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    Capítulo X - Parte 1

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    Mensagem por Artorias Ter 19 Mar 2019 - 17:27

    Capítulo X - Parte 1 Outro410


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    Mensagem por Artorias Qua 20 Mar 2019 - 18:52

    OFF – POST 1:


    ON



    Houve um tempo que heróis conquistavam suas glórias e após o fim deixavam para a humanidade suas lendas para que outros tivessem inspirações de serem grandiosos também.

    Homens cheios de sonhos lutavam, mas poucos eram capazes de sobreviver para realizá-los, na guerra nunca há glória.

    Guerras sempre existiram e através da dor e do sangue de outros que grandes homens tornaram-se lembrados, porém nenhum homem comum que morrera em combate será enaltecido, seus nomes não possuem valor, seus feitos não foram memoráveis, apenas peões em um jogo de tabuleiro.

    Ao longo da história humana, muitos corpos foram deixados para trás, memórias e desejos esquecidos.

    Dor...

    Morte...

    Escuridão...



    [...]



    Vocês se sentem abraçados pela morte, flutuando numa escuridão absoluta, é tudo muito frio e desolador, mas aceitavam isso, estavam acostumados, não sentiam mais dor, não eram capazes de pensar no sofrimento das batalhas e nas mortes que viram.


    Esses braços que traziam alguma segurança soltam e seus corpos passam a afundar, seus corpos caem no abismo infinito, sentimento desesperador...



    [...]



    Som de crepitação...


    Calor...


    Luz...


    Vocês veem uma fogueira a frente, tudo ao redor era escuro. A sensação era boa, vocês querem mais daquilo, porém seus corpos não reagem como querem, seus músculos estão moles, dormentes, também não conseguem falar, a visão ainda é turva, existe uma certa dificuldade para respirar, o menor som apresenta como um grande barulho, mas precisavam se aproximar da fogueira, mesmo que tenham de rastejar.


    Havia um homem sentado perto da fogueira, mesmo com a dificuldade para enxergar era perceptível que era um guerreiro, o estranho notara os movimentos rastejantes dos heróis e diz – Aproximem-se que essa fogueira deixará vocês melhores... –, sua voz era amigável, mas firme.



    Capítulo X - Parte 1 Solair14
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    Mensagem por Lnrd Qua 20 Mar 2019 - 20:03

    Aquele parto blasfemo era tão distorcido quanto uma horrenda paródia, despencar do vazio pós-vida na correnteza de retorno ao mundo. Braços em vão tentavam se agarrar, sensação nova e terrível, ferindo aquele estado estranhamente reconfortante que era o frio do nada – perturbar os mortos assim era herético, um terrível sacrilégio. Necromancia?

    Agora rastejava rumo a uma fogueira, um arremedo de mariposa já ferida, mas ainda hipnotizada por um sol falso. Pior ou não, era difícil resistir.

    Questionava-se se deveria simplesmente desistir, mas isso não parecia capaz de retorná-la a seja lá onde estivera. Naquele frio, o atual, não havia paz. Seguia em frente, mesmo sem compreender o que se passava. Sobrevivera à investida inimiga que, até onde conseguia lembrar, ceifara como trigo a infantaria dela? Era ali o purgatório?

    Uma voz a atingira como os sinos de uma igreja reverberando na cabeça dela. Como nunca antes, sentia a armadura pesada. Sem questionar, obedeceu e, quando finalmente conseguiu se aproximar, sentou-se da melhor maneira que pôde.

    À fogueira, tirou as pesadas luvas e observou as próprias mãos. Eram grossas e estavam sujas, a despeito de estarem cobertas antes. Reparou que tremia. Sentia os dedos duros. Na verdade, todo o corpo parecia um tanto petrificado, algo sem vida, rigor mortis. Mas menos que quando despertara. Os sentidos retornavam-lhe.

    Mirou ao redor com olhos ainda sensíveis, reparando que aquilo não parecia em nada o campo onde tombara.
    Ou com qualquer um em que já pisara.


    Numa voz sem firmeza, sentindo o ar que lhe corria a garganta pesado como os vapores viciados de uma cripta abandonada, juntou curtas palavras:
    - Água - Tossira. Os pulmões ainda estava enferrujados e a própria voz soara-lhe sem firmeza, quase como se tivesse desaprendido a falar. Não havia ali mais nenhum grito de guerra que pudesse proferir. “Que terra é essa?”, conseguiu continuar de forma arranhada. “Estamos distantes de Argoliath?”.
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    Mensagem por Dycleal Qua 20 Mar 2019 - 22:42



    Ao explodir, não sentira dor, apenas um calor como no dia que se apaixonará por seu marido... Uma sensação boa, de dever cumprido, de prazer. E a esperança de ir para o valhalla como acreditava os vikings ou o paraíso como pregava o Beato Nicolau, com aquela pregação cristã dos ingleses do sul, mas foi só uma esperança...
    Quem me recepcionou foi o éter que apregoava o meu mestre das artes arcanas, um mar de éter que me conservava estática e inerte, o tempo não passava e vivia uma não vida, sem dor ou emoções... Mas sou mãe e meu coração venceu a inercia do éter e pensava todos os dias na minha filha e no ducado, pois se o ducado fora salvo, minha filha estava bem, mas eu não estava lá para ajudá-la, para salva-la, para ver meus netos e os netos dos meus netos.

    E o infinito se resumiu ao nada, ao vazio e não tinha mais um coração, apenas uma dor, que tinia contando o tempo, um tempo que não andava, mas que ressoava na minha solidão, ali, eu e o nada... E o vazio se propagava por essa não resposta, mas não me derrubava, pois sou um MacKenna, e nada me derruba e estou pronta, para quando o juízo dos deuses me chamar para responder aos seus inquéritos...

