Para muitos em Londres o dia começava cedo e para Ines essa quase regra não era diferente. É claro que Ines tinha obrigações muito diferentes da maioria das pessoas que acordavam cedo em Londres, os seus clientes - quando havia - estavam lá esperando por ela e não iam a lugar algum. Também não iam reclamar se ela se atrasasse um ou dois minutos. Ou se ela tagarelasse sem parar sobre coisas que eles não queriam ouvir, afinal seus clientes estavam mortos.
Mas apesar da popularização da técnica de Ines, aquele tinha sido um mês magro, poucas pessoas tiveram dinheiro ou interesse em seus serviços, mas uma dessas pessoas tinha chamado a atenção de Ines. Era uma jovem de rosto fino, olhos extremamente claros - um azul quase celeste - e cabelos ruivo alaranjados. Ela tinha ido em busca dos serviços de Ines para um Tio-avô ou algo assim, Ines logo tinha notado que ela vinha de uma família de poses - as roupas, as joias, a maquiagem - tudo nela cheirava a nobreza.
Ela tinha se apresentado como Susannah Lewis e por um instante Ines achou saber de onde aquele nome vinha, mas precisou de alguns dias para confirmar suas suspeitas. Susannah também tinha deixado um cartão, para caso Ines precisasse saber algo ou faltasse alguma coisa para o Tio-Avô. Mas Ines não tinha precisado de nada e não tinha faltado nada para o morto, porém ainda sim guardará o cartão com cuidado, sem saber exatamente o motivo.
Naquele dia pela manhã, Ines estava andando pelas ruas de Londres, a chuva tinha passado já, mas não a tempo suficiente de lhe incomodar um pouco. Sua cabeça estava longe, pensando na tal Susannah sem entender o por quê - ou talvez Ines soubesse exatamente o motivo de Susannah vir à sua mente - quando deu de frente com outra moça. Houve um segundo de silêncio, antes da moça pedir desculpas incansavelmente.
Ines se lembrava daquela moça, era uma das moças que acompanhava Susannah no dia em que estivera em sua presença, era uma criada, Ines sabia, mas tinha se impressionado pelo fato de até a criada se vestir consideravelmente bem. A jovem segurava uma cesta e nela Ines pode ver algumas flores, frutas e pães, escondidos em baixo de um tecido branco.
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