O Viajante

Uma manhã quente para compensar a noite fria que passara sozinho. Abdra caminhava pelas estradas de terra batida que, pelo que apontava seu mapa, o levariam ao seu próximo destino: A cidade de Lumia. Havia tomado seu café da manhã a algum tempo e o Sol apesar de forte não o incomodava, pois a brisa vinda das colinas envolta do bosque afastava completamente o calor de seu corpo, jogando seus longos cabelos sobre seu rosto em intervalos de rajadas repentinas.

As horas iam se passando, e já deviam ser aproximadamente 10 horas. O elfo já tinha caminhado bastante e provavelmente pararia para descansar e comer algumas de suas rações em breve. Enquanto procurava um local para descansar, Abdra avistou de longe uma pequena carruagem que se aproximava. Aparentava ser apenas um pequeno mercador viajando sozinho para vender suas mercadorias em cidades próximas.

Em poucos segundos a carruagem o alcançou, e diminuindo a marcha do alazão, o mercador foi parando próximo ao elfo que dava o espaço para que a carruagem passasse por ele na estrada.


Mercador: -- Bom dia mestre elfo! O que o senhor estaria fazendo andando sozinho por estas estradas? O local é bonito, eu sei, mas ainda assim pode ser perigoso! Mas... -- O mercador olha para a espada na bainha e o arco nas costas do elfo -- O senhor não parece despreparado não é mesmo!? Ha ha! Mas bem, eu tenho algumas coisas que pretendo vender em Argos aqui comigo, gostaria de dar uma olhada?

O homem falava num tom entusiasmado, Abdra podia perceber que este homem era realmente um vendedor. Ao lado do homem estava uma caixa que parecia conter alguns frascos com líquidos coloridos, e mais atrás e sua carruagem podia ser visto algumas caixas e sacos que pareciam conter perecíveis. Enquanto Abdra observava tudo aqui rapidamente, o mercador continuava:

Mercador: -- Então amigo, o que me diz!? --

~ Que barulho foi esse? ~

O elfo demonstrava não ter dinheiro no momento e com isso podia ver claramente a face desanimada do mercador que, após suspirar e dar ombros, dizia:

Mercador: -- Bem... Que pena então, espero que seus bolsos fiquem fartos e que o primeiro lugar que procure para se livrar do "peso" do ouro seja em minha loja. Boa viagem, mestre elfo! -- Concluia o mercador ao golpear de leve seu cavalo para que continuassem sua viagem

O clérigo das estradas continuava sua eterna viagem, cujo próximo destino se chamava Lumia. Após parar e comer, caminhou por mais algumas horas até se encontrar em meio a um bosque um pouco mais denso dos que o que passara recentemente. Podia ouvir o som de pássaros e alguns animais que viviam na área, mas dessa vez as árvores bloqueavam mais o vento que vinha das colinas, sendo percebido apenas no leve movimento nas copas das árvores.

Deviam faltar apenas um par de horas para o anoitecer quando Abdra ouviu um som vindo de sua esquerda, bosque a dentro. Suas orelhas pontudas não puderam deixar de perceber que o som se tratava de um grito agudo como o de alguém que corria perigo a alguns metros de onde estava.

O elfo olhava assustado com o som que quebrava a trilha sonora agradável do bosque, tentando ver o que estava acontece mas a vegetação bloqueava sua visão. Sabia que o som tinha vindo de um lugar a menos de trinta metros de onde estava, mas teria que se apróximar para ver o que ocorria.

Abdra correu. Sentia em si o dever de ajudar seja quem fosse estivesse em perigo. Sacara seu arco e correra pulando por cima de arbustos e desviando de árvores. O por do Sol estava para terminar, seja lá o que estivesse acontecendo seria melhor resolver rápido, antes que escurecesse.

Após correr por pouco mais de meio minuto, Abdra se deparou com uma cena:
Uma jovem menina utilizando um vestido meio velho e agora sujo e rasgado nas extremidades estava caída de frente a um cão selvagem de pêlos negros. O cão rosnava para a criança que se encolhia próxima a uma árvore, podia-se ver uma sesta com um punhado de frutas caído ao lado da criança.


A chegada do elfo não foi nada silenciosa, quebrando galhos e afastando folhas em seu caminho, o que fez com que o cão se virasse para ele rosnando e babando com um olhar furioso para o elfo. A pequena garota arranhada pelas garras da criatura só podia dizer uma coisa de onde estava em completo terror:

Garota:

Garota: -- Me ajude! --

Role iniciativa! Em caso de vitória você posta, caso contrário eu postarei novamente.