    Mas esse juízo não chegava, como se estivesse em um patamar espiritual dos esquecidos e quando meu espírito não mais recalcitrava e meu pensamento começava a entrar em sintonia, eis que o éter se hidrolisa e como em um turbilhão meu ser é sugado para um centro de escopo inexistente e sinto que vou ser dissipada de qualquer existência e que finalmente terei o descanso dos esquecidos e dissolvidos pela névoa da ignomínia.

    Agora não há mais o frio confortável do éter, aquela desolação que me acompanhava, por um momento não a nada, apenas uma queda ao encontro do vazio, um sentimento desesperador, mas que me trás uma intensa calma, a calma da certeza do fim.
    E então ouço uma crepitação, olho para os lado e não vejo nada, apenas ouço o crepitar e aperto os olhos e sinto um estranho calor que apenas contrasta com o frio do éter e o calor no inicio dói e na dor estreito os olhos e vejo uma luz, um filete de luz e ao olha para meu ser, vejo embaçado um corpo, o meu corpo e tento toca-lo, mas meus músculos doem ao fazê-lo, mas é uma sensação nova, o meu ser não mais comunga diluído no éter, tem limites claros e delineáveis.

    Demora um tempo, mas meus olhos se acostumam com a escuridão e a luz e vejo e identifico que é uma fogueira e o crepitar começa a fazer sentido e a sensação é boa, depois de um infinito éter, aquele calor representa vida e eu preciso dele e me arrasto como posso superando a dor de um corpo já não mais acostumado a sentir, recebo a dor como um alento, um sinal que estou viva... E continua como uma trepadeira se enrolando em mim mesma e me dirigindo por instinto para aquela luz.

    A proximidade dá luz permite ver um vulto que a medida que me aproximo da luz cada vez mais fica nítido, e o borrão começa a se parecer com um guerreiro armadurado e ele olha para mim e diz para se aproximar, que a fogueira me deixará forte, melhor e eu acredito, porque não é possível ficar pior, pois sou uma massa viva formada de dor e esperança curiosa e não consigo articular as palavras, que arranham no caminho como se fosse pedra e areia.

    E continuo me aproximando, e sinto um pouco de saliva na boca, uma saliva quase seca e inútil, mas o suficiente para lubrificar a minha dolorida garganta e perguntar: - Estou perto da terra dos MacKenna... E nenhuma palavra mais consigo articular, apenas roda na minha mente a esperança de uma resposta positiva e rever a minha terra mãe.
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    Mensagem por Kether Qui 21 Mar 2019 - 12:43

    Nos seus últimos momentos de vida, seus olhos estavam fixos nos olhos de sua amada. Ela chorava ante a cena dolorosa da perda daquele para quem prometera compartilhar os dias do futuro.

    - Eu te amo Joan...

    Aquelas foram as minhas últimas palavras antes do frio e da escuridão. Não sei se em sonho ou fora realidade ouvir a resposta dela.

    - Serei para sempre sua, meu amado.

    Não sentia mais nada, era como se estivesse flutuando num mar de águas escuras e geladas. Não havia baixo ou cima, frente e costas. Não havia nada tempo em suspenso. Ali aguardaria a volta do Altíssimo no julgamento das almas no apocalipse.

    Nenhum sentido ou sensação, as recordações da vida que levei ainda estavam presentes mas agora fragmentadas e fora de ordem o conceito de tempo se fora. Apenas a angústia do sentimento de perda de sua identidade, de suas lembranças de quem eu era toma meu ser. Na última batalha, meus homens traídos e o exército inimigo em nosso encalço, no calor da batalha um dos inimigos diz o nome de meu irmão.

    "Gills contou a verdade, eles invadiriam pelos esgotos como ratos que são!"

    Meu irmão me traíra, tudo fazia sentido agora. Me sentia mais fraco durante a batalha e na última refeição fora chamado pelo irmão que lhe servira o vinho. Ainda tomado pela felicidade de ter sido aceite por minha Joana, não pude ver o quão vil ele era.

    - Que mil vermes devorem sua carne Gills!

    Tentei gritar tomado pela fúria, mas naquele lugar nenhum som fora emitido. Estou morto, fadado a existir neste lugar. Quando já me sentia domado pela situação, e não havia mais ódio, raiva, ira, amor, paixão, apenas o vazio dentro de minh'alma imortal um calor começa a tomar começa a aquecer.

    "Fogo!" - penso ao ouvir o crepitar da madeira de uma fogueira.

    "Estou vivo... Joana... Mas como..." - penso ao começar a sentir meu corpo, ainda sem forças mas eu sinto.

    - Joan... - murmuro.

    Meus olhos não me mostram muita coisa, mas o calor é aconchegante. Me dirijo em sua direção de gatinhos como se tivesse acabado de sair do útero materno. O corpo ainda dormente não me ajuda na movimentação.

    – Aproximem-se que essa fogueira deixará vocês melhores...

    Um homem fala, o que me revela não estar sozinho sigo ainda em sua direção.

    - Água. - tosse uma voz feminina, logo depois uma segunda voz diz:

    - Estou perto da terra dos MacKenna...

    Minha visão ainda está nublada, "estaria eu ficando cego?" penso.

    A primeira voz feminina volta a falar:

    - Que terra é essa? Estamos distantes de Argoliath?

    "Em nome de Nosso Senhor! Que terras eram estas que elas falavam! Estou eu nos círculos infernais? Esta será minha punição por ter amado um ser puro e divino? Oh! Jesus perdoa-me por meus crimes!" - clamo em pensamento pela misericórdia divina.
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    Mensagem por Artorias Qui 21 Mar 2019 - 15:41

    OFF – POST 2:



    ON

    As vozes dos heróis estavam tão fracas que o cavaleiro misterioso não fora capaz de ouvir.

    [...]

