O Jogo dos Tronos - Inês

Arthur estava ao lado de sua noiva e de seu mentor e futuro sogro, vendo seu pai partir para confrontar seu tio Cornell e deixando a ele, Arthur, o comando do acampamento Felinight.

Embora sua mãe desse ordens aos servos quase tão bem quanto seu pai, o comando deles e também dos soldados da casa Felinight que tinham permanecido recaía agora sobre os ombros de Arthur. Ele deveria desempenhar o papel de capitão da guarda que Gylen vinha fazendo, organizar os servos como seu pai fazia e manter as coisas em ordem tanto quanto pudessem.

Lady Maria estava grávida e precisava repousar depois de um dia de tão fortes emoções quanto fôra aquele. A governanta Elisabeth a acompanhara para a tenda e se certificaria de que ela ficasse bem e confortável.

A irmã Lícia estava mais arredia que nunca, mantendo-se à distância e de cara amuada, e assim que a mãe foi acomodada, a própria Lícia foi para sua tenda sem dar nem um olhar para Arthur, desprezando por completo sua presença.

A mão de Inês segurara a de Arthur durante todo o caminho desde a arena de justas e ainda não a soltara, mas Arthur se dava conta disso agora, e ela apertou-a ainda mais forte e gentilmente. Uma mão mais forte caiu sobre o ombro de Arthur, a de Henry Allafante, que lhe disse:

- Sabemos que tem muitas coisas para fazer. Podemos partir de volta para a cidade se quiser.

Inês contrapôs:

- Ou podemos ficar aqui para ajudá-lo, se for o seu desejo.

O que Arthur desejava agora?

Henry Allafante comentou:

- Você deve conhecer seus servos melhor que qualquer um, então é sua a decisão de como dispôr deles.

Inês concordou:

- Sim, embora acho que a senhora sua mãe, Lady Maria, não iria aprovar você chamar uma serva de Mamma...


Wilford era um soldado disciplinado, plenamente capaz de manter a ordem militar que já estava implantada no acampamento dos Felinight. Mesmo o gesto abrupto de Lorde Beron, que tirara vários dos homens da guarda cotidiana, não seria o suficiente para bagunçar as estruturas de vigilância que Gylen Snow organizara.

Thomas Aurilly, por outro lado, mostrou-se indignado com a sugestão de que ele fizesse o trabalho de Elizabeth:

- Isso é um absurdo, milorde! Eu sou um cozinheiro, e muito bom, diga-se! Não posso me afastar da cozinha para dar atenção à arrumações e limpezas que suas servas fazem! Ou ficará tudo sujo e em desordem ou ninguém vai comer nas horas certas por aqui!

 - Parece que a sua observação, se aplica apenas aos meus soldados.

- É natural. Você treinou mais para a batalha do que para a administração domiciliar. Mas faça o melhor que puder.

E olhando para Inês, pergunta: - Pode me ajudar a entrevistar as aias e decidir qual delas pode substituir, provisoriamente, A Sra Elizabeth?

- Certamente, Arthur! Vai ser bom para que eu mesma as conheça e forme minhas próprias conclusões.

Henry deixou o casal entregue a essa tarefa e foi descansar em sua tenda.

A pedido de Arthur, as suas aias foram trazidas a ele, uma de cada vez, para serem entrevistadas.

A primeira, Mary Snow, era a mais jovem, fato que não passou despercebido a Inês. Mary não tinha experiência em comandar outros servos, mas era entusiasmada e energética. Ela era atenta e dedicada ao trabalho, mas ficou evidente a Arthur e mais ainda para Inês de que ela estava sobrecarregada com as múltiplas tarefas que surgiam para atender as damas Felinight.

A segunda, Daise Wull, era já adulta, com uma idade entre 20 e 30 anos. Arthur sabia que ela não tinha medo de trabalho pesado, e muitas vezes a tarefa de tirar água para os senhores e para o resto do acampamento era feita por ela. Ela não tinha muita sutileza nem delicadeza na execução dos trabalhos, mas era incansável. Era a única das aias de Arthur que ele sabia ser filha natural de um senhor menor do Norte, Lorde Wull, do clã Wull das montanhas.

A última era Linda Snow, que trajava um belo vestido de verde vivo, perfeitamente apresentável em qualquer ocasião formal. Ela era muito habilidosa em costura, mas queixava-se das demandas feitas pela senhorita Lícia, que queria capas vermelhas para algum chiste planejado por Gaspar. Das três aias de Arthur, era a que tinha o melhor olho para os pequenos detalhes e refinamentos. Mesmo que suas tarefas levassem mais tempo do que as das demais, eram feitas com um nível de qualidade e perfeição que não faria feio em nenhuma corte dos Sete Reinos.

