No início havia An’tè (O Uno) e à sua volta um vazio imensurável composto da ausência de existência, a não ser a D'ele próprio, e Ele viu que isto era mau. Para contrapor as trevas e a ausência de tudo, ele criou a luz, e para limitar o poder do vazio, ele deu origem aos conceitos de espaço, tempo, forma e as leis da física, e viu que isso era bom. Não se sabe quanto tempo se passou, ou o que An’tè fez durante este tempo (pois afinal, como criador do conceito de tempo, ele era atemporal, logo, o tempo não tinha efeito sobre ele), mas em sua solidão ele decidiu dar origem a entidades espirituais de extremo poder, hoje conhecidos como Celestiais.
Além da classe celestial, An’tè criou o universo material, e no meio dele, Nevriande, a joia de sua coroa.
An’tè criou uma variedade imensurável de seres vivos em Nevriande. Desde plantas até animais, monstros do mar, grandes feras aladas, mas sua maior criação ainda estava por vir: Os Herdeiros (Elfos) An’tè os criou das próprias areias claras e finas de Nevriande, lhes deu formas físicas e soprou vida em seus corpos.
Os Elfos eram seres de pele pálida, cabelos lisos e traços faciais extremamente perfeitos e angulosos, como nenhuma outra criatura da terra. Os machos e fêmeas possuíam poucas diferenças físicas, exceto no que dizia respeito à reprodução , além disso, eram imbuidos com a Chama Imortal da Criação de An'tè, sendo capazes de feitos sobrenaturais.
A maioria dos Celestiais se maravilhou com a criação dos novos seres, mas Diafthorás, tido como o mais sábio, belo e poderoso entre sua casta, os achou ridículos em comparação a si próprio. Eles eram seres pensantes, é verdade, possuíam habilidades que nenhuma outra criatura demonstrava, mas não eram nada comparados aos celestiais, especialmente Diafthorás. Confrontado pelo celestial rebelde, An’tè diz que a nova raça não tinha o poder dos celestiais e nem seu intelecto, mas ainda assim Diafthorás lhes devia respeito, pois eles seriam os herdeiros de Nevriande.
Isso chocou Diafthorás e outros Celestiais que o seguiram em sua revolta. Como era possível que seres inferiores herdassem a joia da coroa celeste?
Incapaz de confrontar An’tè, Diafthorás se recolhe, mas sua amargura apenas cresce mais e mais com o passar do tempo, observando de longe seus companheiros celestiais ensinarem aos herdeiros a fala, as artes da metalurgia, cerâmica, mineração, o uso do fogo, entre outros, até que eles formassem um próspero reino no jardim mais belo de Nevriande, Elysium. E em seu silêncio, Diafthorás maquinava seus planos de vingança, plantando sementes de rebeldia entre seus iguais e seduzindo um terço dos celestiais em seus planos malignos.
As Duas Raças:
Escondido em NOD, o invejoso Diafthorás tenta criar sua própria versão de vida inteligente. No subterrâneo, onde Nevriande vomitava fogo e enxofre, ele trabalha incansavelmente com células retiradas dos Elfos, disposto a duplicar o trabalho de An’tè, e cria os Duergar, seres diminutos, de aparência desajeitada (comparados aos Elfos), de traços grosseiros, com uma pele cinzenta e opaca. Porém, o que mais o decepcionou é que sua criação não possuía a fagulha divina que An'tè havia depositado nos Elfos.
Furioso com seu fracasso, ele pensa em abandoná-los imediatamente, deixando-os à própria sorte nos subterrâneos de NOD, onde liderados por Kane, o primeiro Duergar, eles procriam e dão origem a um vasto reino subterrâneo. Dizem que devido ao seu abandono por seu criador, os Duergar são uma raça eternamente amargurada e rancorosa.
No jardim de Elysium, o reino Élfico de Enoch prosperava. An’tè havia plantado muitas árvores no reino, mas uma delas era especial: Yggdrasil, a árvore da vida. Uma bela árvore plantada no meio de um lago exatamente no centro de Enoch. A árvore era pálida como o luar refletido na água e seus frutos brilhavam como estrelas no céu noturno. Além de ser a árvore mais bela de Nevriande, seus frutos (Ambrosia) concediam a imortalidade aos Elfos.
Porém, nos limites de Elysium, estava a única árvore da qual os Elfos não poderiam comer os frutos. Hermegistum, cujos frutos trariam consigo a morte.
