Prólogo - E.N.E.M.

O silêncio pairou no local. Ninguém parecia ter escutado ou interagido com o que a menina falou. Estava realmente só ali e parecia que revelar segredos de suas habilidades não iria ajudar ela a passar por aquele portão.

O Sol se aproximava mais de estar no Zênite e sua oportunidade escorria entre os dedos, assim como a chances de ver sua mãe novamente.

Liz viu que não teve nenhuma resposta. O portão continuava fechado, o silêncio ainda estava lá. Tudo a mesma coisa. Abaixou a cabeça, e guardou a sakuren na bolsinha. Logo depois, pegou o papel em cima da pedrinha onde o senhor gato estava e se aproximou do portão, ficando alguns segundos apenas olhando para ele bem de pertinho.
E voltou a ler aquele papel.

"NÃO VAI ENTRAR? OS PORTÕES FECHAM ESTRITAMENTE AS 12 E, PELO SOL, NÃO VAI DEMORAR PARA CHEGAR A HORA. SUA MÃE ESPERA ANSIOSAMENTE."

"Os portões fecham as 12... Os portões fecham as 12..." Essa frase ecoava em sua mente.

Olhou para o sol. Ainda não estava no centrinho do céu. O que significava que não era 12h. Olhou para o portão.

"Se fecham as 12... E não são 12, então eles estão abertos?"

Liz leva suas mãos até o portão, tentando empurrá-lo.

Liz empurra o portão, o menor de todos, e coloca toda sua força e esperança naquele movimento. Seus braços tencionam-se e os músculos se preparam para o esforço que lhe proporcionaria tudo que aquela viagem que fizera com sua mãe buscava: Segurança. O tempo parecia ter ficado mais lento e a cada centímetro que se aproximava, suava mais em tensão e, quando encostou no metal curiosamente gelado mesmo com aquele sol, escutou um rápido rangido vindo das dobradiças da porta que, por serem construídas com alta tecnologia, proporcionavam que até as pessoas mais fracas abrissem o mais pesado dos portões. Aquele som era um preludio do que aconteceria, mais Abeth mal tivera tempo de assimilar, pois já se encontrava com o rosto junto ao chão por conta da queda que levara ao entrar. Levantou rapidamente a cabeça enquanto limpava a face, ainda de olhos fechados por conta da dor, arrumou os cabelos e, ao olhar para frente, viu um novo mundo desabrochar a sua frente.







Uma grande cidade que, no exato centro de tudo, possuía uma grande torre com as iniciais " H.E.R.O" em seu topo. Ali era o lugar certo que ela tanto queria estar. Mas logo abaixo de toda essa deslumbrante vista, Liz Abeth pode ver em uma pequena mesa frente a uma sorveteria bem perto de si, sua mãe com um sorvete de cor verde contido em uma casquinha e na cadeira à sua frente estava o Comandante Gath'u, bebendo uma pequena tijela de leite. Ambos pareciam muito bem. Ao enxergar a menina ainda ao chão, todos se levantam da mesa e rumam em direção à ela. O guarda que estava antes acompanhando o Comandante, encontrava-se bem ao lado da menina.

- Aqui, pode se apoiar em mim. Deu a mão para que Abeth se levantasse.

Gath'u e Mamãe se aproximaram.

- Vejo que ambos estávamos certos não é, senhora Abeth? Piscou para a senhora que ainda parecia envergonhada pelo que aceitou fazer. - Peço que não fique brava com sua mãe, ela apenas concordou em algo que eu coordenei, mas também acho que você não tenha tempo para ficar brava comigo.

O pequeno felino apontou para um relógio que estava pendurado na parede perto do grupo, lá marcavam 30 minutos para meio-dia.

- Seu próximo destino é a grande torre, H.E.R.O. Tower como chamamos aqui, lá fale com a recepcionista para ser recebida pelo Sr.
H ... Tenho certeza que ele entenderá sua situação e lhe permitirá entrar no teste... mas você terá que chegar à tempo. Após levantar um dos dedos de sua pata que equivale ao polegar humano, Comandante Gath'u faz sinal para o guarda e ambos voltam aos seu lugares originais, frente a porta do lado de fora esperando caso mais algum destemido estivesse procurando participar daquele exame, não sem antes desejarem para Liz:

- Boa sorte nesse começo de jornada, garota.

- Cuidado nos testes.

A porta se fecha diante das duas. O silêncio novamente veio, mas dessa vez era uma vergonha que não era, em si, por maldade.