Quando Linda saiu, Inês virou-se para Arthur e fez sua análise:

- Me parece que você está num dilema, pois todas elas tem pontos fortes e fracos. Daise já está quase no limite da idade para arrumar um bom casamento, você deveria se preocupar com isso. As outras são bastardas, mas você não deveria diminuí-las por isso. Linda é sem dúvida uma dama em seus modos. Mary ainda é pouco mais que uma criança, mas por isso mesmo pode ser bem treinada na direção certa. Espero que você não as trate como prostitutas como seu irmão Esdres faz com as aias dele! Mas nessa escolha para governanta, você deve decidir o que quer e optar por quem melhor preencher os requisitos.


Arthur precisava tomar a decisão rapidamente, já que seu pai e os soldados dele retornariam a qualquer minuto e precisariam ser recepcionados de acordo.

Quando Lorde Beron voltou, ele e os soldados fecharam-se numa espécie de conselho de guerra, mas a presença de Arthur mão foi vetada, e o herdeiro poderia entrar, embora não tivesse sido convocado pessoalmente.


OFF: Pode continuar a conversa com Inês nesse tópico. A aventura continua no tópico Jogo dos Tronos - Felinight.

Inês assentiu para Arthur, mesmo parecendo não compartilhar da avaliação e da escolha dele.

Com isso, o herdeiro Felinight deixou sua noiva encarregada de instruir sua outrora aia e futura governanta substituta nos meandros da administração doméstica do acampamento.

Isso permitiu que Arthur esperasse o regresso de seu pai ou mesmo que fosse dormir um pouco, dado o avançado da hora.

Inês Allafante estava no cais do porto da cidade de Porto Real para embarcar no navio Tridente Azul, em direção ao Porto de Lícia, no Norte.

Ao lado dela estavam seu pai, Henry Allafante, sua dama de companhia Hellen Allantis e seu escudo juramentado Sor Jorah Savoys.
Mas eles não estavam sós.

O pai tinha contratado um batalhão de construtores, engenheiros e escultores, que executariam os planos previstos para urbanizar a vila de Breakstone Hill. Nos porões da embarcação  estavam materiais de construção como madeira e cimento para argamassa.

À medida que Inês aguardava no cais do porto de Porto Real, o sol se erguia no horizonte, lançando tons dourados sobre as águas agitadas. Henry conversava em voz baixa com os membros da tripulação que ele havia contratado. Engenheiros discutiam os detalhes dos planos de urbanização, construtores trocavam ideias sobre materiais e técnicas, e escultores examinavam esboços de monumentos que em breve adornariam a vila de Breakstone Hill no Norte.

Hellen, a dama de companhia de Inês, observava tudo com interesse, enquanto Sor Jorah Savoys, o escudo juramentado, mantinha uma postura vigilante ao lado da jovem herdeira. O Tridente Azul, imponente, aguardava no cais, pronto para transportá-los rumo ao Norte.

Enquanto o movimento frenético de preparativos continuava ao seu redor, Inês sentia uma mistura de excitação e determinação, ansiosa para ver a vila transformada sob os cuidados de seu pai e o talento daqueles que agora estavam reunidos ao seu lado.

E assim, com o sol brilhando sobre eles e o navio esperando pacientemente, Inês Allafante embarcou em uma jornada que mudaria não apenas sua própria vida, mas também o destino da vila de Breakstone Hill e todos que lá habitavam.


OFF: @thendara_selune , a viagem levará vários dias. Pode jogar algumas cenas no navio ou só fazer um resumo do que aconteceu até a chegada no Norte, como preferir.

Após deixar o cais de Porto Real, o Tridente Azul singrava as águas com determinação, seus passageiros envolvidos em uma série de atividades que preparavam o caminho para um novo capítulo na vida de Inês.

No início da viagem, os dias a bordo eram calmos e repletos de beleza. O sol brilhava sobre o mar, refletindo em tons dourados e prateados, enquanto Inês e seu pai partilhavam conversas sobre os planos para a vila de Breakstone Hill. As refeições na sala de jantar do navio eram ocasiões de reconforto e planejamento, onde o aroma do chá se misturava ao cheiro do mar, criando uma atmosfera de tranquilidade.

