sabia como médicos eram muito caros, ainda mais sem um plano. Jong- Suk participava do seu problema até fazendo perguntas sobre o remédio, estas foram muito úteis, já que ele mesmo nem tinha pensado nas chances do remédio falhar. Jae-ki ainda mordia os lábios quando lançou um olhar para o amigo. A saúde da sua irmãzinha estava em suas mãos, tinha que resolver isso da melhor forma que estivesse ao seu alcance para ela não sofrer e melhorar logo. Se tinha uma coisa que ele havia aprendido era não lamentar pelo que perdeu no passado, pois só perderia tempo, e nem se preocupar com o futuro quando deveria resolver os problemas do presente, senão não poderia não haver futuro.
- Vamos levar o analgésico - Respondeu determinado, mas ainda sentindo aquela sufocante preocupação, olhou para Jong-Suk e disse -
Ela não pode continuar sentindo dor, ela tá muito mal... Se eu ainda pudesse trocar de lugar com ela, mas não dá... Pode deixar que te pago o mais rápido que eu puder! Valeu mesmo cara.Enquanto esperava o amigo tomar a iniciativa para pagar, voltou a aninhar a irmãzinha nos braços. Havia já decidido consigo mesmo que a levaria no médico o quanto antes, custe o que custar. Depois daria um jeito para pagar, mesmo que tivesse que passar dias inteiros fazendo pequenos trabalhos. Depois que o farmacêutico entregar o remédio, Jae-ki vai pedir para ele colocar ali mesmo antes de irem para casa, não queria esperar nem mais um segundo para ver a irmã um pouco melhor e também poderia ver como faria em casa para usar o remédio. Ele era impaciente e muito preocupado, ainda mais quando envolvia o que mais importava em sua vida.
Já com remédio em mãos depois de medicar Soo-ji, e antes de sair, se virou para o amigo, com a irmãzinha no colo e disse sua decisão:
- Cara, tenho que levar ela no médico. Eu odeio aumentar minha dívida, mas você viu, não tenho escolha. É a minha irmã, pode ficar muito grave se eu não levar. Você consegue me ajudar, não é? Eu vou pagar, minha halmoni também falou que vai no banco para ajudar. Posso então contar com você amanhã, hyung?Os olhos arregalados e preocupados de Jae-ki fitavam o amigo como um pedido de socorro. Não sabia o que poderia acontecer a irmã se demorasse mais, precisava levá-la no médico amanhã, não tinha jeito. O problema já era grande, mas aos olhos protetores e preocupados de Jae-ki, ainda se tornava muito maior.