Dia 26/12 - Terça-feira

— Para a nossa base. — Respondeu Snake ao careca, percebendo que aquilo soava mais cafona do que ele antes imaginava. Principalmente pelo fato de a base ser apenas um cômodo malcuidado decorado com uma mobília antiga. Mas era como todos se referiam a ele e era onde a gangue fazia todas as reuniões, então, no fundo, não importava como caralhos aquilo era chamado. O que importava, mesmo, era que ele chegasse o mais rápido possível lá.

O careca, no entanto, não fez cerimônias e, após assentir postivamente, arrancou com o carro deixando a casa de Denis para trás. Conforme avançavam, Snake estranhou a falta de pessoas nas ruas. No fundo, ele não deixou de se perguntar se todos estavam de ressaca do Natal ou se tinha ali algum dedo da porra Sindicato.

Antes que chegassem ao destino, Snake aproveitou para conhecer melhor ‘o Adepto’ e, por tabela, saber um pouco mais do enigmático Emmet. — Adepto? Que porra de apelido é esse? — O álcool fazia o seu efeito e sua voz já saía arrastada e embargada. — A quanto tempo você tá com Emmet e as meninas?

– Até. – Snake respondeu depois que pegou as chaves e saiu do veículo. Ele sentiu-se tentado a perguntar a tal excentricidade do homem, mas sua vontade de acabar de uma vez com aquilo era maior, de forma que ele apenas observou o Adepto bater e fechar a porta do carro. O homem, no entanto, o fizera com tamanha cortesia que Henry achou, por alguns segundos, ter sido confundido com a porra do Presidente. Era isso, ou o careca lhe daria as mãos antes de acompanhá-lo para um belo passeio ao parque.

Mas, para sua alegria e para boa conservação da face do homem, ele apenas assentiu em um aceno de cabeça antes de sair e sumir virando na primeira esquina. Provavelmente algum carro lhe esperava por lá, então Snake não se preocupou com o esquisito. De qualquer forma, havia assuntos mais significativos para se importar agora.

Então, antes que pudesse ficar ensopado de vez pela chuva, Henry decidiu entrar e dar de uma vez por todas as boas notícias para Larry. Seus pés, já acostumados com a velha escada, passaram velozmente pelos degraus de madeira e o levararam rapidamente para o terceiro andar. Lá, percorreu o caminho de sempre até chegar na última porta a esquerda, onde ele bateu duas vezes antes de abrir.