Hellen Allantis, a dama de companhia, entretinha Inês com histórias vívidas de festas passadas, despertando sua imaginação e alimentando seu desejo por novas experiências. Sor Jorah Savoys, o escudo juramentado, permanecia vigilante, assegurando-se de que a jovem herdeira estivesse sempre protegida. Durante as noites, Inês podia ouvir os gemidos de Hellen e Jorah na cabine ao lado, entregando-se a longas sessões de prazer carnal, livres da obrigação de casamento virginal da jovem Allafante.

Na maior parte do tempo, Inês e seu pai estavam sempre conferenciando com algum dos artesãos que estavam conduzindo para o Norte, trocando ideias sobre os trabalhos que eles fariam ali. Como verdadeiros artistas, eles ocupavam seu tempo com esboços, maquetes e pequenas esculturas das obras que planejavam executar em Breakstone Hill. 

O Tridente Azul ultrapassou rapidamente a Baía da Água Negra, a Baía dos Naufrágios, os Degraus de Pedra e o Braço Quebrado de Dorne, aportando em Vila Taboeira apenas para repor seus estoques de suprimentos. A partir dali, navegaram velozmente pelo Mar do Verão com uma vista idílica para a árida paisagem dornesa. Ao cruzarem a baía da foz do Rio Torrentine, eles voltaram a ancorar no porto de Casassolar, o domínio da Casa Cuy, já na Campina. Depois de mais um dia de reestocagem observando no horizonte o Salão do Girassol, a embarcação de Inês zarpou para cruzar o Estreito Redwyne e contornar as margens da Campina, desbravando o Mar do Poente no rumo norte. Sua próxima e última escala foi no grande e opulento cais de Lannisporto, uma cidade quase tão grande quanto a capital Porto Real, capaz de rivalizar com a própria Braavos em tamanho e movimento comercial. Com a maior parte da carga mercante descarregada ali, o Tridente Azul voltou a cruzar as ondas muito mais leve do que antes, fazendo um bom tempo através da Baía dos Homens de Ferro e finalmente adentrando as águas geladas do Norte.

O clima mudou drasticamente; o ar estava frio e cortante, prenunciando a dureza do inverno que estava por vir. As instruções de seu pai sobre vestir roupas quentes provaram-se prudentes, e Inês vestiu-se com trajes pesados para enfrentar o novo ambiente, assim como todos de sua comitiva. Ao dobrar a Ponta do Mar do Dragão, o Tridente Azul margeou a Ilha dos Ursos até encontrar o rumo para seu destino final.

Enquanto o Tridente Azul se aproximava do Porto de Lícia, Inês podia observar a paisagem austera e majestosa do extremo noroeste de Westeros. As terras Felinight eram sombrias e imponentes, dominadas por florestas densas e montanhas cobertas de neve. Era naquelas terras que ela passaria a morar para se casar.

No entanto, ao se aproximarem do porto propriamente dito, a comitiva foi tomada por um choque inesperado. O Porto de Lícia era pequeno e rústico, sem qualquer vila em volta. Não havia barcos mercantes ou de guerra ancorados ali, e apenas poucos barcos pequenos de pesca estavam amarrados nos píeres. Os decrépitos armazéns que beiravam o cais serviam de moradia para os trabalhadores do porto, revelando uma pobreza que contrastava fortemente com a riqueza esperada de uma casa nobre como a Felinight.


Ao desembarcar, Inês sentiu o frio penetrante, mas também uma onda de desapontamento. Henry Allafante franziu a testa, claramente desconcertado pela condição do porto. Ele liderou o grupo, tentando manter uma postura confiante enquanto organizava os construtores e engenheiros para os próximos passos na urbanização de Breakstone Hill. Hellen, sempre ao lado de Inês, observava tudo com um olhar preocupado, enquanto Sor Jorah mantinha uma presença protetora.

Não havia comitiva de recepção nem sinal de ninguém enviado por Arthur Felinight. Henry Allafante franziu a testa, claramente desapontado e preocupado com o que isso significava para a segurança e o futuro de sua filha.

No porto, Henry, acompanhado de Inês, Hellen Allantis, Sor Jorah Savoys e o batalhão de trabalhadores, construtores e engenheiros, dirigiu-se a um grupo de estivadores que se aglomeravam por ali. Com uma voz firme, mas educada, ele indagou sobre o caminho para a vila de Breakstone Hill.

- Breakstone Hill? - respondeu um dos trabalhadores, um homem robusto com mãos calejadas e rosto marcado pelo tempo - Fica a dois dias de viagem a leste daqui, subindo para o planalto que leva para as montanhas onde está o Castelo dos Sussurros.