Crescendo e se multiplicando, os Elfos deram nomes às criaturas de Nevriande, e aprenderam a domá-las como seus senhores, vivendo em harmonia com elas. Conta-se que beleza alguma igualava-se à fauna e flora dos jardins de Enoch.
A Primeira Rebelião:
Não conseguindo duplicar as obras Do Criador, Diafthorás decide corromper a obra perfeita de An’tè. Para isso, ele se passa por um Elfo: Mercúrio-Kadmoni, o Arquiteto, assumindo a forma mais sedutora e carismática que o povo de Enoch jamais viu, chegando à cidade como um estrangeiro de terras longínquas. Segundo o próprio, ele vinha de um continente afundado sob as águas em um terrível cataclisma, mas trazia com ele objetos exóticos e finas obras de arte sem igual.
Diafthorás lhes induz a pensar que seu reino submerso era muito mais evoluído que Enoch e que trazia conhecimentos ocultos cujos quais os Elfos nunca haviam sonhado.
Residindo entre os Elfos, Diafthorás lhes ensina falsas doutrinas criadas por ele próprio, que se contrapunham aos ensinamentos de An’tè. Dizia-lhes que eles eram tão grandes quanto O Próprio An’tè, mas Este os reprimia, impedindo-os de alcançarem seu verdadeiro potencial por inveja. Lhes diz que eles próprios poderiam ser como deuses se descobrissem os conhecimentos ocultos do universo, despertando sua fagulha divina interna e transcendendo, e como prova disso, lhes ensina magias proibidas e os induz a práticas obscenas e sacrílegas. "Fazes o que tu queres" era a nova lei.
Percebendo o que seu rebento ingrato fazia, An’tè manda seus mais fiéis criados Celestiais para trazerem Diafthorás à razão, mas estes falham, sendo vencidos pelo intelecto e argumentação impecável de Diafthorás.
Como última escolha, os celestiais decidem enfrenta-lo fisicamente e leva-lo até An’tè, nem que seja à força, mas estes sabiam que um confronto direto poderia destruir toda Enoch. Diafthorás então dita as regras do combate, e sem opção, os Celestiais aceitam, pois em maior número, acreditavam que, mesmo sob os termos de Diafthorás, poderiam vencer, mas eles se enganam e novamente são sobrepujados pelo poder do Celestial rebelde, que usa essa vitória para mostrar aos Elfos que os Celestiais nada mais eram que deuses de barro, seguidores cegos de um senhor sem real poder, assim como os Elfos haviam sido, mas ele lhes mostraria o verdadeiro caminho da sabedoria e do poder.
Totalmente seduzidos pelas palavras, poder e carisma de Diafthorás, os Elfos o elegem seu líder e abandonam os ensinamentos de An’tè. Como prova de sua lealdade, ele exige que os Elfos comam da árvore proibida Hermegistum.
A maioria dos Elfos o obedecem e comem da fruta, passando imediatamente por uma estranha transformação: eles agora eram fisicamente mais robustos, e as diferenças entre machos e fêmeas era acentuada. As mulheres se tornavam mais curvilíneas, uma beleza mais vulgar e o físico dos homens se torna mais atlético, os membros mais grossos e pelos cresciam em seu rosto e corpo, uma beleza mais rústica. Aqui nasciam os primeiros Humanos.
Os demais Elfos que não obedeceram a Diafthorás foram oferecidos como sacrifício a ele e usados por este para fins nefastos e os poucos que conseguiram escapar foram obrigados a fugir do reino (apenas treze Elfos segundo as lendas). Porém, os novos humanos não sabiam que em troca de seus novos corpos, eles abriam mão de diversos dons, entre eles a sua imortalidade.
Diafthorás sabia que An'tè logo iria intervir e traz consigo seu séquito de Celestiais rebeldes para protegê-lo. Enquanto se preparava para o confronto com An’tè e seus Celestiais, Diafthorás (agora chamando a si mesmo de Yaohbohlun, o senhor da terra) leva os Elfos capturados para masmorras criadas no subterrâneo de NOD e faz com eles experimentos para corrompe-los, mutilando-os física e mentalmente até que eles esquecessem quem eram, então abandona-os, como fez com os Duergar. Aqui nasciam os Drow, Elfos de pele escura como a noite com um imenso ódio de tudo e todos, dispostos a tratar todas as outras criaturas (incluindo seus iguais) da mesma forma cruel com a qual foram tratados.
