[Lars-Friehba] Bairro Mercante

Praça da Honra

Aventura 3 - Primeiro dia

Hellen Moritz e Blix

O resto da viagem para os dois foi tranquila. Rayburn fez a caravana avançar destemida pela chuva e pela noite e na hora estabelecida eles estavam adentrando e Lars-Friehba. Diferente de Gaehlia, não havia uma muralha protetora. Mas eles já conheciam outras cidades assim. Se assustaram quando viram o tamanho real do templo do Novo Deus. Era uma construção admirável. Do mesmo porte ou talvez mais impressionante ainda que a própria Torre da Universidade. Deixaram, porém, para se impressionar depois. Rayburn os levou para o Bairro Mercante. Onde estavam condensadas as lojas e pousadas e arranjou um lugar onde eles pudessem ficar e se recuperar.

Assim fizeram e passaram os outros três ou quatro dias em repouso. Comendo, descansando e pensando no que iriam fazer. Os dois pensavam em se estabelecer ali, pelo menos durante algum tempo e talvez essa fosse uma boa idéia tendo em vista o tipo de livro que andaram vendendo na cidade de Gaehlia. Aquele era o primeiro dia desde que chegaram a cidade que saiam para conhecê-la. Estavam na Praça da Honra, a praça central que basicamente dividia a cidade entre o Bairro Mercante e o Bairro dos Templos. Para oeste, vários templos de porte médio se apinhavam uns sobre os outros. O templo do Novo Deus era a parte do Bairro dos Templos, depois dele, em magnitude havia o Jardim dos Oito Deuses, um jardim interno dentro de um templo dedicado aos deuses da Fé Antiga indistintamente. Blix e Hellen estavam no lado da praça próximo às lojas, mas do outro lado viam o edifício que circundava o Jardim.

@shamps @Nost Bom início de jogo, deixando um espaço para vocês interagirem entre si.

Praça da Honra

Aventura 3 - Primeiro dia

Hellen Moritz e Blix

Os ladinos já procuravam uma oportunidade de surrupiar o suado dinheiro alheio. Uma cidade cheia de templos era bastante propícia para isso. Seus bolsos estavam pesados com as moedas que tinham. Mas era o ofício deles. Caminharam sem pressa atravessando a Praça da Honra. Era engraçado que o a cidade era mais viva no Bairro Mercante que no Bairro dos Templos. Não pelo número de pessoas, pois havia praticamente o mesmo número, porém, no Bairro dos Templos, que eles conseguiam vislumbrar com o olhar, as pessoas andavam mais devagar, muitas delas vestiam roupas clericais ou estavam bem vestidos para fazer suas orações e preces.

Chegaram ao lado do Jardim dos Oito Deuses. Era uma grande construção e um grande parque. Para o lado direito havia inúmeros templos apinhados uns sobre os outros. Qual seria o melhor lugar para ir?

Rolem ambos uma jogada de desafio de Intelecto

Bairro dos Templos

Aventura 3 - Primeiro dia

Hellen Moritz e Blix

Narração continuando aqui.

Praça da Honra

Aventura 3 - Terceiro dia

Hellen Moritz

Já fazia dois dias que tudo acontecera no Bairro dos Templos. Ela fugiu ao comando de Blix e o deixou sozinho enfrentando aqueles demônios. Foi uma decisão difícil no momento, mas ela entendia que fora a melhor. Hellen chegou até a voltar no Templo da Mãe do Mundo algumas horas depois. Não encontrou rastros de Blix. Na verdade, viu o chão com sangue derramado. Sangue que era seguramente de Blix, mas também sangue que deveria ser daqueles monstrengos. Não dava para dizer quem saiu vencendo. Não havia corpos. Ela resolveu recolher um pouco daquele sangue estranho. Foi numa botica e adquiriu um frasco de vidro, pôs nele um pouco daquele líquido que era mais preto que vermelho.

