Matéria extraída do blog O Vigilante, cuja identidade do autor permanece um mistério para todo o país.
É, meus caros. O Brasil não é para amadores.
Justiça é uma coisa que todo mundo gosta. Mas acho que, ultimamente, essa palavra anda tendo seu significado deturpado por uns e completamente ignorado por outros. Curiosamente, os putos que mais fazem isso são aqueles bastardos de toga, que sentam no alto de suas cadeiras e acham que estão em tronos. Bando de filhos da puta.
Vocês querem saber da última? É claro que querem — se não quisessem, não estavam aqui, lendo este blog escrito por um autor anônimo por precaução. Aos que me mandam dar as caras, só digo uma coisa: quando você não é defensor de bandido, falar mal desses filhos da puta só te rende censura e cadeia. Outro dia mandaram prender uma galera que chamou os malditos do STF de hienas, não? Então. Imagina só o que acontece comigo se eu resolvo divulgar minha identidade.
Mas, vamos ao que interessa. Na segunda-feira, tivemos mais uma prova de que ter um pingo de moral nesse país é um erro crasso. Estivemos à beira de um Suzano 2.0 e só não foi pior porque alguém são resolveu fazer alguma coisa. Vamos ao caso, no próximo parágrafo — a indignação faz deste autor um péssimo narrador.
Aconteceu na PUC do Rio. Qualquer cidadão com dois neurônios sabe que jovenzinho da PUC é rico e fútil o suficiente para achar que mentirosos do calibre de Marcelo Fraga podem fazer alguma coisa pela cidade. Pois bem, nessa segunda, dois meliantes, que uma pesquisa feita por este autor apontou como alunos bolsistas da dita instituição, entraram para mais um dia de aula. Dessa vez, no entanto, as bolsas não continham cadernos e livros: os dois carregavam armas.
Os meliantes mataram o guarda de segurança com três tiros. Feriram uma funcionária da limpeza com um tiro na perna e mais dois funcionários da cantina, baleados no ombro e no peito. Um deles morreu na hora e o outro se encontra, no momento em que escrevo esta matéria, no hospital em estado estável.
Quando o povo se deu conta, começou a se esconder pelas salas do campus. Os assassinos foram correndo por vários corredores, atirando a esmo. Resolveram se separar e espalhar mais terror pelo prédio. Um dos meliantes matou um professor de cinquenta e sete anos com um tiro covarde pelas costas. O outro tentou entrar à força numa sala onde acontecia uma aula. Atirou na porta, tentando acertar qualquer um que estivesse do outro lado. Felizmente, não matou ninguém.
Como eu disse antes, poderia ter sido um Suzano 2.0. No entanto, o destino não quis esse fim trágico. Três vidas já tinham se perdido e outras mais poderiam ter tido tal desfecho se não fosse pela presença do capitão Tiago de Almeida Nunes, oficial do Batalhão de Operações Especiais, carinhosamente conhecido como BOPE. O policial estava lá num dia de folga, simplesmente indo buscar o sobrinho que cursa psicologia na universidade. Ao ouvir os tiros, decidiu fazer alguma coisa e, segundo informações, baleou o primeiro na cabeça enquanto o meliante tentava arrombar a porta de uma sala cheia.
O segundo meliante ficou no pátio próximo à praça de alimentações, fazendo um discurso odioso e intimidando funcionários e alunos. Rendeu uma jovem que tentava ligar para a polícia e um padre que a acompanhava. Recebi informações que ele colocou a moça de joelhos e que queria abusar sexualmente dela antes de estourar os miolos da coitada. Foi nesse momento que o capitão apareceu colocou um ponto final naquela patifaria.
Três vidas foram ceifadas pelos atiradores. Mais sete pessoas ficaram feridas. As marcas dos tiros estão pelas paredes do campus, mostrando o tamanho da violência promovida por ambos — e evidenciando o quanto atiravam mal. O policial, em detrimento da própria vida, cumpriu seu dever e neutralizou a ameaça. Em qualquer país minimamente sério, seria condecorado por bravura e ovacionado como um herói.
Mas, como eu disse, o Brasil não é para amadores.
O problema dessa situação toda, meus caros, é que na República das Bananas, a verdade dos fatos não interessa. Interessa a percepção que o indivíduo tem dela, independentemente do resto.
Vocês sabem, meus caros, que não faço palanque para bandido nesse blog. Portanto, vocês não vão ter informação alguma de quem eles foram, nem suas biografias exibidas por aqui — quem quiser saber os detalhes da vida de dois assassinos de merda, ligue a televisão na hora do programa da Fátima Bernardes. O negócio é que, veja bem, os meliantes eram negros. Não apenas negros, mas também integrantes de um coletivo negro qualquer entre tantos que existem por aí. E, pasmem, deixaram uma mensagem.
O conteúdo da mensagem não será exposto aqui. Quem dá voz a bandido é a galera do Marcelo Fraga. O leitor que estiver curioso, digita isso no Google e seja feliz. Aqui, vou apenas resumir que os bandidinhos estavam revoltados com a desigualdade e o racismo no Brasil e, por isso, estavam se vingando dos brancos com aquele ato revolucionário. Aparentemente, as merdas feitas pelos Panteras Negras ainda ecoam por aqui.
Agora, meus caros, este autor lhes faz uma pergunta: o que vocês acham que a mídia está divulgando? A dor das famílias que tiveram que enterrar seus entes queridos? O medo que as pessoas passaram naquele lugar durante o tiroteio? O ato heróico de um homem que não se acovardou perante uma situação dessas? Nenhuma das alternativas.
O ato divulgado foi, justamente, a carta deixada pelos bandidos.
Os abutres já estão se fartando em cima dos cadáveres. Fátima Bernardes recebeu na manhã de ontem, a mãe de um dos assassinos. “Meu filho cansou de ser ignorado, só queria que ouvissem sua voz”, ela disse diante das câmeras, aos prantos. Marcelo Fraga fez uma ridícula postagem nas redes sociais alertando sobre acontecimentos como este. Segundo o excelentíssimo vereador, o capitão Nunes agiu exatamente como age a polícia nas favelas: de forma rápida, letal e racista. Aproveitou o momento para pedir por uma investigação sobre a vida e a conduta do policial, que agora pode ser expulso da corporação por não dar voz de prisão a dois assassinos perigosos.
Então, meus amigos, é isso aí. Da próxima vez que pensarem em salvar vidas, impedir ações criminosas e evitar um massacre, lembrem-se que o Estado, a mídia e o Marcelo Fraga podem te chamar de racista.
Câmbio e desligo.