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    O Equinócio

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    Mensagem por Soviet Dom maio 04, 2014 9:51 pm

    - Para a maioria das pessoas, infelizmente, hoje é apenas mais um dia, mas para nós é o Samhain. É hoje que nós celebramos o nosso ano novo. Há muitos séculos, os druidas tinham apenas duas estações: o verão e o inverno, portanto hoje celebramos o fim do verão e o início da grande noite. - Sharghosk tinha assumido sua postura professoral, movendo a mão livre para dar ênfase a cada palavra que dizia - Claro que com os anos acabamos aceitando a divisão do ano em quatro estações, mas isso não quer dizer nada.

    Kórdan puxa em sua memória e se lembra de ter lido, há muitos anos, sobre o Samhain em um antigo tomo que tinha folhas soltas e comidas pelo tempo. Samhain é uma palavra do idioma druídico e significa "sem luz" ou "fim do verão" ou, em uma explicação mais poética, "a noite em que o mundo mergulha na total escuridão". Sharghosk prossegue.

    - O dia de hoje é atemporal, rapaz, atemporal e também muito delicado. Este é um dia que não pertence ao passado e não pertence ao presente e, mais importante, quando o fogo sagrado se acender, este será um dia que não pertencerá nem a este mundo e nem ao outro. Entende o que isto quer dizer, Kórdan? - Como de costume, Pele Branca não respondia suas perguntas como outros mestres, mas deixava que seu pupilo refletisse sobre o assunto. Depois de um longo momento em silêncio, Sharghosk retoma o raciocínio - E em um momento delicado como este, em que o véu que separa os dois mundos se torna tênue o suficiente para ambos vermos o outro lado, nós honramos e homenageamos a memória dos nossos antepassados, dos nossos entes que se foram. Ainda hoje, especialmente aqui no norte, é possível encontrar pessoas que preparam lareiras fartas e o prato preferido de um falecido marido ou filho, de uma finada esposa ou mãe, afim de agradá-los quando estes vierem se banquetear e se aquecer em seu antigo lar. Ainda hoje pessoas colocam velas na frente de suas casas ao anoitecer, em sinal de respeito e reverência aos antepassados de sangue, de terra e de tradição. Estes últimos somos nós, Kórdan.

    Lavyia, que tinha se aproximado para ouvir, pousou no ombro de Kórdan com o rosto apoiado nas mãos e os braços apoiados nos joelhos de inseto. Caninos estava deitado ao lado do druida e o grande urso deitado sob uma árvore.

    - Esse dia significa a renovação mas, acima de tudo, é um momento para a introspecção, para a quietude da alma, Kórdan. Um dia onde, como tudo na vida, o fim representa o começo. - Depois da explicação, Sharghosk ficou quieto por um momento, encarando seu pupilo, e então riu - Acabei falando demais! Venha, Kórdan, me dê um abraço!
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    Mensagem por Cyrus Leghorian Qua maio 07, 2014 10:41 pm

    Um arrepio percorreu o corpo de Kórdan com a explicação dada por seu mestre. Como um dia pode não pertencer ao passado e nem ao presente?, perguntava-se o druida. O que significava aquilo tudo? Muitas perguntas, dúvidas e receios passavam pela cabeça de Kórdan naquele momento. Ele não sabia o que dizer ao seu mestre, então dada o fim da explicação, ele abraçou o seu mestre, que às vezes era como um pai para o druida.
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    Mensagem por Soviet Sáb maio 17, 2014 8:54 pm

    Os sons na clareira começavam a aumentar conforme o sol acordava a todos.

    - Vamos voltar, temos um importante dia à nossa frente.

    Kórdan e Shargosk retornaram, com Caninos em seus calcanhares, mas Lavyia ficou para trás junto do grande urso. Uma fogueira estava acesa, carnes assavam e tabuleiros com diversas frutas eram colocados sobre a grama. Kórdan reconheceu algumas pessoas da noite anterior e outras da vida na Floresta Alta, mas muitos rostos novos surgiram e provavelmente mais ainda chegariam. O druida reparou agora que a fogueira aonde as carnes assavam ficava próximo de um dos cantos da clareira e, no centro, uma grande pilha de madeira estava sendo erguida.