    O fogo ardia suas vistas, a crepitação era como um soco que ecoava em seus ouvidos, aquele calor parecia queimar o interior de vocês, mas o insuportável tornava-se prazeroso para quem havia acostumado a sentir nada a tempos.

    Pouco a pouco as dores iam embora, a dormência passava, a dificuldade de falar e enxergar reduzia, de repente o ar não era mais tão pesado.

    Passavam a lembrar o que era viver novamente.

    [...]

    Passara um tempo e vocês se sentiam um pouco melhores, o cavaleiro dera um pouco de água para aqueles que teriam pedido.

    – Entendo a dor que devem sentir neste momento, mas os tempos são outros, terão que se acostumar à dor e ao sofrimento, neste mundo não há mais paz... – O desconhecido fala sozinho em tom de lamuria.

    [...]

    Após um certo momento aquecendo seus corpos diante da fogueira, percebem que há uma espada fixada no fogo, aquele calor e suas chamas eram diferentes também, não parecia queimar o que é material como é da natureza do fogo.

    Capítulo X - Parte 1 19c1e210


    Vocês conseguem notar que ao redor há vários túmulos, a escuridão não permitia ver muito além, mas era possível pressupor ser um cemitério.

    Quantas interrogações surgem a vocês nesse momento, será que todas terão respostas?
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    Mensagem por Lnrd Qui 21 Mar 2019 - 17:08

    Bebera da água oferecida pelo cavaleiro, mas resposta não obtivera alguma. O que havia perguntado? Ainda lutava contra aquele estado sonolento e delirante entre cá e ali, confusa.

    Olhou novamente ao redor, varrendo o ambiente da melhor forma que conseguia. Lápides erigidas sobre as terras dos mortos. Havia ela engatinhado para fora da própria tumba, abordada pelo ventre da mãe que tudo dá e tudo toma?

    Não estava só. Outras crianças malditas se juntavam àquele precário conselho das lamúrias.

    Fez, então, o que pareceu justo.
    Removeu o elmo que cancelava-lhe a identidade.

    Sentiu sobre o rosto o lamber daquelas labaredas de boas-vindas. Tudo parecia-lhe agravado: a bebida cortara e alentara; o barulho ensurdecia e encantava; a vida fustigava, mas era vida.
    A noite parecia densa e fria para além do círculo. Já respirava melhor.

    Era uma mulher madura, semblante moldado entre o calor da guerra e a marreta da experiência. A beleza forte e solene do carvalho sob a chuva.
    Tinha a pele marrom marcada por cicatrizes e os cabelos, agora desgrenhados, alternavam-se entre o castanho escuro da juventude e o branco da meia-idade.

    Na dúvida entre não ter sido entendida, ter sido ignorada ou simplesmente ter falhado em articular suas questões em voz alta, resolveu tentar uma segunda vez. Procurou então relembrar o modo como era chamada. Havia formas que lhe agradavam, ou que o haviam feito até que se tornassem um peso, e aquelas com as quais nunca se sentira confortável.

    "Immacolata", pensara em dizer. "Mortalha da Guerra". Talvez "Donzela Sangrenta" ou "Virgem d'Argoliath". Tais títulos soavam a ela auspiciosos ou agourentos? Havia piores, como "Santa Guerreira". Talvez fosse melhor apenas apagar o passado e escolher um novo nome.
    - Chamam-me Ignastacia d'Argoliath - falou, na esperança de ser escutada ou de conseguir a atenção daquele primeiro guerreiro cujo peito, notava agora, estampava o emblema de um Sol. Aquele era o nome com a qual fora batizada -. E eu nunca conheci paz - complementou.

    Não inquiriria nada daquela vez. Aguardaria que ele falasse o que quisesse, se quisesse. Não sabia se deveria esperar ou não que ele tivesse qualquer palavra que pudesse servir de guia.

    Fixou-se na espada, sem saber se ela estava lá antes. Quase queria tocá-la.
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    Mensagem por Dycleal Qui 21 Mar 2019 - 17:42

    Nenhuma resposta veio para calar o meu anseio. A ideia de finalmente ser o meu juízo final, o meu encontro com o criador, aumentava em minha mente, porém algo não estava certo, a medida que as dores e o calor me incomodavam, eu me sentia melhor, prazerosamente melhor e uma sensação de estar viva me toma e fico em dúvida sobre o que realmente está acontecendo e lembro que o Beato falava que antes da danação, do julgamento final, viria a ressurreição dos mortos...

    Agora eu vejo o guerreiro dar água para uma outra pessoa e lembro-me de como é bom beber água quando se está com sede e se estou com sede é porque novamente devo estar viva, mas o julgamento final deveria ter muitos anjos e ali só tem aquele guerreiro, outras duas pessoas ou penitentes e a fogueira.

    A fogueira, algo hipnótico que me faz olhar para ela, que cada vez mais e nela eu vejo com nitidez que dentro dela tem uma espada, fixada no centro do fogo crepitante, mas tanto o fogo como a espada são estranhos, eles aquecem mais não queimam, nem a espada é queimada... E isto é estranho para o fogo, pois a natureza do fogo é queimar, dar dano e reavivar.

    Eu começo a respirar sem o peso que sentir no ar e meus membros se esticam melhor e sem muita dor e começo a olhar em volta e vejo túmulos e entendo que estou em um cemitério, mas eu não fui enterrada, eu devo ter explodido quando liberei toda aquela energia que em mim concentrei e sei que explodi porque a ultima lembrança que tenho é do sangue explodindo para todos os lados das centenas de corpos que se desfaziam em milhares de pedaço e não senti nenhuma dor, apenas a sensação que valeu a pena o meu sacrifício.

    Mas as perguntas rondam a minha mente, se eu não fui enterrada porque estou em um cemitério e quem é esse guerreiro, quem são esses dois companheiros de sofrimento e que mundo é esse que não tem paz e que a dor e o sofrimento são os nossos companheiros diários?

