Ano 755 do Calendário Baroviano
Era uma manhã fria e cinzenta em Mordentshire
Os fracos raios do Sol mal iluminavam o céu em meio às nuvens pesadas de chuvas que, a curtos intervalos, despejavam novas tempestades sobre a cidade abaixo. Os ventos açoitavam os penhascos gêmeos na foz do Rio Arden com golpes longos e constantes, levando a maresia até os extremos mais distantes do terreno urbano.
Mordent (pronúncia MÔR-dênt) é uma região na costa leste do Núcleo, uma terra de aldeias pesqueiras e lodaçais desolados e assombrados. Blocos de floresta densa ainda ocupam a maior parte do solo, variando entre planícies baixas e nebulosas e urzais ondulantes. Acima e envoltos pelas névoas, surgem majestosos solares em ruínas, destruídos e esmigalhados pelas heras negras.
As comunidades litorâneas de Mordent são formadas por aglomerados estóicos de choupanas e tavernas antigas. As edificações esbranquiçadas são sustentadas com estruturas grosseiras de madeira, tijolos leves e gesso. Os telhados feitos com tábuas de madeira enfeitam as estruturas simples, acinzentadas e degradadas pela brisa marítima. Todas as janelas e portas são equipadas com venezianas resistentes contra as tempestades. Estreitas chaminés de latão soltam uma fumaça branca no céu, enquanto cata-ventos giram freneticamente com as imprevisíveis rajas de ar. As escadarias espiraladas de madeira descem pelas escarpas íngremes, dando acesso às modestas naus atracadas nas docas logo abaixo.
Foi essa paisagem que Krystofor Krezkov contemplou ao chegar a Mordent. Tendo recebido a carta entregue por um corvo enquanto ministrava na igreja do Senhor da Manhã em Baróvia, ele convencera-se da importância do chamado e decidiu atendê-lo. Seus irmãos no sacerdócio o avisaram de que a religião predominante em Mordent era a Igreja de Ezra, a Senhora das Brumas, e portanto ele não teria muitas chances de pedir a ajuda de sua ordem naquele lugar. Mas Krezkov estava determinado, então os outros clérigos o ajudaram a reunir provisões para a viagem, deram-lhe um mapa e despediram-se desejando que o Senhor da Manhã iluminasse seus caminhos. Foram meses de viagem cruzando os Montes Balinok, viajando por estradas difíceis, enlameadas e mal preservadas, viajando a pé ou de carona com algum cavaleiro ou na carroça de algum mercador. A beleza das paisagens naturais até então desconhecidas para Krytofor o deixavam tanto maravilhado quanto assombrado. As noites eram embaladas por sinfonias de sons fantasmagóricos e uivos de bestas selvagens, e os pesadelos com sua família inquietavam o sono de Krystofor. Finalmente, já em Mordent, ele caminhava pela Estrada do Moinho, uma via de pedras e lama em estado lamentável, quando vislumbrou a cidade de Mordentshire.
Habituados aos perigos das regiões selvagens, Denna Hur e Andrei Koz aceitaram a convocação trazida numa carta por um corvo mensageiro. Para sair de Richemulot e chegar a Mordent, os dois seguiram uma trilha pela Floresta das Bestas a sudoeste de Mortingy até chegar ao Pequeno Rio Arden, onde pegaram carona num pequeno barco mercante que os conduziu pelas águas até o poderoso Rio Arden, um curso de água escuro, profundo e enganosamente rápido. Foi assim que os dois chegaram a Mordentshire.
Raine Morton caminhava sob a pesada chuva que ensopava suas capas, pisando sobre poças lamacentas enquanto enrolava-se em seus mantos para tentar proteger-se dos ventos uivantes que espalhavam a água sobre seu rosto. Após deixar Claudia, Raine dedicara-se à sua missão pessoal, trazer o equilíbrio entre a vida e a morte. Não era exatamente isso que Claudia lhe ensinara, mas a jovem Morton estava agora trilhando seu próprio caminho. Naquele mundo onde o Mal parecia erguer-se da própria terra, ela tinha que contrabalançá-lo com boas ações, ou todo o equilíbrio que ela tanto prezava poderia ser incuravelmente comprometido. Por isso ela atendera ao chamado trazido pela carta do corvo.