Henry agradeceu a informação e voltou-se para sua comitiva. As notícias eram desanimadoras, mas não havia tempo a perder. Com um olhar determinado, ele organizou os trabalhadores, distribuindo suprimentos e garantindo que todos estivessem preparados para a árdua viagem a pé.

Carregados com sacolas pesadas e materiais de construção, o grupo iniciou sua marcha em direção a Breakstone Hill. O caminho era difícil, atravessando terrenos rochosos, muitas vezes cobertos de neve e gelo, e florestas esparsas que não concediam muita lenha. O frio era implacável, cortando através dos trajes pesados que todos usavam. 

Os dois dias de viagem foram extenuantes. A comitiva enfrentou condições adversas, desde terrenos irregulares e lamacentos até o gélido vento do norte que parecia penetrar até os ossos. Sor Jorah Savoys se manteve vigilante, protegendo o grupo de possíveis perigos, enquanto Hellen Allantis ajudava a manter o moral elevado com suas histórias e palavras de encorajamento.

As noites foram passadas em abrigos improvisados, usando mantas e cobertores para se proteger do frio. Henry Allafante, mesmo preocupado com a segurança de sua filha, não deixou que o desânimo se instalasse, liderando o grupo com firmeza e determinação.

Finalmente, ao final do segundo dia, a comitiva avistou Breakstone Hill. A vila, situada no planalto elevado, era simples e humilde, mas oferecia uma visão de potencial e esperança. As casas eram modestas, construídas de madeira e pedra, mas a localização estratégica perto da cordilheira oferecia proteção natural.


Enquanto o sol começava a se pôr no horizonte, tingindo o céu com tons de rosa e roxo, a comitiva de Inês Allafante finalmente alcançou Breakstone Hill. O cansaço da árdua jornada estava estampado nos rostos de todos, mas a visão da vila trouxe um renovado senso de propósito. No entanto, ao se aproximarem, ficou claro que a chegada não era esperada.

Os aldeões de Breakstone Hill, ocupados com suas rotinas diárias, começaram a notar a aproximação do grande grupo. Murmúrios e sussurros percorreram a vila enquanto homens, mulheres e crianças deixavam suas tarefas para observar os recém-chegados.

Henry Allafante, liderando a comitiva, parou na praça central da vila, um espaço modesto com uma fonte de pedra no centro. Os aldeões começaram a se aglomerar ao redor, curiosos e desconfiados. Inês, Hellen Allantis, Sor Jorah Savoys e o batalhão de trabalhadores e engenheiros aguardavam, observando as reações da comunidade local.

Um homem de meia-idade, com roupas de lã simples e rosto marcado pelo trabalho árduo, avançou, assumindo a liderança dos aldeões. 

- Quem são vocês e o que querem em nossa vila? - perguntou com um tom que mesclava curiosidade e desconfiança.

Henry deu um passo à frente e, com uma voz calma mas autoritária, respondeu: 

- Eu sou Henry Allafante, banqueiro do Banco de Ferro de Braavos, e esta é minha filha, Inês Allafante. Ela está prometida em casamento a Arthur Felinight, filho de Lorde Beron. Estamos aqui para transformar Breakstone Hill, trazendo melhorias e prosperidade à vila. Comigo, trouxe trabalhadores e recursos para este propósito.

Os aldeões trocaram olhares incertos. Um murmúrio de orgulho mesclado com preconceito se espalhou pela multidão. 

- Prosperidade? - uma mulher questionou em voz alta - E o que isso vai nos custar? Não queremos estranhos ditando nossas vidas.

A velha não cedeu diante dos argumentos de Inês.

- Nós sabemos como viver aqui, mesmo com poucos recursos, e não precisamos ser ensinados por nenhum batalhão sulista metido a besta e nem por riquinhos do outro lado do mar! Vocês têm onde dormir? Têm o que comer? Sabem pelo menos acender uma fogueira? Vão morrer ao relento sem nossa ajuda! Mas vocês são muitos! Vão acabar com nossas reservas de comida! Vocês deveriam voltar para onde vieram!

As falas da mulher, ditas numa voz alta e agressiva, pareceu contagiar a multidão, que passou de resmungos a verdadeiros gritos contra a comitiva Allafante. Os nortenhos pareciam prestes a tomar medidas físicas para expulsar os recém-chegados dos limites da vila.

Antes que as vias de fato fossem atingidas, um destacamento de soldados montados em cavalos felpudos abriu caminho por entre a multidão, gritando para que os plebeus saíssem do caminho. Os aldeões se espalharam, dando espaço para que os soldados desmontassem, e Inês percebeu que eles usavam o brasão Felinight.