    Eu me dirigi ao guerreiro e ensaio me sentar e verifico como estou vestida, pois não posso fazer esta aproximação sem estar devidamente coberta e após essa verificação pergunto ao guerreiro: - Soldado, quem é você? E que mundo é este e o que aconteceu a ele? Pode me dar um gole desta água por favor e olhando para os companheiros indaga: - E vocês? O que fizeram nesta vida, para estarem se redimindo junto com a minha pessoa? Lembra-se dos modos de uma dama e diz: - Desculpem-me, chamo-me ou já me chamei de Mewghoah, Mewghoah MacKenna e vocês, quais as suas graças?
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    Capítulo X - Parte 1 Empty Re: Capítulo X - Parte 1

    Mensagem por Kether Qui 21 Mar 2019 - 20:01

    Me sento próximo ao fogo que parece trazer minha força de volta, eu olho para o cavaleiro com um emblema no peito que parece com o sol. Nunca havia visto um simbolo assim em nenhum brasão de família na minha querida França.

    A mulher sem elmo aparenta ter bem mais idade que os meus 20 anos que eu tinha quando encontrei com minha sorte. Olho ao redor e vejo apenas dois cavaleiros.

    "Mas eu juro ter ouvido duas mulheres! Meus ouvidos também me pregam peças?" - penso.

    Neste momento um dos cavaleiros remove seu elmo e então uma mulher com o peso dos anos e marcas de uma vida de guerra que a tornam ainda mais envelhecida, o cavaleiro oferece água para elas. Eu me mantenho próximo ao fogo, a espada. Lembro-me de meus combates minha espada que batizei de Língua Flamejante.

    - Gostaria de água. - falo sem desviar o olhar da espada, enquanto levo minha mão até a cintura onde encontro a empunhadura de minha espada.

    A sensação da morte, aquele vazio e frio passavam quanto mais tempo ficava próximo ao fogo. A percepção de que estava num cemitério lhe trouxe a exata noção de que alguma força havia o trazido de volta, mas onde estava? Quem eram aquelas pessoas com trajes tão diferentes que os da sua era e terra natal?

    Eu olho ao redor só havíamos nós naquele lugar e tomado pela angústia digo:

    - Chegamos ao epílogo dos tempos? Este é o resultado do Apocalipse e aqui estamos nós no inferno? Nossas almas estão fadadas a danação eterna? Oh Deus! Por quais crimes me culpas e atira minh'alma imortal para esta morada! Será que não fui um servo digno de Vossa morada para compartilhar com minha amada Donzela. Ou terei de vagar pelos nove infernos de Dante para poder assim como ele chegar ao Paraíso e me encontrar com minha própria Beatriz e viver pela eternidade ao seu lado?


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    Mensagem por Artorias Sex 22 Mar 2019 - 15:10

    OFF – POST 3:


    ON

    O homem misterioso sentava apoiando as costas numa lápide, parecia repousar, com seu elmo que cobria todo seu rosto, era impossível compreender o que se passava com ele.

    Alguns dos heróis apresentam-se para o desconhecido em frente a fogueira que os reconfortava, suas vozes fracas, porém, audíveis agora, traziam a tona um passado longínquo.


    "Chamam-me Ignastacia d'Argoliath [...] E eu nunca conheci paz."


    "[...] chamo-me ou já me chamei de Mewghoah, Mewghoah MacKenna, e vocês, quais as suas graças?"



    Surpreso estava, o seu tom de voz denunciava, mas se mantinha sério e firme – Ora, eu já ouvi falar de vós, sem dúvida deixastes um legado. Poucas mulheres tiveram tantos feitos como vocês, penso eu... –, parou por uns instantes, não dava para saber o porque, um minuto depois voltara a falar – Eu sou Solaire de Astora, vós nunca ouvistes falar de mim, sou de gerações a frente das suas...


    Uma certa confusão surge, vocês não entendiam o que faziam ali. Após pedirem água, Solaire entrega a vocês, a sede fora saciada, mas tanto tempo há de ter passado que parecia ser necessário milhares de litros para satisfazer a vontade de beber.


    Mais questionamentos vêm.


    "Chegamos ao epílogo dos tempos? Este é o resultado do Apocalipse e aqui estamos nós no inferno? Nossas almas estão fadadas a danação eterna? Oh Deus! Por quais crimes me culpas e atira minh'alma imortal para esta morada! Será que não fui um servo digno de Vossa morada para compartilhar com minha amada Donzela. Ou terei de vagar pelos nove infernos de Dante para poder assim como ele chegar ao Paraíso e me encontrar com minha própria Beatriz e viver pela eternidade ao seu lado?"


    "[...] E que mundo é este e o que aconteceu a ele? [...] O que fizeram nesta vida, para estarem se redimindo junto com a minha pessoa?"



    – Entendo que possuístes muitas dúvidas, infelizmente eu não tenho todas as respostas, contudo, eu posso dizer que aqui onde jaz estamos, é o nosso mundo, o plano material, tanto eu quando vós retornamos dos mortos juntamente com a maioria dos cadáveres, o motivo, não sei, mas esse é o nosso fardo, encarar esse mundo dominado pela podridão... – Solaire falava sombriamente, talvez estivesse sofrendo muito com esse retorno, ele aponta para o céu e prossegue – O sol foi tampado pelo eclipse, não há mais luz, não há mais dia, não há mais vida, há apenas escuridão, noite e morte, também não sei quando começou isso, mas tudo indica que a humanidade passa por isso a muito tempo... –, abaixara o braço e olha para os heróis desorientados com as palavras do cavaleiro – Essa fogueira, podem ter notado, é diferente, ela é a cópia artificial da aura do Lord Gwyn, o Deus da Luz, senhor responsável pela vida humana e pela ordem, com essa fogueira ela é capaz de trazer sanidade àqueles que retornam da morte e recupera o corpo pútrido de quem se aproxima, se estamos cientes do que fazemos, é graças a essa fogueira encantada... Infelizmente, Lord Gwyn e outros deuses sumiram, talvez seja esse o motivo do caos no mundo, suponho isso...


