Friede sabia quase tudo sobre Diego.
Diogo nasceu pelo ano de 1400 em São Nicolau do Porto, na região espanhola de Andaluzia. Sentindo desde muito novo inclinação para vida solitária e penitente, durante vários anos viveu como eremita junto da igreja de São Nicolau, no seu torrão de natal. No entanto, à oração e contemplação aliava o trabalho manual, como cultivo de uma horta e a confecção de cestos de vime e pequenos utensílios para uso doméstico, os lucros desses trabalhos destinava-os por inteiro a ajudar os pobres. A fama de sua virtude estendeu-se a povoações vizinhas, e passou a ser venerado por muita gente.
Entretanto começou a sonhar em voos mais altos, e resolveu ingressar na ordem dos frades menores. Dirigiu-se nesse intuito a um convento próximo de Córdova, onde foi admitido ao noviciado, e a seu tempo à profissão dos votos religiosos. Exerceu vários ofícios humildes em diversos conventos da província religiosa, até que em 1441 foi enviado às Canárias para evangelizar os nativos, que tinham recaído em superstições e idolatrias. Só por obediência aceitou o cargo de guardião de um convento para o qual fora eleito em 1446. Dedicou-se com especial empenho a defender os indígenas da exploração por parte dos conquistadores, que por isso mesmo lhe levantaram muitas dificuldades e causaram muitas contrariedades, a ponto de em 1449 pedir autorização para regressar à Espanha. No ano seguinte em 1450, foi com um confrade a Roma, para ganhar o jubileu e assistir à canonização de São Bernardino de Sena.
Aconteceu que o convento romano de Araceli, onde os dois religiosos se tinham hospedado, foi atingido pela epidemia que nesse ano flagelou a cidade de Roma, e quase todos os frades, que eram muitos, caíram doentes. Diogo desfez-se em cuidados para com eles, quer a respeito de tratamentos, quer para providenciar ao sustento necessário, que era escasso, apesar das providências tomadas pelas autoridades públicas. Foi um autêntico herói nesse apostolado de caridade, cuidando dos doentes e socorrendo os pobres mais afetados pela carestia resultante da peste. Chegou a curar muitos enfermos pelo simples contato das mãos, untada no azeite da lâmpada colocada junto à imagem de Nossa Senhora.
Ao voltar à pátria, viveu de novo em diversos conventos antes de a morte lhe abrir as portas do céu, em Alcalá de Henares, perto de Madrid, a 12 de novembro de 1463, aos 63 anos de idade. A fama de santidade de vida desse humilde irmão leigo franciscano, unida aos muitos milagres que Deus por sua intercessão realizou, levou Sisto V a inscrevê-lo no catálogo dos santos, a 2 de julho de 1558.
São Diogo de Alcalá fez reviver a figura daqueles irmãos, simples e humildes, que nos tempos do franciscanismo primitivo foram o orgulho e a alegria de São Francisco, que no trabalho, no silêncio e na penitência conquistavam almas para Cristo. Na Ordem Franciscana é venerado como especial patrono dos irmãos não clérigos.
Seu corpo foi então levado em novembro de 1602 por Sebastián Vizcaíno, que foi enviado para mapear a costa da Califórnia. Chegando à capitania de San Diego. Vizcaíno explorou a região do atual porto da cidade e batizou o lugar de San Diego de Alcalá, em homenagem ao santo católico Diogo de Alcalá. Em 12 de novembro de 1602, o primeiro serviço religioso cristão de registro na Alta Califórnia foi conduzido pelo Frei Antonio de la Ascensión, membro da expedição de Vizcaíno, para celebrar o dia da festa de San Diego.
A igreja construída sobre seu corpo infelizmente acabou sendo destruída pelos povos Kumeyaay em conflitos com os espanhóis e sua localização praticamente desapareceu depois que os Estados Unidos tomaram a Califórnia em uma invasão do México.