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Nada se comparava com a adrenalina de estar no palco, cantando e dançando, levando alegria às pessoas. Yura curtia cada segundo de sua apresentação, sabia que era amada pelo público e fazia tudo que ela sabia que o agradaria. Até na despedida era exagerada, um teatro bem ensaiado que ela sabia fazer parte do show. Saía do palco sabendo que tinha cumprido seu dever e que na sequência receberia os mimos de sempre. Já tinha um staff esperando-a com uma toalha nas mãos, outro com a água, outro já esperando para pegar o casaco que ela tiraria e largaria pelo caminho e outro com um pad para fazer anotações de tudo que ela pedia após o show, e era uma lista bem grande. Já em seu camarim, ela se joga no sofá enquanto bebe sua água e observa seu agente chegar com os mimos dos fãs, que ela olha e ignora os que ela já estava cansada de receber, mas ela sempre se interessava pelos presentes originais e esses a animavam um pouco.
- Hummm... gostei desse! Pode guardar os outros, Yamada san.
Além dos presentes, seu agente trazia algo mais que a deixou cada vez mais curiosa e espantada.
- Entrevista? Claro que não... você que cuida dessa parte para mim - disse com a expressão começando a se fechar. O funcionário sabia o que viria a seguir - você deixou uma estranha passar e se aproximar de mim? Eu te pago para que? - seu tom de voz subia a medida que se irritava ainda mais - ande logo... despache essa daí. entrevistas é só na coletiva de imprensa e só com repórteres cadastrados e autorizados! - ainda vendo o homem ali, ela grita mais uma vez - Ande logo! Não quero saber se ela está cadastrada ou não! O lugar dela não é aqui! Agora vá!
Ultrajada pela incompetência de seu agente e pela petulância da tal repórter, a menina de cabelos rosa bufava diante do grande espelho e degustava algumas frutinhas. Com um lenço umedecido e refrescante, terminava de tirar o suor do rosto e o cheiro dos produtos dos efeitos especiais - argh, como ela detestava aquele cheiro - para arrumar-se, pois receberia alguns fãs e ela tinha que estar recomposta. Refez sua make e ajeitou os cabelos, coisas que ela mesma gostava de fazer. Já tinha prática com isso, deixava os penteados exuberantes para os cabeleireiros.
Olhou para celular após sentir um súbito arrepio e pensou em ligar para o agente que conhecera recentemente, porém largou o aparelho e respirou fundo compreendendo ser paranoia sua. Não tinha com o que se preocupar, sabia que estava segura. Ela tinha outras coisas com o que se preocupar no momento, como sua aparência e a recepção de alguns fãs privilegiados, além da música inspirada no tórrido romance do casal adrenalina que conheceu.
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