    Suas palavras, suas palavras... suas palavras eram obscuras, fora muita informação, talvez fosse necessário um tempo para absorverem tudo, mas ainda assim seria o Destino responsável por esse encontro de heróis?
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    Mensagem por Kether Sex 22 Mar 2019 - 16:59

    Solaire escreveu:– Entendo que possuístes muitas dúvidas, infelizmente eu não tenho todas as respostas, contudo, eu posso dizer que aqui onde jaz estamos, é o nosso mundo, o plano material, tanto eu quando vós retornamos dos mortos juntamente com a maioria dos cadáveres, o motivo, não sei, mas esse é o nosso fardo, encarar esse mundo dominado pela podridão... O sol foi tampado pelo eclipse, não há mais luz, não há mais dia, não há mais vida, há apenas escuridão, noite e morte, também não sei quando começou isso, mas tudo indica que a humanidade passa por isso a muito tempo... Essa fogueira, podem ter notado, é diferente, ela é a cópia artificial da aura do Lord Gwyn, o Deus da Luz, senhor responsável pela vida humana e pela ordem, com essa fogueira ela é capaz de trazer sanidade àqueles que retornam da morte e recupera o corpo pútrido de quem se aproxima, se estamos cientes do que fazemos, é graças a essa fogueira encantada... Infelizmente, Lord Gwyn e outros deuses sumiram, talvez seja esse o motivo do caos no mundo, suponho isso...

    Eu ouço as palavras do cavaleiro o que me deixa ainda mais perplexo.

    - Me chamo Guillaume de Retz, lutei ao lado de Joan D'Arc, minha amada Joan. Caí para protegê-la e desde então aguardava pelo dia do Juízo Final para enfim poder encontrá-la e vivermos a eternidade juntos.

    Eu percorro o olhar para as outras duas mulheres que dividiam o calor das chamas daquela fogueira.

    - Parece que todos estamos reunidos aqui por um propósito maior. Se os Deuses se viraram para nós, cabe-nos então pegar as rédeas do destino e colocar as nossas carruagens na direção da Ordem e do Bem.
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    Mensagem por Lnrd Sex 22 Mar 2019 - 18:02

    Os olhos de Ignastacia perderam a fogueira, procurando capturar o conjunto que representava aquele "Solaire de Astora", fosse qual fosse aquele nome, seja lá qual fosse o lugar ou casa de onde viera. Falava com verdade ou apenas cantava uma armadilha maquiavélica, oferecendo falsos sinais infestados de perigos secretos?

    Nada fazia sentido certo naquela situação, ao que o discurso dele não parecia impossível de carregar sinceridade – o menos louco num furacão de insanidade já era porto suficientemente seguro a quem tenta sobreviver à correnteza.

    "Gerações". Aceitar aquela ideia colocava-as como relíquias dum passado, mesmo que não desse dimensão exata de nada. Afinal, sempre ouvira histórias de rainhas e reis cujos feitos pareciam pertencer a mundos perdidos, nos quais o fantástico superava em muito o ordinário conhecido por ela – mesmo que remetessem à juventude de pessoas que ainda caminhavam nas mesmas terras que ela, respirando os mesmos ares que ela.
    Conhecera, ela própria, várias “lendas vivas” – havia quem também a colocasse em tal patamar.

    De qualquer maneira, desconfiava intimamente que era justamente o que se passava com ela: havia, pois, perecido em batalha e agora retornava do túmulo. Era uma criatura desgraçada, rejeito, abominação. Uma "morta-viva".
    E, apesar disso, sentia sede, calor e frio.
    Respirava.

    Em silêncio, continuou a escuta, tentando captar nas respostas aos questionamentos daquelas pessoas soluções às próprias dúvidas.

    O que a aguardava não deixou de trazer espanto: não era noite, percebeu com assombro. O sol fora ocultado a criação enclausurada naquele estado crepuscular. Deixou-se boquiaberta encarando o céu marcado a fogo.
    Não sabia o que pensar.

    Solaire seguia enveredando por caminhos tortuosos, deuses desconhecidos num mundo irreconhecível. Ele falava sobre aquela chama trazer razão, mas até agora só iluminara desespero.

    Parou para reparar no resto do bando, como fazem as pessoas em busca de confirmar, nas expressões próximas, se um fato qualquer havia realmente se passado.

    Uma das pessoas, outra mulher, apresentara-se como “Mewghoah”. Falara em redenção, enquanto Ignastacia sabia bem dos pecados de sangue que havia cometido. "Não se refestelarás em vendeta, mesmo que a creias retidão de teus motivos" era o tipo de mandamento que poderia ter sido escrito visando diretamente a ela. Apenas não se sentiu convidada a enumerar os próprios erros, um a um, naquele momento.