    A manhã passou ligeira e a tarde mais rápido ainda. Druidas das mais diversas raças e que veneravam deuses diferentes chegavam de todas as partes. Desde a Espinha do Mundo homens vinham com pesados trajes de pele de rothé; do Anauroch pessoas surgiam com vestes largas e de tecidos leves; do sul elfos deixavam os arredores de Evereska para prestar suas homenagens, humanos, gnomos, pequenos kobolds, homens-lagarto... Todas as raças de todos os lugares eram bem-vindas ali para o Samhain. Os Olhos de Selûne era um lugar amplo, mas conforme as horas avançavam dezenas de pessoas tinham montado barracas entre as árvores ao redor da clareira.

    Quando o sol sumiu no horizonte e Selûne ainda não era vista no céu, Shargosk surgiu diante de Kórdan, caminhando apoiado em seu cajado.

    - Kórdan, quero lhe fazer um pedido. Prepare algo para queimar na fogueira. Pode ser com folhas, alguma fruta, com o que você quiser, mas enquanto você o estiver preparando, pense nas coisas que lhe frustraram no último ano. Pense naquilo que lhe causou desconforto, pense naquilo que lhe tirou a tranquilidade, naquilo que lhe causou angústia, e deposite tudo no pequeno item que você confeccionará. - Pele-branca tinha uma expressão austera - Você queimá-lo é queimar tudo o que lhe fez mal no ano que passou e se purificar para a renovação do ano que se inicia.
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    Mensagem por Cyrus Leghorian Qui maio 22, 2014 7:30 pm

    Kórdan juntou folhas mortas que estavam ao chão, mas não as pegou aleatoriamente; ao invés disso, ele escolheu uma folha diferente para cada espécie de árvore que encontrou ao redor da clareira. Ele segurou firme o punhado de folhas e pensou nas coisas que ele não gostava ou que lhe tinham feito mal. O seu pensamento se voltou para os lenhadores e sua irritante inconveniência em adentrar cada vez mais fundo na floresta e cortar cada vez mais árvores. Kórdan queria combater aquilo, queria que o desmatamento acabasse antes que fosse tarde demais. Com raiva crescente, o druida arremessou as folhas ao fogo e às chamas estavam refletidas em seus olhos semi-cerrados quando via o "mal" ser queimado.
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    Mensagem por Soviet Dom Jun 01, 2014 4:24 pm

    A fogueira foi acesa depois de da cerimônia ser iniciada pelo druida mais alto na ordem ali presente. Kórdan sabia que, apesar dos druidas não terem muito contato e alguns serem extremamente isolados, todos respeitavam a hierarquia da ordem druídica e condenavam quem não o fizesse. Pouco tempo depois de Kórdan ter juntado suas folhas, todos os druidas se reuniram em um grande círculo que foi além da clareira, e todos os outros seres silvestres que foram até a cerimônia estavam entre os sacerdotes. Alguns animais estavam no alto das árvores, outros deitados por perto e alguns caçando ou na mata próxima. Caninos havia sumida da vista de Kórdan quando o druida foi procurar por folhas no chão e ainda não tinha aparecido. Lavyia também havia sumido, mas ela devia estar em algum lugar do círculo.

    Um druida muito idoso, com um emaranha de cabelos brancos na cabeça e vestes puídas, caminhou pelo círculo balançando um grande amontoado de folhas presas em algumas tiras de couro. Do meio das folhas saia uma fumaça com um odor forte e perfumado que dominou a clareira. Quando o homem completou a terceira volta, terminando no leste, dois outros druidas, estes muito mais jovens, só um pouco mais velhos que Kórdan, acenderam a fogueira com tochas que carregavam chamas prateadas.

    [druídico]- Acendemos o fogo sagrado na sabedoria e no amor. Fogo sagrado que queima dentro de nós e em volta do nosso ser.

