[O Corpo Sem Sangue] - Vincent e Ye.

Ye Zim, Vincent Winterland

Oliver fez como o doutor pediu - apesar de não gostar muito de tocar naquelas coisas. Ele entregou a maleta ao homem e afastou-se alguns passos. Houve um silêncio quase sepulcral dentro da sala, enquanto Vincent se concentrava no que fazia: a primeira coisa que notou é claro tinha sido o que já fora lhe dito; as órbitas oculares tinham sido arrancadas, mas o que talvez impressionasse o doutor era a técnica quase cirúrgica com o qual isso tinha sido feito, existia pouco dano nas pálpebras ou no crânio em si. O que por si só já parecia bastante diferente da "técnica" de Jack.

Com um olhar um pouco mais clinico, ele também pode notar que existiam pequenas incisões nos lábios da vitima, mas o que talvez mais chamasse a atenção do médico fosse os dois pequenos ofícios no pescoço, junto a jugular. Eram tão pequenos quanto um dedo mindinho, e não poderia por si só explicar o fato de a vitima não ter uma gota de sangue no corpo, mas a vitima de fato não tinha.

Ele poderia ter se concentrado um pouco mais, mas fora interrompido pela chegada de Ye Zim, Vincent tinha o visto uma ou duas vezes durante as investigações sobre o assassino de Whitechapel e agora ele sabia que aquilo não era trabalho de Jack.

- Dr Winterland está dando uma olhada, mas parece que temos um novo caso estranho nas mãos. - Falou Oliver para Ye, com um suspiro, voltando sua atenção para o médico e aguardando.


O corpo disposto em cima da mesa fria não se parecia em nada com um corpo deixado por Jack, isso Ye soube assim que entrou no local. Ainda que não tivesse todos os detalhes, pode ver Vincent dando uma olhada mais clinica na situação. Podia quase sentir no ar os efeitos da tensão dos demais presentes, de certa forma, a maioria não estava tão preparada para lidar com tudo aquilo de novo.

∆ MONA - FG

Ye Zim, Vincent Winterland

Oliver estava atento ao que o médico dizia, muita coisa que ele poderia explicar talvez ajudasse a entender o que estava acontecendo ali, quando Ye chegou as atenções viraram-se para ele. O chinês não era o mais querido no departamento e isso ficou um tanto claro com alguns revirares de olhos com o modo com o qual Ye dirigia-se ao médico e a Oliver. Silêncio foi o percursor nos próximos segundos, enquanto voltavam os olhares para o corpo e depois para Oliver.

- Com o que estamos lidando é a pergunta chave. - Porque era exatamente esse o problema, não era? Ele não tinha certeza do com o quê - ou quem - estavam lidando dessa vez. Quando recebeu a notificação imaginou se tratar de mais uma vitima de Jack, mas o corpo não estava igual aos outros e Vincent acabará de confirmar suas suspeitas. - Foi encontrada em uma construção em Whitechapel, por um dos trabalhadores de lá pelo inicio da manhã. Ele está no andar de cima, não sabemos quem ela é ou quem possa ser. Esse é um dos objetivos, descobrir de onde ela é e quem ela era, não tenho ideia de quantos cirurgiões possam existir em Londres, talvez isso seja um trabalho para você. Outra coisa importante é que gostaria que ambos olhassem as fotografias tiradas na cena do crime. - Ele moveu uma das mãos, indicando para o sujeito cobrir o cadáver com o tecido novamente e então indicou para Ye e Vincent o seguirem de volta para o andar de cima.

- Devo ressaltar também que a mídia ainda não esta ciente das características... Peculiares desse assassinato em si e por enquanto gostaria que permanecesse assim. -Desde o caso não resolvido de Jack, a Policia Metropolitana não estava em boas vias com os jornalistas e aquele era um caso delicado demais para se expor daquela forma. Oliver tinha seus temores pessoais a respeito de tudo aquilo e seu andar pesado e tenso demonstrava isso. Como Vincent, ele não acreditava que aquilo tinha sido trabalho de Jack - na verdade, Oliver imaginava que algo tivesse acontecido ao assassino -, mas não podia expor esses tipos de pensamentos, agora preocupava-se com a possibilidade que Vincent tinha levantado: um fã.

Ele guiaria os homens andares a cima, para a sala que ocupava naquele prédio, uma vez lá, apenas os três permaneceriam e Oliver pegaria a pasta com as fotografias, dispondo-as na mesa na ordem.

A primeira fotografia era da mulher em si: o corpo estava envolto em uma roupa branca, talvez uma camisola ou coisa assim, deitado pacificamente no chão duro, naquele ângulo mal parecia tratar-se de um cadáver, mas sim uma jovem em sono. Era possível notar alguns detalhes ao lado do corpo, mas não tão perceptível daquele ângulo. A segunda fotografia já trazia fotos mais próximas, focando esses detalhes: círculos estavam desenhados em ambos dos lados do corpo, no chão, com algo vermelho que talvez Vincent pudesse julgar ser sangue.

As demais eram apenas fotos mais próximas dos círculos e da cena em si.

