Mestrar por dinheiro

Continuando a conversa que começou la no flerte de interesses, pra não ficar deturpando o tópico lá...

Soviet escreveu:

Bravos escreveu:dólares? pas mal...

reais, tamos no brasil.

Matusael escreveu:Serião, total vale a pena. Eu dou consultoria de comunicação aqui, ganho R$ 180,00 em 4h e ja acho legalzinho. Se é pra fazer a parada que eu mais gosto e ganhar bem mais, posso viver disso se tiver quem realmente pague. rs

será que vale? digamos que você feche uma mesa semanal de 5h com 5 pessoas, pq aí a conta fica bonita. $100/final de semana, $400/mês. razoável, mas quanto você gasta preparando o jogo, quantas mesas você vai ter que fechar/mês pra conseguir viver, e não estar sempre sem grana, quantos sistemas você terá que conhecer muito bem? não julgo quem tenta, mas pra mim parece inviável. pra ter $2000/mês, são 5 mesas como essa. 25h de jogo semanais mais a preparação de todas elas.

Ah, achei q era em dolar. kkkk pq dai n seria 100, seria 360. e sim, valeria fazer isso todo sabado, por exemplo. quase 1500 conto no mes. se isso virasse carreia, pra fazer durante a semana, 8h/dia (3h preparação, 5h de jogo), seria absurdo de grana (R$ 7800). Mas em reais, não vale a pena não. Além do que é virtualmente impossivel conseguir 1 mesa por dia com gente que esteja disposta a pagar. pq se for ver do lado de la, cada jogador estaria desembolsando 80 por mes pra jogar... se houvesse 25 pessoas pra jogar semanalmente. Quem pagaria por isso? Eu não.

não sei o que tem mais pra discutir, você concordou comigo ahahahah

isso é uma questão de público. lembro quando a roleplayers cobrou em evento pelas primeiras vezes e foi um auê fodido, mas nos eua pagar pra jogar em algumas mesas é comum desde as primeiras gencon. ano passado teve um pessoal que achou alto o do valor do ingresso do diversão offline e quem reclamou gasta o valor num sábado no bar. as pessoas querem os eventos, mas não querem pagar por ele.

Vamos tentar mudar o rumo da conversa um pouco.

Existem outras formas de monetizar a narração?

Ex. Existem as lojas de Board Games. Você paga um valor fixo (tipo R$ 15,00) e pode ficar na loja todo o tempo que ela ficar aberta naquele dia e pode jogar qualquer boardgame que esteja disponível. Além disso, tem bomboniere, bebidas e lanches que podem ser comprados. Será que não rolava de fazer algo parecido com isso?

Na realidade brasileira, acho impossivel alguem viver de narração de jogo de RPG. É um jogo de nicho, são alguns gatos pingados que jogam RPG de mesa. Não dá para achar grupos que aceitem pagar um valor que possibilitem chegar a 1000 reais por mes. (é possivel sobreviver com 1000 reais por mes?)

Para viver do hobby, creio que somente abrindo uma loja do estilo do Matusa. Não se ganha a vida pela narração, mas vendendo produtos de consumo e os jogos. Você pode ate narrar para quem vai na loja, mas cobrar por isto e achar alguem disposto a pagar? Nao tem.

Rpz, viver viver eu acho difícil mesmo, mas quem começa a narrar assim, eventualmente acaba bolando um jogo próprio e aí c pode lançar, financiar etc esse jogo e isso serve de bandeira pro seu trabalho...

Talvez o foco não seja a profissão de narrador, mas sim de game designer

Matusael escreveu:Ex. Existem as lojas de Board Games. Você paga um valor fixo (tipo R$ 15,00) e pode ficar na loja todo o tempo que ela ficar aberta naquele dia e pode jogar qualquer boardgame que esteja disponível. Além disso, tem bomboniere, bebidas e lanches que podem ser comprados. Será que não rolava de fazer algo parecido com isso?

a funbox, que é a loja que eu conheço, cobra mais que isso. são $15/hr a mesa de ter à sex e $18 no fim de semana. eu já passei quase um dia todo lá quando era mais barato e gastei 50 reais. vale a pena pra caraleo, 15 reais em 4 pessoas são 4 hrs de jogo. mas a comida é foda, pq tem muita pessoa que leva bolacha e salgadinho de casa. como não pode comer na loja, eles saem, comem e voltam. eu mesmo nunca comi na funbox ou em outras lojas, como a terra magic ou a omniverse. mas sim, criar um espaço onde você alugue o material pra jogar RPG talvez seja mais interessante do que cobrar pra mestrar.