    Ambos disseram ao mesmo tempo enquanto a madeira bebeu o calor e irrompeu em uma onda de calor e luz que ofuscou os desavisados. O fogo era laranja e prateado; as cores se mesclavam diante dos olhos, mas era possível distinguir, depois de se acostumar com a luz das chamas, que o interior da fogueira era preenchido por um tom laranja claro e as labaredas, que se erguiam muito acima de todos os presentes, eram prateadas como a luz de Selûne.

    Com a fogueira acesa, Edern Cria dos Céus, um druida de cabelos e barba longos e brancos e rosto muito enrugado, caminhou até o centro da clareira, ficando bem próximo da fogueira, ergueu suas mãos finas e pálidas para o céu noturno forrado de estrelas e entoou um cântico com sua voz rouca e fraca.

    [druídico]- Estamos reunidos para honrar os Deuses, os espíritos da natureza e recordar nossos antepassados, através do Festival de Samhain. Da Espinha do Mundo ao Grande Mar, das Planícies da Poeira Púrpura ao Mar das Espadas, iniciamos e encerramos nossa jornada abençoados por Silvanus e os deuses elementais.

    Edern trazia pendurado em sua cintura uma pequena ânfora de barro fechada com uma rolha. O druida ancião a soltou das amarras e dentro de seu manto azul-esverdeado retirou um punhado de nozes. Depois de jogar os frutos no chão, Edern abriu a ânfora e derramou seu conteúdo sobre as nozes. Ele brilhava rubro sob a luz prateada da fogueira e Aedan soube então que se tratava de vinho. Cria dos Céus largou a ânfora no chão, que caiu com um baque seco sobre a grama, se agachou e colocou as duas mãos no chão.

    - Silvanus, Pai da Floresta, você que está abaixo dos nossos pés e que cresce à nossa volta, se elevando acima de nós.  Pai Carvalho, nós lhe oferecemos este presente consagrado. Aceitai nossa oferenda e ajudai-nos neste rito sagrado. - Edern se levantou com a ajuda de um dos jovens que acenderam a fogueira e prosseguiu - O Samhain é a Noite Sagrada que marca o início da Grande Escuridão e representa o fim da colheita. Como o círculo que não tem fim, todo fim é um novo começo. Celebramos uma nova etapa que hoje se inicia, com a renovação do Ano Novo.

    Kórdan sentia o calor prateado tocar sua pele com ternura e força, mas nenhuma gota de suor escorria por sua pele. O druida sentia-se imensamente confortável e acolhido, todo o frio havia desaparecido e todas as preocupações que a pouco dominavam a mente de Kórdan, desapareceram. Olhando ao redor era possível ver na expressão de cada um que todos ali se sentiam da mesma forma. Edern Cria dos Céus, agora sem o manto e com o peito nu, prosseguiu os ritos virando uma jarra de água sobre a cabeça. O jarro era decorado com linhas e folhas esculpidas no barro ainda mole. A água e o cabelo eram um só, veios de prata que nasciam da cabeça do velho druida e escorriam por suas costas.

    - Na profundidade da terra fluem as águas da sabedoria. As águas sagradas que fluem dentro de nós, facilitando a travessia por este mundo e para o próximo.

    Cria dos Céus então se agachou novamente e arrancou um punhado de terra com cada mão e depois as esfregou umas nas outras, levantando-se novamente com a ajuda de um dos jovens.

    - Das profundezas às alturas, mede a árvore do mundo, a árvore sagrada que cresce dentro de nós. O fogo, a água e a terra sagrada. A chama e o fluxo crescente. No céu, na terra e no mar, abaixo e na elevação! É assim que este Círculo reivindica o Samhain. Pela limpeza da água e do fogo, que a doença, a discórdia e a miséria fiquem longe de nós. Por Silvanus, por Akadi, por Kossuth, por Grumbar e por Istishia, que nossas dores, preocupações e aflições possam ser agora queimadas, dentro do fogo sagrado.