- Ela foi encontrada no topo da construção, não imagino como alguém possa carregar um corpo até lá em cima sem chamar tanta atenção o que me leva a uma suposição perigosa: talvez ela conhecesse o assassino.

Ele se calou, deixando que os dois observassem as fotografias.

Círculo:

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Ye Zim, Vincent Winterland

- Todo o tempo que precisar, Doutor. - Afirmou Oliver, enquanto suspirava pegando as fotos de volta, ouvia o que Ye dizia, mas aquelas informações não significavam muita coisa para ele - não entendia bem do que o Chinês estava falando.[/color][/b]

- Sobre os cirurgiões, acho que o Doutor Winterland possa ser mais útil que nós para ajudá-lo, Ye. Mas devo lembrá-los que esse assunto ainda deve permanecer entre nós, a sociedade médica é bastante fechada e unida, duvido que falaram algo se suspeitarem das nossas intenções. A respeito do símbolo, tentarei reunir mais informações baseado no que você disse... Sobre o corpo, é isso que me incomoda. Ele foi levado a um lugar onde alguém não poderia acessar carregando um peso extra como um corpo... Entendem onde quero chegar?

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Ye Zim, Vincent Winterland

- Que assim seja então, Doutor.. - Oliver falou, movendo a cabeça em positivo ao concordar com o que Vincent falava. Achava que o médico era a melhor pessoa para conseguir extrair alguma informação do meio em que estava inserido. Deu um suspiro breve, antes de continuar. - Um dos homens o acompanhará ao Morgue para que consiga analisar o corpo melhor, se desejar. Ye Zim, acredito que queira falar com o operário? Ainda estamos buscando informações para descobrir quem era a pobre infeliz.

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Vincent Winterland

O caminho que Vincent fez até o necrotério foi solitário e silencioso. Apenas um dos homens de Oliver o acompanhou até parte do caminho, mas mesmo com a presença do sujeito, Vincent tinha a sensação de andar sozinho. A sede da Scotland Yard estava estranhamente pacata naquele inicio de manhã, como um mau presagio de uma grande tempestade se aproximando. Ele desceu as escadas, ouvindo apenas os próprios passos, sabia que em algumas horas outros legistas chegariam e que poderia dividir suas ideias com eles, mas por enquanto, seria apenas ele e o estranho cadáver.

Tudo estava exatamente como tinham deixado: o corpo sobre a mesa coberto com um tecido claro. Sem manchas de sangue - impossível ter, se o que foi dito fosse realmente verdade - o ar lá em baixo parecia mais pesado.

Estaria o estripador agindo de novo?

Mas não era o mesmo modo de agir... Um fã, talvez?

Puxar o lençol pareceu algo bastante errado por uns minutos, mas era dever dele fazê-lo.

A primeira coisa que Vincent notava, claro, era a palidez chamativa do corpo. Outra coisa muito visível para olhos tão bem treinados era a ausência de marcas que indicassem qualquer tipo de resistência por parte da vitima. Por que ela não teria lutado? Começando por cima, Vincent observou a face da "Maria Ninguém", existia algo ali que lhe chamava a atenção de maneira bastante perturbadora. Talvez uma investigação mais a fundo fosse realmente necessária.

[spoiler]Faz um rolagem pra mim de Inteligência + Investigação.]

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Ye Zim

Enquanto o médico deixava a sala, Oliver indicou que Ye o seguisse. O britânico não era a pior das pessoas, mas até mesmo ele tinha certa resistência de ter um imigrante em um caso tão importante, não podia expressar esses sentimentos, é claro... Mas ainda sim. Caminharam por um corredor agitado, policiais indo e vindo, na direção oposta ao do morgue. Oliver não falou muito no caminho e parou repentinamente, indicando uma sala para Ye. - Vou deixar que comece só, ainda tenho que tentar descobrir quem é a mulher. - Falou.

Dentro da salinha, Ye encontrou um sujeito de cabelos ralos, meio sujo do trabalho braçal e de roupas simples. Ele segurava uma boina que apertava constantemente nas mãos, num sinal de nervosismo. Tinha um copo de café pela metade a sua frente e assim que Ye entrou o sujeito se virou para ele, afoito.

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Vincent Winterland

~BRAZEN~

Vincent Winterland

Sozinho naquela sala, Vincent tinha o silêncio e a liberdade de conseguir ouvir seus próprios pensamentos. Muitos deles se voltavam a questão simplicista que qualquer um se faria com o conhecimento que ele tinha: Por que não havia marcas de defesa? Por que ela não tinha tentado lutar contra o mal que estava sendo acometida?

Inclinando-se para a frente, pode observar com bastante clareza a pálida - e plácida - face da mulher sem nome que estava a sua frente. Quem ela tinha sido? Que histórias teria para contar? E a pergunta mais aterradora talvez fosse: de que cor eram seus olhos?

