A Mina de Nahill

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Yrel voa pela mata, próximo ao ombro de Dracórius com olhar triste. Lembra-se da última face de seus amigos Ancalagon e Dórin, dizendo para ela fugir com os outros enquanto eles seguravam os Orcs que os perseguiam. A pequenina lamentava, e perguntava-se se teriam conseguido sobreviver. Dracórius tenta reanimar o grupo:

— Não é hora para lamentar, descobrir o que está havendo naquela mina é crucial para salvarmos a cidade, é nossa única esperança!

— Yrel, você precisa ser forte! Seus amigos são heróis, e não nos esqueceremos deles, mas não podemos voltar por eles, precisamos seguir em frente e acreditar que sejam fortes para sobreviverem a todo este terror! Precisamos acreditar nisso, e seguir em frente!

Ao lado de Dracórius, o draconiano alaranjado, xerife de Dehill, caminha o anão Garry, delegado da cidade, aquele que encontrara as pistas que os trouxeram até aqui! Junto consigo carrega os mapas da mina. E atrás deles caminham os dois outros recrutados pelo xerife, no caminho até aqui: Gluker, um sapo do pântano, dourado e intimidador e Gabriel, um humano pardo, como o povo do deserto, com sua longa barba trançada e cabeça raspada. Ambos já estavam caminhando com a comitiva desde Dehill, mas devido a jornada séria e difícil, até o momento, Yrel mal teve chance de conhecê-los. Alguns não se sentem bem por terem deixado dois membros do grupo para traz, mas Dracórius, o líder, deixou muito claro de que aquela decisão era necessária. Então todos caminham firmemente pela selva. A noite é fria e escura, o vento está agitado, incomodando os pelos e atrapalhando os ouvidos. O anão Garry, então quebra o silêncio.

— Bom pessoal, já estamos bem perto, falta só cobrir um morro e nos desviar da volta do rio! Devemos seguir fazendo bastante silêncio, não queremos enfrentar mais problemas no caminho! Precisamos chegar ao local rapidamente!

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O grupo segue rumando para o norte, seguem os passos de Dracórius por uns vinte minutos pelo bosque quando de repente o draconiano pede para todos pararem e fazerem silêncio. Então, por entre as folhas, quando todos olham, podem ver uma situação um tanto complicada acontecendo a frente. Uma orda de aranhas do tamanho de humanos, lançando suas teias de uma árvore em outra estão sendo atacadas por uma orda de tartarugas ferozes, capazes de lançar fogo com a boca! As tartarugas se agrupam próximo aos pés de árvores, sobre as quais as aranhas fizeram suas teias! As tartarugas tentam incendiar a árvores e as teias, porém não vão muito acima do chão, enquanto as aranhas tentam afastá-las, mas sempre de uma distância segura. O chão, sob os pés das tartarugas é lamacento, e todo esse local esta repleto de lama e plantas com flores alaranjadas. Os pés dos viajantes começam a afundar conforme andam, mas Dracórius pede que confiem, pois não há caminho mais curto agora! Embora lamente este grande inconveniente ele questiona: — Qual será a melhor estratégia para atravessarmos?

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— Honestamente prezada companheira que me traz memórias boas da terra do onde eu vim, não posso afirmar com certeza. Mas minha intuição me diz que devemos andar logo! Diz o draconiano.

— É claro que temos que andar logo! Diz Garry o anão. — Ou não estão confiando em minhas palavras? — Tudo indica que a fonte de todo este problema é a mina, e pessoas morrem em Dehill a cada instante que ficamos estagnados aqui! — Sem mencionar que não conhecemos o trajeto exato até a fonte de todo o problema, será preciso investigar a mina após chegarmos! — Vamos amigos, não temos tempo a perder! Ressalta o anão de forma bastante convincente.

As aranhas e tartarugas permanecem em seu conflito frenético! E estranhamente, o outro integrante do grupo acaba de desaparecer. Não magicamente, suspeita Gluker, o único que notou! — Será que ficou apavorado?

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— O grupo então avança, as aranhas e tartarugas não dão a mínima para o grupo, estão muito envolvidas no conflito entre si.

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A comitiva caminha pela mata sombria e fria, clima perfeito para um Grung, por sinal. O forfolhejar das folhas e os sons de grunhidos de animais não identificados ao longe é tudo o que podem ouvir, mas nada que não seja comum em uma mata aberta, no meio da noite. Ao pularem um tronco caído, Gluker se afunda quase por completo em banheira natural de lama! Lembrou-se da chuva forte do dia anterior e percebeu que nem tudo havia secado. De certa forma até achou confortável aquela água, sua mente implorou por um descanso mas seu senso de perigo disse não, mas sentiu-se mesmo desconfortável quando se lembrou de que carregava alguns pães consigo. Após livrar-se da lama, verificou que os pães não valiam de nada mais, por sorte tinha em sua mochila um punhado de insetos frescos, aprisionados, preparados para serem devorados depois.

De outro lado prosseguia Yrel, permanecia em um voo leve, silencioso, e tentando diminuir ao máximo o seu brilho natural. Ela sim conseguiu se manter atenta, e com seus sentidos de fada, sabia o tempo todo, que de algum modo, o perigo se aproximava. Só não sabia de que direção ele viria. As criaturas na floresta não era a razão daquela sensação, ela tinha plena consciência de que aquele ambiente estava calmo, mas quanto mais se aproximavam da mina, maior era a sensação de que estavam se afastando do equilíbrio natural, de longe Pixie de Nakdur já podia sentir a poluição do lugar para onde estão indo, como um aperto em seu coração. O único momento em que perde um pouco o foco, é quando vê seu novo parceiro se afundando na poça, e acha graça! Algo que jamais aconteceria com ela, pensa.

E assim os dois viajam pela celva, graças a atenção que dedicaram à jornada conseguiram evitar diversas inconveniências no caminho, e finalmente se deparam com uma entrada sombria, na costa de um paredão. Um trilho sai de lá de dentro como se fosse uma língua projetada para fora de uma boca sem dentes, com o aspecto que só é visto em uma face que precede o vômito. Esta é exatamente a sensação que Yrel tem, neste momento. Vontade de vomitar. Dracórius toma a palavra.

— Finalmente. Bem vindos à Mina de Nakdur! A mesma que foi abandonada a meses por razões que ainda não compreendemos, hoje espero desvendar o mistério de Dehill.

O anão Garry permanece calado, consentindo.

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Enquanto contemplam aquela boca monstruosa diante deles, todos ouvem o som de uma pedra caindo! E então, asas batendo! E de repente um monstrinho solta seu rugido agudo e alarmante! Ggrrraaaaaauuug!

E de alguns esconderijos no paredão, no entorno da entrada, quatro criaturinhas de escamas e presas afiadas levantam vôo!

—  Kobooolds!!! Grita o draconiano!

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Os Kobolds atacam primeiro! Os quatro voadores dão rasantes sincronizados, eles escolhem um alvo, e a investida é em grupo pra cima do escolhido. O azarado da vez foi Garry o anão escriba, que pouco sabe se defender. Os quatro Kobolds armam suas facas e descem a toda velocidade, uma, duas, três picotadas, de uma delas Garry escapou, mas as outras três foram muito significativas! A última facada atinge a barriga do anão, ele solta um grito de agonia e cai desacordado.

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