Guardou aquilo consigo e voltou para o Bairro Mercante, onde estava sua estalagem. Passou o dia seguinte perambulando pelas ruas de Lars-Friehba torcendo que encontrasse com Blix em alguma esquina perdida. Porém, foi em vão. Nada de notícias do goblin velhaco. O dia passou e no dia seguinte, a ladina tomava café, já tarde, na pensão em que estava. O café era apenas uma infusão de diversas ervas e um pão que estava velho e por isso foi torrado. Como conforto havia geléia de frutas silvestres e manteiga. Hellen estava comendo a contra-gosto, pois havia pago por uma refeição melhor. O dono do local disse que os barcos estavam diminuindo e até mesmo as caravanas e estava faltando algumas coisas e que por isso o café estava tão parco. Honestamente a ladina não sabia se engolia essa desculpa.

Engolia aquele pão ruim quando escutou um pedaço de uma conversa que lhe chamou atenção... - Em Gaehlia um vendedor pôs as mãos num livro e depois enlouqueceu. Desde então todo tipo de aberração tem aparecido e causado caos.

@shamps recomeçamos

Praça da Honra

Aventura 3 - Terceiro dia

Hellen Moritz

Hellen espichou suas orelhas para escutar com mais cuidado aquilo que aqueles dois estavam conversando. - Zingner voltou ontem de lá. Disse que estava numa hospedaria quando ouviu gritos na rua, ele correu para janela e olhou: disse que era uma criatura deformada, diferente de qualquer coisa viva normal, parecia que ela emanava sombras ao redor de si... - A ladina conhecia aquele nome: Zingner. Era o líder da guilda de ladrões de Lars-Friehba. Nunca o vira pessoalmente, mas aquele era um nome que deveria conhecer. - Ele pegou uma caravana na mesma noite de volta.

A descrição da criatura também não parecia totalmente desconhecida. A ladina vira algo como isso havia poucos dias. Seu companheiro Blix havia desaparecido por conta de seres daquele tipo. - Parece que aconteceram algumas coisas na Universidade. As aulas foram suspensas. Alguns guardas de lá chegaram a fazer rondas em toda a cidade. Até no Dédalo Mendicante eles entraram. - O outro que estava apenas mastigando e escutando falou pela primeira vez: - Eu soube disso, correm boatos que alguns professores foram visto pelo Dédalo, coisa que nunca aconteceu antes!

Hellen pôs o último pedaço de pão na boca. Pelo visto seus atos enquanto esteve em Gaehlia tiveram consequências. Felizmente não para ela, o que era o mais importante, isso só provava que fizera bem de passar adiante aquele livro. Mas talvez aquilo tudo, que começou com aquele raio, estivesse trazendo consequências para todos de Johas.

Travessa dos Vendedores

Aventura 3 - Terceiro dia

Hellen Moritz

Os dois continuaram conversando por alguns momentos quando o olhar de um deles cruzou o de Hellen e ela aproveitou para gesticular um início de conversa paralela. O homem pareceu hesitar um pouco, como que arregalando os olhos para ver se estava correto o que havia entendido. Hellen insistiu um pouco mais. Ele cochichou com o outro. Ele olhou para trás, de rabo de olho, um tanto quanto desconfiado. Pareceram cochichar um pouco mais. A ladina tentou escutar, mas em vão. O que havia visto seu gesto, gesticulou em resposta: 'vamos conversar lá fora'. O contato havia sido feito. Os dois se levantaram, deixando uma moeda sobre a mesa. Hellen aproveitou para dar uma boa olhada neles. O que havia se comunicado com ela parecia mais novo e um tanto quanto abobalhado. Vestia roupas simples, parecendo mais um trabalhador braçal que um gatuno. Talvez estivesse ingressando a pouco. O outro já era levemente grisalho e, embora se vestisse tão simples quanto o primeiro, seu portar e seu olhar denunciavam que ele era mais do que parecia. Denunciava claro para os que sabiam reconhecer as pessoas certas. E Hellen sabia.

