por Leomar Ter Jul 31, 2018 8:49 pm
Desdêmona esperava ter mais problemas, mas parece que os homens entenderam bem sua nada indireta ameaça contra mãos bobas e ninguém a incomodou durante a viagem. Ela quase ficou desanimada por nem tentarem.
Os dias eram longos pois não se tinha muita coisa interessante para se fazer num barco. Nas horas vagas ela pescava com algum marinheiro. Era ridículo como os machos podiam gostar daquilo, horas e horas de nada só olhando uma linha na água, alguns minutos de emoção trazendo um peixe para o navio, e depois mais nada, mas dava para entender estes machos, pois ou era isto, ou ficar andando de um lado pro outro no navio.
Quando chegam, o anão é o primeiro a descer. Era óbvio que seria o primeiro, o coitado e principalmente seu estômago não foram feitos para o mar. Desdêmona imaginava que ele pularia de cima do navio antes mesmo de descerem as escadas, rolando na areia, chorando e gritando "aah terra, como senti saudades de você!" Seria hilário, mas o baixinho foi mais corajoso do que as fantasias da tiefling, embora ela poderia jurar que viu ele escondendo uma lágrima discreta ao pisar na areia.
O prefeito e os "amigos" vão logo acertando as coisas. Por um lado ela gostava disto, por outro não sentia segurança nos pedaços de informações ditas, e menos ainda nas não ditas. A tiefling é a última a descer, assim podia ouvir mais.
Não é surpresa que o anão queira ir por terra. Se fossem um pouco mais amigos Desdêmona poderia sugerir ir pela água só para de divertir às custas do sofrimento dele (coisas de amigos), mas o anão tinha rasão, aquilo estava fácil demais, e tudo que é fácil demais cheira a armadilha, portanto ir por terra, embora mais trabalhoso, daria ao grupo mais "firmeza" quando (quando e não se) a armadilha aparecesse.
- UAU! - comenta novamente sem se preocupar com ser comedida ou agradável, o que era um risco, mas se não tivesse enganada as pessoas ali já tinham começado o jogo. - Se somos cinco - Desdêmona não tinha certeza se quando as apresentações foram feitas o prefeito contava com ela no grupo, afinal além de ter saído por último, era uma tiefling e uma fêmea, pessoas costumavam subestimá-la, e portanto ela sempre duvidava das primeiras intenções das pessoas - isto dá 600 peças aurias para cada. Nada mal para uma SIMPLES missão de ir até um farol de expulsar algumas lagartixas nojentas de lá! És sem dúvida um anfitrião generoso caríssimo prefeito! Seríamos tolos se não aceitássemos sorrindo tal empreita, mas tal generosidade me faz pensar duas coisas:
(pausa)
- Ou acredita que somos mesmo aventureiros do mais alto nível, dignos de uma missão que com certeza não é tão fácil como parece, ou não precisaria de pessoas de fora, e portanto valemos tão alta conta ooouuu... justamente o contrário, devemos parecer muito tolos e vocês não esperam que realmente sejamos bons o bastante para esta missão, e que provavelmente não voltaremos vivos, e assim não faria diferença nos oferecer três mil ou dez mil.
Tuĉi ainda tinha sarcasmo sobrando, pois ainda imagina que, além disto, na remota possibilidade deles darem conta que quer que realmente estivesse naquele farol e alguns voltarem vivos, estariam cansados e o pessoal do prefeito poderia terminar o serviço. Claro que ela não falaria isto, e talvez ela até fosse um pouco paranoica, mas a paranoia já a manteve viva por muitas vezes.
- Mas tipo assim... Não quero parecer má-agradecida, mas será que não haveria algo a mais "além" ou "sobre" estes tais homens lagartos que tipo assim... remotamente... poderia talvez ser útil estarmos possivelmente prevenidos, pois creio que devem ser no mínimo um pouco casca-grossa para precisarem de um grupo de fora para dar um chega-pra-lá neles. Ou não?