Ato Vl: O Paraíso dos Profetas

Annet O'Todle sentiu a mente leve por um instante, como se seu coração tivesse parado de bater.
A dor em seu peito era intensa, como uma pontada...


...ela então acordava...

...estava dentro do que parecia ser um labirinto enorme de pedras, mas rapidamente reconhecia como alguma masmorra de algum castelo em Londres que ela já estudou. Ela observava e no final de um corredor havia uma porta, de onde soava uma conversa.

Eram dois homens, pela voz, adultos.

— Procure-a pelo mundo todo.
— Por que me falar do mundo? — retrucava. — Meu mundo é aqui, entre estas paredes e essa lâmina de vidro acima; aqui, em meio a jarros dourados e braços com joias sem brilho, molduras e telas envelhecidas, baús pretos e cadeiras de espaldar alto, tingidas de azul e dourado e com entalhes pitorescos.
— Por quem espera? — perguntou de novo o primeiro.
— Quando ela chegar, saberei — respondeu.

Vigorosamente, Hela se erguia do chão, e o cansaço havia desaparecido. As vozes continuavam a conversar naquela porta a sua frente, enquanto ela se apoiava para se levantar.

A penumbra dificulta um pouco a visão, mas ela vê há uma pequena fresta no largo buraco da fechadura. Ela consegue ver sem esforços uma parte lá dentro da sala verde, um estúdio com alguns objetos jogados que parece joias, roupas de teatro e quadros inacabados e ao se aproximar da parca luz que envolve seus olhos, nota que a iluminação parece ser uma língua de chamas cujo crepitar sussurrava segredos às cinzas que embranqueciam a lareira, ao lado parece ser Palhaço com um rosto branco se volta para o espelho e começava a falar.

— Se palidez é beleza, quem pode se comparar a mim em minha máscara branca? —perguntou.

— Quem pode se comparar a ele em sua máscara branca? a outra voz masculina na sala, não possível de ser vista, perguntou para mais alguém ali dentro, que respondeu em uma voz feminina.

— Quem pode se comparar a mim? — respondia a voz feminina de um ângulo que não era possível ver daquela fechadura que era estreita demais para se espiar. — Pois sou ainda mais pálida.

— Tu és muito bela — declarou o Palhaço, e suspirou, desviando o rosto empoado do espelho.

Hela então ouviu, vindo de algum dos corredores escuros, passos, uma voz e uma canção.

Letra traduzida:

— Tolo! — exclamou o Palhaço, enquanto se ajeitava. — A canção é a mesma, a voz e os passos só mudaram com os anos!

— Não espere mais. Eles passaram, os passos e a voz na rua lá embaixo —[/color] Hela notou que essa fala era de uma quarta voz, que parecia sussurrar acima das cinzas embranquecidas, e notava que quem falava era uma criatura viva, a língua de fogo na lareira.

A porta se abriu quase automaticamente, sem que Hela visse qualquer um que girou a maçaneta. E nisso sua visão adentrou o lugar, podia ver tudo ao que parecia um monte de joias estavam jogadas próximas de um trono destruído e cenográfico.

Nesse trono um homem de chapéu negro, óculos escuros e sobretudo observada sua chegada, ao lado da lareira de onde ouviu a voz da chama. E atrás desse trono havia uma mulher com com um manto longo e justo que revelava suas curvas e capuz cobrindo seu rosto oculto em sombras.

Próximo do espelho, um Palhaço a olhava com certo desdém para chegada da historiadora enquanto pegava um gorro de bobo da corte no meio do figurino jogado e colocava sobre a cabeça.

— Ela era bonita? — perguntou o homem de sobretudo preto ao Palhaço, enquanto olhava para Hela, mas ele apenas deu uma risadinha, ouvindo os guizos que tilintavam em seu chapéu.

— Apunhalada — disse ele, e deu uma risada contida. — Pense na longa jornada, nos dias de perigo, nas noites tenebrosas! Pense em como ele viajou por ela, ano após ano, cruzando terras hostis, com saudades dos seus, com saudades dela!


Enquanto finalmente a historiadora se via no mesmo espelho que o Palhaço deixou para trás.

O rosto que ela viu, não via há mais de um século.


Ela se via jovem como no dia em que foi amaldiçoada e esqueceu do quanto isso era estranho se colocou a sorrir por um instante...

A porta se abre de novo, ao que parece o Fantasma até tenta responder.

—Eu esperei você... Mas creio que projetou para muito tempo e muitas vezes um futuro e acreditamos estar nele, Hela. Terrivelmente é isso que mais senti quando esse lugar foi montado...

Alguém continua a bater na porta, os olhares de todos se voltam para essa mesma se abre sem que ninguém colocasse as mãos na maçaneta, extamente como aconteceu com a

Calmamente a figura responde.

—Lucas é meu filho, o lugar em que a senhorita esta é a morada dos mortos. Seus pais estão querendo ressuscita-la... Cabe sua decisão reinar sobre os mortos ou... Simplesmente ser um deles nesse lugar.

Ele olhava aguardando a decisão dela.

O "Super-Homem" ri em um tom ainda mais debochado do que o deboche de Hela e começa a caminhar em direção do corredor a fora...