    Kórdan soube que aquele era o momento. Edern e os dois jovens foram os primeiros a jogar seus medos ao fogo sagrado, que os consumiu sem piedade. Então um a um, do mais importante druida aos mais novos na ordem, todos jogaram sua aflições no fogo. Montes de folhas, frutas secas, pergaminhos com escritos... Cada um expressava suas consternações de uma forma, mas todos ali tinham o mesmo propósito. Quando jogou suas folhas no fogo, Kórdan sentiu o fogo aquecer até seus ossos, sua alma, o druida sentiu seu peito se aquecer de forma terna e agradável. As palavras fluíram da boca de Kórdan pela primeira vez, mas parecia que ele as dizia sempre.

    - Por Silvanus e os deuses elementais eu peço que nossas vidas possam ser abençoadas com saúde, paz, amor e abundância neste novo ciclo que agora se inicia.

    Depois de todos terem voltados aos seus lugares, Edern ergueu uma das mãos e os cânticos desapareceram.

    - Irmãos e irmãs, agora peço que meditem consigo e pensem no que vocês querem para o novo ano. O façam com convicção e sabedoria.

    Ao redor de Kórdan alguns de seus irmãos fechavam os olhos, outros se sentavam de pernas cruzadas ou encostavam nas árvores outros deitavam e alguns acariciavam seu companheiros. O druida sentiu algo gelado tocar sua mão e quando se virou, Kórdan viu Caninos lamber sua mão com a língua áspera.
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    Mensagem por Cyrus Leghorian Sex Jun 06, 2014 9:05 pm

    Os tons prateados e alaranjados das línguas flamejantes da fogueira recém acesas pelos druídas refletiram nos olhos de Kórdan durante toda a cerimônia. O calor das chamas lhe aquecia como nenhum outro fogo seria capaz de fazer, tanto por fora quanto por dentro. Kórdan estava em paz com a natureza e consigo mesmo. A celebração prosseguiu, Kórdan prestou atenção a cada palavra proferida pelo ancião e quando chegou o momento derradeiro, jogou as folhas que tinha preparado para excomungar todo o mal presente em sua vida.

    E assim se inicia um novo ciclo...

    Kórdan respirou fundo, fechou os olhos e sentiu a língua áspera de Caninos roçar a sua mão. O druida não sabia por quê, mas havia achado alguma graça naquilo, e ele esboçou um sorriso e de forma animada sacudiu os pelos sobre a cabeça de seu companheiro. O druida, então, se deu conta de que não tinha o que pedir de diferente para o novo ano. Ele estava em paz, tinha o melhor dos amigos que se poderia ter bem ao seu lado e todo o mal foi queimado na fogueira.

    O druida apenas deu um leve suspiro de satisfação, e aguardou o final da celebração.
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    Mensagem por Soviet Sáb Jul 05, 2014 6:14 pm

    As folhas queimaram na mesma velocidade em que Kórdan se sentiu em paz. O druida estava leve e pretendia se sentir assim por muito tempo. Kórdan viu Lavyia voar até a fogueira e jogar um punhado de frutos no fogo e seu mestre, Sharghosk Pele-Branca, fez uma breve prece de olhos fechados antes de arremessar duas pedras envolvidas em folhas secas.

    Ao final do ritual, Edern Cria dos Céus ergueu uma mão e sorriu com lábios velhos e finos. Era possível ver as rugas cruzando o rosto do ancião mesmo à distância, mas isso, de alguma forma, apenas servia para aumentar a aura de poder e sabedoria do druida.

    [druídico]- Irmãos, irmãs, guardem na memória e no coração o que pediram aqui, diante deste fogo sagrado. - Kórdan notou o fogo no centro da clareira se intensificar - Este momento em que estamos aqui é o momento que não pertence nem ao passado, nem ao presente, nem a este mundo e nem ao outro. É o momento onde os portões dos mundos se abrem e o véu que os separa se torna mais tênue. É o momento em que pensamos em nossos antepassados e os honramos.