    A segunda, um jovem, doeu-lhe à consciência: carregava a voz dos inocentes, dos crédulos que, transbordando vida, vinham pedir-lhe a benção de líder antes de serem enviados por ela própria à morte em batalha. Depositavam-lhe confiança, obtendo, quando muito, um punhado de terra suja sobre os cadáveres.
    Aquele “Guillaume”, ao falar, denunciava fé no amor e na justeza das próprias intenções, o que trazia a ela más recordações.
    - Não havia Ordem e Bem antes, o que o dirá agora - murmurou ela, mais consigo do que numa discussão. – Sou Ignastacia – repetiu, levantando-se... apenas para perceber que não tinha forças suficientes ainda, obrigando-se a voltar à posição anterior – E o que costuma fazer quem aqui acorda? Não podemos simplesmente voltar à cova e esperar que esse mundo termine de acabar? – Prosseguira ela, dirigindo-se de maneira grave ao cavaleiro do escudo de sol.
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    Mensagem por Dycleal Sex 22 Mar 2019 - 20:20

    Mewghoah ouve o homem de armadura dizer que já ouvira sobre os seus feitos e os feitos dos outros penitentes. Mas na sua mente reverbera as palavras dor e sofrimento e conclui que não está muito diferente da sua antiga vida. As terras altas, a sua amada Escócia, sempre fora uma região bela, bucólica, porém dura, apropriada para os fortes, espremida entre os bárbaros Picnos e os vis Anglos. Aprendera a lutar contra os selvagens Saxões e a conviver com os estranhos Celtas, eram muitos os seus desafios...

    E não ia ser diferente agora, seu cerne é o cepo de um machado, duro e moldava o inimigo, mas ela permanecia inalterada, um marco, uma referencia para o seu povo. Estava acostumada a perder, primeiro seus pais, depois seu marido, seu filho mais velho e por fim a própria vida para salvar a sua jovem filha e o seu reino, legado do seu pai.

    Estava pronta, era uma mulher prática que não tinha tempo para perder com sentimentos, que os transformava em ações, sempre fora assim e agora, nesta volta, não seria diferente, os deuses não podiam lutar, o guerreiro observara isto, este tal Lorde Gwyn fizera sua parte concedendo está fogueira renovadora, mas agora ele não estava, sumira deixando o mundo no caos e nas trevas, mas agora o mundo tinha Mewghoah MacKenna de volta, e eu tinha que ser a esperança novamente, pois se fora levantada, teria que fazer jus a este chamado.

    Ela apalpa a sua armadura e inexplicavelmente ela esta ali, suas armas no cinto como se estivesse indo para o seu combate final, olha para o guerreiro, para o homem e para a mulher companheiros de retorno e pega a sua espada e se apoiando nela, lentamente e com moderado esforço se levanta e diz: - Sir Solaire de Astora, Sir Guillaume de Retz, Lady Inastacia, Eu Mewghoah MacKenna, Duquesa do Clã MacKenna das terras altas da Escócia, os Saúdo e peço que Sir Solaire de Astora, nosso bem feitor que nos recebeu neste nosso inexplicável retorno, nos lidere para expurgar essa macula que aflige o mundo e que lutemos e ajamos, para que façamos valer a pena este retorno e que resgatemos os deuses, a esperança e restituamos a paz e a fé aos homens, para que o mundo volte a ordem, e que crianças cresçam como devem crescer, pessoas amem como devem amar e as pessoas voltem a acreditar, que pela manhã, a luz do sol os aguardará novamente no horizonte, isto eu prometo fazer, nem que morra tentando, faço este voto solene, e cumprirei, ou não me chamo Mewghoah MacKenna! E levanta a espada como afirmação do seu voto.
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    Mensagem por Artorias Ter 26 Mar 2019 - 21:00

    OFF – POST 4

    ON


    Homens e mulheres... guerreiros... heróis de tempos de outrora... cercavam a fogueira, agora sabida ser mística, as revelações sobre o mundo para qual retornam eram obscuras, mesmo que alguns acreditem estarem acostumados, não será necessário muito tempo para perceber que é diferente...



    "Se a morte predomina na bravura
    Do bronze, pedra, terra e imenso mar,
    Pode sobreviver a formosura,
    Tendo da flor a força a devastar?"


    Recita Solaire de Astora, que olhava para o céu como se procurasse algo por lá. Sua atenção é chamada de volta aos revividos quando a voz de um homem ecoa em seus ouvidos.



    "Me chamo Guillaume de Retz, lutei ao lado de Joan D'Arc, minha amada Joan."




    – É uma honra estar presente com sua pessoa, sem dúvida muitos trovadores cantaram para donzelas versos inspirados em seu amor! – disse Solaire um pouco animado.




    "[...] Se os Deuses se viraram para nós, cabe-nos então pegar as rédeas do destino e colocar as nossas carruagens na direção da Ordem e do Bem."



    "Não havia Ordem e Bem antes, o que o dirá agora [...] E o que costuma fazer quem aqui acorda? Não podemos simplesmente voltar à cova e esperar que esse mundo termine de acabar?"




    O cavaleiro de brasão do sol manteve-se em silêncio, talvez não quisesse falar, talvez não soubesse o que dizer.



    "Sir Solaire de Astora, Sir Guillaume de Retz, Lady Inastacia, Eu Mewghoah MacKenna, Duquesa do Clã MacKenna das terras altas da Escócia, os Saúdo e peço que Sir Solaire de Astora, nosso bem feitor que nos recebeu neste nosso inexplicável retorno, nos lidere para expurgar essa macula que aflige o mundo e que lutemos e ajamos, para que façamos valer a pena este retorno e que resgatemos os deuses, a esperança e restituamos a paz e a fé aos homens, para que o mundo volte a ordem, e que crianças cresçam como devem crescer, pessoas amem como devem amar e as pessoas voltem a acreditar, que pela manhã, a luz do sol os aguardará novamente no horizonte, isto eu prometo fazer, nem que morra tentando, faço este voto solene, e cumprirei, ou não me chamo Mewghoah MacKenna!"



    – Sinto muito, mas não posso guiá-los, tenho que reencontrar meus companheiros, estou atrasado, vós precisais de mais tempo para ficardes mais fortes e aptos, o que não posso esperar... Mas – aponta para o leste – Irei àquela direção, o objetivo é chegar até a Fortaleza de Sen para obter mais respostas, não sei o que acharemos por lá, mas haverá de encontrar algo por lá... O caminho é longo e haverá algumas complicações, mas não se preocupeis, mesmo que não estejais mais nos seus cem porcento, sabereis superar as vicissitudes.



