Sala do Conselheiro do Comércio

@Bravos, @Matsu

O elfo Yaeldrin estava no gabinete do Conselheiro, era incrível como os mercadores estavam preocupados muitos já haviam enviado mensageiros duas ou três vezes desde que Glim fora convocado para a reunião com o Rei Rayghan. Dois comerciantes cansados das mesmas respostas enviadas para os mensageiros foram pessoalmente até o prédio do Conselho diretamente até o gabinete.

Neste momento haviam estes dois comerciantes, ambos vestidos com roupas finas e muito caras, usavam também colares, anéis e brincos de ouro alguns com adornos de pedras preciosas.

- Ei serviçal! Quando o tal Conselheiro irá chegar? Isso é uma falta de respeito com as famílias que de fato geram dinheiro para a cidade!

- Isso mesmo! Cadê o Conselheiro Sympony?

Yaeldrin estava surpreso com a velocidade com que estes dois homens haviam descoberto da nomeação, que ocorria neste momento na reunião com o Rei.

Além destes dois comerciantes locais, um jovem alto elfo entrava no gabinete.

"E agora essa!" - Pensou Yaeldrin, ao ver um elfo da casta dos governantes do reino de onde ele partira a muitos anos...

Quando me aproximo da porta, pronto para bater com os nós dos dedos, apenas para descobrir que ela já estava aberta, surge uma voz de dentro da sala:

- Ei serviçal! Quando o tal Conselheiro irá chegar? Isso é uma falta de respeito com as famílias que de fato geram dinheiro para a cidade!
Outra então se une a ela:
- Isso mesmo! Cadê o Conselheiro Sympony?

"Parece que cheguei ao local certo..."

Entro então sem alarde e fecho a porta com cuidado, para não fazer barulho, com os olhos semicerrrados e um discreto sorriso malicioso nos lábios.

"... e no momento certo." - pondero comigo mesmo.

Conforme me aproximo, transformo minha expressão numa mais séria e altiva. Antecipo-me aos exaltados cavalheiros e, antes que possam lançar alguma bravata a mais ao meu conterrâneo, me coloco ao lado de um deles e digo, com voz mansa para acalmar os ânimos:

- Perdoem-me, cavalheiros, sei que suas questões urgem mas eu gostaria de me anunciar: sou Ladon Siannodel do império de Querion, porta-voz da guilda Siannodel, e minha presença aqui representa o desejo de firmar aliança entre a guilda local e a de minha família. Gostaria de negociar os termos, compatriota.

Saco e entrego então minha carta de apresentação, confirmando minha filiação com a guilda.

off:

"Ora, se os humanos são conhecidos por sua pressa, que há de se dizer dos gnomos, então?"

Aquela cena fora deveras divertida, e admito que fiquei feliz em ver como tudo se desenrolou tão, tão...celeremente. Ainda pensei em cumprimentá-lo mas ele agiu mais rápido do que pude conjecturar, tal como o mais perfeito exemplar da raça dos gnomos. O homem que responde por Sympony era deveras interessante, e isso elevou minhas expectativas. E saber que o lorde da moeda já tinha entre os seus um elfo era, no mínimo, animador.

Levo minha mão direita ao peito e faço uma reverência me despedindo daqueles sujeitos desinenciais e de Yaeldrin.

- Com licença, meus senhores. Não se preocupem, se depender de nosso anfitrião, não devemos nos demorar. Dito com um sorriso ofídico.

Passo pela porta, seguindo Sympony, desejando mentalmente boa sorte ao pobre Yaeldrin. Pensei em me apresentar ao conselheiro mas imaginei que ele já teria lido a carta de título a rodapé. Fechei a porta atrás de mim e disse, com semblante amigável:

- Vem de alguma reunião importante, meu senhor? O deduzo pois parece que aqueles homens já o aguardavam a algum tempo. Pensei em mandar um mensageiro, mas me pareceu mais produtivo vir em pessoa.

Landon? Será que está escrito errado na carta?...Enfim.

- Ah, vejo então que a nomeação fora recente. Meu parabéns, milorde.

