por Lnrd Seg Out 21, 2019 6:04 pm
- Não... – limitou-se a responder o “líder” – Digo, são nossas “sagradas leis” e não é preciso tribunal para que sejam executadas sumariamente... .
- Apesar de que ela valeria para os dois lados, quem foi transformado e quem transformou. Mas alguém parece ter recebido anistia... – Intrometeu-se Elijah-Iisa, não conseguindo se conter diante daquela hipocrisia toda –. Lembre-se disso mais tarde, Ezra. Lembre-se do quão “justa” é essa gente... .
- Estou apenas cumprindo ordens, Elijah... .
- Não venha com essa de “neutro”. Você escolheu não se contrapor.
- E eu não estou vendo você tentar nos impedir. Será que você escolheu não se contrapor?
Foi mais rápido do que puderam acompanhar. No instante seguinte, o exótico monstro cambaleava com a mão sobre o nariz, sangue escorrendo.
- Você sabe porque não vou impedir que vocês a matem. Mas isso não inclui arrebentar a sua cara.
A visão, o cheiro, a sensação daquele sangue manchando deles as mãos e a camisa era tentador e, no fundo da cabeça, algo parecera dizer às duas novas criaturas das trevas para não deixarem passar a oportunidade. Um lapso que, naquele momento, não fora tão intenso. Se retornasse, noutro momento, com mais força... .
Reestabelecendo-se – de fato, reerguera-se como se nada tivesse acontecido para além da sujeira ao redor do rosto –, simplesmente virou-se para o albino, dizendo-lhe:
- Na verdade, você é mais pra isso de “dar comandos”. Melhor mandar ele evitar saber quem é ela. Fotos, roupas e essas coisas podem despertar a curiosidade dele... .
Aquilo era cruel, cruel demais, mas era uma forma de garantir que ele continuaria vivo após fecharem a porta.
De olhar vago, Ricardo tinha ido para a cozinha, num estranho estado de sonambulismo enquanto os poderes vampíricos entranhavam-se na mente dele, rasgando as memórias daquela que amava.
“Bem”, disse ele, fixando-se na condenada, “Pro terraço. Nada pessoal, sabe? Mas melhor darmos um fim nisso tudo”. Então, como que tomado por algum senso de estranha solidariedade com a vítima, explicou-lhe o que havia ocorrido. “Não tenho como fazer você lembrar, mas posso ao menos deixar você saber o que aconteceu”.
Foi assim que explicou o como, em meio à festa promovida por um grupo de “artistas vampíricos”, a garota acabara baleada em frente a testemunhas humanas. Tiveram que ludibriar a todos, fazendo-os acreditar numa “morte cenográfica”, mas se as pessoas que a conheciam mandassem a polícia lá, seria difícil conter a repercussão. E a quebra da “Máscara”.
Dos males, o menor: decidiram quebrar outra regra e transformaram-na sem autorização, o que também era um crime, podendo levar à morte da cria e de quem a criou. De alguma forma, entretanto, quem era responsável havia se “safado” prometendo eliminar a garota na noite seguinte, quando nenhuma conexão entre ela e a festa poderia ser estabelecida.