    Capítulo X - Parte 1 Mpegqt10


    – Terei de despedir, espero encontrá-los novamente, fora um enorme prazer conhecer lendas como vocês! – Solaire se despede, vocês observam ele se afastando até que some na linha do horizonte, agora resta apenas terminar de repousar como recomendou o respeitoso cavaleiro.

    [...]

    Um bom tempo se passou, mas como a escuridão é sem fim, era impossível saber quanto tempo correu, vocês estavam prontos para decidir o que fazer, provavelmente ir pelo mesmo caminho que Solaire fosse a melhor opção.
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    Mensagem por Dycleal Ter 26 Mar 2019 - 23:14

    Mewghoah compreende a decisão de Solaire, decisões nunca são fáceis, mas tem que ser tomadas, e se algo precisa ser feito, que seja logo.

    Mesmo sentindo-se abandonada, a Duquesa sabe que precisa se fortalecer e isto demanda tempo e Solaire de fato não os deixou, pois em seu lugar deixou a esperança de um futuro reencontro, deu uma direção, deu um destino e isto, nas mão dos fortes e resolutos, é mais do que o suficiente.

    E o tempo, aquele que não para, aquele que não perdoa foi se acomodando por entre seus dedos e passando e por não ter o movimento dos astros, o referencial distante que ajuda a medir o tempo, Mewghoah usa como referencial o seu corpo e o seu bem estar e ao sentir no referencial corpo as marcas indeléveis da passagem do tempo e se sentindo melhor se vira para os seus pares e declara: - Varões e varoas irmãos, meu corpo clama por agir, meus músculos e tendões agora renovados pela passagem do tempo, impulsionam meu coração em direção ao meu destino, que pela decisão do destino se transformou em nosso, e por isso conclamo que partamos na direção da Torre de Sen e levantando-se aponta com sua espada para o leste e olha para ambos os companheiros e dá os primeiros passos para o Leste e pergunta: - Estão prontos?
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    Mensagem por Lnrd Qua 27 Mar 2019 - 0:47

    A última das quedas, a derrota final em campo de batalha, fora revertida. Vida restaurada anulando uma morte que, mesmo trágica, aceitara como benção e justa parte. As feridas que muito antes haviam tomado de assalto o coração dela, entretanto, não foram desfeitas. Tinha o peito como uma chaga seca – afora a incômoda sensação de que, mesmo finado, ainda lhe doía.
    Ouvira com incredulidade o discurso esperançoso de Mewghoah, ainda digerindo a falta de ressonância, da parte de Sir Solaire, às questões que em vão insistira em verbalizar.

    Ao tempo dela, não tivera forças para expurgar nem a maldita família que impusera o aço da faca a incontáveis vidas. Livrar-se da “mácula” daquele mundo transformado não parecia um compromisso atraente. Como lutar por deuses estranhos dos quais nunca ouvira, aos quais jamais enviara preces ou, podia concluir, pelos quais graça alguma podia agradecer?
    Isso é, considerando que aquele retorno profano não parecia-lhe nada com uma convocação, milagre ou segunda chance. Podia crer mais que o ciclo da vida e da morte havia simplesmente sido violado, uma ruptura não-natural à beira da falência de tudo.

    Sem ter o que dizer ou fazer, limitou-se a tentar se recompor, ocultando-se novamente por debaixo do capacete de guerra, pensando que o rapaz Guillaume provavelmente concordaria com a proposta feita. O que Immacolata faria? Permaneceria abandonada e só enquanto as três figuras partiriam juntas?

    Foi quando o próprio Solaire partiu. Sobrando apenas aquela dupla de temperamentos tão distintos do dela. O que sobraria a ela? A própria dúvida sobre ser capaz ou não de voltar novamente à terra pairava agora sobre a cabeça dela. E se fosse obrigada a perambular eternamente por aquele purgatório?

    Quando a outra mulher voltou a falar, apenas a acompanhou em silêncio, pondo-se de pé. “À Fortaleza, então”, pensou.
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    Mensagem por Kether Qua 27 Mar 2019 - 13:02

    Fico calado apenas recuperando minhas forças para que possa ao menos me levantar sem que este movimento seja tão natural quanto era respirar. Ouvi ainda em silêncio todas as colocações daqueles que dividiam o calor daquela fogueira comigo, mesmo não aceitando alguns pontos.

    Vejo o cavaleiro que nos recebera partir em sua jornada por seus companheiros, ainda sem sabermos o que acontecia. Ao se despedir ele norteou nossa jornada.

    "Fortaleza Sem... Não é nada mas já é um começo..." - penso.

    Ainda demora mais algum tempo da partida do nobre cavaleiro até que as minhas forças estivessem recuperadas o suficiente para que pudesse me levantar e caminhar. Assim que a Duquesa terminara de falar nos conclamando para a jornada me levanto, num movimento como que coreografado com a outra mulher que agora retomava o uso de seu elmo.

    - Sempre houve a Ordem, pode ser que ela não fosse a que desejava. Quanto a bem e mal, onde há um o outro também existirá. Não existe luz sem trevas, nem trevas sem luz. Mesmo que esta seja tênue e esteja por deveras enfraquecida. - digo me levantando.

    Então arrumo minha capa e roupa ainda em frangalhos.

    - Se devemos seguir, seria prudente levarmos tochas. Nesta noite perpétua e num mundo que é estranho para nós, quem saberá dizer-nos quais os infortúnios que nos aguardam? Pelo que o nobre Sir Solaire nos confidenciara, este mundo está preenchido de perigos e ainda não estamos com nossas forças reestabelecidas por completo. Prudente será seguirmos com a cautela dos antigos, por mais que todos sejamos forjados nas batalhas.