    Edern fez uma breve pausa enquanto colocava as mãos diante do peito. Os dois druidas mais jovens chegaram neste momento com dois barris e outros distribuíam copos de madeira e barro entre os presentes. Quando todos tinham um copo nas mãos, foi instruído que todos se servissem de vinho dos barris. Cria dos Céus também tinha um copo nas mãos e Kórdan notou que lágrimas corriam dos olhos do velho druida. Apesar disso sua voz não vacilou. Erguendo o copo na altura do peito, Edern continuou.

    - Vocês que andaram nesta terra antes de nós, cujos corpos, mentes e espíritos deram forma aos nossos corpos, mentes e espíritos. Vocês que andaram neste caminho antes de nós, cujas vidas têm feito a nossa vida possível. Sejam três vezes abençoados! Slàinte!* Ouçam-nos, antepassados e ancestrais amados que já se foram, parentes de sangue e de coração. Sejam todos bem-vindos!

    Edern bebeu o vinho e logo em seguida todos os outros beberam também. Foi um momento muito bonito de ser ver e presenciar. Havia uma aura de paz, respeito e amor n'Os Olhos de Selûne. O vinho era doce e suave, feito com uvas colhidas na própria Floresta Alta e aromatizado com ervas e cravos. Kórdan sentiu um breve calor tomar seu abdômen, mas logo passou. Havia outra coisa que o druida também sentia; era uma sensação estranha, com um arrepio no pelos da nuca. Kórdan não podia ver, mas sentia que haviam ali mais pessoas do que antes. Alguns ali presentes choravam, outros murmuravam palavras e outros riam sozinhos, cada um com suas próprias lembranças. Edern continuou.

    - Queridos antepassados, fiquem em paz! Queridos espíritos da natureza, fiquem em paz! Queridos Deuses Silvnus, Akadi, Kossuth, Grumbar e Istishia, fiquem em paz! Querida Mãe Terra, fique em paz! Terminamos agora o que começamos. Pelas bênçãos de Sanhaim, deixe o fogo ser água. E a água ser terra, para que os portões sejam fechados. Pela proteção dos Deuses, o ritual está finalizado.

    *saúde, como no brinde.
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    Mensagem por Cyrus Leghorian Seg Jul 07, 2014 11:51 pm

    Kórdan se serviu do vinho do barril, ouviu as palavras emocionadas do ancião druída e quando ele bebeu, deu a permissão para que todos à sua volta fizessem o mesmo. O jovem druida ainda não entendia toda a profundidade daquele evento, ele era novo e inexperiente, tinha muitas coisas para aprender ainda. Mais para frente ele tinha certeza que olharia para trás e enxergaria o quão bem aqueles dias de celebração haviam feito bem à sua alma.

    Kórdan sorveu o vinho, e ao mesmo tempo espiou as reações mais inusitadas que aconteciam dos outros druidas a sua volta. Era impressionante e curioso como o poder da palavra podia tirar emoções tão distintas dos indivíduos ali presentes. Mas o vinho trouxe um estado de paz ao jovem druida, e por algum motivo Kórdan sentiu os pelos da nuca se eriçarem. Com a última fala de Edern, o ritual enfim foi finalizado, e o druida verdadeiramente se sentiu mais leve após isto.
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    Mensagem por Soviet Sáb Jul 12, 2014 8:24 pm

    Depois que a cerimônia foi encerrada, cavaletes de madeira foram colocados ao redor da fogueira e, sobre os cavaletes, grandes tábuas de madeira onde foram colocados pães, frutas, carnes e todo tipo de comida. Barris de cerveja e vinho foram trazidos também, e logo todos ali comiam e bebiam, e cada um incentiva o outro a contar alguma história de seus antepassados, fossem eles pais, avós, tios... As histórias eram sempre cheias de detalhes e cada um se demorava por quinze, vinte minutos em frente a fogueira. Foram contadas histórias profundamente tristes, felizes, casos que fizeram todos ali rirem por longos minutos; não havia como não aproveitar o momento.
    Muitas horas depois do encerramento do Samhain e do início do banquete, Shargosk se aproximou de Kórdan, que tinha a companhia de Lavyia e Caninos. Pele-Branca tinha as bochechas vermelhas e a testa salpicada de gotas de suor. A fada contava como ela tinha conseguido, sozinha, enganar um grupo de ogros que invadiu a floresta a dar meia-volta e fugir correndo.

