Cassandra Reed
Cassandra levemente abria seus olhos, com muito esforço, com muito pesar... Ela sentia uma grande dor de cabeça e tontura. Sentia seu corpo inteiro numa grande dormência, como se cada parte de seu ser não existisse mais, e a primeira coisa que seus sentidos captaram, fora a voz de um homem relativamente jovem:
- Ah... Sim! Sangue Pálido...
Dizia uma sombra baixa a poucos metros de distância. Em poucos segundos, Cassandra já podia notar que se tratava de um homem sentado em uma cadeira, usando uma cartola velha e desgastada, ao lado de sua cadeira havia uma lanterna bem fraca mas que ainda não ajudava a ver a face daquele homem.
- Bem, você veio ao lugar certo!
Ele continuava a dizer enquanto Cassandra pode notar mais, aquela não era uma cadeira comum, era uma cadeira de rodas em que ele estava sentado, e ele movia aquelas rodas lentamente, começando a se aproximar de Cassandra. Ele continuava:
- Yharnam é o lar do Sacerdócio de Sangue, você só precisa desvendar seu mistério.
Então Cassandra via o homem se aproximar mais rodando as rodas da sua cadeira de forma tranquila, saindo das sombras e se aproximando cada vez mais de Cassandra que não sentia-se capaz de reagir de qualquer forma.
- Mas por onde uma estrangeira como você começará?
Então via à sua frente, agora o homem estava próximo o suficiente dela e da lanterna que estava equipada ao braço da cadeira de rodas, e ela via um homem velho e deformado, usando uma grande cartola desgastada e suja. Em sua face haviam cicatrizes e queimaduras, porém, era dificil ver a natureza de seus olhos pois o ambiente estava muito escuro.
- Homem:
- Claro, com um pouco do seu sangue de Yharnam...
Ele então, aproximava mais o seu rosto, os cabelos desgrenhados daquele homem velho, mas que tinha uma voz de um homem relativamente adulto, chegando o rosto dele a centimetros do de Cassandra.
- Mas antes você precisará de um contrato!
O velho então começava a se virar lentamente com a cadeira de rodas, ele seguia para uma mesa escura e nela começava a revistar alguma coisa, depois de alguns minutos caçando algo, ele virava-se novamente em sua cadeira de rodas e voltava até Cassandra deitada. Na mão, ele tinha um pedaço um papel, ele então pegava retirava do bolso de seu casaco alguma coisa, era uma pequena navalha, ele levava a navalha até a mão presa de Cassandra que agora ela via... Estava presa, tanto suas mãos quantos suas pernas estavam presas a uma maca velha e suja, coberta de sangue seco, um sangue fedorento que parecia ter jorrado em abundância pelo usuário anterior, que provavelmente deve ter morrido de forma horrível, e quem sabe... Cassandra seria a próxima. Com a navalha, o homem velho parecia passar na mão de Cassandra, mas ela não conseguia sentir a navalha, não conseguia sentir em seguida, o velho com aquelas mãos magras e completamente enrugadas e queimadas pegar e usar o sangue da mão de Cassandra para manchar o papel que ele tinha. O velho então virava-se com o papel e voltava até a mesa escurda novamente, onde por um minuto ele passava a mexer em mais coisas, até novamente virar-se na cadeira de rodas e voltar até Cassandra.
- Bom, tudo assinado e selado! Agora vamos começar a transfusão!
Cassandra então lentamente, de forma pesarosa olhava novamente para as amarras de metal que prendiam seus membros àquela maca terrível, e então ela olhava para o teto, um teto de madeira de algo que parecia ser uma residência.
- Ah... Não se preocupe!
Ele dizia quase cantarolando, como se estivesse fazendo um processo de rotina de forma bem despreocupada. E então tornava a aparecer novamente no campo de visão de Cassandra, só que por cima, a moça podia sentir o horrível halito do velho homem que iria fazer alguma coisa com ela, e Cassandra não sentia poder nenhum sobre o seu corpo para conseguir impedir que alguma experiência bizarra lhe acontecesse, algo que poderia destruí-la de dentro para fora.
- Aconteça o que acontecer, talvez pareça uma mero sonho ruím...
Então, Cassandra sentia que algo estava acontecendo... Ela sentia aquele sono muito mais pesado, pesado de uma forma quase incontrolável, seus olhos começavam a ficar embassados e todo o ambiente começava a escurecer, e a ultima coisa que Cassandra podia ouvir, era o som de uma risada do velho, acompanhada de uma tosse engasgada.