O capitão da guarda se adiantou e saudou Henry e Inês:

- Vocês são os Allafante? Sejam bem-vindos. Meu nome é Finn Swallow, sou o capitão da guarda do Castelo dos Sussurros. Me acompanhem, por favor, vou levar seu cortejo até a Torre Mirella.

Os soldados abriram alas para que todos os contratados dos Allafante seguissem a guia de Finn Swallow, que os conduziu para uma área mais alta do planalto, onde uma grande torre se erguia. Ela estava cercada por um muro baixo de pedra e tinha a entrada de uma mina no sopé rochoso sobre a qual se assentava.



Finn os conduziu para o interior.

- Acredito que ficarão confortáveis, milorde e milady.

Enquanto a comitiva de Inês Allafante e seu pai Henry caminhava para deixar o centro da vila de Breakstone Hill em direção à imponente Torre Myrella, o capitão da guarda, Finn Swallow, liderava o grupo com passos firmes. Finn era um homem alto, de cabelos castanhos e olhos atentos, que exalava confiança e competência. Ele estava explicando a situação e os desafios que enfrentariam.

 - Se me permitirem, senhor Allafante, senhorita Inês, vou guiá-los pela Torre Myrella e apresentá-los aos servos e instalações. Antes de começarmos, devo informá-los que o castelão da torre, Sor Jone Felinight, desapareceu há quase um mês. Ele partiu em uma expedição nas minas para caçar bandidos salteadores que estavam agindo na região e desde então não tivemos notícias dele.

Swallow os conduziu na direção de um grande portão de madeira com tachões de metal reforçado. Havia alguns prédios de madeira para os serviços dos servos do lado de fora, mas a entrada para a torre tinha sido construída incrustada na própria pedra da montanha que também abrigava a mina Felinight. O portão dava para um hall de entrada que se dividia em corredores para os dois lados. Finn explicou que a torre era toda circundada na parte externa por esses corredores que tinham escadas de pedra que permitiam subir de um andar para outro, contornando os cômodos de cada andar.

Andar 1: Salão Principal

Ao adentrarem a Torre Myrella, foram recebidos pelo vasto Salão Principal, um espaço imponente decorado com tapeçarias que narravam a história da Casa Felinight. A grande lareira central irradiava calor, e as mesas de madeira estavam dispostas para refeições e reuniões.


- Este é o Salão Principal. Aqui realizamos banquetes e reuniões. À nossa direita está a cozinha, onde nossos cozinheiros preparam as refeições.


A equipe de cozinha trabalhava diligentemente. Martha, a chefe de cozinha, deu um sorriso caloroso. 






- Sejam bem-vindos - disse ela, fazendo uma breve reverência antes de continuar suas tarefas.

Andar 2: Aposentos dos Servos

Subindo a escada de pedra, chegaram aos aposentos dos servos, simples e funcionais, com beliches de madeira e janelas pequenas para ventilação.


- Estes são os dormitórios dos servos. Aqui vivem aqueles que cuidam das tarefas diárias da torre. Esta é Anna, responsável pela limpeza e manutenção.


Anna, uma jovem com mãos calejadas, acenou timidamente enquanto passavam.

Andar 3: Guarnição

No terceiro andar, encontraram os dormitórios dos soldados, quartos comunitários organizados de maneira funcional, e uma sala de treinamento equipada com armas de treino.


- Estes são os dormitórios dos soldados. Aqui é onde nossos homens descansam e se preparam para defender a torre.

Andar 4: Arsenal e Armazém

O quarto andar era o arsenal, repleto de armas e armaduras organizadas em estantes e suportes, e um armazém para suprimentos e materiais de construção.




 - Este é nosso arsenal. E ao lado está nosso armazém, mantido por Tomas, nosso administrador de suprimentos.


Thomas, um homem de meia-idade com um olhar atento, acenou enquanto continuava seu trabalho de inventário.

Andar 5: Aposentos dos Nobres

No quinto andar, quartos espaçosos e bem decorados estavam destinados aos nobres. A decoração era suntuosa, com móveis de madeira esculpida e tapeçarias nas paredes.




- Estes são os aposentos dos nobres. Aqui vocês ficarão durante sua estadia. Este é o salão de reuniões, onde poderão discutir assuntos importantes em privacidade.

Andar 6: Biblioteca e Sala de Guerra

No sexto andar, a biblioteca repleta de livros e pergaminhos ocupava um lado, enquanto a sala de guerra, equipada com uma grande mesa de madeira esculpida com o mapa da região, ocupava o outro.