Bravos escreveu:Talvez o foco não seja a profissão de narrador, mas sim de game designer

eu não acho. a roleplayers tá toda semana na taverna medieval e nunca surgiu um desenvolvedor dali. o pessoal que eu vejo criar sistemas e cenários aqui mestra online, em evento... sempre de graça.

Soviet escreveu:

Bravos escreveu:Talvez o foco não seja a profissão de narrador, mas sim de game designer

eu não acho. a roleplayers tá toda semana na taverna medieval e nunca surgiu um desenvolvedor dali. o pessoal que eu vejo criar sistemas e cenários aqui mestra online, em evento... sempre de graça.

É pq tem o pessoal que gosta de desenvolver cenários próprios e tals, mas também tem outras vertentes de desenvolvimento. Tipo, o Eduardo Sporh que é escritor, jogava rpg, lançou o cenário dos livros deles pra rpg, agora tá lançando aventura... entendeu?

Acho que é um caminho que vai se abrindo, uma editora lhe chama para desenvolver uma aventura de um sistema dela, lhe chama para ir em eventos falar sobre o rpg etc... Aí tipo, vc vai ganhando não só por narrar, mais por ir se envolvendo nessas coisas, ai pode ser que comece a poder se sustentar assim.

Bravos escreveu:

Soviet escreveu:

Bravos escreveu:Talvez o foco não seja a profissão de narrador, mas sim de game designer

eu não acho. a roleplayers tá toda semana na taverna medieval e nunca surgiu um desenvolvedor dali. o pessoal que eu vejo criar sistemas e cenários aqui mestra online, em evento... sempre de graça.

É pq tem o pessoal que gosta de desenvolver cenários próprios e tals, mas também tem outras vertentes de desenvolvimento. Tipo, o Eduardo Sporh que é escritor, jogava rpg, lançou o cenário dos livros deles pra rpg, agora tá lançando aventura... entendeu?

Acho que é um caminho que vai se abrindo, uma editora lhe chama para desenvolver uma aventura de um sistema dela, lhe chama para ir em eventos falar sobre o rpg etc... Aí tipo, vc vai ganhando não só por narrar, mais por ir se envolvendo nessas coisas, ai pode ser que comece a poder se sustentar assim.

são dois casos reais, mas caminhos diferentes do que deu a entender a sua outra postagem. o spohr primeiro escreveu os livros, depois lançou o jogo (vai sair uma aventura pra filhos do éden, inclusive. vi agora de manhã). o segundo caso é a editora que paga pra um grupo divulgar o jogo dela em eventos, não os jogadores, e não é só editora de RPG que faz isso.

Tipo, são dois casos específicos e que não necessariamente envolvem o "espaço" de RPG. @Soviet achei bem caro o valor de R$ 15 por hora, difícil de sustentar isso. Mas daí eu tava pensando também que precisaria de um investimento inicial com os livros físicos e tal, pq né, o cara paga pra jogar RPG e não tem a "experiência" de pegar nos belos livros impressos? Aí é fogo.

Mas mesmo com todas essas opções, a chance de fazer sucesso narrando RPG e com qualquer outra coisa que surja dessa atividade (como livros autorais, palestras, eventos) é bem baixa. É igual pegar algumas histórias de sucesso de youtubers e acha que se virar youtuber vc vai ganhar dinheiro. Não é tão fácil assim, saca?

De qualquer forma, acho que viver disso é quase impossível mesmo. Se não tiver outras atividades paralelas que complementem a renda, mesmo que tenha a ver com o mesmo tipo de negócio, não tem público disposto a "sustentar" um mestre com 4k/5k de grana todo mês.

Matusael escreveu:Tipo, são dois casos específicos e que não necessariamente envolvem o "espaço" de RPG. @Soviet achei bem caro o valor de R$ 15 por hora, difícil de sustentar isso. Mas daí eu tava pensando também que precisaria de um investimento inicial com os livros físicos e tal, pq né, o cara paga pra jogar RPG e não tem a "experiência" de pegar nos belos livros impressos? Aí é fogo.

a funbox nasceu quando a vanessa, a dona, voltou dos eua com um monte de jogos. são mais de 500, $15/hr é uma pechincha ahahah você pode ir lá um mês inteiro, todos os dias, e não joga tudo. sim, nessa loja hipotética existiriam livros de vários sistemas, não só os mais famosos, assim como dados, escudo... quer jogar deathwatch? tem. mutant chronicles? tem. deep space? tem também, assim como adnd, vampiro e gurps. podia rolar um esquema de agendamento pra reservar mesa, sistema e pronto. incrível como essa ideia é boa, só precisa de uma pesquisa pra saber se seria viável.