O animal rosnava e rapidamente partia para cima de Abdra que não tinha tempo de reagir. A criatura de pelagem negra corria, investindo contra o elfo, saltando para mordê-lo. Antes de ver o resultado do ataque a garota já fecha os olhos e solta um agudo grito em desespero... Ver que seu possível salvador estava para ser atacado diante de si deixava tudo aquilo ainda mais assustador.

O animal tenta morder o elfo na altura do pescoço, e por agir rapidamente pega o elfo despreparado.

O cão errava sua primeira investida, mordendo apenas o couro do corselete de seu adversário. Abdra mesmo que assustado se afastava da criatura o suficiente para sacar de sua aljava uma flecha e dar-lhe um tiro a queima-roupa.

O cão não tinha reação, estava muito próximo para esquivar-se e recebe a flechada entre o pescoço e o ombro direito, grunhindo de dor. Mas a criatura estava coberta em raiva e sede de sangue e não pararia por ai. Era perceptível que o golpe tinha ferido gravemente o animal que em meio a espuma de sua boca começava a sangrar, mas ele ainda assim se aproximava novamente do elfo e saltava mais uma vez para mordê-lo próximo ao seu pescoço.

A garota ao ver aquilo dizia:

Garota: -- Cuidado! -- E novamente cobria os olhos com as mãos

Uma mordida profunda no ombro era o que o elfo ganhava da ultima investida do cão, achara que sua flecha derrubaria o animal, mas estava muito enganado. Após afastar a criatura e cambalear um pouco para trás sacando uma outra flecha na aljava, o elfo mira novamente contra a criatura, Desta vez mais atento e subestimando menos o animal que o enfrentava.

O cão raivoso estava inquieto e soltou um latido um instante antes de se jogar novamente na direção do elfo. Quando o animal estava em pleno ar com sua boca aberta para morder o Abdra, o clérigo das estradas viu ai uma oportunidade de derrubar a criatura. Depositando a fé de seu Deus em sua flecha, o elfo a liberta, acertando a mesma na cavidade oral do animal, e com um rápido passo para o lado o elfo esquivasse do corpo do cão que cai com um baque seco no chão.

O animal se contorce um pouco mas pouco tempo depois permanece inerte. A menina tira as mãos de cima dos olhos ao perceber o silêncio que se fazia, onde a unica coisa que podia ser ouvida era a respiração ofegante do elfo.

Garota: -- Vo-você me salvou! Obrigada! -- Falava a menina erguendo-se e correndo em direção a seu salvado, abraçando-o em volta na altura da cintura -- E-eu acha-chava que ia morreeeeer! -- Dizia a criança desabando em lágrimas

A menina se mantinha agarrada ao elfo chorando e berrado enquanto o mesmo recobrava seu fôlego...

Retire da ficha 2 flechas. [98/100]

O clérigo de Fharlanghn tentava acalmar a menina enquando buscava seu símbolo sagrado e com uma prece recebia a cura divina de seu Deus. As feridas em seu braço cicatrizavam ao mesmo tempo que uma luz pálida recaia sobre o mesmo, o sentimento era quente e revigorante.

Após ter sua ferida curada, o elfo perguntava a menina onde estariam seus pais... A mesma ergue a cabeça para olhar-lo no rosto e por entre fungadas e lágrimas respondia:

Lívia: -- Me-meus pais estã-tão em Lumia... Meu nome é Lívia... O senhor poderia me acompanhar até em casa? Por favor senhor elfo, não estamos longe! -- Suplicava a menina segurando um das mãos do elfo com suas duas mãos.

A menina parecia apreensiva, esperando a resposta de seu salvador.

O clérigo se propunha a acompanhar a garota para casa, apresentando-se e pedindo informações sobre o local. A menina voltava-se a sua cesta, pegando as frutas que cairam quando foi atacada e então voltava a seguir uma trilha no meio do bosque enquanto falava:

Lívia: -- Bem, os bosques normalmente não tem animais ferozes como este cão... A cidade de Lumia é ótima, pacífica, nós crianças podemos caminhar tranquilas pela cidade sem temer ladrões ou sequestradores, ou nada que exista nas cidades grandes como Argos. É um ótimo lugar para se viver como diz minha mãe. --

Enquanto caminhavam, Abdra não abaixava a guarda atentando-se para todos os sons em sua volta. Porém não pôde ouvir nada além dos sons da noite, algumas corujas e criaturas se moviam pelos bosques, mas nada que parecesse poder causar perigo. Após cerca de 40 minutos caminhando ,utilizando-se da luz da lamparina de Abdra, conversando um pouco com a menina sobre coisas cotidianas, finalmente sairam do bosque e se encontravam agora sobre uma colina alta, podendo ver toda a cidade de Lumia.

A cidade era envolta de uma muralha de maidera que era iluminada por algumas lamparinas esparçadas, as casas já estavam apagadas, restando apenas a luz trêmula vinda de velas e chaminés. Podia-se ver alguns soldados junto com algumas pessoas caminhando nas proximidades da cidade com lampiões como se procurassem por algo.