Deixou que eles saíssem e passou mais dois minutos terminando seu pão e seu chá. Como eles deixou alguns milavos como gorjeta, mesmo que não estivessem merecendo. Saiu da hospedaria e caiu na praça olhou ao redor. Viu o mais velho dos homens na esquina de uma pequena travessa. Foi andando até lá com confiança. Ela já havia passado por lá e sabia que se tratava de uma estreitíssima travessa de vendedores diversos, vendiam ervas, especiarias, artesanato, alguns itens alquímicos, peças de vestuário etc... Era engraçado como uma travessa daquela costumava ser abarrotada. Quando ela se aproximava, o homem entrou travessa adentro. Muitas pessoas iam e vinham, mas a ladina acompanhou com os olhos o gatuno grisalho. Ele parou mais ou menos no meio da travessa, num pequeno recanto onde se podia parar de pé sem ser engolfado pelo transitar de pessoas. Lá estava também o outro abobalhado. Quando ela aproximou-se, o mais velho falou: - Se fosse uma moça qualquer diria que é muito feio ficar ouvindo conversas alheias. - Seu tom era ao mesmo tempo 'educado', se é que eles o poderiam ser, e defensivo. - O que você quer?

Praça da Honra

Aventura 3 - Terceiro dia

Hellen Moritz

O mais velho não pareceu ficar satisfeito quando Hellen disse na sua cara que ele falava pelos cotovelos. Com palavras mais delicadas é claro, mas ele sabia o que ela queriam dizer. Quando ela disse que era Hellen, o sussurro de Lars-Verumdor, o mesmo gatuno pareceu ficar impressionado. Ele engoliu em seco e assentiu quando ela exigiu um encontro com Zingner. O mais jovem permaneceu com a mesma expressão de espanto e de confusão desde a hospedaria. Ao piscar da ladina, ele piscou os dois olhos algumas vezes como se algo estranho houvesse entrado em contato com eles.

Deixou os dois e seguiu pela travessa abarrotada de gente. Passou o resto do dia circulando a cidade. Conheceu-a praticamente toda até o meio da tarde. Não havia a menor sombra de Blix por lugar nenhum. Isso dava a ela algum tipo de esperança, afinal de o goblin estivesse morto já teria topado com seu corpo certamente. No fim da tarde voltou para a hospedaria, cansada pelo enfado de caminhar por longas horas sem ter um real avanço. Subiu para seu quarto e dormiu por quase uma hora. Quando tornou a abrir os olhos, já era noite. Desceu e sentou-se a mesa para esperar o jantar, no mesmo salão onde encontrara os dois gatunos faladores. O prato servido aquela noite foi um guisado. Era melhor que pão e chá, no fim das contas. Também serviram um vinho que já era quase vinagre. Hellen já terminava seu prato quando o mais jovem dos gatunos apareceu. Ele passou por ela, olhando-a fixamente e sentou-se de costas na mesa logo atrás. Possivelmente era a primeira vez que fazia aquilo e não notara que não adiantava nada tentar ser discreto enquanto encarava fixamente a pessoa para quem ia passar a informação. Ele falou, no dialeto dos ladrões: - Zingner, o espreitador de Lars-Friehba a espera na Arca do Violino, na praça Oeste. - Pelo menos na hora de sussurrar ele fizera isso bem. - Agora.

Arca do Violino

Aventura 3 - Terceiro dia

Hellen Moritz

A Arca do Violino era um bar, mas não um bar qualquer vagabundo. Era um bar de artistas e de apresentações. Ficava na Praça Oeste, muito menor que a Praça da Honra, porém com construções mais vistosas e bem feitas. A construção da Arca era notável mesmo de longe. Ela era mais iluminada que as demais, já que seu grande momento era a noite. Era um sobrado de térreo mais um, com janelas numerosas de vidro postas lado a lado e com madeiras entrelaçadas formando a estrutura portante que era completada com barro e taipa. Uma técnica tradicional de construção, mas que era cada vez menos utilizada. Isso ressaltava a tradicionalidade da casa.