Matusael escreveu:Mas mesmo com todas essas opções, a chance de fazer sucesso narrando RPG e com qualquer outra coisa que surja dessa atividade (como livros autorais, palestras, eventos) é bem baixa. É igual pegar algumas histórias de sucesso de youtubers e acha que se virar youtuber vc vai ganhar dinheiro. Não é tão fácil assim, saca?

De qualquer forma, acho que viver disso é quase impossível mesmo. Se não tiver outras atividades paralelas que complementem a renda, mesmo que tenha a ver com o mesmo tipo de negócio, não tem público disposto a "sustentar" um mestre com 4k/5k de grana todo mês.

acho que só a roleplayers tem um ritmo mais constante e estável, e todos os caras trampa além de mestrar.

Soviet escreveu:são dois casos reais, mas caminhos diferentes do que deu a entender a sua outra postagem. o spohr primeiro escreveu os livros, depois lançou o jogo (vai sair uma aventura pra filhos do éden, inclusive. vi agora de manhã). o segundo caso é a editora que paga pra um grupo divulgar o jogo dela em eventos, não os jogadores, e não é só editora de RPG que faz isso.

No caso, acho que não são caminhos antagônicos, vc pode ir de um pro outro dependendo das oportunidades que apareçam hahaha Outra coisa que tem acontecido que tenho visto é a pessoa desenvolver jogos continuamente e ter gente pagando um patreon pra ela. Aí todo mês ela recebe X dinheiros pra ficar trabalhando naquilo. É o mais próximo que vi de uma "renda fixa" como o @Matusael tá falando aí.

Mas ainda longe de prover uma casa por exemplo

Vejo porém, uma possibilidade legal de renda extra! Já pensou, c tá precisando de uma grana e vai ali narrar umas sessões, plau, tirou ali uns 500 reais, digamos. Pas mal.

o lucas ferreira, do carneiro medieval, encerrou o trabalho na página pq não tava dando em nada, além de todo estresse gerado pela turba nerd. porra, ele tem 31 mil seguidores e 30 apoiavam. se cada uma dessas pessoas pagasse 1 real, ele conseguiria tocar muito bem o projeto dele de forma muito mais concreta, quem sabe abrir uma editora, ajudar outros artistas nacionais. bem utópico, mas eu imagino que esse seria um caminho natural. pensando nesse caso, não sei se autores de RPG devem ganhar muito usando patreon e outros sites.

Soviet escreveu:o lucas ferreira, do carneiro medieval, encerrou o trabalho na página pq não tava dando em nada, além de todo estresse gerado pela turba nerd. porra, ele tem 31 mil seguidores e 30 apoiavam. se cada uma dessas pessoas pagasse 1 real, ele conseguiria tocar muito bem o projeto dele de forma muito mais concreta, quem sabe abrir uma editora, ajudar outros artistas nacionais. bem utópico, mas eu imagino que esse seria um caminho natural. pensando nesse caso, não sei se autores de RPG devem ganhar muito usando patreon e outros sites.

Não conheço esse moço nem o trabalho dele o.o vou pesquisar pra ver. O que foi que rolou exatamente ?

Soviet escreveu:o lucas ferreira, do carneiro medieval, encerrou o trabalho na página pq não tava dando em nada, além de todo estresse gerado pela turba nerd. porra, ele tem 31 mil seguidores e 30 apoiavam. se cada uma dessas pessoas pagasse 1 real, ele conseguiria tocar muito bem o projeto dele de forma muito mais concreta, quem sabe abrir uma editora, ajudar outros artistas nacionais. bem utópico, mas eu imagino que esse seria um caminho natural. pensando nesse caso, não sei se autores de RPG devem ganhar muito usando patreon e outros sites.

Acho que falta um pouco de comunicação e publicidade nesses casos. Por exemplo, eu com 31 mil seguidores conseguiria engajar pelo menos 6% desse público. 1800 pessoas pagando alguma coisa já é bem relevante. Mesmo que não seja recorrente, dá pra fazer algumas ações sazonais que seguram a barra por um bom tempo.

