Consequências - Job 02

Lee se afastou para dar chance para Akira flertar com a replicante atendente. Ela era de fato uma gracinha. Como todos os replicantes destinados ao luxo o são. - Decidiu o que vai ser? - Perguntou-lhe simpática. Naquele momento, Akira lembrou-se da mensagem mais cedo que sua prima havia lhe passado: o nome do proprietário do apartamento que eles haviam ivnadido era Watabe Fujio. E ele era programador da Battle Spider.

Ter aquilo em mente e pensar no tal LeekerMot que invadiu seu TAP parecia juntar um tico e um teco. A replicante ainda estava lá esperando ele dizer o que queria.

Lee, por outro lado, estava diante do banheiro, fingindo lavar as mãos e vendo a cena pelo espelho, que além de espelho era uma tela de informações básicas. Lá dizia a hora, como andava o clima e breve notícias. Lee observou que a chance de chuva aumentara bastante. Logo mais deveria começar a chover.

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A replicante sorriu um sorriso de canto de boca e respondeu: - A cerveja já vem, o número do TAP... Hoje não. - Piscou e saiu como quem já estava muito acostumada àquele tipo de situação.

Lee observa que seu colega não tivera muita sorte com a garçonete. A coisa toda durou o tempo de lavar as mãos. Ou Akira não era talentoso na conversa ou a garçonete era dura na queda. Estava enxugando as mãos quando apareceu uma notificação inesperada no seu TAP. Uma mensagem. "Mensagem de L33keR_m0t: Então o vândalo tem um contato trunfo... Vai sobrar para você também".

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Usar os meios antigos de contato com pessoas era algo quase fora de realidade para os contemporâneos daquele século. A chuva anunciada mentalmente por Lee começava a cair. Deveriam investigar Watabe Fujio e Yanagita Sofu e precisavam fazer aquilo para ontem.

O tal LeekerMot já havia encontrado o IP de Lee, o que mostrava que ele era versado naquilo que fazia. A garçonete replicante enviou para ambos a conta. Deveriam decidir a quem iriam acorrer primeiro. Parecia pouco prudente andarem separados naquele momento, pois dada a dificuldade de comunicação, se qualquer um dos dois fosse emboscado, como o médico quase fora, seria apenas um grito surdo no meio de Tóquio.

dream inscription: Vocês só podem requisitar a ajuda dos Contatos 2 vezes sem gastar Créditos da Rua. Cada um já solicitou uma vez. Deixando claro para que possam gerenciar esse recurso

Os dois se puseram a caminho do trabalho de Asawaka Mika, a prima do doutor das ruas. Tendo seus TAPs desligados, notaram como foi custoso traçarem a rota até chegar. Ter que verificar os mapas nas estações de metrô ou ficar atentos às paradas que o comboio fazia era algo simples, mas que estava tão atrelado às notificações e ações automáticas do TAP que lhes causava estranheza terem de fazê-los por si só.

Akira talvez tivesse mais habituado com isso, pois de certa forma, ele sabia como sobreviver no meio da cidade. Isso não deixou de lhe causar algum incômodo. Quarenta minutos mais tarde eles estavam no meio de uma galeria. Muita gente ia de um lado por outro e as lojas, restaurantes e estabelecimentos diversos ficavam amontoados uns sobre os outros ao redor da via peatonal onde estavam. Nela havia algumas ilhas de bancos e mesas circundados de néon onde pequenos grupos de ajuntavam.  Havia fumaça por toda parte. Algumas por conta de escapamentos que era melhor nem saber de onde vinham, outras por conta dos cigarros eletrônicos que muitos fumavam ali. Essas últimas tinham cores variadas e perfumes sintéticos dos mais improváveis. Akira demorou um pouco para achar o elevador. O gabinete onde Mika trabalhava ficava no terceiro andar do lado esquerdo.

Subiram e logo estavam no longo corredor. Os estabelecimentos se amontoavam, mais uma vez, de um dos lados e do outro havia um telão do tamanho do próprio corredor, atirando propagandas personalizadas para cada pessoa que os olhasse. Isso claro, para quem tinha um TAP funcional. Lee e Akira não viram mais do que um brilho indistinto e pálido de fundo sobre incontáveis QR Codes daquele século: bem menores e mais discretos. Akira conduziu o colega até a porta. Dizia 'Delphos Investigation'. Depois que ele olhou na câmera de visitantes e a porta abriu, Mika olhou para seu primo e para o seu colega com um misto de surpresa e indignação:- Mas que porra é essa?!

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- É claro que eu não conheço esse folgado que você trouxe aqui. - As sobrancelhas erguidas da prima de Akira demonstravam que ela estava bastante surpresa com a forma de se portar do lutador. - Desde quando você vem aqui sem avisar?

O escritório de Mika era simples. Na realidade ela trabalhava em sociedade com um outro detetive e eles tinham duas salas separadas. A sala dele era fechada com vidro dinâmico, uma tecnologia que permitia que o vidro ficasse transparente, translúcido ou opaco apenas com um comando. Tratava-se de alguma feitiçaria eletrônica. Já a sala de Mika, que era como que sua auxiliar, era separada de uma micro-recepção por uma parede de gesso acartonado com textura de concreto e, na realidade, não era fechada com porta, pois para chegar à sala do sócio era preciso passar pela dela. Por sorte ou ocaso do destino, não havia nenhum cliente no momento.

- Foda-se! Sentem ali. - Ela apontou as duas cadeiras diante da sua mesa. - E vão desembuchando o que estão fazendo aqui.

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- Sem drama, Akira, por favor. - Era engraçado como as mudanças da sociedade criavam situações. Akira chegara de surpresa com um colega e sua prima estava p da vida com isso. Talvez porque todos estavam habituados a estarem sempre informados via notificações do que estava por acontecer. Uma 'pequena surpresa' se tornava um problema. Quando Lee falou mais sério, ela pareceu sair um pouco do seu ataque agudo de tpm e, embora respondesse a contragosto, já não era tão afetada. - Meu sócio está na sala dele, provavelmente brincando na Realidade Virtual enquanto finge que está trabalhando, por isso o vidro está opaco. Lá dentro ele está isolado daqui, mas ele pode sair a qualquer momento.

Ela empurrou o chão com os pés e a cadeira flutuante foi até a mesa lateral. Ela apertou um botão e depois configurou para 3. Segundo depois a maquininha estava expelindo café em copos plásticos. Ela tirou cada um e deu ao primo e seu colega. - Andem, eu não tenho o dia todo... - Bebericou o café e aquela parecia ser a primeira vez que Mika estava calma desde que chegaram.

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