    - ...então eu fiz a voz gritar pelas árvores e-- A pequena fada interrompe a própria fala quando vê Shargosk ao lado deles.

    - Boa noite a todos mais uma vez. Kórdan, Lavyia, espero que tenham gostado e aproveitado a celebração. - O mestre de Kórdan sorri para Lavyia e acaricia Caninos em um dos lados da cabeça. Lavyia diz que sim e antes que ela comece a tagarelar, Pele-Branca torna a falar - Kórdan, tenho uma pergunta a lhe fazer e espero que você responda sim. Sendo direto, gostaria de viajar além da Floresta Alta, conhecer outros lugares e ter novas experiências? Edern falou conosco após o Samhain, ele precisa que uma tarefa seja realizada imediatamente no norte. É algo simples e eu pensei que você poderia se interessar. O que me diz?
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    Mensagem por Cyrus Leghorian Seg Jul 14, 2014 1:14 pm

    Kórdan se divertia com as histórias contadas por Lavyia quando o seu mestre chegou. Ele ouve Sharghosk dizer o que o druida estava ansiando desde que colocara os pés na grande clareira: conhecer outros lugares tão fantásticos como aquele.

    - Claro, mestre - disse prontamente Kórdan, levantando-se do chão. - Eu adoraria conhecer o Norte, saber que maravilhas existem nestas terras, e além de tudo, depois do Samhaim eu acho que me sinto mais preparado para isso. O que Edern quer que eu faça, mestre?
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    Mensagem por Soviet Ter Jul 15, 2014 9:01 pm

    Shargosk sorri e coloca uma mão no ombro de seu pupilo, apertando-o com entusiasmo.

    - Muito bom, Kórdan! Muito bom! - Era perceptível que Pele-Branca havia ficado satisfeito e feliz com a resposta de Kórdan - A sua terafa é algo muito simples, mas que detém algum perigo. Ao norte existem duas matas que são chamadas de Árvores Noturnas. Ao norte das Noturnas existe um templo de Chauntea muito antigo e abandonado já há alguns anos. Neste templo está guardado um livro que, pela ordem de Edern, precisa ser trazido até nós para ser melhor protegido. - Shargosk já antecipou algumas duvidas de Kórdan e prosseguiu - Este livro contém o relato de algo que aconteceu há doze anos, quando um ser capaz de coisas terríveis caminhou por Faerûn, mais especificamente pelo Norte. Ele foi derrotado, mas o custo fez com que Aedan, um dos que protagonizaram a ofensiva contra este ser, se isolasse do mundo e durante a sua reclusão, ele escreveu este livro onde relata toda a batalha, aonde o ser foi aprisionado e, o mais importante, como isto aconteceu.

    Shargosk já tinha soltado o ombro de Kórdan e o druida notou um semblante de preocupação no rosto de seu mestre. Foram poucas as vezes em que Pele-Branca tinha ficado realmente preocupado com algo, pelo menos diante de Kórdan.

    - Pelo que disseram, o livro é a única coisa que existe dentro do templo, mas ele não é muito difícil de ser reconhecido. Sua capa é de feita com uma placa de pedra e ele todo está escrito em druidico, para proteger seu conteúdo de olhares incautos. O livro não tem um nome, mas é conhecido como As Memórias de Aedan. - Pele-Branca faz uma pausa e suspira longa e profundamente - Existem apenas dois poréns. O primeiro deles é que as Árvores Noturnas não são mais uma simples mata, elas corrompem cada ser vivo que entra em seus limites. Portanto, Kórdan, você deve entrar na mata, pegar o livro e sair do lugar o mais rápido que conseguir. O segundo porém tem nome, Gwenc'hlan ou, como ele é conhecido hoje, Desertor das Árvores. Ele é um ser elemental e sacerdote fervoroso de Grumbar. Ele sempre foi um grande aliado e protegia as Noturnas mas, como todos os outros seres do lugar, ele foi corrompido. Apesar disso, ele ainda respeita as tradições e você será para ele um druida à serviço da ordem, portanto as chances dele lhe causar algum mal é muito pequena, mas tenha cuidado quando lidar com ele. E tenha em mente de que você irá lidar com ele.