Hellen aproximou-se sem pudores, mas viu de longe que as pessoas que ali entravam estavam todas arrumadas, fossem nobres ou não, vestiam suas melhores roupas para estarem naquele local. Parecia um lugar improvável para encontrar o espreitador de Lars-Friehba. Ela porém evitava emitir julgamentos, pois sabia que os gatunos em geral tem muitos tipos, um deles é o afeito às boas condições de vida e ao esbanjo. Quando chegava mais perto, já ouvia a música que era tocada lá dentro. Talvez aquele fosse o lugar onde os virtuoses iam apresentar suas habilidades e dava para observar isso pela intrincada e numerosa sequência de notas que eram tocadas. À porta esperava um homem de pele escura, se comparada à de Hellen, vestido com roupas largas, porém, claramente de bom tom e tecido. As cores combinavam perfeitamente, o que deu a entender à ladina que aquela era a moda local na sua plenitude para os capangas. - Senhorita, boa noite... Alguém a espera? Espera alguém? Mesa para quantos? - Sua polidez era inesperada, apesar de suas vestes.

Arca do Violino

Aventura 3 - Terceiro dia

Hellen Moritz

O gesto típico dos ladinos que Hellen fez deve ter passado desapercebido do encarregado da porta, pois ele não fez qualquer menção de ter entendido ou de dar alguma resposta. Por outro lado, quando ela disse seu próprio nome, ele assentiu com a cabeça e abriu a porta, direcionando-a: - Pois sim, senhorita Hellen, o senhor Zingner lhe espera no mezanino. As escadas ficam após o bar.

A porta se abrindo, a ladina viu o esplendor daquela casa de apresentações. A construção que era por fora, se justificava ainda mais por dentro. Havia um pequeno espaço entre o balcão do bar e as mesas redondas que se dispunham em zigue-zague, cada uma com pelo menos seis cadeiras estofadas e recobertas em tecido: luxo que não se costuma ter em bares. O palco ficava mais à frente, depois de três fileiras de mesas. Era enorme para os padrões que Hellen estava acostumada. Os palcos que frequentava eram bem menores, quase pequenos tablados a poucos centímetros do chão. Esse não, era um palco de verdade. Talvez do tamanho da hospedaria de onde ela viera. A escada era em linha reta, o que a surpreendeu, pois já esperava que fosse em caracol ou algo do tipo. No entanto, o guarda-corpo trabalhado em madeira e em motivos florais justificou-se dentro daquele contexto.

Subindo as escadas, ela chegou até o mezanino. O ladino velho estava lá esperando por ela. Com um gesto indicou a mesa onde estavam sentados três homens. A ladina aproximou-se e quando chegou à mesa, dois deles se levantaram, restando apenas um. - Agradeço pela compreensão, já voltamos a nos falar... Cara, Hellen, sente-se, sim? - Aquela era a segunda surpresa da noite: o homem que sobrou era bastante pequeno, menor do que um anão. Estava coberto de roupas pesadas, bem mais do que qualquer pessoa que Hellen pudesse ter visto naqueles dias que passara em Lars-Friehba, e sua pele era acizentada, embora seus olhos, que até então estavam cobertos por uns óculos escuros de mineração, fossem de cor viva e rubi.

@shamps role uma jogada de desafio de Intelecto com 1 perdição

Arca do Violino

Aventura 3 - Terceiro dia

Hellen Moritz

- Sei... Um dos meus falou alto demais o que não devia por aí...- Hellen sentiu o desgosto com que ele falava aquilo. - Gosto de discrição e aparentemente meus subordinados não conseguem sequer falar baixo. - E viu o olhar reprovador que saia de seus olhos diretamente para o gatuno velho que estava próximo à escada.

- Mas o que não sei é porque quis falar comigo, especificamente ao escutar sobre o assunto do livro. - Ele voltou a olhar para a ladina. Juntou as mãos pequenas, que também estavam cobertas de luvas, assim como todo seu corpo, excetuado seu rosto. Havia porém um lenço grosso preso em seu pescoço e os óculos escuros e grossos que repousavam em sua testa. - Então talvez eu tenho mais a escuta que a dizer.