[!Prólogo!] William MacPride | Dinton - Início da Primavera

William estava sentado na cama e leu a última carta que sua mãe lhe escrevera do convento onde fora cuidada em sua doença terminal, ali tinham os desejos de uma mulher amorosa e que o amava incondicionalmente, e lembrou das promessas que fizera a ela e algumas lagrimas brotaram do canto dos olhos e ele aperta o punho e baixinho diz quase que para se mesmo - "Eu não te decepcionarei, mãe, seria tão bom ou melhor que o meu pai! O Clã dos MacPride obterá honra e glória, através da minha coragem e firmeza. Estava tão absorto em seus pensamentos que só ouviu as batidas da porta quando a sua bela irmã bateu pela segunda vez, o chamando.
 
Logo ele guarda as cartas, as amarra com a fita vermelha com o símbolo da família e as coloca cuidadosamente na caixa de mogno trabalhado e coloca a caixa por baixo das roupas de inverno. Levanta-se e responde para a irmã que está saindo, lava o rosto na água da bacia ao lado do criado mudo sentado no seu leito e enxuga o rosto, passando as mãos nos cabelos e com um gibão vinho e uma capa amarela, acha-se pronto para encontrar-se com o seu amado tio e mentor. Coloca no cinto a espada do pai e do outro lado a sua adaga preferida, presente do seu tio Guilherme e abrindo a porta, afaga os cabelos da irmã e sorrido pergunta se ela dormiu bem e pede para que ela diga como está o humor do seu tio Isaac e pegando-a pela cintura caminham lado a lado pelo corredor com quadros dos antepassados e descem a escada de dois lances e vê a tia Claire colhendo as suas ervas nos limites da propriedade e sorri ao ver a menos cristã da família, porém a tia que mais admira e conversa.
 
Chegam na sala já separados e sentam à mesa, William na sua cadeira de cabeceira, e Zaphyra pede licença para sentar-se a sua esquerda, porém o tio Isaac polidamente pede para que ela os deixem a sós e que logo a chamará de volta, ela obedece com um sorriso, sabendo que algumas conversas são exclusivas dos homens e sai para fazer suas tarefas domesticas e William saúda animadamente o tio e diz: - Salve tio, veio falar dos preparativos da sagração?

Depois de William se preparar para sair do quarto, ele encontra a irmão já quase descendo as escadas, mas consegue alcança-la. Ela se deixa afagar os cabelos, mas tem alguma resistência quando ele envolve sua cintura. Ela não fala nada, mas se apressa a descer na frente quando entram na escada. Sua expressão ainda era de alegria e estava particularmente radiante naquela manhã.

- Bem, não sei como está o humor de tio Isaac. Ainda não falei com ele, apenas o vi quando entrava aqui em casa, junto de Julian. - respondeu a irmã.

O clima estava ainda um pouco frio, mas era notável que ao longo do dia ele iria esquentar. Era, definitivamente, o início da primavera e logo o verde tomaria conta das pastagens e dos bosques ao redor de Dinton. A mesa já estava posta pelos criados, com queijo fresco, ovos, pão de mel, lentilha, gemada, leite e um vinho quente com especiarias, além dos tradicionais chás da família.

Sir Isaac e seu filho Julian já estavam sentados à mesa, em lugares mais próximos do centro da mesa, deixando espaço para William e Zaphyra se sentarem em seus devidos lugares. Porém, assim que William se senta e Zaphyra ia tomar seu lugar, o herdeiro os MacPride pede para que ela se retire. Ela para por um instante, olhando para ele, como se perguntasse apenas com o olhar se ele não poderia esperar que ela pelo menos comesse antes de entrar nesses assuntos, mas ela acaba por não dizer nada. Apenas serve seu prato e se retira para a cozinha, saindo pela porta que havia atrás da cadeira de William. Enquanto ela ainda servia seu prato, o tio responde ao sobrinho.

- Bom dia, William. De fato, o vim.

Os dois parentes observavam a cena pacientemente. Julian era um jovem além de seu tempo, tinha apenas dezesseis anos, mas demonstrava uma maturidade similar à de William. Era um grande companheiro do pai, aprendendo tudo o que podia e, desde o ano anterior, se tornara escudeiro do pai, enquanto o irmão, Gabriel era escudeiro de Sir Guilherme, o outro tio de William. Quando Zaphyra finalmente se retirou, Sir Isaac continuou a conversa.

- Venho lhe trazer a carta enviada por Conde Roderick. Ele convida formalmente nossa família para se juntar a ele em Sarum para o grande Banquete da Primavera. É fato que você e Abelardo serão sagrados cavaleiros. Guilherme já está lá e deverá continuar até sua chegada, e penso que eu deva ficar para cuidar de nossa casa até sua volta. Mas gostaria que levasse Julian com você, se possível, para que ele se familiarize com Sarum e conheça outros jovens nobres.

O tio estendeu para William a carta a qual já estava aberta, com a cera marcada com o sinete de Conde Roderick rompida. Era normal que Sir Isaac lesse a maioria das correspondências do Feudo, salvo quando eram destinadas nominalmente a William ou Zaphyra. Os dois, tio e primo, se serviam e começavam a comer. Julian apenas escutava, sem interromper, mais estudando toda a situação do que qualquer outra coisa. Era notória a admiração que o jovem tinha por seu primo William e não raro houveram conversar de que assim que William se tornasse cavaleiro, Julian gostaria de ser seu escudeiro, se ele permitisse.

Off:

Zaphyra concorda com o cavalgada no fim do dia, como era uma costume entre os irmãos, mesmo que não fosse algo religiosamente feito, visto que haviam dias em que as atividades pediam atenção mesmo naquele horário separado para a cavalgada.

Já junto de Sir Isaac, William passa a sua lista. O tio anota todos os nomes cuidadosamente enquanto são ditos. Ao final, o sobrinho faz um questionamento para o tio. Este coça o queixo de forma pensativa. Aquele tipo de gesto deixava evidente a idade na expressão do tio. Depois de ponderar por um momento, ele concorda com a cabeça.

- Penso que não será um problema. Vou preparar tudo. A comitiva deve partir em oito dias, de forma a chegar com folga a Sarum antes do Banquete. Qualquer alteração, por favor, me avise o quanto antes.

O tio esperou para ver se havia mais algum assunto que William gostaria de tratar mas logo em seguida se retirou, alegando estar bastante atarefado.

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Era já fim da tarde quando William foi procurar Zaphyra em seu quarto para que pudessem ir cavalgar. A irmão, entretanto, não estava em seu quarto. Procurou em vários lugares da casa, chamando por seu nome, e começou a se preocupar quando não teve nenhum retorno. Uma serva então veio avisá-lo que Zaphyra estava no telhado da casa, na parte que dava para uma janela no sótão da casa. Ela estava vestida com roupas apropriadas para cavalgar, mas estava sentada na beirada do telhado, no terceiro e último andar da casa. Estava voltada para o pôr do sol, com as pernas encolhidas, envolta nos braços e o olhar perdido no horizonte.