Antonio e Ana
[justify]Os raios de sol transpassavam as muitas árvores que envolviam uma pequena vila de casas, era possível observar alguns rastros de luz que tocavam o gramado, as borboletas coloridas voando entre as flores e alguns girassóis indecisos entre a sombra de luz que vencia as folhas e a jovem mulher que caminhava com os pés descalços se dirigindo a uma pequena mesa ao centro da vila.
Ana usava um vestido azul claro com um fino tecido combinando com o céu naquele momento, ao se aproximar da mesa, a menina ergueu as mãos para o pescoço passando delicadamente os dedos nevados pelos cabelos castanhos. O movimento tornou possível ver o delinear do corpo de Ana com nitidez e a brisa fresca, que corria pelo campo, não resistiu àquele quadro e acariciou a menina carinhosamente.
Antonio notou pela primeira vez como o vestido de Ana mal parecia tocar em sua pele, dando a impressão de estar sobre uma almofada de ar quando ela se movimentava, como o tecido flutuava em torno do corpo, roçando na pele como as asas de um anjo: ele compreendeu naquele instante como uma mulher deveria ser tocada.
Isabel observava o olhar do filho da janela de sua casa. Não havia percebido que ele não era mais apenas o menino ávido pelo estudo e pelo crescimento espiritual de outrora. Mas, agora, o rapaz havia se denunciado sem nem ao menos se dar conta disso. Era perceptível que Antonio ficava em muitos momentos centrado em um mundo interior inalcansável pela mãe e por seu mestre, entretanto pensavam que eram apenas reflexões sobre algum Koan ensinado: a resposta chegava como um verdadeiro despertador acre, como o sol sobre o olho. Um sol estridente, a contrapelo, imperioso, que bate nas pálpebras como se bate numa porta a socos.
Antonio caminhou lentamente até Ana. Eles haviam crescido juntos, tinham corrido e brincado por entre as casas e as árvores. Ela sempre o tratara com carinho e amizade mesmo ele tendo sido fruto de um rasgo da litania: Antonio compreendia desde a tenra infância que eles eram parte um do outro e que nunca estariam sozinhos. O que havia mudado? Uma voz em sua mente dizia suavemente:
- Oi.
Ana virou-se ao chamado daquela voz tão doce que falava ternamente ao seu coração, um sorriso luminoso abriu-se em seu rosto e se espalhou por seu olhar. Antonio entendia agora os versos de Dirceu para Marília: "Seus olhos são uns sóis. Aqui vence Amor ao Céu: que no dia luminoso, o Céu tem um sol formoso, e o travesso Amor tem dois."
- Oi, Antonio.
As mãos se resvalaram levemente e Ana fingiu que não entendeu, corou e levou a vista ao chão. A menina não precisava de palavras para compreender a energia que caminhava e se expandia de um para o outro. Ambos, haviam estudado muito sobre a espiritualidade, sobre a formação do ser humano, sobre uma força física, um elemento único, que unia todos os seres vivos. Ana e Antonio conheciam inteletualmente cada tópico, mas agora sentiam. E os sentidos e as emoções eram maiores que a razão.
- Você está muito bonita, Ana. Mais bela que esta natureza esplêndida nos cerca.
Antonio tocou no rosto de Ana carinhosamente e afastou os cabelos ondulados do rosto da menina. Os dois se aproximaram com um sorriso pueril, Ana inclinou levemente a cabeça e permitiu que Antonio a beijasse. Eles se perderam nos segundos que estavam unidos, parecia eterno cada momento em que aquele beijo durasse.
- Antonio!
Uma voz forte soou como um chicote no silêncio cúmplice que envolvia os jovens namorados. Uma energia como um verdadeiro choque elétrico percorreu cada poro de Ana e Antonio, que se afastaram rapidamente. A menina correu para longe e o rapaz apenas volveu seus olhos para a origem daquele som pertubador.
What can I do to make you mine?
Falling so hard, so fast, this time
What did I say?
What did you do?