Saúdo-o numa reverência e depois me ponho de pé diante de sua mesa, com as mãos cruzadas atrás do corpo, e me coloco a examinar a disposição dos objetos na sala.

- Não se preocupe, milorde. Tenho certeza que o sacrifício de vossa tranquilidade será em nome da paz e prosperidade da própria Valkeiskylä. E, tendo um elfo trabalhando ao seu lado, certamente o fardo será muito mais brando. Verás. O que vos digo - agora falo olhando satisfeito para lorde Sympony - é por experiência, confie. Quanto a com o que trabalhamos, nossa "matéria prima", por assim dizer... - digo num sorriso - ...é a necessidade. Veja bem, a guilda Siannodel é especializada em encontrar e fornecer os artigos que a sua necessidade demanda, bem como encontrar o melhor acordo entre duas partes, e muitas vezes somos convocados também como mediadores. Digas do que precisa, e poderás ter.

- Estas terras, foram, durante muito, impossíveis para nós ter acesso. Aliar-se, ainda que apenas comercialmente, a Volken seria o mesmo que comprar a inimizade de Querion, e esta teria sido nossa ruína. A situação parecia ter se agravado ainda mais após o início da guerra e os anciões fecharam seus olhos de vez para este reino, apesar de eu ter sempre nutrido a esperança de que as coisas poderiam mudar. E mudaram.

Encho a minha fala de orgulho.

- Vocês venceram, pondo fim à batalha enfadonha! Destruíram o culto maldito e cortaram as ostes que invadiam nosso império! Ainda que Querion nunca vá admitir, estamos em dívida com vocês de Vallys.

Apoio ambas as mãos na mesa do conselheiro e falo com grande seriedade.

- Esta é a oportunidade, milorde. Quando o império abrir suas rotas comerciais, e sei que logo o fará pois o necessita, os verá como amigos e então estes dois reinos vizinhos estarão juntos reerguendo-se da batalha contra o mesmo inimigo em comum de outrora. Onde um vacilar o outro poderá apoiar. Tenho certeza que consegues ver o quão benéfico isso poderia ser para o futuro, não apenas de um ponto de vista econômico!

Tiro minhas mãos da mesa e as cruzo atrás das costas, recuando. Se meu semblante tiver mudado enquanto falava volto a compostura.

- Perdoe-me, meu senhor, mas muitos me animo quando penso nas possibilidades.

Os dois discutiam sobre os possíveis acordos quando houvem o som de passos pesados se afastando depois a porta batendo forte. Passam alguns segundos e após bater na porta do gabinete do conselheiro, Vanthir entra e diz:

- Tudo resolvido Senhor Conselheiro. Os dois representantes do Mercado da Cidade deixaram a lista de exigências, digo de tópicos pontuais que os mercadores trouxeram para que o Senhor verificasse. Er... tem uma jovem aqui e me disse que gostaria de tratar com o senhor também.

Ele olha para os dois e após pedir licença ele sai da sala.

Off.:

- Apenas terei o que for meu por direito, isso vos afirmo pois nada mais quero. Só descansarei quando Valkeiskyla estiver transformada.

O que fora dito, fora dito com sinceridade. Que o olhar fosse a prova.

- Não haverá de se arrepender da confiança em mim depositada, milorde. Noticias minhas terá assim que possível for. - digo numa reverência, guardando o documento comigo.

Os gnomos vivem suas vidas num ritmo próprio e, se num segundo sua atenção era minha, agora ela já se foi. Fico curioso para saber quem era a dita moça e qual fora o teor da conversa com os comerciantes de outrora. Talvez, com alguma sorte, possa descobrir algo com Vanthir.

- Nobre senhor Vanthir, lorde Glym me concedeu o direito de explorar as terras do norte, à procurar recursos. Tens alguma informação sobre qualquer expedição a ser organizada em rumo os maciços rochosos? Talvez lorde Luan saiba algo sobre o assunto. Acha possível me colocar em contato com ele?

