- ORRRRRRRRRRRRRRGGGG... –
Era o som que saia da boca da indomável Meia-Orc que se encontrava medindo forças com um Humano metido a halterofilista, os músculos de ambos ficavam saltados pelo uso abusivo do encontro, ninguém tinha a coragem de dizer que o poder empregado por aquela “Fêmea” fosse abaixo ao do homem, pelo contrário, estava nítido que ela era mais poderosa. Foi nesse instante de tempo que o ombro esquerdo da mulher se desvencilhou do braço adversário, ela conseguiu, na base da força, abrir uma brecha para que pudesse acertá-lo com um violento encontrão de ombro. O jogando para trás enquanto o observava cair fora da arena, a adrenalina tomou o seu corpo e somente levantou os braços em um sonoro grito, impondo o seu poder na arena.
- OOOOOOOOOOOOOUUUUUUUUUUURRRRRRRRRR –
Havia acabado de vencer o ultimo desafiante e ainda estava eufórica, tanto que se debruçou em um pedaço de tronco a frente e clamou ao público que reclamava a perda de dinheiro.
- Vamos lá Franguinhos, me traga um Macho de Verdade... Isso não machucaria nem meus irmãos Orcs mais fracotes. – Seu olhar se voltou a todos que pareciam desistir, percebendo que esse era o fim da apresentação. – Tsc... Bando de Covardes. –
Myev simplesmente desceu da arena, pegou uma toalha e se aproximou do pequeno Halfling que estava com o dinheiro em mãos, sorria enquanto tocava em seu ombro.
- Lucramos bem dessa vez? Pés Ligeiros? –Questionava a contagem da grana que parecia rala.
- Quase nada... Todo mundo parece conhecer a reputação da “Orc da Tribo Leste”, quase ninguém tenta apostar contra você, embora sempre existam alguns idiotas. – Entregou a ela um pequeno saco de moedas. – Falando em idiotas, o anão ali a observou e parece que quer te contratar, talvez valha mais do que essas migalhas. –
Aquele era o primeiro contato com Gundren, que oferecia um serviço simples de escolta, o dinheiro valia quase toda a conversa e estava bem óbvio que ela aceitaria, tanto que para comemorar a sua sorte acabou por gastar todas as moedas ganhas com a luta na Taverna, o que fatalmente a faria perder um enorme tempo.
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A MISSÃO
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Quando Myev abriu os olhos percebeu que era o início de um dia que nem havia começado, chegou a se virar, enrolar-se nos cobertores e tentar dormir novamente, mas quando se recordou da missão que tinha pulou do pequeno local de descanso, pegando com velocidade suas armas e saltando pela janela, deixou o resto do dinheiro em cima da mesinha, havia ficado completamente sem dinheiro nenhum. Estava tão atrasada que perdeu o comboio, o que a fez socar um pedaço de madeira, que servia como suporte ao estabelecimento, liberando toda a sua fúria e irritação, como é que ela poderia ter sido tão burra a ponto de se perder em bebedeira e esquecer suas obrigações? Foi então, que o seu velho amigo Pés Ligeiros, se aproximou com um pequeno burrinho de carga, a olhando com certa estranheza.
- Perdeu a comitiva, Myev? – Comentava, parando o burrinho.
- Sim... Outra vez. – Acertava a cabeça na parede, tamanha a fúria. – Outra vez me deixei levar pela bebida. –
- Calma “Flor do Dia”... Calma... – Comentou o pequeno Halfling. - Eles saíram a pouco mais de meia hora, para a sua sorte eu estou indo pela trilha de Triboar, tudo o que terá que fazer é seguir o rastro a pé depois para Phandalin. Aceita? –
- Mas é óbvio que sim, você acaba de salvar a minha vida, não sei nem como... –
- 50% do seus lucros... Me dará 50%, esse será o seu agradecimento. –
- Ora seu... – Pensou em responder, mas 50% era melhor do que nada. – Certo, certo, temos um acordo. –
Myev e Pés Ligeiros seguiram pelo caminho da viagem, o pequeno e astuto ladino seguia o caminho aproveitando de seu incrível “faro de ladrão”, acompanhando os traços da carroça no solo, contudo, em um determinado momento parou o seu burrinho e sua pequena carroça, comentando enquanto balançava a cabeça.
- Daqui em diante não passo. – Questionou, negando caminho.
-Mas aqui é a entrada de Triboar... –
- Tem coisas que somente os ladinos conseguem entender e o perigo é uma delas, vou mudar minha rota e ir até Leilon, lamento Myev, mas nem por ti continuarei. – Foi enfático.
- Como quiser. – Myev desceu da pequena carroça, carregando suas armas nas costas. – Mas isso custará 40% de penalidade do que te daria. –
- COMO? ISSO NÃO É JUSTO. –
- Trato é trato, não me levou até o fim da estrada e ainda me disse que o lugar é perigoso, fique feliz de que te darei uma porcentagem depois de tudo isso. –
- Isso que dá negociar com mulheres – Suspirou, balançando a cabeça. - Apenas tome cuidado, ainda quero ganhar dinheiro com suas apresentações –
Myev respirou fundo assim que o viu sair daquele ambiente, olhou para os céus orando para que o Senhor dos Orcs, Gruumsh, auxiliasse naquele momento e adentrou na mata, rezando para que não se perdesse no meio do caminho. Por alguns minutos realmente achou que estivesse perdida, mas a sorte – ou talvez sua própria percepção – a fez encontrar algo que merecia a atenção, eram sons de combate que ocorriam ao lado de uma carroça, um grupo de Humanos/Elfos enfrentavam criaturas temíveis e mais feias que sua raça, os Globins, havia encontrado a caravana e se eles estavam em combate, ficava óbvio que não ficaria de fora. A Meia-Orc não precisou analisar muito o ambiente, um deles, em particular, parecia mais enrascado, tratava-se de um homem com o aspecto “real”, talvez fosse um daqueles Guerreiros que serviam uma divindade – vulgo paladino – que estava no chão a receber ataques por todos os lados. A mão direita foi em direção as costas, retirou uma Azagaia e mirou em direção ao Globin da esquerda. Grunhiu com violência para que pudesse chamar a atenção de todos no ambiente, mas antes que eles pensassem que fosse uma inimiga, pisou com força no chão para criar um apoio e disparou na direção daquele Globin que estava a atacar, enquanto brandia em alta voz.
- Pequena criatura do caos, venha... - Levou a mão ao Machado de Guerra, que faria questão de cravar na cabeça do Globin, caminhando na direção dele sedenta pela vontade de ter o seu sangue em sua lâmina. - Eu sou tua adversária. -