    Shargosk levou uma mão até a parte de trás da cabeça e alisou o cabelo algumas vezes. Ao redor deles o banquete, as músicas e histórias continuavam.

    - Caso queira, Kórdan, convide alguém para acompanhá-lo, mas não se exceda, Edern deseja que esta missão seja mantida em segredo. Você deve partir pela manhã e não se preocupe com os recursos, nós lhe daremos o que você precisa para chegar lá. - Shargosk sorriu - Alguma pergunta? Este é o momento certo para isso.
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    O Equinócio - Página 3 Empty Re: O Equinócio

    Mensagem por Cyrus Leghorian Qua Jul 16, 2014 9:11 pm

    - Ir até o templo de Chauntea localizado ao norte das Árvores Noturnas, tomar cuidado ao lidar com o sacerdote de Grumbar e trazer o livro da ordem de Aedan. Está tudo anotado na minha cabeça, mestre, e Shillia me mostrará o caminho que devo seguir. Não vou desapontá-lo.

    Ao ser dito que Kórdan poderia levar uma pessoa, ele não pestanejou ao pensar em Lavya, e quando seu mestre se afastou, ele se voltou a fada que já estava ali por perto.

    - Ei, Lavya. Você deve ter ouvido o que o meu mestre me disse. Gostaria de me acompanhar até o norte da floresta, e mais ainda para o norte? Será uma viagem mais divertida para mim e Caninos com a sua presença.
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    O Equinócio - Página 3 Empty Re: O Equinócio

    Mensagem por Soviet Qua Jul 16, 2014 11:48 pm

    - Eu sei que não vai, Kórdan. Nos falaremos novamente pela manhã, agora vou transmitir as notícias para Edern e deixar que aproveite o final dos festejos.

    Quando Shargosk estava próximo da fogueira, Kórdan se voltou para Lavyia. A fada ficou sem palavras, corada com o convite de Kórdan. A pequena fada estada sentada sobre a grama, e voou até a altura do rosto de druida para lhe responder.

    - Eu... Eu não sei. Eu nunca sai da floresta e... não sei se eu devo. - Lavyia fica em silêncio por um breve momento, mas que para ela deve ter sido longo o suficiente para pensar na proposta - Está bem! Acho que nunca terei uma oportunidade dessas de novo na vida!

    Então a fada desatou a falar novamente sobre como enganará Gwenc'hlan e pegará o livro sem que ele nem saiba que ela esteve lá. O resto da noite foi agradável com música, comida, histórias e o calor da fogueira, que parecia não diminuir nunca, sustentada por algo sobrenatural ou mágico, afastando o frio. Nesta noite Kórdan se lembra do momento em que dormiu sob a copa de uma árvore, com Caninos ao seu lado e o céu negro e infinito pontilhado de estrelas acima de si.



    22 de Eleint de 1372

    Na manhã seguinte, Shargosk acordou Kórdan com o céu ainda negro. A fogueira tinha finalmente se estinguido, apesar de algumas brasas ainda resistirem, e o frio do fim da madrugada estava acentuado. Uma fina névoa pairava no ar até a altura da copa das árvores mais baixas e sobre uma das mesas improvisadas haviam jarras, pães e frutas. Edern tomava seu desjejum e Shargosk se sentou ao seu lado, indicando o lugar de Kórdan diante deles com a mão. Ainda com os olhos duros de sono, o druida se sentou.

    - Bom dia, irmão - a voz de Edern agora era fraca e baixa, muito diferente do que foi na noite anterior - Shargosk me disse que você compreendeu a gravidade e o sigilo de sua missão. Muito bom. - Cria dos Céus levou uma uva à boca, depois outra e depois de mastigá-las algumas vezes bebeu de sua caneca.