Vanthir Yaeldrin mantém sua postura ereta e com uma mão às costas reverencia o Lorde Sympony quando ele se retira, acatando seu pedido. Siannodel o indaga sobre um encontro com o Conselheiro da Agricultura e o elfo da floresta - que de floresta não tem mais nada, visto que o experiente elfo se adaptou mais à cidade do que a qualquer outro lugar -, e ele responde, educadamente:

-"Senhor Siannodel, posso levá-lo até o Círuclo Druídico que o Lorde Luan Yjo reside. Ele com certeza poderá lhe responder melhor sobre o assunto!"

Siannodel acompanha Yaeldrin até fora das muralhas sobre reconstrução da cidade, saindo pelo portão oeste e fazendo um desvio para o norte pegando uma trilha larga e sinuosa de terra batida aberta recentemente na mata que leva até o Círculo Druídico. O caminho não é longo, sendo feito calmamente à cavalo. A estrada leva até uma clareira onde um acampamento druídico foi erguido e as terras tomadas como o lar dos druidas de Valkeiskylä. O local está sendo cercado por uma paliçada de troncos de madeira com uma base de pedras, mas o portão principal que fica no fim da trilha está quase terminado.

Ao se aproximarem, são recebidos por uma humana de longos cabelos negros que se apresenta como Shiad Yjo.

-"Bom dia, senhora Shiad Yjo! Viemos a pedido do Lorde Glim Sympony com um pedido ao Lorde Luan Yjo! Por favor, podemos ter uma audiência com ele?", e Yaeldrin faz sinal para que Siannodel mostre a carta com o selo.

A bela mulher pede a carta e confere o selo.
-"Por favor, aguardem aqui! Irei levar a carta ao meu marido!"

-"Obrigado, senhora!", diz em resposta. -"Agora só nos resta esperar, senhor Siannodel!"

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Após a saída dos elfos, Glim se ajeita na sua cadeira e poucos segundos uma criança humana, aproximadamente 12 anos, entra. Ela vestia roupas sujas e maltrapilhas, estava descalça e com os pés e pernas sujas de lama. Provavelmente ela viria da área baixa da cidade, próximo ao portão principal de entrada. Naquela região estavam as fazendas e algumas delas criavam porcos.

O conselheiro muito observador, afinal poder reparar pequenos detalhes era o que fazia diferença de viver ou morrer para alguém que tinha o trabalho que ele escolheu, repara que a jovem tinha um punhal escondido nas dobras de suas vestes numa posição que com a sua mão esquerda poderia sacá-la sem dificuldades o que demonstrava que a jovem era canhota. Ela ainda trazia um pequeno envelope.

- Conselheiro... me perdoe atrapalhar um senhor tão ocupado, mas trago uma carta endereçada para o senhor.

Ela lhe aponta o envelope com a mão direita. Ele repara que a mão que lhe era estendida com a carta estava suja como se ela tivesse colocado a mão em óleo.

A atitude de Glim não passa desapercebida pela jovem, que coloca a carta sobre a mesa do conselheiro.

- Me perdoe Lorde, mas caso eu fosse um soldado o senhor não iria solicitar que eu deixasse minha espada longe de minhas mãos. Mas sou apenas uma jovem que faz seu trabalho de mensageira. E esta é minha forma de não permitir que minhas entregas sejam-me tomadas. Portanto não irei me desprover de minha adaga.

Ela então dá dois passos para trás, o suficiente para que Glim repare que no canto no qual a jovem segurava a carta a marca do óleo parece não ser absorvida pelo papiro. O que o dá a certeza de que este óleo serviria como um isolante para não deixar quaisquer marcas que pudessem identificar o entregador, ou que algum produto que estivesse ali (como um veneno que era o que pensava) não tivesse acesso ao entregador.

Mas se assim fosse, porque poupar o mensageiro?

Mesmo com as duvidas e com a recusa da jovem em se desarmar ele pergunta movido talvez pela curiosidade típica dos gnomos.

- Como é seu nome? Você é dos arredores do portão principal?

- Me chamo Adria. Sim vivo na cidade baixa. E para ajudar minha família eu trabalho como mensageira.

Ela força um sorriso, mas o que lhe era mais marcante era o seu olhar.