Bravos escreveu:

Soviet escreveu:o lucas ferreira, do carneiro medieval, encerrou o trabalho na página pq não tava dando em nada, além de todo estresse gerado pela turba nerd. porra, ele tem 31 mil seguidores e 30 apoiavam. se cada uma dessas pessoas pagasse 1 real, ele conseguiria tocar muito bem o projeto dele de forma muito mais concreta, quem sabe abrir uma editora, ajudar outros artistas nacionais. bem utópico, mas eu imagino que esse seria um caminho natural. pensando nesse caso, não sei se autores de RPG devem ganhar muito usando patreon e outros sites.

Não conheço esse moço nem o trabalho dele o.o vou pesquisar pra ver. O que foi que rolou exatamente ?

o lucas explica com calma nesse texto.

Então, acho que isso aí foi bem específico, principalmente por que não foi algo pensado como negócio, e sim a tentativa de aproveitar a oportunidade de uma grande visualização, que fatalmente não deu certo.

Acho que um ponto interessante do texto dele é a quantidade de trabalho para o nível de retorno e, principalmente, o desgaste em detrimento da "não diversão". Cito a famosa frase que nem sei se realmente foi Confúcio quem falou: "Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida". Quando a grana é pouca e quando se tem família para sustentar, isso começa a ser colocado à prova. E, na real, o empreendedorismo não é para todos. Talvez ele tenha uma parcela de culpa por não ter se tornado o que ele esperava, mas o ambiente externo geralmente fala mais alto e impacta muito negativamente quando muitas coisas estão dando errado.

Mas ainda penso que tenha público para alguma coisa nesse sentido. Tem gente ganhando dinheiro vendendo latinha com "cheiro" de coisa. Não é possível que um jogador de RPG não consuma alguma coisa que faça sentido e esteja ao alcance do bolso. Hoje em dia tá mais difícil vender livro, sim, mas não é difícil vender dados. Depende de o que se oferece, a que custo e com qual alcance de sustentabilidade.

Jogo para celular. Dá para usar a sua campanha de RPG como bg do seu jogo. Hearthstone usa o cenário do worldcraft, Magic the gathering a cada expansão cria um novo cenário. Não é ganhar dinheiro narrando, mas dá para usar sua energia criativa em algo divertido.

Hellkite escreveu:Jogo para celular. Dá para usar a sua campanha de RPG como bg do seu jogo. Hearthstone usa o cenário do worldcraft, Magic the gathering a cada expansão cria um novo cenário. Não é ganhar dinheiro narrando, mas dá para usar sua energia criativa em algo divertido.

é tipo, isso são meios... talvez o cara não ganhe dinheiro narrando, mas seja contratado por uma editora pra fazer cenários pra um sistema. Mt mais negócio hahaha

Soviet escreveu:

Bravos escreveu:

Soviet escreveu:o lucas ferreira, do carneiro medieval, encerrou o trabalho na página pq não tava dando em nada, além de todo estresse gerado pela turba nerd. porra, ele tem 31 mil seguidores e 30 apoiavam. se cada uma dessas pessoas pagasse 1 real, ele conseguiria tocar muito bem o projeto dele de forma muito mais concreta, quem sabe abrir uma editora, ajudar outros artistas nacionais. bem utópico, mas eu imagino que esse seria um caminho natural. pensando nesse caso, não sei se autores de RPG devem ganhar muito usando patreon e outros sites.

Não conheço esse moço nem o trabalho dele o.o vou pesquisar pra ver. O que foi que rolou exatamente ?

o lucas explica com calma nesse texto.

Li, é bem fudido isso mesmo. Aqui no Brasil muito trabalho intelectual ainda é pouco valorizado. Visto como 'uma brincadeira' ou algo que não deve ser monetizado. É que nem a galera que é a favor da pirataria pq "não se pode ser dono de uma idéia". :/ é bem desestimulante se você olha por esse lado.

Matusael escreveu:Acho que falta um pouco de comunicação e publicidade nesses casos. Por exemplo, eu com 31 mil seguidores conseguiria engajar pelo menos 6% desse público. 1800 pessoas pagando alguma coisa já é bem relevante. Mesmo que não seja recorrente, dá pra fazer algumas ações sazonais que seguram a barra por um bom tempo.

porra, matusa... não tinha visto sua msg. talvez uma parte seja mesmo falta de comunicação, mas esse exemplo do lucas não é o único. tem um cara chamado fábio silva, ele fez o financiamento de um RPG sobre gatos pra ajudar um abrigo um tempo atrás, a recentemente começou a traduzir pro inglês a revista dele de pulse em inglês. ele conta sobre aqui. eu não sei se esse patreon dele daria certo se fosse só com o mercado brasileiro. a dragão brasil consegue por causa da turba que joga tormenta.