- Esta é nossa biblioteca. E ali está a sala de guerra, onde traçamos nossas estratégias. Leon é auxiliar de Meistre Asdulfor e nosso bibliotecário, e está sempre à disposição para ajudar.


Leon, um homem idoso de cabelos brancos, fez uma reverência em saudação.

Andar 7: Torre de Vigia

Finalmente, chegaram ao último andar, a torre de vigia. O espaço aberto com amplas janelas oferecia uma vista panorâmica da região. A sala de vigia estava equipada com lunetas e armas de longo alcance.




- Esta é a torre de vigia. Aqui, nossos guardas monitoram a área ao redor para qualquer sinal de perigo. Espero que se sintam em casa. Estamos todos à disposição para ajudá-los em qualquer coisa que precisarem. E se tiverem alguma preocupação sobre a ausência de Sor Jone Felinight, estamos fazendo o possível para localizá-lo e garantir a segurança da região.


Inês e Henry agradeceram a Finn Swallow, sentindo-se impressionados com a organização e a dedicação dos que serviam na torre. A Torre Myrella, com sua funcionalidade e estrutura sólida, parecia pronta para acolher e proteger os Allafante em sua nova vida no norte de Westeros. Bem diferente dos aldeões de Breakstone Hill.


Quando Finn Swallow se retirou, deixando Inês Allafante em seus aposentos nobres no quinto andar da Torre Myrella, a atmosfera ficou visivelmente mais relaxada. Henry Allafante, Hellen Allantis e Sor Jorah Savoys, que haviam mantido uma postura formal durante a visita guiada, começaram a se comportar de maneira mais natural.

Henry Allafante, um homem de negócios astuto e acostumado ao luxo de Braavos, olhou ao redor dos aposentos com um olhar crítico. Ele passou a mão pelo encosto de uma cadeira esculpida, avaliando a qualidade do trabalho.

- Bem, Inês, não é Braavos, mas é um começo. Precisaremos fazer algumas melhorias para torná-lo mais confortável e digno do nosso nome - disse ele, com um leve sorriso - E sobre a ausência de Sor Jone Felinight, espero que não traga complicações para nossos planos.

Hellen Allantis, a dama de companhia de Inês, moveu-se graciosamente pelo quarto, ajustando alguns detalhes nos móveis e observando a decoração. Ela era uma presença tranquilizadora e sempre atenta às necessidades de Inês.

- Minha senhora, esses aposentos são bem decorados e espaçosos. Com alguns toques pessoais, vão se tornar bastante aconchegantes. Vou garantir que suas coisas sejam organizadas da maneira que preferir - disse Hellen, sorrindo para Inês - E quanto a Sor Jone, vamos torcer para que ele retorne logo e esclareça essa situação.

Sor Jorah Savoys, o cavaleiro guarda-costas de Inês, manteve uma postura vigilante, mesmo dentro dos aposentos. Ele era um homem de poucas palavras, mas sua lealdade e proteção eram inquestionáveis.

- A segurança aqui parece adequada, mas manterei a guarda em alerta máximo até termos certeza de que não há ameaças - disse Sor Jorah, olhando para Henry e Inês - Quanto ao castelão desaparecido, isso é preocupante. Precisamos estar preparados para qualquer eventualidade.

Henry assentiu às palavras de Sor Jorah. 

- Concordo, Jorah. Devemos estar preparados para qualquer surpresa. Inês, você está confortável com a segurança aqui? Se houver qualquer necessidade, não hesite em nos informar.

Hellen assentiu, cheia de determinação. 

- Estamos aqui para apoiá-la, minha senhora. Transformaremos esses aposentos em um refúgio digno de uma Allafante.


Sor Jorah manteve-se em posição, sempre atento. 

- Vou me certificar de que a segurança seja reforçada. Nada pode ser deixado ao acaso.

Com isso, a pequena reunião nos aposentos de Inês estabeleceu um senso de propósito e determinação. Cada um sabia seu papel e estava pronto para enfrentar os desafios que viriam, garantindo que Inês estivesse segura e preparada para sua nova vida no norte de Westeros.

A noite na Torre Myrella foi fria, e logo ficou claro que as acomodações estavam longe do conforto a que Inês Allafante estava acostumada. Quando ela pediu um banho quente, os servos presentes se entreolharam com confusão. Água quente para banhos não era um luxo comum na torre, e o pedido de Inês parecia estranho e incomum. Os criados se apressaram a explicar, com certa hesitação, que aquecer água seria um processo demorado e que, normalmente, os habitantes da torre se banhavam infrequentemente e sempre com água fria, especialmente no rigoroso clima do norte.