Cassandra então sentia sua consciência retornar novamente, a primeira coisa que via era o lustre acima de seu corpo, o teto daquele mesmo lugar onde estava. Cassandra ainda sentia-se muito dopada, não estava o suficiente para estar dormindo, mas estava o suficiente para não racionalizar direito e mexer o seu corpo. Ela olhava para o ambiente à sua volta, o homem velho não estava mais ali, ela estava sozinha naquele estabelecimento, todas as luzes estavam apagadas, mas havia alguma luz externa que permitia que fosse possível enxergar o que acontecia lá dentro. O som de uma goteira em alguma pia, ou algum encanamento aberto era a trilha sonora mais forte do local, o eco se dispersava com força tamanho era o silêncio sepulcral do ambiente. Cassandra então lentamente olhava para sua esquerda, com uma consciência tão pesada que mal podia dizer se a experiência que estava tendo era real ou não, ela então via uma grande poça de sangue no chão, o sangue era fresco e de uma forma bizarra e aterroradora, Cassandra via alguma coisa tomar forma daquele chão ensanguentado, ela via uma espécie de monstro, com presas e dentes, semelhante a um licantropo, ele emergia de dentro da poça de sangue como se a mesma fosse uma espécie de portal, mas mesmo vendo tal coisa Cassandra ainda não sentia-se capaz de se mexer nem se dizer se o que estava vendo era real ou uma ilusão. Ainda não conseguia sentir nenhuma parte de seus musculos além da cabeça, ela olhava para sua mão, via que não estava mais presa então poderia se levantar e fugir, mas novamente... Sua mente e seu corpo estavam tão entorpecidos que Cassandra não sabia dizer se estaria fugindo de uma ilusão da sua mente nem se conseguia se levantar para fugir.
- Licantropo:
O licantropo coberto de sangue, com pele rasgada até os ossos em seus braços, uma parte de rosto e baço, começava a se aproximar de Cassandra levemente, procurando farejá-la, ele então estava ao lado de Cassandra, que ainda estava em sua inércia física e mental, e nada podia fazer quando o Licantropo começara a levantar sua pata direita, uma pata esfolada até os ossos dos dedos, em carne viva, uma pata que iria tocar o corpo de Cassandra, mas por algum motivo, completamente anormal, antes que o licantropo pudesse tocar Cassandra, sua pata começara a arder em chamas e o licantropo soltava um grito de dor e o mesmo começava a se debater com o seu corpo ardendo em chamas até que sem conseguir lutar por muito tempo, o corpo daquele monstro deformado caía no chão inerte e as chamas logo em seguida se apagavam sozinhas. Cassandra então via que se aquele monstro fosse mesmo real ela não teria mais que se preocupar com ele... Porém... Cassandra começava a sentir algo em eu corpo, a primeira sensação em seu corpo desde que esse "sonho ruím" começara a acontecer, ela sentia alguma coisa subir em seu corpo, ela então olhava na direção da sua barriga e via pequenas mãos magras e brancas, do tamanho das mãos de um bebê, porém com dedos mais longos e finos.
- Pequenas criaturas:
Eles subiam até revelar que, não uma, mas talvez quatro coisas não humanas subiam por todo o corpo, as coisinhas tinham um olhar de perdição, uma boca aberta não horizontalmente mas verticalmente, aquelas bocas pareciam mais um buraco do que boca, e elas subiam cada vez mais no corpo de Cassandra, subindo por sua barriga até seu peito e finalmente chegarem com estranhos sons agudos até seu rosto e tudo tornar-se novamente um negrume.
Novamente... Cassandra sentia sua consciência retornar novamente, e no meio da escuridão, ela escutava uma voz feminina, uma voz bela, serena e reconfortante:
- Ah... Vocês encontraram uma Caçadora.
Aquela voz era a unica coisa que fazia Cassandra sentir como se ainda houvesse alguma luz no meio de todo aquele "sonho ruím" que estava tendo. Cassandra então abriu os olhos e imediatamente sentia todo o seu corpo novamente. Ela levantava-se da maca onde estivera, olhava em volta, não sentia mais toda aquela debilitação, na verdade Cassandra não sentia nada de ruim, pelo contrário, sentia-se muito bem. A moça olhava ao seu redor, via o local que estivera, a maca ainda estava encharcada de sangue seco, o chão lado ainda continha a imensa poça de sangue mas não havia o cadáver do lincatropo. Olhando mais em volta, Cassandra se encontrava em uma espécie de sala de médico, havia armarios com estantes de livros de medicina, cadeiras, aparalhagens básicos de médicos, ao lado de sua maca havia dois tubos com restos de sangue ligados a um catéter porém este catéteter não estava preso ao braço de Cassandra. Em cima de uma das mesinhas daquele lugar, Cassandra encontrava um papel em que estava escrito à mão: Busque o Sangue Pálido para Transceder a Caçada.
O local estava escuro e silencioso, aquele lugar que mais parecia uma clínica estava velho, parecia abandonado por bastante tempo. O pó e a decreptude das paredes denunciavam isso. Haviam também duas portas, uma porta na querda, outra pela direita.