An’tè tinha poder mais que suficiente para confrontar os rebeldes e seus Celestiais eram mais numerosos que os seguidores de Diafthorás, mas An’tè opta por demonstrar seu poder para que sua ira nunca mais fosse esquecida. O Uno faz com que as águas de Nevriande subam de nível para destruir Enoch, da mesma forma que Diafthorás dizia que sua falsa terra mítica havia sido destruída.
Um pequeno grupo de humanos viu que o que haviam feito não era bom e se arrependem, orando a An’tè por clemência. An’tè os ouve e é piedoso, mas exige que eles saiam imediatamente de Sodoma e construam uma grande embarcação, onde deveriam levar consigo casais de cada criatura viva para sobreviverem à catástrofe que viria.
O dilúvio atinge Enoch e Yaohbohlun se enfurece por ser feito de tolo. A bela cidade é totalmente destruída, seus habitantes mortos e os Celestiais rebeldes se descobrem sozinhos em um mar infinito sem terras ou seres vivos para adorá-los.
Desmoralizados, os falsos deuses foram facilmente derrotados pelas hordas celestiais e aprisionados onde nenhum mortal jamais deveria encontra-los, uma dimensão de sofrimento conhecida como "O Abismo".
Após 40 dias e 40 noites, as águas baixaram e os poucos humanos sobreviventes poderiam viver em Nevriande (ou o que sobrou dela), porém, o jardim de Elysium agora estaria inacessível a eles para sempre, e um vazio habitava seus corações, não importa o quanto eles desejassem preenche-lo, pois mesmo não sendo mais Elfos, Elysium foi feito para eles e eles para Elysium. Os homens choraram e imploraram a An’tè por misericórdia, e Ele lhes oferece uma oportunidade de redenção: os 13 Elfos anteriormente salvos seriam enviados novamente à Elysium e utilizariam a embarcação usada no dilúvio para levar os escolhidos pelo caminho reto do mar até Elysium a cada geração. Apenas a eles fora dada a chave para Elysium e em seus ombros era depositada a tarefa de escolherem os mais dignos para serem salvos. Dizem que eles trouxeram consigo um rebento da lendária árvore Ygdrassil (chamada de Khamménos Thámos, o arbusto ardente) e a plantaram em uma ilha com dois propósitos: o primeiro o de manterem-se jovens para prolongarem seu legado, e o segundo para trazerem consigo uma parte do Elysium, para lembrar a todos que ainda existem esperanças de redenção.
Com a destruição de Enoch, a Era do Alvorecer acabava.
A Segunda Era:
Gerações se passaram e a humanidade cresceu e se multiplicou novamente. A cada geração, poucos eram os escolhidos (os requisitos exigidos pelos elfos eram muitos, e os humanos eram uma raça manchada pelo pecado e tinham a tendência a correrem na direção deste), e para pastorear o grande rebanho de humanos, os Elfos também precisaram se multiplicar.
Cidades foram criadas, e com o passar das eras, muitos humanos se ressentiam por não serem escolhidos e por se sentirem reprimidos, não lhes sendo permitido que praticassem seus desejos mais obscuros, então abandonam as cidades onde foram criados, afastando-se cada vez mais da civilização, e com o passar das gerações, tornaram-se bárbaros, vivendo em cavernas e adotando hábitos questionáveis. Segundo as lendas, algumas tribos destes bárbaros afundaram-se tanto em hábitos profanos que acabaram dando origem aos Orcs.
Nos reinos subterrâneos de NOD, os Drow tornam-se uma grande sociedade, escravizando qualquer ser vivente da superfície que encontrassem, e muitos deles envolvendo-se cada vez mais nas magias profanas ensinadas por Diafthorás. Segundo os mitos, alguns Drow se tornaram muito mais poderosos do que deveriam, e se embrenharam em caminhos de feitiçaria negra, necromancia, invocações, chegando a barganhar com seus antigos mestres, agora presos no abismo.
Assim como os Drow, os Duergar também tornam-se exímios escravistas e inimigos dos povos da superfície. Em meio aos Duergar, surge uma criança que não compartilhava a maldade típica da raça, chamado Durin. Este acaba se envolvendo com os povos da superfície, apaixonando-se por uma humana escrava, libertando-a (juntamente com todos os outros que pôde). Durin foi marcado como um traidor e torturado até a morte, mas seu sacrifício fez com que diversos Duergar seguissem seus passos, abandonando o reino das profundezas. Estes Duergar se intitulavam como "Filhos de Durin" e com o tempo foram mudando em fisionomia, tornando-se o que se conhece hoje como Anões.