- Desculpa filha... Hehe. Sua mãe ri sem graça, enquanto ainda segura o sorvete.

Liz tentava se recuperar, massageando sua bochechinha que havia batido no chão. Estava meio zonza, mas tentava se levantar e aceitou a ajuda do moço grandão que ficou ao seu lado, apoiando-se nele para ficar de pé. Assim que conseguiu se recuperar do susto e da dor, viu aquela enorme cidade. Lá, tudo parecia calmo, limpo, seguro. Seus olhinhos brilhavam. Tinha conseguido entrar!
E logo viu sua mamãe o senhor comandante gato vindo em sua direção, e ouve o que o gatinho falava, calada e ainda impressionada com a beleza daquela cidade e com o enorme contraste daquele local com a situação do resto do mundo.

- ENTÃO VAMOS PARA A TORRE, MAMÃE! LOGO! - Quando conseguiu sair do momento de admiração, foi inundada de uma sensação de alegria e animação. Foi pegando sua biciletinha ao seu lado rápidamente enquanto agradecia ao senhor moço grandão e senhor gato enquanto eles caminhavam para fora- Muito, muito obrigada, obrigada senhores...

Se aproximou da sua mamãe e deu uma passada do seu dedo no sorvetinho que estava na mão dela e pôs na boca, não sabia que sabor era aquele, mas era bom. Só não melhor que morango. E logo ajudou ela a subir na bicicleta, dizendo:

- Não tem problema, mamãe! Veja, agora estamos aqui dentro! Vamos procurar esse moço H!

E subiu na bicicleta, em êxtase de alegria, pedalando rápido em direção a torrezona que havia em sua visão.

Passaram por ruas lindas, limpas e até mesmo reluzentes. Parecia que tudo naquela cidade brilhava, mas não tanto quanto a vontade de Liz. O corpo parecia não mais sentir o esforço que fazia, pois até ali seu corpo estava em um limite de exaustão que nunca havia experimentado antes, mas que seria apenas um dos degraus para se encarar no caminho de ser uma Heroína. Logo viu a entrada para a enorme torre a sua frente e pedalou cada vez mais, sentindo até mesmo o ar de seus pulmões impulsionar seu movimento.

Freou abruptamente enquanto ofegava e posicionou sua bicicleta em uma das vagas que estavam disponíveis em uma estrutura metálica onde seria uma "garagem de bicicletas". Não havia nenhuma, só aquela que ainda resistia à toda a viagem, continuando rosa e com sua cestinha intacta. Caminharam até a porta enquanto sua mãe comia o último pedaço da casquinha do sorvete.

Adentrou um grande e bonito espaço, bem enfeitado e reluzente como tudo naquela cidade. Parecia uma agência ou algo do tipo. As portas se fecharam com força e uma outra, de metal, desceu até encontrar brutalmente com o chão, enquanto um alarme apitava e falava em alto e bom som que já era meio dia. A Senhora Abeth parecia ignorar o barulho do alarme diante do deslumbre visual do prédio.

- Que lugar bonito... bonito... é aqui que vamos ficar filha? Perguntou quase boquiaberta diante do brilho que seus olhos refletiam do local.









Liz respira aliviada.

Pessoas iam de lá para cá fervorosas, com suas roupas e fantasias estranhas e aquelas duas pessoinhas, ainda com a roupa que saíram de casa, passeavam lentamente até conseguir visar, no meio da multidão, em uma mesa no centro do local, uma mulher que seria a recepcionista e guia do prédio.

Entrou naquele lugar grandão junto com sua mamãe. Era tudo tão limpinho! Liz gostava de lugares limpinhos! E fazia tempo que não havia visto um tão limpo assim. O que fez Liz ficar com um sorrisinho no rosto. c:

Logo, olhou para sua mamãe, e deu-lhe um abraço forte:

- MAMÃE, NÓS CONSEGUIMOS CHEGAR AQUI MAMÃE! NA HORA CERTINHA, MAMÃE! - E continuou abraçando-lhe, e dando pequenos apertõeszinhos nas gordurinhas da sua mamãe. - Eu não sei se vamos permanecer por aqui... Mas sei que precisamos achar o senhor H que o comandante gatinho disse, mamãe.

Liz olhou em sua volta, e viu aquela moça sentada numa mesinha no centro daquele lugar.

- Acho que aquela moça pode nos ajudar a achar ele... - Pegou na mão da sua mamãe, e andou com ela até aquela mesa, parando na frente daquela menina-moça.