Na manhã seguinte, Hellen Allantis trouxe notícias enquanto ajudava Inês a se vestir. 

- Minha senhora, estive investigando como a vida funciona aqui na torre. Parece que a maior parte dos servos reside na vila de Breakstone Hill. Poucos moram realmente na Torre Myrella. Ana, aquela menina que a senhora mencionou, é uma das poucas que dormem aqui. A maioria dos servos chega pela manhã e retorna à vila ao anoitecer.


Hellen prosseguiu: 

- Com a senhora residindo aqui, podemos garantir que ela fique mais próxima e mais leal. Isso pode nos dar uma visão mais clara sobre o que se passa com os habitantes locais e seus segredos.

Enquanto isso, Sor Jorah Savoys já havia se encarregado da segurança. Ele se reuniu com Finn Swallow e fez questão de organizar uma escolta permanente de soldados, para garantir que Inês e seus acompanhantes estivessem sempre protegidos. 

- Minha senhora, Finn concordou em destacar alguns homens de confiança. A escolta está pronta, e não tomaremos mais nenhum risco desnecessário. A segurança será nossa prioridade.

Henry Allafante, sempre focado nos negócios e nas oportunidades de crescimento, insistia em aproveitar a nova base. 

- Inês, é hora de começarmos as obras de construção e reforma na vila de Breakstone Hill. O lugar precisa de uma renovação completa. Se necessário, podemos explorar a mina em busca de materiais e minerais que ajudem a financiar as mudanças. Além disso, creio que seria sábio visitarmos o Castelo dos Sussurros. Precisamos conhecer o outro lado da Montanha dos Felinos e avaliar melhor os recursos disponíveis.


OFF: @thendara_selune, considere que os trabalhadores trazidos pelos Allafante correspondem a uma Guilda de Engenheiros. Isso diminui o tempo de construção das posses e permite o acesso a algumas que só são construídas pela Guilda. Como senhora da torre, Inês tem o poder de decidir quais estruturas devem ser priorizadas, tendo em vista o casamento vindouro em poucos meses. No restante, pode agir como quiser com os outros npcs.

Henry Allafante enviou Inês para o Castelo dos Sussurros, escoltada pelo capitão da guarda Finn Swallow. Além de conhecer os famosos domínios dos Felinight, isso permitiria que ela ficasse em segurança enquanto os trabalhadores contratados por seu pai iniciavam os trabalhos. Não escapou à esperta Inês que Henry pretendia afastá-la das situações difíceis que envolveriam a população da vila. Felizmente, Sor Jorah Savoys e Hellen Allantis acompanhariam a futura nora do Lorde Felinight.

A jornada de Inês Allafante ao Castelo dos Sussurros foi marcada por uma mistura de ansiedade e determinação. Acompanhada pelo capitão da guarda, Finn Swallow, ela partiu da Torre Myrella e atravessou a mina Felinight. O ar dentro da mina era úmido e pesado, mas Inês não pôde deixar de se impressionar com a organização e a eficiência do trabalho. Os mineiros se moviam como engrenagens bem lubrificadas, cada um desempenhando seu papel nas profundas entranhas da montanha. O som do martelo batendo no metal e os ecos distantes de picaretas ressoavam como uma sinfonia de atividade.

Depois de três longas horas, Inês finalmente emergiu do outro lado da montanha. O sol gelado do Norte a saudou com sua luz brilhante, e seu olhar se fixou no Castelo dos Sussurros, que se erguia imponente e atemorizante contra o céu azul. As torres altas e as muralhas de pedra negra eram uma visão magnífica e intimidante. A fortaleza parecia emanar um ar de mistério e poder, como se os próprios ventos sussurrassem segredos antigos em sua presença.

Ao se aproximar do castelo, Inês sentiu um misto de emoção e receio. Finn Swallow a guiou pelos portões da entrada oeste, onde os soldados a saudaram com uma reverência respeitosa. O interior do castelo era uma mistura de elegância e robustez; os corredores eram largos, com tapeçarias que contavam histórias de batalhas passadas e conquistas gloriosas. O chão de pedra fria contrastava com o calor das lareiras que iluminavam o caminho. Uma característica curiosa do castelo era o abafamento do som, fazendo com que as palavras ditas num volume normal parecessem sussurros e mesmo os gritos não se projetassem mais do que alguns metros.