Os olhos. Ele observou a cavidade deixada vazia pela ausência dos olhos, era estranhamente perfeito a incisão. Sabia por definição - e experiencia - que nem mesmo o melhor cirurgião que conhecia poderia ter feito uma extração tão perfeita de algo tão sensível. Aproximando-se mais para observar o trabalho - e morbidamente admirar - pode notar então um leve brilho cintilante vindo de dentro da cavidade.

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Ye Zim

Ye não tinha que lidar apenas com o próprio vício, mais também o fato de ser um estrangeiro em terras europeias. Apesar de ser um membro da policia, não eram raros os casos em que os suspeitos ou testemunhas se recusavam - ou simplesmente não falavam nada - a ter com Ye.

Quando ele entrou, o sujeito perdeu algum tempo observando-o, estudando em silêncio o chinês, por fim, suspirou e abriu a boca. - John Stacy. Sou operário, Sir. - Tinha um timbre de voz  baixo e acuado, voltou a apertar a boina entre os dedos, enquanto Ye ficava de frente para ele. O discurso de chinês veio e foi, enquanto John parecia pensar a respeito do que tinha ouvido, por um, deixou um lamurio baixo escapar dos lábios.

- Já contei tudo ao outro policial, Sir. Cheguei à construção do prédio às 4:40 da manhã, o horário de sempre. Sou o primeiro a chegar para abrir os galpões. Não notei nada de errado nas fechaduras: estava tudo trancado como sempre fica. Abri o primeiro portão e entrei no saguão principal, fui até os fundos e acendi algumas das luzes... Foi quando notei os pássaros no andaime de cima, corvos, sabe, Sir? Corvos não são comuns naquela área. Peguei uma lamparina e segui para o andar de cima... Primeiro eu vi o pé... Achei que fosse uma brincadeira, mas aí tinha essas coisas... No chão, escritas com o que parecia sangue e lá estava a moça.

Ele se calou de novo, parecendo atordoado com a lembrança. Mas um detalhe chamava a atenção: tudo estava fechado, como dissera o operário. Tudo mesmo? Se tudo estava fechado... Como o corpo fora parar lá?

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Ye Zim

Ye zim procura por algo que possa indicar algo no meio daquela confusão, tudo parece estranho e fora de propósito
Alguém com conhecimentos anatômicos, uma inteligência acima da média, conhecimento oculto e com acesso à aquele local. O operário estava levando a crer que alguém possa ter entrado - e levado o cadáver - voando porém obviamente Ye Zim conhecia os textos do padre Franciscano William de Occan "se ouvir um trote pense em cavalos e não em zebras"

Ye Zim fazendo essas pausas de olhos fechados na frente do interrogado tenta fazer-se respeitado como um sábio, embora esteja suando naquele ambiente fechado.

-Você gostaria de um copo de água? ele pergunta do nada após a pausa, eu gostaria de saber quem além do senhor possuia as chaves para o edifício. E qualquer outra informação que possa ser relevante para mim, mesmo o que pareça ser bobo para uma mente não treinada pode se provar uma pista excelente para se descobrir o assassino, você está na mais bem preparada polícia científica do mundo senhor.

Ye Zim repete algumas perguntas, faz perguntas não relacionadas ao caso e pega algumas informações pessoais do sujeito antes de liberá-lo

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Ye Zim

O homem fica em silêncio, os olhos vagando do policial para as mãos que amassavam a boina. Ele nega com a cabeça o copo d'água e suspira baixo. Confirmou tudo que tinha dito, e acrescentou apenas alguns poucos detalhes, como falando da roupa que a vitima usava, da falta de pegadas no lugar e da estranheza de não achar nada fora do lugar.

Sobre a chave, disse que ele e talvez os chefes que estavam mais próximos a capital. Não tinha certeza se existiam outras cópias das chaves. Mas afirmou categoricamente que não tinha perdido ou emprestado as suas.

Falou sobre os olhos - a falta deles - da vitima também. Aquela parte parecia a que mais tinha lhe assustado.

Quando o homem saiu, Ye ficou com uma sensação estranha - não achava que o homem estava mentindo -, muito pelo contrário, era possível que ele tinha de fato contado tudo que viu e sentiu, mesmo que não conseguisse expressar de outra forma. Mas alguma coisa naquela história parecia faltar uma peça. Ouviu um bater na porta, quando um soldado avisou que ele estava sendo esperado na sala de Oliver.


A coisa toda parecia ter sido mantida sob sigilo, porque pelos corredores havia calmaria de um dia qualquer, Ye também não via a impressa lá fora - ainda pelo menos - e isso talvez trouxesse um pouco de paz para o departamento. Chegar à sala de Oliver não foi difícil. Quando a abriu, porém, se deparou com uma cena inusitada: duas senhoras e um rapaz estava lá dentro, uma delas, uma ruiva alta e pálida parecia prestes a mexer na papelada do caso em cima da mesa de Oliver.

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Ye Zim

-BOM DIA!
Ye Zim fala um pouco alto demais, justamente para perceber o ar de culpa no olho da ruiva que iria puxar os papeis
-Bom dia senhores -faço uma mesura discreta- Sou o investigador Ye Zim. Aguardando para ver, como que no silêncio, comporta-se o trio.

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