- Você poderia me ajudar? - Falou Liz, em direção da menina, com um sorriso grandão e simpático no rosto - O comandante gatinho disse para vir até aqui e falarmos com o senhor H, que ele poderia me ajudar a virar uma heroína! ✯◡✯

A Sra. Abeth devolveu o abraço com a mesma intensidade qual era abraçada por sua filha, passando todo carinho e gratidão que sentia pelo que ela fez até chegarem ali. Foi um curto espaço de tempo, mas que já haviam corrido o perigo de perderem suas vidas mais de uma vez desde então. Mas agora tudo estava calmo.

- Uhuuuuul, então vamos logo filha, vamos achar esse moço o mais rápido possível c: A mamãe pegou no braço da futura aspirante à Heroína e puxou-a para adentrar ainda mais aquele local.

Mas logo Liz apertou ainda mais a mão de sua mãe, mas não parecia machuca-la, e em pouco tempo já andava lado a lado com ela, com sua tamanha empolgação.

Aproximou-se da recepção do local e foi logo falando com a mulher, que respondeu prontamente.

- Mas é claro que posso ^^ Levantou-se ante as palavras de Liz Abeth. - Deve está se referindo ao Chefe da guarda Gath'u (Ela ri um pouco da forma como a garota a sua frente remeteu-se à alguém com patente tão alta, foi até seu lado e cochichou em seu ouvido, tampando sua boca com a mão esquerda para que ninguém pudesse ver o que estava falando.) - Cuidado menina, acho que ele não vai gostar de saber que você está chamando ele assim. Termina seu cochicho e da outra risada.

A Sra.Abeth também ri, mesmo sem saber do que se trata toda a graça da situação. Logo, a recepcionista volta a falar.

- Mas, voltando ao assunto, vejo que veio participar de nosso grande exame realizado hoje e, ainda por cima, tem a indicação do nosso Comandante. Você não podia ser mais sortuda, Garota c: .  Venha, vou lhes guiar até a sala do Sr. H. Lá ele conduzirá seus preparativos para se tornar parte da nossa organização.

Finalizando com um receptivo sorriso, ela anda até as escadas e começa a subi-las, esperando que vocês duas as sigam. Sua mamãe, que ainda estava segurando as suas mãos, lhe puxa para seguir a moça. Ela parecia ainda mais feliz.

Subiram esse lance de escadas e foram até os elevadores, que estranhamente não vão até o térreo (onde vocês estavam até agora). Lá, a mulher espera vocês entrarem e logo aperta no painel um botão com um simbolo diferente dos outros botões, quais possuíam os números respectivos de cada andar. Esse botão tinha a letra "H" que destoava, ainda mais, por sua cor vermelha.

Passou-se algum tempo, pois os andares daquele prédio eram inúmeros, quase infinitos para aquelas duas, mãe e filha, que não eram tão acostumadas assim à adentrarem edifícios tão sofisticados. Aquela que guiava o grupo permanecia encarando a porta do elevador, enquanto a mãe de Liz cantarolava alguma musica baixinho, em tom feliz. Talvez quisesse aliviar a ansiedade.

O elevador parou e logo as portas se abriram para um corredor que não tinha nada além de uma porta de madeira em seu fim, e um tapete vermelho com bordas douradas adornando o chão.

Ao sair, a recepcionista se despede com um leve aceno.

- Boa sorte para vocês duas ^^

E logo a porta se fecha. Deixando as duas ali, naquele corredor.

Vendo aquela mulher lhe respondendo tão atenta, Liz abre um sorriso enquanto ouve suas palavras. Era bom poder estar conversando com alguém tão disposta a ajudar. E devolve o cochicho no ouvido da jovem.

- Mas é que ele é tão bonitinho, como chamar ele com esse nome tão sério? - Liz ri um pouquinho após cochichar no ouvido da moça. E continua a ouvir o que ela diz, atentamente. E ao notar a moça finalizar sua fala, Liz sorri, feliz. - Muito obrigada, moça! Espero realmente ser tão sortuda como você disse ☆ω☆

E antes mesmo de Liz pensar em andar, as mãozinhas da sua mamãe já lhe puxavam em direção a moça que andava. Subindo um lance de escadas até adentrar um elevador. Lá se passou um tempinho, e Liz mal podia conter sua ansiedade e felicidade por estar ali, naquele prédio, no caminho para ser uma heroína! UMA HEROÍNA! Por fora, Liz tentava transparece calma, mas internamente, estava dando pulinhos de felicidade.

