Dobrasin parece receptivo, estendendo a mão pra Makya em cumprimento, ele meneia em positivo logo depois - Ela cumpriu o destino dela e correu pra mãe. - ele parece dizer aquilo de maneira muito consciente e com convicção.
Quando ele menciona a casa o velho responde - Por favor. - como se fizesse questão.
A casa era formada de quatro suítes, uma sala e uma cozinha com uma pequena área externa, cada suíte uma com uma decoração diferente e ainda que os móveis fossem de madeira maciça eles pareciam mais modernos que o da casa principal. Na cozinha uma geladeira branca, arredondada e antiga, algo da década de cinquenta ou sessenta, mas impecável, dentro dela água, suco industrializado e comida congelada no congelador, pizza, empadão e lasanha, do lado um micro-ondas já bem mais moderno e um fogão de indução de quatro bocas, panelas, frigideiras e canecões penduradas em uma barra de metal que atravessa a cozinha, tudo asséptico.
Forçando o nariz dava pra sentir um cheiro muito suave de gente e produtos químicos de limpeza na casa, o que indicava que ela era utilizada com frequência.
A cama era macia e cheirosa, o quarto inteiro era simples, longe da opulência da casa principal, mas era muito melhor do que a porcaria de kitnet de Makya, tudo que eles escuta vindo do lado de fora é o barulho dos grilos em sua sinfonia do acasalamento.
No grupo umas quatrocentas mensagens, entre elas piadas, conversas de missões antigas sem nada comprometedor e gente puta por que estava voltando pro Afeganistão, ninguém que ele conhecia, mas ele sabia que o pessoal que não era do exército indo pra lá era trabalho sujo na certa.
Por fim o perfil da irmã, fotos recentes com amigos e amigas, sorridente, tão normal quanto poderia ser.
Era estranho e ao mesmo tempo compreensível se sentir protegido de alguma maneira, não era a alcateia dele, mas eles tinham o convidado pra passar a noite em um lugar tranquilo, um lugar que dava certeza a ele que ninguém ia entrar louco pela porta atirando ou querendo o couro dele de alguma maneira.
Beatrice faz aquelas perguntas pro espírito e ele não responde nenhuma delas, a mão forte do velho segura no braço dela e estende pro espírito. - Se você quer algo dele o preço deve ser pago. - ele não diz mais nada.
O toque da “criança” é leve como uma brisa, a mão formigando dá vontade de rir, a essência prateada escorrendo pra fora de Beatrice e sumindo no próprio vento do qual o espírito era feito. - Corre-Corredores. - ela responde assim que a Cahalith paga o preço, curiosamente Beatrice agora vê um reflexo dela mesmo na figura, ainda que a voz do espírito não se pareça nem um pouco e ele fosse translúcido assim como a menina era. - Eu reconheço o direito de caçar dos filhos da lua, assim como os meus parceiros. - ela diz com a voz sem emoção nenhuma, mas ao mesmo tempo parecendo que vai explodir em uma risada de chacota. - Meu acordo com Vigia-Morte é antigo, eu conheço as regras. - a voz nunca mudava, nunca destoava, mas sempre parecia ir explodir em uma risada.
Do outro lado realmente uma festa, uma fogueira grande, uma picape com som alto, pessoas em volta de uma fogueira menor, assando carne, marshmallows, milho, galões de cerveja, nenhuma delas parece muito jovem, na verdade parecem corporativos com seus ternos esgarçados e à vontade, como se fosse um happy hour bem planejado fora da cidade, todos eles completamente alheios da realidade separada pelo dromo, o casal no escuro trocando intimidades mais alheios ainda.
Era possível atravessar sem ninguém ver, mas o bom senso dizia que era melhor não.
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O velho mais de perto parecia um professor mais do que qualquer outra coisa, ele parecia mais jovem sem os óculos, tinha certeza que ele nem precisava deles, mas passar perto do objeto dá pra sentir uma aura de curiosidade vinda de dentro, os óculos tão “anormais” quanto a soqueira, sem eles Dobrasin parecia mais novo, na verdade parecia um velho rejuvenescido ainda mais porque não tinha um fio de cabelo branco nele.
Ele nem se afasta, o primeiro beijo dela nem é correspondido, ele a encara com um olhar frio, no fundo dava pra saber que ela tinha surpreendido ele de alguma maneira, no momento seguinte os olhos dele devolvem desejo, a constituição física dele é pouco maior que Beatrice, a força dele não, a mão no pescoço dela é forte, mas não sufocante, as línguas se entrelaçando, as mãos dele correm pelo corpo dela, dando prazer onde ela nem podia imaginar que exista, ele era experiente como se esperava que fosse, mas tinha algo além, algo que faz ela estremecer quando ele lambe ela da clavícula até perto dos olhos, é muito mais forte quando ele a vira de costas e a imprensa contra a árvore, dá pra sentir os dentes dele no pescoço, a saliva e a língua, a blusa e calças puxadas se rasgando como se fossem feitas de papel, logo ele se tornando um com ela. A mordida na orelha dói tanto quanto deveria, mas é como um lembrete de como é estar vivo, ele rosna no ouvido dela, quase um comando pro quadril dela se mexer e forçar mais ainda contra ele se chocando ainda mais forte, Beatrice termina, mais de uma vez, todas essas vezes como mulher de verdade, tudo muito diferente e mais potente do que costumava ser quando era humana, ele dura mais do que ela esperava, mas nem o velho é de ferro.
Nem precisa perguntar se ele havia gostado, o líquido escorrendo penas abaixo eram a prova de que tudo tinha sido feito conforme deveria, uma mão dele segura o rosto dela e aproxima o dele o bastante pras respirações acariciarem a pele um do outro - Uratha Safal Thil Lu’u - um pedaço do juramento, um juramento gravado fundo na alma dela, de qualquer destituído na verdade. Não tinha cobrança nenhuma nas palavras dele, era só um lembrete.
Ele finalmente se descola por completo dela após um beijo mais longo e terno - Me desculpe pelas roupas Coração-de-Tinta, lhe garanto que haverão novas lhe esperando pela manhã na maçaneta de seu quarto. - ele não demora muito e se recompõe, ele puxa a base do colete que usava, dá pra ouvir o barulho do tecido se esticando.
Tirando a face levemente rosada dele imposta pelo exercício e esforço recente e o cheiro de Beatrice impregnado misturado ao dele, ninguém nem desconfiaria que eles acabaram de fazer olhando pra sua figura, ele estende a mão em direção a casa de hóspedes - Boa noite, nos vemos no almoço. - ele diz se afastando curiosamente indo em direção ao loci e não da casa.
Na manhã seguinte há um carrinho na frente de cada um dos quartos, abaixo da cloche um café da manhã bem tradicionalmente americano, bacon, ovos mexidos, leite, suco de laranja, torradas amanteigadas, junto um steak grande ao ponto. Na maçaneta da porta de Beatrice um vestido amarelo e florido a espera em um cabide pendurado junto de uma sacola, na sacola roupas íntimas, todos os itens cabem no corpo com perfeição.
Ao lado da cloche um convite com uma caligrafia bonita em papel cartão macio convidando os respectivos hóspedes pro almoço assinado por Dobrasin.
- Off - Bastet:
Aspiração - Transar com um cara para se provar “mulher”, após transformação. - concluída, favor escolher uma nova aspiração de curto prazo.
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