AYIRA |
AMAZONAS
Ayira sabia que a luta contra os Vaihape seria árdua, e que teria que fazer muitos sacrifícios em sua vida. Deveria enfrentar o inimigo onde ele estivesse, nem que tivesse que se afastar de tudo e de todos... Quaisquer vínculos que existisse com alguém ou com algum lugar não seriam fortes o suficiente para prende-la por muito tempo, pois onde existisse um Vaihape, ela estaria la para extermina-lo. Algum dia conheceria a paz? Algum dia conseguiria acabar com a ameaça dos Vaihape? Improvavel...
***
O tempo estava bom, bem úmido, ao gosto de Ayira. A filha da Iara estava descansando em uma rede a frente de seu pequeno casebre nas margens do Amazonas, aproveitando o momento de sossego. Não fazia muito tempo que tinha conseguido aquela residência, que havia sido dada a ela pelo povo ribeirinho em recompensa por ela ter dado cabo de um Vaihape que estava incomodando a região.
Sua bela sucuri, Potira, tinha acabado de retornar de sua caça, e estava se enrolando para fazer sua digestão. Ela ainda tinha marcas do ultimo combate contra o Vaihape.
Ayira leva a mão ao queixo, pensativa. Era a primeira vez que tinha visto um Vaihape com nadadeiras... Estariam de alguma maneira evoluindo? Isto era ruim, muito ruim...
“Visitas...”, disse mentalmente Potira.
Ayira sente a presença de alguém. Com um impulso se levanta, permanecendo sentada na rede.
Era Karawe, o Ianomami guerreiro de uma tribo próxima dali.
O indígena bate duas vezes com a ponta rombuda de sua lança no chão, e faz uma mesura.