—Apenas você morreu, o urso que tentou devorar você foi morto por seu pai, mas por seu egoísmo ele insiste em tê-la de volta...

Ele ouve a pergunta de Hela, todos na sala o olharam aguardando a resposta, mas antes que ele o fizesse a Morte gritou para o Fantasma.

— Passe! — ordenava para que ele fosse, deixasse a cadeira mas ele riu.
— Ainda há tempo — retrucou enquanto Hela ouvia o som de que se fechavam pesados portões de ferro ao longe.

Então de sua cadeira o Fantasma retrucou.
—Entendo sua confusão, creio que o Bill¹ não esta lhe explicando exatamente que escolha tem de propósito. Eu vim justamente lhe avisar... Que as suas memórias vieram até você da minha época. E eu, diferente do que querem me convencer aqui, não estou morto e mesmo que Willian Dunn¹ se diga "O Super-Homem", ele sim é apenas um eco de uma lembrança distante. Alguém que irá ainda entrar em contato com o meteoro que caiu em Antares, um cientista que extrairá uma fórmula professor Smalley ... Ele retirou o esse meteoro lá no Sul do Brasil. E com isso consegue viajar por entre esses reinos de sonhos, onde as memórias dos mortos habitam, mas é confuso dizer onde essa dimensão é... Ou melhor, é confuso dizer quando essa dimensão é. O esta acontecendo no momento em que você veio para cá é um pai esta pedindo ajuda à uma servo de um Grande Antigo chamada Dopu para você habitar um cadáver destroçado que se curará, mas irá envelhecer décadas em segundos... creio que você se lembra disso e de que irá ler ou já leu os pergaminhos secretos dos manuscritos pnakóticos que esse homem guardou sobre o herói

O Fantasma finalmente se levanta e caminha pela morte, o Palhaço e a chama viva. Ao longe vindo da porta que Hela e o Super-Homem entraram, podiam ver chegar pessoas jovens e velhas. Mas Todos foram barrados pelo Super-Homem. Diante de tantas pessoas querendo entrar, o Palhaço e a Morte sorriem, mas o Cavalheiro Fantasma começa a andar e continua a falar.

—Vi sua mãe, Hela, quando eu fui a um campo de flores cujas pétalas são mais brancas que a neve e cujos miolos são puro ouro. "Eu matei aquele a quem amava!" ela gritou.
Eu a segui de uma boa distância e no jarro li mil nomes, enquanto, de dentro, sangue fresco borbulhava até a borda. "— Eu matei aquele a quem amava!" Ela gritava. "— O mundo está sedento; agora, deixe-o beber!"

Por se tratar da língua inglesa eu achei que era "aquele" , mas a verdade é que era "aquela".

Ela passou, e, ao longe no campo, observei-a derramar sangue nas flores que eu admirava por serem mais brancas que a neve e cujos miolos são puro ouro. Era o seu sangue, Hela... O que jorrou ao você ser partida nas garras do urso. Ela se culpava. Tentou estancar o sangue do corpo... Creio que sabe o que ela fez algum tempo depois e que forças ela despertou para traze-la de volta.

Pelas suas palavras você esta em outra época. Essa é a sua escolha, salvar os O'Todle da morte nas mãos do feiticeiro ou deixar que eles sejam mortos para que Loki possa fazer Hela nascer.

O Super-homem arqueia a sobrancelha.

— Então... Era disso que se tratava. Você não veio até nós salvar Maria Helena e sim 'matar' Hela.
— O que esta morto não pode morrer, eu nunca disse que vim salvar Maria Helena, quem veio fazer isso foi Elanne Prince. Deveria ficar mais atento com o que cada pessoa lhe fala.— retrucou.

—Seu mortal arrogante!
—Qualé, Bill? Me chamar de 'mortal' ? Parece que fez tanto sua encenação de "Além do Homem",  que você passou a crer nela. Você não é um deus, meu caro, é só um sujeito que tomou uma fórmula experimental... Agora deixe a verdadeira deusa decidir se ela quer existir como entidade ou não em troca da vida dos O'Todle.

O Superman suspirou pesadamente, olhando para Hela, por alguma razão ele não deveria intervir na escolha e era sensível para Hela que todos ali diziam a verdade. Com uma expressão de ódio e desprezo pelo Fantasma, Willian Dunn se voltou para Hela.

—Sobre a sua pergunta a respeito do meu Filho. Quem vê ao Pai, vê ao Filho... Eu estou seguro, ainda que ele seja torturado e morto eu enviarei a chama viva do Espírito Santo daquela lareira para que ele seja lembrado em todas as línguas da Terra.
—Contanto que Hela se torne o veículo para isso... Vamos, você tem de contar a verdade é por causa disso que Diana Prince se sacrificará diante de Hela, para que o poder de Hefésto de obrigue a dizer a verdade, pare de omitir.

Novamente Super-homem se irrita e aperta os punhos com força.

—Exatamente. Se você escolher se tornar Hela e que o casal O'Todle morra para que você viva, eu terei garantido o poder de Lucas... Parte do que o xamã usará em você é extraído do mesmo mineral que me deu poder.

—Viu, Bill? Não foi tão difícil assim...

No canto da sala o Palhaço começava a rir quase de forma descontrolada, enquanto Hela ouvia aquilo via a Face da Morte e ela estava tão viva.