O castelo era um quadrilátero com duas linhas de muralha com torres quadradas em cada ponta. Os servos do castelo e suas famílias moravam entre a primeira e a segunda muralha. No enorme pátio em frente ao grande salão tinha quartéis alinhados dos dois lados, onde as forças militares dos Felinight se baseavam. Logo depois de deixar Inês se instalando sob os cuidados dos servos do castelo, Finn Swallow partiu com muitos dos soldados de volta à Torre Mirella. 

Durante o primeiro mês no Castelo dos Sussurros, Inês logo percebeu que, embora o castelo fosse um símbolo de poder, também havia um ar de isolamento e tensão. Os moradores do castelo, desde os servos até os nobres, pareciam estar em constante vigilância, e rumores sobre o desaparecimento de Sor Jone Felinight flutuavam nos corredores.

Inês logo se familiarizou com a rotina do castelo. Ela se envolveu nas atividades diárias, observando as interações entre os servos e aprendendo sobre a cultura local. Seu jeito afável e sua disposição para ouvir ajudaram a quebrar algumas barreiras, e aos poucos, ela foi conquistando a confiança dos trabalhadores e dos soldados que ali residiam. Com o passar dos dias, Inês se tornou uma figura importante no castelo, organizando pequenas reuniões entre os servos e soldados, incentivando a comunicação e a colaboração. Seu desejo de promover uma cultura de respeito e entendimento começou a dar frutos, e, embora houvesse resistência em alguns setores, muitos começaram a vê-la como uma aliada.

A primeira lua cheia daquele mês iluminou o castelo, e Inês observou a paisagem ao redor. Ela se sentia mais em casa, mas o peso da responsabilidade a seguia. A sombra do desaparecimento de Sor Jone ainda pairava sobre todos, e Inês sabia que, com seu pai focado nas reformas em Breakstone Hill, ela teria que assumir um papel ativo na resolução de qualquer problema que surgisse.

No final do mês, quando Inês olhou para as paredes do Castelo dos Sussurros, percebeu que, embora tivesse chegado como uma forasteira, agora fazia parte de uma história mais ampla, uma história que ela estava determinada a moldar com compaixão e sabedoria. O Castelo dos Sussurros não era apenas um lugar de poder, mas também uma oportunidade de construir um futuro melhor para todos aqueles que viviam sob sua proteção.

Foi quando chegou Henry Allafante, escoltado por Finn Swallow e outros soldados. Eles já tinham vindo ao castelo outras vezes naquele mês, mas agora a escolta era maior.

- Viemos buscar você para inspecionar as obras. É importante que os plebeus vejam você como a senhora da vila. Partimos amanhã.

Assim, Inês acompanhou seu pai e os soldados Felinight, junto com seu séquito, numa viagem rápida para Breakstone Hill.

A primeira visão dela foi o espaço da vila todo demarcado até onde a vista alcançava. Ao redor da Torre Myrella, já estavam sendo erguidos os muros do que seria o Forte Arthur e também as muralhas ao redor, no nordeste da vila. A Via Inês, estrada que cruzava toda a vila, já estava quase pronta, mas o canal paralelo a ele ainda estava sendo escavado. Nas montanhas a norte, o parque da Corte de Pedra já tinha esculpidas as estátuas de Arthur e Inês, e os escultores já trabalhavam nas próximas, as dos pais do noivo dela. A Praça Hill já estava quase pronta bem no centro, e além dela já subiam  a noroeste as primeiras casas do bairro Pedrantiga, ocupadas pelos mestres artesãos. Ao lado do bairro e da praça já estava demarcada a área do Mercado de Pedra Quebrada, bem centralizado. Do outro lado das escavações do canal, metade das oficinas do bairro Rugido Noturno já estavam terminadas e operando no sudeste, mas havia espaço para mais ainda. Na parte sudoeste, o bairro popular do Recanto das Sombras já tinha várias casas de qualidade mediana prontas que abrigavam a população original da vila, mas ainda seriam necessárias muitas mais.

Obras de Breakstone Hill:

A recepção dos trabalhadores especializados à comitiva de Inês foi respeitosa e calorosa, com uma atitude cerimoniosa que lembrava mais as cortes do sul do que o povo nortenho. Já os nascidos ali mantiveram distância e a olhavam desconfiados, alguns com certo medo dos soldados.

Foi no início da tarde que um mensageiro chegou à procura de Inês com uma mensagem importante e urgente.

Sor Jone Felinight tinha retornado ao Castelo dos Sussuros.


OFF:  @thendara_selune, pode postar suas ações e reações ao mês passado aqui, inclusive criando NPCs nortenhos, se desejar. A continuação com o El Cabron continua no tópico do Jone Felinight!