E a primeira coisa que Lívia dizia ao ver aquilo era:

Lívia: -- Mamãe! -- Gritava a menina, começando a correr colina abaixo em direção das pessoas que supostamente a procuravam.

Abdra se aproximava das pessoas que envolviam a garota. Agora era claro ver com que Lívia falava ao sair gritando, uma bela mulher de cabelos longos e castanhos a envolvia com os braços enquanto chorava. Um homem se aproximava correndo e acumulava-se no abraço das duas ao jogar para o lado a tocha que segurava.

Pai: -- Lívia, meu amor! Você está bem, minha filha?! -- Dizia o pai preocupado ao ver o vestido parcialmente rasgado de sua filha.

Lívia: -- Sim pai, eu fui atacada por um cão selvagem, mas por sorte o senhor Abdra apareceu e me salvou. -- Respondia a menina, voltando-se para o elfo que estava parado atrás da família.

O pai da menina se levantava e os guardas da cidade que ajudavam na procura, vindo que tudo estava resolvido, começavam a voltar a seus postos.

Rudolph: -- Muito obrigado mestre Abdra, por favor, não é muito mas eu gostaria que aceitasse esta recompença. -- Falava o homem enquanto colocava a mão no bolso e expunha um saco de moedas. -- É o dinheiro que eu juntei para oferecer como recompença a quem achasse minha filha... Iriamos colocar os cartazes pela manhã, mas graças aos deuses o senhor já a trouxe sã e salva. -- Dizia o homem claramente aliviado.

A mãe finalmente desagarrava de sua filha, e apenas mantendo as mãos nos ombros da mesma se ergueu e falou:

Lenna: -- Muito obrigada senhor, me chamo Lenna e sou a mãe de Lívia. Nossa casa é pequena, mas com o dinheiro que meu marido está dando poderá pagar um ótimo quarto na estalgem do Caneco Furado, podemos mostrar o local! -- Dizia Lenna com um misto de sorriso e lágrimas no rosto.

Caminhavam pela cidade durante a noite, as torchas e lampiões iluminavam as ruas da pacata cidade de Lumia. Não demoravam muito até chegar ao Caneco Furado. A construção tinha a base de pedra e as paredes feitas de puro carvalho com uma porta dupla, além de uma placa com uma caneca furada vazando cerveja.

No caminho, a mãe e o pai de Lívia conversaram com Abdra sobre o que perguntara. Lumia não tinha muita coisa fantástica, a não ser sua boa cerveja e o delicioso pão feito do melhor trigo plantado dos Reinos do Oeste. Quando chegava de frente para o local, Lívia dava mais um abraço em seu herói e dizia:

Lívia: -- Espero que tenha sorte em suas viajens, senhor Abdra. -- Falava a menina enquanto o abraçava, levantando a cabeça e sorrindo.

Finalmente todos se despediam e Abdra adentrava na taverna. O lugar era aconchegante, uma lareira acesa num canto, meia dúzia de mesas de madeira redondas, apenas algumas ocupadas. Um homem grande de barbas ruivas e braços peludos vestido em um avental estava atrás da bancada limpando alguns copos. Apenas duas mesas estavam lotadas com humanos e anões, uma terceira tinha apenas um homem encapuzado fumando um cachimbo no canto do cômodo.

Abdra pedia por um quarto pela noite e por uma refeição, pedindo especificamente que vinhessem pães e cerveja para que pudesse provar as iguarias da região. O barman concordava com a cabeça e pegava uma chave que estava pendurada na parede atrás dele. O homem então se virava e colocava a chave em cima da mesa, dizendo:

Barman: -- O quarto custará 1 peça de ouro a diária, já a refeição será 5 peças de prata. -- Dizia o homem esperando por um pagamento enquanto via que o elfo checava uma sacola de moedas.

Abdra ouvia aquilo e pouco tempo depois concluia que haviam 75 peças de ouro em sua sacolinha. Logo após pagando pelo que devia ser pago com parte do que tinha arranjado. Mas a curiosidade do elfo não parava ai, perguntava sobre histórias e fofocas da cidade.

O estalageiro erguia uma das sobrancelhas e apoiando o cotovelo na mesa dizia:

Barman: -- Bem, por aqui não acontece muita coisa, senhor elfo... Desculpe desaponta-lo mas em Lumia não acontecem as coisas interessantes que ocorrem em Argos ou nos érmos meu caro. -- Dava uma pausa, recobrando sua posição inicial. -- Mas sente-se em uma mesa próximo a lareira, nos somos naturalmente hospitaleiros com viajantes, aproveite a estadia que a comida chegará logo. --