Chegando no andar desejado, Liz dá um tchauzinho pra moça que lhe guiou até ali. ( ´ ∀ ` )ノﾞ

Se depara com aquele corredor. Segurando a mão da sua mamãe, Liz vai caminhando lentamente com ela na direção da porta de madeira.

- Eu espero que dê tudo certo, mamãe... Preciso lhe deixar num lugarzinho que possa estar bem...

Próxima da porta, dá pequenas batidinhas nela com suas mãos trêmulas de tamanha ansiedade. Esperava algum sinal de que pudesse entrar.

As batidas de liz ecoam pelo corredor, fazendo com que aquela porta de madeira parecesse ainda mais maciça do que aparentava. Alguns segundos de silêncio imperaram no local e isso apenas fez com que a ansiedade e o nervosismo de ambas, ali perante a entrada da sala do senhor H, aumentasse. A senhora Abeth suava muito.Pouco tempo se passou, e finalmente pôde se escutar um barulho eletrônico do outro lado da sala, seguido do som da maçaneta sendo aberto. Em poucos instantes já podiam ver o escritório.



Podia-se ver estantes cheias de livros, que rodeavam aquela sala que era inesperadamente mais antiquada, de certa forma, que o resto do prédio. Muitas miniaturas de planetas orbitavam o local como se aquele que trabalhara ali fosse um grande admirador da astronomia ou algo relacionado à essa ciência, especialmente o destaque ao grande globo terrestre centralizado em sua sala. Pendurado em um canto de sua parede, em meio a tantos quadros, encontrava-se um escudo com uma gravura dourada de um leão e uma espada em formato um tanto quanto exótico.

À porta, estava o homem que certamente se sentava na grande cadeira atrás da mesa ornada por mais livros e computadores que novamente possuíam uma aparência antiguada, como se o velho e o novo coexistissem ali em harmonia.

Harmonia

 

O homem, que trajava, até então, a roupa mais casual que vocês viram até o momento, olha para seus rostos com olhos caídos, possuindo marcas escuras por baixo dos mesmos que demonstravam noites de sono mal dormidos. Seu cabelo e barba não pareciam receber muitos cuidados estéticos, mas ainda assim pareciam macios, como a juba de um próprio leão. Sua voz era um pouco rouca, mas gentil.

- Por favor, entrem. Fiquem a vontade. Abre  porta totalmente para que vocês adentrassem.

Sua mãe, quase como instinto, captura sua mão direita e antes que respondesse qualquer coisa já se encontrava dentro daquela sala. Ela logo se sentara em uma das cadeiras do local e o homem fechara a porta logo após a entrada de vocês, voltando sua fala para Liz, que parecia mais controlada que sua própria mãe.

- Suponho que Micha largou vocês aqui e já voltou para o trabalho, não foi? Solta um sorriso cansado - Ela sabe que deve me interfonar nesses casos, mas não vou culpa-la por não querer atrapalhar meus estudos.

Ele passa por trás de você, Liz, pega uma xícara e entrega para Sra.Abeth, sorrindo e acenando com a cabeça para que bebesse e se acalmasse um pouco. Logo, rumou até a cadeira, sentando-se como se um grande peso lhe puxasse para baixo, mas sua postura era corretíssima, ereta e confiante. Entrelaçou os dedos de suas mãos, onde apoiou seu queixo, olhando diretamente para os olhos da menina de cabelos negros.

- Mas acho que agora temos nossos próprios negócios, não é Senhora... Esperou que você completasse seu nome, já que sua mãe estava se recuperando dos efeitos da presença daquele homem. - Prazer. Como já deve saber, todos me chamam de Sr. H, Mas podem apenas me chamar de H. Sou um dos presidentes dessa organização e responsável por tudo que diz respeito ao processo seletivo e pelos competidores desse processo. Enfim, como posso ajuda-las? Não parecia querer intimidar ou algo parecido.

Na verdade era estranha o que se podia sentir naquele local. Enquanto sua fala era acolhedora, sua presença acometia a garota com uma enorme pressão.

Mas talvez fosse apenas a ansiedade pelo que estava prestes a acontecer.

Sr. H esperava pacientemente pela resposta.