How did I fall in love with you?
Falling so hard, so fast, this time
What did I say?
What did you do?
How did I fall in love with you?
[justify]Os raios de sol transpassavam as muitas árvores que envolviam uma pequena vila de casas, era possível observar alguns rastros de luz que tocavam o gramado, as borboletas coloridas voando entre as flores e alguns girassóis indecisos entre a sombra de luz que vencia as folhas e a jovem mulher que caminhava com os pés descalços se dirigindo a uma pequena mesa ao centro da vila.
Ana usava um vestido azul claro com um fino tecido combinando com o céu naquele momento, ao se aproximar da mesa, a menina ergueu as mãos para o pescoço passando delicadamente os dedos nevados pelos cabelos castanhos. O movimento tornou possível ver o delinear do corpo de Ana com nitidez e a brisa fresca, que corria pelo campo, não resistiu àquele quadro e acariciou a menina carinhosamente.
Antonio notou pela primeira vez como o vestido de Ana mal parecia tocar em sua pele, dando a impressão de estar sobre uma almofada de ar quando ela se movimentava, como o tecido flutuava em torno do corpo, roçando na pele como as asas de um anjo: ele compreendeu naquele instante como uma mulher deveria ser tocada.
Isabel observava o olhar do filho da janela de sua casa. Não havia percebido que ele não era mais apenas o menino ávido pelo estudo e pelo crescimento espiritual de outrora. Mas, agora, o rapaz havia se denunciado sem nem ao menos se dar conta disso. Era perceptível que Antonio ficava em muitos momentos centrado em um mundo interior inalcansável pela mãe e por seu mestre, entretanto pensavam que eram apenas reflexões sobre algum Koan ensinado: a resposta chegava como um verdadeiro despertador acre, como o sol sobre o olho. Um sol estridente, a contrapelo, imperioso, que bate nas pálpebras como se bate numa porta a socos.
Antonio caminhou lentamente até Ana. Eles haviam crescido juntos, tinham corrido e brincado por entre as casas e as árvores. Ela sempre o tratara com carinho e amizade mesmo ele tendo sido fruto de um rasgo da litania: Antonio compreendia desde a tenra infância que eles eram parte um do outro e que nunca estariam sozinhos. O que havia mudado? Uma voz em sua mente dizia suavemente:
- Oi.
Ana virou-se ao chamado daquela voz tão doce que falava ternamente ao seu coração, um sorriso luminoso abriu-se em seu rosto e se espalhou por seu olhar. Antonio entendia agora os versos de Dirceu para Marília: "Seus olhos são uns sóis. Aqui vence Amor ao Céu: que no dia luminoso, o Céu tem um sol formoso, e o travesso Amor tem dois."
- Oi, Antonio.
As mãos se resvalaram levemente e Ana fingiu que não entendeu, corou e levou a vista ao chão. A menina não precisava de palavras para compreender a energia que caminhava e se expandia de um para o outro. Ambos, haviam estudado muito sobre a espiritualidade, sobre a formação do ser humano, sobre uma força física, um elemento único, que unia todos os seres vivos. Ana e Antonio conheciam inteletualmente cada tópico, mas agora sentiam. E os sentidos e as emoções eram maiores que a razão.
- Você está muito bonita, Ana. Mais bela que esta natureza esplêndida nos cerca.
Antonio tocou no rosto de Ana carinhosamente e afastou os cabelos ondulados do rosto da menina. Os dois se aproximaram com um sorriso pueril, Ana inclinou levemente a cabeça e permitiu que Antonio a beijasse. Eles se perderam nos segundos que estavam unidos, parecia eterno cada momento em que aquele beijo durasse.
- Antonio!
Uma voz forte soou como um chicote no silêncio cúmplice que envolvia os jovens namorados. Uma energia como um verdadeiro choque elétrico percorreu cada poro de Ana e Antonio, que se afastaram rapidamente. A menina correu para longe e o rapaz apenas volveu seus olhos para a origem daquele som pertubador.