|
A desolação absoluta da cena começou a afetar o Anônimo. Ele sentou-se para avaliar a situação e, se possível, relembrar algum ponto de referência que ajudasse a lembrar como chegou naquele momento. Ao pedir que a mulher que o acompanhava o guiasse, ela avançou por entra a mata que começava a se tornar densa e desapareceu. Isso parece que faz muito tempo...
Se ele pudesse apenas tornar a encontrar o oceano, tudo ficaria claro, mas ele se vê preso em um labirinto verde. Ele sabia que era possível ver a praia de se achasse uma colina ou pudesse subir em alguma árvore que não essas tão escorregadias. Nem seu visor achou qualquer rastro da mulher, nada daquilo parecia fazer sentido e era como se a própria ilha não quisesse que ele achasse nada.
Ele largou a arma pesada e, ajoelhando-me atrás de uma rocha, se apoiou para respirar um pouco. Depois, olhou para o relógio. Já tinham se passado quase quatro horas e nenhuma mensagem de Drive. Talvez ele se sentiu ignorado das últimas vezes em que falaram um com o outro.
Enquanto caminhava, sua sombra gigantesca o conduzia, parecendo se alongar mais a cada passo. Galhos ocultos entre a grama arranhavam a roupa e quebravam sob seus pés, cobrindo a terra marrom com seus brotos, e a samambaias se curvavam e ondulavam à sua passagem.
Coalas saíam escalando das moitas para as árvores, e, em meio à relva do pântano, se ouvia o grasnar sonolento de ornitorrincos. Uma raposa do deserto cruzou seu caminho. Era uma fauna bastante adaptada para o clima mais árido, vivendo em um ambiente de abundância de calor e vegetação que fazia Jack tentar entender como vieram parar do continente Australiano aqui.
Talvez Drive soubesse a resposta.
E por que ele não responde?
Depois, quando parou para beber das águas velozes de um riacho, uma garça bateu as asas com força nos juncos atrás dele. Virou-se para ver o sol. Parecia que tocava as bordas da planície. Quando finalmente concluiu que era inútil prosseguir, e que deveria me conformar em passar pelo menos uma noite se jogando no chão, completamente exausto. A luz quente do entardecer atingia seu corpo, mas a brisa do mar que ele nunca encontrava começou a aumentar, e sentiu um frio vindo das botas molhadas.
Gaivotas voavam muito acima, em círculos, ou arremetiam parecendo pedaços de papel branco. Em algum brejo distante piava um maçarico solitário. Aos poucos o sol se pôs na planície, e o zênite se encheu da luz do crepúsculo. Observava o céu mudar do ouro mais claro ao cor-de-rosa, depois para o fogo em brasa. Enxames de mosquitos dançavam sobre mim, e acima, no ar calmo, um morcego mergulhou depois ganhou altura.
As pálpebras começaram a pesar.
Então, quando espantei a sonolência, um barulho alto e repentino em meio às samambaias altas o acordou. Erguendo os olhos. Um pássaro grande pairava, batendo rapidamente as asas acima de onde eu estava. Por um instante apenas, alguma coisa passou saltando por mim entre as samambaias, e o pássaro subiu no ar, planou e mergulhou de cabeça na vegetação.
Algum vulto o espreitava por entre as árvores.