Viu a porta abrir-se, e em seguida, olhou para aquele moço que havia atendido ela e sua mamãe. E logo sua mamãe puxa seu braço, e em poucos segundos, Liz se encontra naquela sala, onde haviam aqueles planetinhas no teto, o que chamou a sua atenção. Quando menor, na escolinha, estudara os planetas e desde então eles se tornaram uma pequena paixãozinha de Liz. Ela gostava muito de como eles eram coloridos, e como cada um tinha sua própria característica. Ela fica alguns segundos admirando aquelas miniaturas no teto, um pouquinho perdida em sua contemplação, mas logo retorna das alturas e foca naquele senhor barbudo que estava em sua frente.

Ela sentia seu coração palpitar, o nervosismo era grande. E a própria presença daquele moço mexia ainda mais com ela.

- Meu nome é Liz, Senhor H... Liz Abeth. - Olhando para ele sentado em sua cadeira, Liz dá um pequeno sorriso.


- É um prazer lhe conhecer, senhor H. Venho aqui em busca de ser uma heroína! Recebi esse planfleto em minha casa - fala, enquanto mexe na sua bolsinha e retira de lá o papel, e pondo em cima da mesa daquele senhor - e vi que poderia ser a oportunidade de tornar realidade o meu sonho de ser uma heroína e ajudar a acabar com o caos que está reinando no mundo. Vim de minha casa com a minha mamãe, essa senhorinha que me acompanha. Pretendo me tornar uma heroína e, assim, pagar os custos para que ela possa estar em um lugar seguro enquanto eu luto contra o mal, senhor. Cheguei aqui e o comandante gatin... Gath'u me disse que eu deveria vir aqui falar com o senhor, senhor.

Liz fez uma pequena pausa na sua fala. Tentava não transparecer tão nervosa, apesar de por dentro estar, e muito.

- Eu não sei o que o senhor precisa de mim, mas estou sob suas ordens para me mostrar merecedora e forte de ser uma heroína! (^ ω ^)

O Sr. H continua do mesmo modo qual começara a falar, sem transpassar nenhuma alteração. Quando Liz se refere a sua mãe, ele a olha com um leve sorriso, tentando acalma-la ainda mais, mas logo volta toda a sua atenção para a garota.

- Vejo que recebeu nosso panfleto. Eles foram distribuídos para todas as casas nas áreas cobertas pelos serviços da H.E.R.O Association com a finalidade de trazer todos os interessados em se tornarem defensores dos que necessitarem, pois em tempos como esses que estamos passando, precisamos do máximo de interessados em lutar pela justiça correta. E pelo modo que fala, vejo que está apta à participar do E.N.E.M, sendo esse o Exame Nacional de Entrada Militar... não que eu goste muito da palavra "militar" nessa sigla, mas são resquícios de tempos antigos quando isso era suficiente para manter a ordem... e ordem é algo que não temos desde o primeiro dia de 2017.

Bebe um pouco de água que estava na xícara a sua frente, pousada em sua grande.

- Mas pelo que entendi, existe uma clausula especifica no contrato que você quer firmar conosco. Muitos vem aqui em busca do exame e tentam me comprar com tantos presentes e ofertas que você nem imaginaria... mas você vem aqui me oferecendo uma troca.

Faz uma pausa pensativa, mas ao final ri um pouco.

- Separei meu dia hoje para estudar sobre coisas que gosto, pois me falaram que o comandante Gath'u iria estar acompanhando os guardas na entrada de nossa cidade. Conhecendo-o bem, pensei que não haveria ninguém que conseguisse entrar para o exame, tanto que me surpreendi ao ver que alguém batera em minha porta hoje... mas agora entendo o porque nosso fiel comandante deixou você entrar.

Ele se levanta e ruma até Liz.

- Você diz não saber o que eu preciso de você, mas sua pergunta já contém a resposta, minha pequena. Eu preciso de você. Nós precisamos de você.

Estende sua mão para cumprimenta-la.

- Boa Sorte em seu teste.

A Sra. Abeth ainda parece estar bastante nervosa, mas olhava para você esperando sua reação. Seu rosto tentava passar confiança, mesmo sem entender muito bem o que estava acontecendo.

Liz fica posicionada na frente do senhor H, atenta a cada palavra que ele dizia. Dava respiradas fundinhas para tentar controlar o seu coração, que palpitava, nervoso. Ao ver aquele moço tomando algo da xícara que estava na sua mesa, Liz percebe que ficou um tempão sem tomar água! A sede estava ali o tempo todo, mas as emoções foram tantas que ela nem se deu conta. E logo pegou de dentro da sua bolsinha a garrafinha que estava com ela desde que saíra de casa e tomou uns golões.