    - Não preciso repetir o que já foi dito, só preciso lhe dizer mais uma coisa. - Edern apontou seu dedo fino e enrugado na direção de Kórdan - Não confie em ninguém que não seja da ordem, não se distancie do livro e volte direto para cá. - O tom de Cria dos Céus foi sério e solene, deixando claro que aquilo não tinha sido um aviso leviano - Agora coma. Fortaleça o corpo para sua viagem.
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    O Equinócio - Página 3 Empty Re: O Equinócio

    Mensagem por Cyrus Leghorian Seg Jul 21, 2014 7:03 pm

    Kórdan abriu um sorriso ao ver que a fada aceitara o seu convite.

    - No caminho darei a você mais uma chance com as charadas - disse em tom leviano enquanto sentava-se em volta da fogueira para desfrutar o resto da noite.

    Na manhã seguinte Kórdan foi chamado por Shargosk e levado diante de Edern. Kórdan prestou uma reverência ao ilustre druida, sentindo-se honrado de estar em sua presença. Ele ouviu o que foi dito, e pensou que podia haver mais pessoas atrás desse livro, mas o que disse foi:

    - É nas árvores, na terra e nos animais que depositarei a minha confiança, senhor - disse Kórdan. Ele pensou em mencionar Lavya, mas achou que seria perda de tempo. Edern devia conhecê-la e não havia por que duvidar de suas intenções. Kórdan então sentou-se ali mesmo e comeu a sua última refeição antes de partir em viagem. Ele sentiria saudade daquele lugar que estava para deixar.
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    O Equinócio - Página 3 Empty Re: O Equinócio

    Mensagem por Soviet Qua Jul 23, 2014 10:27 pm

    Kórdan sacia-se junto de Edern e Shargosk. Os três druidas terminaram quando o sol já havia se libertado das amarras do horizonte oriental e despontava, ainda um pouco tímido, no céu. Muitas nuvens cobriam de um lado a outro do céu e as que seguiam para o oeste estava negras, carregadas de chuva. Edern se levantou, se despedindo de Kórdan com uma saudação solene e desejando boa sorte ao druida. Edern voltou com seu pupilo e juntos eles foram buscar os mantimentos prometidos. Rações de frutas e carne seca, óleo, algumas tochas, uma tenda e algum ouro para eventualidades. Tudo foi colocado dentro de uma mochila de pano e entregue a Kórdan.

    - Faça uma boa viagem, filho. Tenha sabedoria e paciência em seu caminho e cuidado também - Shargosk deu uma longo abraço fraterno em Kórdan - Que Shiallia guie seus passos em segurança.


    Com as despedidas feitas, Kórdan buscou o resto de suas coisas, chamou por Caninos, que estava em algum lugar na mata. Lavyia voava de um lado para o outro, ansiosa com o que veria. A pequena fada não parava de falar, e quase disse para todos com quem cruzaram para onde estavam indo, mas ela sempre dava um pequeno grito quando se lembrava do que Shargosk tinha dito sobre a missão. A viagem até o norte foi calma, mesmo quando os viajantes se aproximaram do Forte Portão do Inferno, ou pelo menos do que restava dele. Os entes de Turlang sabem reconhecer moradores da Floresta Alta com saqueadores e aventureiros em busca de fama e ouro.

    Já nos limites da floresta a viagem se tornou silenciosa. Lavyia tinha pousado sobre o pescoço de Caninos, e seguiu o fim do caminho entre as árvores acariciando o pescoço peludo do lobo. Era uma cena engraçada de se ver, pois a fada mal conseguia sentar sobre o lobo sem afundar em um mar de pelos, quem dirá conseguir acariciar um lobo. Apesar disso, Caninos parecia gostar do que Lavyia fazia. Além da Floresta Alta, havia um extenso descampado até onde a vista alcançava, e havia uma estrada cruzando a planície. Kórdan estava saindo pela primeira vez de onde cresceu e passou boa parte de sua vida, e era agora que sua jornada realmente começaria.

    - Fim do Prólogo -
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