Jack Addams "The Walker" tinha participado de um grupo de aventureiros mercenários que "limparam" um cemitério na cidade de Corvia, entre os quais estava o pixie Dasdingou, o Invisível. Foi juntos que eles receberam o chamado da carta trazida pelo correio do corvo. Os outros mercenários não se interessaram por aquilo, e assim o grupo desfez-se, com cada qual seguindo seu caminho, exceto Jack e Dasdingou. Os dois tinham grande vontade de fazer o Bem, e aquela parecia uma ótima oportunidade. O nome Van Richten era famoso entre os aventureiros, e isso foi outro fator que os motivou a procurar os remetentes da carta. Não foi uma viagem fácil, mas agora eles finalmente estavam chegando ao seu destino.
O povo mordetiano era em sua maioria moderadamente pobres, acostumados com os rigores do litoral escarpado. Em sua maioria, tinham pele clara e avermelhada pela ação da maresia. Os olhos eram claros, em cores azuis, verdes ou cinzas. A cor dos cabelos iam do loiro até o castanho médio, os homens mantendo-os curtos ou pouco abaixo dos ombros presos numa trança ou rabo de cavalo, enquanto as mulheres tinham madeixas excepcionalmente longas. As roupas eram de lã resistente, limpas e organizadas, os homens usando camisas largas com bombachas e meias altas, as mulheres usando vestidos longos justos na parte superior e largos abaixo da cintura; as cores das roupas eram sóbrias, como preto, cinza ou tons escuros de verde, azul e vermelho, às vezes com alguma listra ou xadrez como enfeite.
As pessoas da cidade cumprimentavam Krystofor com amabilidade e simpatia, apesar de uma reserva natural diante de um forasteiro desconhecido. Mas o símbolo do Senhor da Manhã era familiar, e com isso Krezkov não teve dificuldades em conseguir indicações sobre o caminho até o Herbanário Van Richten.
Denna Hur e Andrei Koz eram figuras rústicas e exóticas naquela paisagem urbana/rural de cidade pequena, e o povo olhava-os com certa estranheza. Mesmo assim, ao perguntarem sobre seu destino, os dois conseguiram informações corteses e educadas, apesar de certa ansiedade em encerrar as conversas. Talvez natural, diante do mau tempo.
Jack era visto como comum, mas a companhia de Dasdingou causava grande perplexidade nos mordentianos, que inicialmente demonstravam medo do pixie, para em seguida perguntarem sobre suas origens. As conversas dos dois foram longas, com os locais oferecendo alguma hospitalidade e proseando com discreta cordialidade. Ao fim das conversas, Jack e Dasdingou tiveram a impressão de terem respondido muito mais perguntas do que recebido respostas, mas pelo menos descobriram a direção certa para o herbanário.
Por outro lado, Raine, envolta em sua capa negra e envergando a armadura com o símbolo agourento de Afflux, recebeu olhares positivamente desaprovadores dos locais, que apressavam-se em ver-se livres dela sem muita troca de palavras. As pessoas não estavam exatamente com medo dela, mas pareciam receosas e dispostas a evitá-la tanto quanto possível. Raine vagou pelas ruas de Mordentshire, ensopada de água e tremendo de frio, por bastante tempo antes de, quase que casualmente, encontrar o edifício com uma discreta placa anunciando Herbanário Van Richten.
- Herbanário Van Richten:
A porta do herbanário se abre para uma sala comercial cheia de estantes e recipientes de vários tipos, com um moedor no centro.
- Interior do Herbanário:
Quem os recepciona é uma mulher em trajes masculinos de cavalgar, de longos cabelos ruivos e olhos verdes fortes e penetrantes.
- Laurie:
- Bom dia! O que posso fazer por você?
OFF: Cada um de vocês, chega no Herbanário em momentos diferentes, e podem se apresentar como preferirem. Os que estão em dupla, Denna & Andrei e Jack & Dasdingou, chegam em dupla, evidentemente.