- Água é bom, né, senhor... ^^ - Ainda nervosa, essa foi a única frase que conseguiu falar para aquele moço em sua frente. Deu um pequeno sorrisinho e colocou-se em posição de atenção novamente ao que ele falava, enquanto guardava sua garrafinha na bolsinha.

- Exatamente, senhor... Tudo o que lhe peço é essa troca! Não posso deixar minha mamãe no meio desse caos. Ela é a minha mamãe... Ela que cuidou de mim até agora. Não posso descuidar dela nesse momento tão importante. - Falou, dando uma pequena pausa na voz. Ela realmente queria que tudo aquilo desse certo e pudesse, enfim, respirar tranquila sabendo que sua mamãe estaria salva de qualquer mal.


Vendo o senhor rumar em sua direção, Liz tenta disfarçar tamanho nervosismo, e aperta-lhe a mão dele estendida em sua direção.

- Senhor, eu sou imensamente grata. Por toda atenção e por todas essas palavras... Mas o senhor poderia me guiar em como vai ser o meu teste? - Liz dá um sorrisinho, olhando para o senhor H, se sentia um pouco boba. Será que ela já devia saber como seria? Será que estrava tratando mal aquele moço tão atencioso com ela? Será que seu aperto de mão não era firme o suficiente? Todas essas perguntas se passavam em sua mente, mas por fora, só se via o sorrisinho da garota.

O Sr. H apenas sorria diante do desconcerto da garota, que parecia ter herdado algumas características de sua mãe além da aparência. Seu aperto de mão era firme, mas não chegava a machucar.

- E é por isso que lhe considerei apta para participar de nossa comunidade. Precisamos de pessoas boas por aqui, e não só de quantitativo formado por tantas pessoas que só se guiam por desejos próprios. Por isso eu mesmo me encarregarei da proteção de sua mãe. Com um sorriso cordial, desvia o olhar até a Sra. Abeth que lhe responde com um aceno com sua cabeça. Após isso, volta à olhar a garota à sua frente. - E enquanto a seu teste, começa com uma simples tarefa.

Desvencilha sua mão das mãos de Liz e aponta com seu dedo indicador para o globo terrestre no meio de sua sala.

- Vá até aquele globo, toque-o e diga em alto e bom som para onde quer ir agora... ele irá atender precisamente seu pedido.

A energia na sala parecia ter aumentado, o que contagiava todos ali dentro com coragem e força para se levantar e ir a qualquer lugar.

Ao ouvir as palavras daquele moço em sua frente de que cuidaria de sua mamãe, Liz arregala os olhinhos, que brilhavam. E solta a mão do moço, correndo em direção da mamãe que estava sentadinha na cadeira.

- MAMÃE, VOCÊ VAI ESTAR A SALVA, MAMÃE! - Falava Liz, dando pulinhos, beijinhos e apertinhos em sua mamãe. - Você vai ficar aqui, longe de todo esse mal, mamãe! - De tanta empolgação, segurou os ombros da mamãe e sacudiu ela um pouquinho.

Contendo um pouco sua animação, voltou-se na direção do senhor H, que acabara de dar sua primeira instrução.

- Sim, senhor! - Liz caminha prontamente até o globo, e encosta nele suas mãos. Alguns segundos se passam... Liz estava um pouco pensativa, até abrir sua boca e falar, cheia de energia e entusiasmo.

- Olha... O senhor disse qualquer lugar que eu queira ir, então... EU QUERO IR PARA UM RESTAURANTE ONDE TENHA COMIDAS GOSTOSAS E SORVETE DE MORANGO DE SOBREMESA PORQUE UMA FUTURA HEROÍNA PRECISA DE ESTOQUES DE ENERGIA! ヽ(＾ ▽ ＾)ノ

A Sra. Abeth, que tinha seus olhos fixos no que bebia, se assusta e deixa cair sua xícara em meio a uma tremedeira repentina e olhos arregalados que se encontraram com os de Liz, que estava sorridente e saltitante. Sua mãe logo saí do torpor de nervosismo e abraça sua filha de volta, pulando junto a ela.

- EEEEBBAAAAAAA, E VOCÊ VAI SER UMA LINDA HEROÍNA MINHA FILHAAA!!!!!

Para de pular, olha para os olhos de sua filha com preocupação em sua face, mas ainda assim parecia feliz.

- Mas você vai está em meio a tudo isso, então... eu só peço para que tome cuidado e não esqueça de fazer suas três refeições para crescer ainda mais. Passa a mão na cabeça da filha, como um carinho. - Eu confio que você irá conseguir passar nessa prova, minha pequenininha. Sorri, terminando sua fala com um abraço apertado.