    Neste momento desembainho a espada que trazia em meu cinto e avalio as suas condições.

    - De fato, esta arma pode ser usada, mas já vira dias melhores...

    Me volto para as duas companheiras de grupo.

    - Miladies, aconcelho a verificarem seus pertences antes de nos colocarmos em marcha. Bem como devemos preparar tochas para seguirmos com alguma iluminação.

    Abro minha mochila e verifico em meus pertences o que eu teria para poder usar como tochas para o grupo.
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    Mensagem por Artorias Qua 27 Mar 2019 - 20:24

    OFF – POST 5

    ON


    A névoa intensifica no horizonte...



    Guillaume de Retz ao averiguar a mochila encontra pedras de isqueiro, a maioria gasta, mas certamente servirá para fazer fogo ainda. Estava sem material para tocha.

    Há árvores esparsas nos arredores do cemitério, algumas secas e quase mortas, outras nem tanto.


    [...]


    "Rumo à Fortaleza de Sen", vocês poderiam pensar após estarem preparados.


    [...]


    Na medida que se afastavam da fogueira mística, percebiam que a névoa a qual se expandia não chegava até àquela chama, talvez suas propriedades divinas não permitissem sua aproximação.


    A caminhada era lenta e ardorosa, pois a visão limitada por causa da névoa mais a terra fofa devido a umidade que faziam seus pés afundarem com o peso de suas armaduras pesadas não permitiam fazer o trajeto mais rápido.


    Tudo era muito silencioso, apenas sons de seus passos, de terra sendo batida, de metais balançando e de seus suspiros.



    Capítulo X - Parte 1 00110




    "A glória de ser herói não estaria nesses momentos sem dúvida...", certamente vocês pensam.


    "O que houve com este mundo? Quanto tempo se passou desde o meu retorno?", seria algo difícil de vocês não questionarem constantemente.
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    Mensagem por Kether Qui 28 Mar 2019 - 15:33

    Sigo a frente como o batedor do grupo, com a espada na mão direita e a tocha na esquerda, pelo terreno instável. Quanto mais nos afastamos da fogueira sinto que o terreno é mais difícil do que pensava. A terra muito fofa, dava a entender por estar num cemitério, que muitos outros também se levantaram e voltaram a vida.

    Ante a esta perspectiva, uma parte minha se enche de esperança para que minha amada Joan tenha sido uma destas pessoas. Porém, na mesma proporção uma dor invade minh'alma por não saber quanto tempo teria passado desde que eu morri, será que este é a mesma França? Muitas dúvidas explodiam em minha mente. "Deuses" foi o que o cavaleiro havia falado, mas no meu tempo havia apenas um Deus.

    Continuo a frente mas meu campo de visão não é muito grande, mas sempre busco alguma construção ou coisa qualquer que me traga alguma referência de minha terra natal.

    - Miladies uma notícia arrebata meus pensamentos, o nobre cavaleiro que nos recebeu dissera que os deuses. No plural, mas em minha era havia apenas no nosso Senhor Altíssimo. Um único Deus verdadeiro e tínhamos a promessa de que quando mortos retornaríamos a vida no juízo final. Onde seríamos julgados para sabermos onde seria a nossa morada eterna.

    Continuo a caminhar até que me detenho por alguns instantes, onde me viro para as duas mulheres.

    - Será que a pergunta que devemos nos fazer não seria, quando estamos, mas sim onde um bruxo ou um necromante convocou nossas almas e para qual fim? Enquanto caminhava me questionei sobre o que acontecera com minha amada França mas não vejo nada que me lembre meus dias em vida.
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    Mensagem por Lnrd Qui 28 Mar 2019 - 17:05

    Ignastacia não pode deixar de refletir sobre aquele contraste. Ele, um jovem rapaz movido por esperança. Ela, uma veterana calejada e amarga. Um lado provavelmente veria o copo "meio cheio". O outro, repararia apenas as rachaduras que o deixariam sangrar.
    Seguir com aquele Guillaume seria um estranho exercício, um encarar de antigos traumas.

    A sugestão do rapaz fora boa, obrigando-a a checar-se agora com mais atenção, já desperta.
    Apesar de bem mais esfarrapada do que se recordava, sentia-se completa de corpo e armas, apesar do peito vazio.

    Quando puseram-se em movimento, a lembrança do que era estar viva alcançara-lhe de vez: era acostumada ao desconforto e já estivera em situações piores, seja em lamaçais ou pântanos. Mas aquela névoa dava uma atmosfera que não a agradava nem um pouco.
    - Meus ouvidos me enganam ou não ouço animal algum? – expusera uma dúvida que lhe surgira.

    O jovem pusera-se à frente, o que não a desagradava: perecera conduzindo jovens em uma marcha à morte, o que a ainda a atormentava, de modo que a perspectiva de liderar o grupo naquele momento poderia dar a ela calafrios.
    De todo o modo, não sentia mais em si a chama para guiar os outros.

    Seguiam o caminho quando Guillaume começara a questionar-se sobre os deuses. Calara-se, desinteressada daqueles assuntos. Um ou vinte, nunca vira nenhum deles vindo em socorro do povo de Argoliath ou de qualquer localidade que conhecesse, a despeito dos rios de sangue e lágrimas que havia encontrado. Entretanto... aquela chama era definitivamente algo a se refletir sobre. O único deus do qual tinha uma prova aparentemente concreta era, ironicamente, um desaparecido.

    Porém, o rumo da conversa acenara a algo que coincidia com as questões dela. Aquele despertar fora um desvio ao acaso do ciclo das coisas, uma calamidade geral, uma – conforme as companhias pareciam nalgum momento acreditar – uma convocação divina ou algo mais sórdido?
    - Seja lá o que remoamos em nossas cabeças, aparentemente só poderemos perguntar quando e se chegarmos à tal fortaleza.
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