DINDINHA |
EM ITAMARACA
Muitas vezes a vida da gente fica tão cheia de tarefas e deveres, que passamos a viver de um modo quase automático, um dia após o outro. Ficamos acostumados com nossas rotinas, e então a gente pensa que sera assim até o fim dos nossos dias... Passamos a acreditar que sabemos de tudo e de todos, e principalmente, que sabemos tudo sobre nós mesmos.
Mas então a vida prega uma peça na gente, e tudo que acreditavamos era algo que estava dentro de nosso mundinho... Que a realidade das coisas é bem maior do que a gente pensava antes...
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Dindinha estava na bela praia de Itamaraca, tomando sol e apreciando a paisagem. Nunca se cansava de olhar para a natureza, em suas viagens. E como ela viajou no “Anu Preto”! Visitou terras distantes e viu coisas impressionantes em seus anos de viagem junto com a capitã Janice e sua tripulação.
O sol estava bem quente, mas ventava muito, o que a deixava refrescada. Os coqueiros balançavam, derrubando um outro coco, a qual ela pegava e com um golpe de seu belo facão cortava um pedaço para beber de sua agua.
Ao pensar nas coisas estranhas que viu nas terras brasileiras, sua mente recordou o que haviam dito la na taverna Boca de India. A matrona mascava tabaco, e depois de tomar um belo gole da aguardente Acorda Defunto, ela disse para Dindinha, “o povo da vila ta assustado com a morte dos caçadores, mas até que por aqui ta tranquilo... Se a mata quisesse, acabava com tudinho por aqui... Nós vivemos aqui de favor...”
Até um sargento do Tenente-Coronel Steyn tinha vindo na taverna, para conversar com Janice. “Estamos com dificuldade para investigar este caso, senhora... Se estiver interessada, pagamos bem”, disse ele.
“Ei, Dindinha, sai do sol, que vai queimar seus miolos!”
As palavras de Janice a trazem de volta para a realidade. Embaixo de um dos coqueiros estava a capitã, sentada em um cadeira confortável trazida por jacinto, seu fiel escudeiro. Ele massageava os ombros dela, enquanto a bela mulher tomava agua de coco de um copo.