Sr. H também sorria com aquele momento.

Os dois adultos da sala acompanham a garota com os olhares orgulhosos e veem ela se aproximando do globo e o tocando. Ela começa a falar e o coração de todos se acende perante o inicio de sua jornada no E.N.E.M e, ao terminar sua frase, a única coisa que consegue ver antes de ser teleportada são os rostos do Sr. H e da Sra. Abeth surpresos com o que ouviram, sem acreditar que fora aquilo que Liz havia desejado.

Talvez estivessem feliz com a atitude firme da menina, mas ela não podia adivinhar se era exatamente felicidade que tinha visto em seus rostos.

Piscou e, no instante que abriu os olhos, já estava naquela estranha terra colorida, vestida com uma roupa azul estranha e sem nenhum de seus pertences. Ao menos tinha bastante comida ali, porque tudo parecia ser feito de comida.

Roupa:

Ela estava no centro de uma área florestal que era formada por uma variedades de guloseimas que encantaram seus olhos. Mas, logo notara que a sua frente uma figura estranha se aproximava em paços vagarosos. Era um jovem rapaz, moreno, trajando vestes que pareciam ter um pouco da cultura do oriente. Enrolada ao corpo do rapaz, estava uma majestosa cobra branca.



- Olá, vejo que temos uma nova competidora com um gosto um pouco... exótico, diria eu. Se aproximou, mantendo-se à uma distância segura. Olhava ao redor com um pouco de espanto e curiosidade. Logo, continuou sua fala. - Me chamo Vitur, Vitur Snak, serei seu instrutor no primeiro teste no E.N.E.M. Estamos em um ambiente criado através do seu pedido quando ativou o gerador e seu objetivo é me derrotar em uma luta justa, sem uso de poderes ou habilidades além de seu físico. Não serão permitido o uso de armas ou qualquer outro tipo de acessório além de seu próprio corpo... fique tranquila, a Hrana irá ficar quieta durante o teste, eu prometo.

Com sua mão direita fechada, a estende para a garota, esperanto com que a mesma aceitasse o cumprimento.

- Vamos começar?

OFF:

Abrindo os olhos, se deparou com aquele mundo cheio de guloseimas. Lá tudo era colorido, e parecia tão gostoso!

- ESSE É O MELHOR LUGAR POSSÍVEL PARA SE ESTAR  ♡＼(￣▽￣)／♡

Fala Liz, animada, e de tanta felicidade, dá pequenos pulinhos, risadinhas e corridinhas em círculos.

- EU QUERO COMER ISSO TU... - Ela interrompe a sua frase. Sentia algo diferente em seu corpo. Olhou para o seu corpo, agora vestido com uma roupa apertadinha e azul. Ao notar isso, levou suas mãos pra o seu corpo, como se quisesse cobrir. Suas bochechas queimavam de vergonha, nunca havia usado uma roupa que marcasse tanto seu corpo como aquela.

Para piorar a vergonha, ela não estava sozinha. Logo viu aquele que parecia ser um menino se aproximando dela. Liz tirou as mãos do corpo e as colocou na cintura, fingindo estar tudo bem, apesar de suas bochechas estarem vermelhas como jambos maduros.

<(=^ ᴗ ^=)>

- Obrigada pelas instruções, senhor instrutor! Darei o meu melhor e... Permita-me dizer, achei a senhora cobra muito bonita! - Liz deu um pequeno sorrisinho, tentava aliviar a vergonha e se preparar para o combate após cumprimentar-lhe. - Vamos sim!

"Eu preciso ser corajosa como o meu herói! Não importa a vergonha que eu esteja sentindo, eu estou no caminho de ser uma heroína!"

Rapidamente põe-se em posição de combate, aproximando de Vitur e tentando dar-lhe um chute na direção de seu abdome.

Ao receber o elogio, a cobra se desvencilha do corpo do garoto e se afasta um pouco, ainda permanecendo com a parte frontal de seu corpo ereta, como se quisesse assistir aquela luta. Liz podia notar que a região embaixo dos olhos do animal estavam mais avermelhados do que antes.

- Hrana é tímida, Senhorita sem nome. Mas tenho certeza que ela ficou lisonjeada. Vitur olha para a cobra. - Está vendo, algumas pessoas dão valor à sua vaidade, então tire aquela ideia de troca de pele da cabeça por agora, você ainda é muito nova.

