O Soldado

~ Caminhos separados ~

Já haviam dois dias que Flavius tinha separado-se de seu antigo lorde, Tiberius, a quem devia tudo. Abandonara a carruagem esta manhã, próximo a um bosque no caminho para Lumia, e continuara dali a caminhar para a pequena cidade no centro dos Reinos do Oeste.

O dia já estava por escurecer, o suor se fazia presente em todo o seu corpo coberto por sua armadura de cota de malha e abaixo do capacete. Teria apenas mais uma hora de luz, provavelmente iria arrumar um local para passar a noite. Flavius se encontrava em uma estrada fina de terra batida em meio a um bosque, podia ver por entre as árvores que o bosque não era grande, apenas o suficiente para bloquear a visão de quem vem de longe.

Flavius podia ver as colinas verdejantes se tornarem alaranjadas por conta do por do sol e podia sentir o vento levemente frio da noite se aproximar. Havia visto um mapa deste caminho e podia reconhecer algumas formações na vista a sua frente que escapava um pouco do bosque... Sabia que provavelmente ainda na manhã do outro dia alcançaria a cidade caso fosse dormir logo e continuasse a caminhar cedo.

Flavius caminhava o suficiente para encontrar uma boa árvore para que se apoiasse. Come suas rações e repousa seu corpo ainda em armaduras no tronco de uma árvore. Se perguntava como seria sua vida, agora separado de seu Senhor... Não demorava muito e o homem pegava no sono.

No meio da noite, Flavius despertou por conta do som de algo se movendo próximo a ele, o estalo de um pequeno galho se quebrando foi o suficiente para despertar o guerreiro. O ambiente estava completamente escuro neste momento, já devia ter dormido por algumas horas, sua visão não poderia ajudá-lo daquela forma, alguém ou alguma coisa se aproximava dele e não devia estar mais que alguns metros de distância.

O que faria o soldado daquela situação?

Flavius se levanta e fica com as costas na árvore para cobrir este lado, mantendo-se com sua alabarda em mãos. O guerreiro tenta escultar o que se aproxima, mas suas orelhas apenas conseguiam captar os sons noturnos, o farfalhar das folhas nas árvores e alguns poucos animais inofensivos ao longe...

Momentos depois Flavius consegue ouvir um som vindo de trás de sua árvore, mas já era muito tarde para uma grande manobra. O vulto de um ser humanóide se movimentava rapidamente para acerta-lo com uma arma, porém Flavius em puro instinto coloca o cabo de sua alabarda entre ele e o atacante, o que impede o golpe que parecia vir de uma adaga.

O ser da um passo para trás ficando agora de frente ao guerreiro, Flavius podia ver uma leve silhueta encapuzada por conta da luz da lua, a escuridão ainda era intensa mas ao menos saberia onde está seu oponente. Flavius podia ver a lâmina da adaga que estava na mão direita do indivíduo brilhar com a luz da lua e então o mesmo partia para cima do guerreiro.

Rolagem de iniciativa!

Flavius se voltava rapidamente para o ser que tentava esfaquea-lo e com um golpe mais rápido que seu inimigo, lançava a lâmina de sua longa alabarda contra o corpo do assassino. O alcance da arma surpreendia seu adversário, pegando-o enquanto ainda corria em direção a Flavius. O golpe fora tão poderoso que o guerreiro mal pudera sentir a lâmina tocar em algo quando viu a cabeça do humanóide encapuzado voar cobrindo a lua por um instante e depois caindo ao chão.

Não pôde ver, mas sentiu o sangue ainda quente respingar em seu rosto. A batalha tinha terminado... Flavius suara apenas do susto e da situação complexa que é se lutar no escuro e ser pego desprevinido, seu corpo ainda estava sob efeito da adrenalina o que o mantinha ofegante por mais alguns instantes... O corpo de seu adversário estava agora diante de si, decepado, a noite parecia a mesma como se nada houvesse acontecido, as folhas farfalhavam e as criaturas da noite continuavam o seu cantar...

Após o susto da repentina batalha, Flavius acende seu lampião e verifica melhor o corpo do indivíduo que o atacara. Era um homem de cabelos negros, utilizando uma Armadura de Couro por debaixo do capuz, a única arma que carregava era uma adaga e um arco curto e 10 flechas. Além dos equipamentos, o homem tinha também uma mochila.

Ao observar dentro da mochila, o guerreiro encontrava rações para viagem suficientes para dois dias, uma pequena sacola com 25 PO e uma carta. Não resistindo a tentação, Flavius abre a carta e a lê, revelando seu conteúdo:

Ouvimos falar de uma distração, ele estará se locomovendo para Lumia ou para Bardenville, persiga-o e mate-o. Ai está seu adiantamento, terá muito mais quando trouxer a cabeça dele.

Com aquilo Flavius confirmava as suspeitas de seu antigo Senhor, ele estava realmente sendo caçado e fora uma decisão inteligente sair de Argos naquele dia.