Lane:
- Escrevendo uma matéria ?
-
Sim - respondi observando o casal se afastar.
Lane:
- Não sabia que milionários precisavam perder tempo trabalhando em jornais...blogs ou seja lá o que for que esses novos web-jornalistas fazem ultimamente.
Ahn? Esse cara parece saber mais de mim do que eu. Que merda.
-
De onde acha que vem minhas inspirações? - respondi retoricamente, apenas para lhe confundir, e rindo. Claro, de nervoso.
Lane:
- Se quiser me acompanhar…
Ora, era a oportunidade que esperava. Sim, não era o cervo que queria pegar. Mas, nem sempre se sai pra caçar esperando pegar logo o cervo, às vezes se depara com coelho. Coelho é bom. Quer dizer, por hora serve.
-
Estou um pouco exausto, mas por que não? - dizia enquanto o acompanhava. Sim, estava blefando. Mas, sabe como é, o desinteresse é o lema dos negócios. E, para um filho da puta desse, é o sinônimo de respeito.
Daniel observava-o curioso passar o cartão e digitar a senha. Na verdade, chegou até rir ao vê-lo cobrir a mão.
-
Qual é, cara, acha que sou o quê? Um espião russo? - fiz questão de falar, além de depois virar o rosto para o corredor. Não quero que nutre desconfiança, não por enquanto.
Os dois entram. A porta fecha. Lane põe a mala sobre a mesa. Daniel observa.
Lane:
- Quer algo para beber ?
-
Pode ser cerveja - respondi vendo as latinhas no frigobar.
Lane:
- Desculpe não acompanha-lo, minha gastrite está me matando. Vou ficar apenas no suco de frutas.
-
Sem problemas - disse pegando a latinha, abrindo-a e bebericando um pouco. -
Conheci um cara que morreu por causa de um suco... - mentira, quer dizer, não era propriamente uma porque acabei de criar um plot para um personagem inspirado no Lane. Era quase uma indireta e uma forma de distração. -
… Ele tinha comprado um suco de laranja. Ele adorava suco de laranja. Quando foi atravessar o sinal, uma mulher esbarrou nele e derrubou sem querer o suco. Ele abaixou pra pegar o copo se lamentando, e um carro fugindo da polícia o atropelou. Arrebentou a cabeça dele.
Lane:
- O que posso fazer a respeito de sua matéria sr. Cohen ?
-
Ah, sim, a matéria. Amanda sempre me ajuda. Ela me indicou esse hotel. É que estou aperfeiçoando uma teoria minha, e pensei que escrevendo sobre este hotel possa me ajudar, nos ajudar, etc... - explicava, mesmo que desnecessariamente, e dando uma golada na cerveja -
Clinton está? - perguntava.
A fala seguinte de Daniel será feita após a resposta, ou não, de Lane. Ele esperará porque ajudá-lo a ocultar a informação. -
Se não tiver, pode ser você. Afinal, como trabalha para ele, deve saber de suas proezas e como ele é, não? Você só vai me ajudar a retratá-lo.
Lane, porém, poderia não querer. Então, neste caso, -
Eu agradeço pela cerveja, Lane. Passar bem - digo dando uma última golada e me retirando. Daniel irá embora não muito frustrado, afinal conversa não foi de toda inútil. Ele sairá sabendo se Clinton virá para o hotel, ou não.
De volta para sua suite, Daniel terá que replanejar. Acabou de se mostrar para, talvez, o braço direito de Clinton. A atenção agora estará sobre ele. Perturbado, Daniel sairá pelo hotel a fim de conhecer o prédio melhor. Ele queria saber o porquê de tanto interesse da Kelly naquele lugar e, também, em Clinton. Quem sabe, uma caminhada não traga mais luz. Luz? Que piada.