Ele sorri enquanto a cobra vira a cabeça, como se estivesse envergonhada com a exposição de suas intimidades.

Ao escutar a aproximação da menina, o rapaz vira-se novamente para Liz e segura seu chute com sua mão direita. Rapidamente, pulou e se preparou para enrolar suas pernas no tornozelo de Abeth, demonstrando toda elasticidade incomum que seu corpo possuía. O giro de seu corpo fora perfeito, a firmeza qual segurava a perna da garota era tanta que podia sentia sua pele mesmo que vestisse aquela roupa azul, mas Vitur nota que algo não fora como planejado.

A aspirante à heroína utiliza sua outra perna para pular para longe, se apoiando no próprio corpo de Snak, fazendo com que os dois atingissem a distância que estavam no início do combate.

Podia-se ver a aflição e preocupação que Hrana olhava para Vitur enquanto ele se levantava do chão, como se pedisse para que ele tomasse cuidado.

- Uow. Viu Hrana? A senhorita sem nome parece que se preocupou bastante com o corpo para não depender de outras coisas... raro de se ver hoje em dia. Tinha um grande preparo físico, pois depois de um movimento complexo como o que tentara desferir, nem ao menos ofegava.

Em um pulo, alcançou o local onde Liz estava, não dando muito tempo para a garota se recuperar.

- Então vamos ver quem cansa primeiro ! Parecia estar energético e eufórico, sorrindo enquanto iniciava aquela batalha com mais uma que pretendia derrota-lo e passar para próxima fase.

Aos poucos Liz foi ficando desligada de sua vergonha de estar ali com aquela roupa e mais focada na luta, com a exceção da crise de fofurinha interna que teve ao ver a senhora cobrinha ficando avermelhadinha.

"Ela fica vermelhinha como eu!"

- Senhor instrutor, me chamo Liz. Liz Abeth. - Falou, olhando em direção do menino a sua frente. - E bem... Eu tentei durante algum tempo preparar meu corpo. Uma super heroína precisa estar pronta pra caso todas suas armas sejam retiradas, exatamente como agora. c:

- Caso eu vença, posso pegar um docinho, senhor instrutor? - Diz Liz, dando uma pequena gargalhadinha, como se fosse apenas uma brincadeirinha, mesmo que seu estômago estivesse gritando que não era só uma brincadeira. E ainda com um sorriso no rosto, dá mais um golpe na direção do menino, agora com sua mão direita, mirando seu rosto.

Vitur cerrou o punho e desferiu um soco que passou por cima do ombro de Liz pois ela deu um passo para o lado como um desvio exato. Aproveitando o movimento, socou o rosto do garoto, que foi empurrado para trás e, com uma cambalhota, já estava firme novamente ao chão.

- Nada mais justo que se apresentar ante um soco. Ele solta uma gargalhada enquanto Hrana parece se segurar para não avançar em Abeth. - Mas vejo que seus reflexos são ótimos, talvez depois desse teste possamos treinar juntos. Seu sorriso agora era um pouco envergonhado, como se percebesse que sua frase podia ser entendida de maneira errada.

Novamente, corre em direção da garota, mas dessa vez não parecia tão rápido como anteriormente. Se esgueirou-se para as costas de Liz e tentou prender seus braços.

- Se você ganhar deixo você pedir um pedacinho à Hrana.

Liz notou, mesmo em meio à investida do rapaz, de que ele se referia à sua cobra estar dando pequenas linguadinhas no sorvete de morando que estava perto. Ao escutar o rapaz, Hrana mergulhara dentro da grande bola de sorvete tentando esconder sua vergonha de ter sido pega em flagrante.

Liz não conseguia conter o sorriso diante de ter conseguido acertar o seu golpe, e ainda ter desviado do ataque do instrutor. Estava com um sorriso grandão no rosto.

- Eu espero que possamos sim! Seria bom treinar pra me tornar cada vez mais forte, senhor! Assim fico mais preparada para combater o mal. - Liz sorria como uma criancinha feliz, e não entendeu porque o menino parecia envergonhado depois de ter falado aquilo.

Vendo a cobrinha comendo o sorvetinho de morango, os olhinhos de Liz brilharam. ✯◡✯

- Aqui tem sorvete de morango??? Por que vocês não me falaram logo? Senhora dona cobrinha bonita, me espere, caso permita, quero me juntar à você! Só preciso finalizar umas coisinhas aqui... - E rapidamente se volta para a direção do menino, tentando dar-lhe um segundo soco.